Tuesday 15 February 2011

MARINHO PINTO: "UM PAÍS INSUPORTÁVEL"

Marinho e Pinto pronuncia-se sobre a falta de bom senso na justiça

O representante dos advogados portugueses escreveu uma opinião intitulada "Um país insuportável".

A falta de bom-senso e humildade constitui uma das principais causas da degenerescência da justiça portuguesa. Tudo seria simples se houvesse uma coisa que falta cada vez mais aos nossos magistrados: bom senso.

Uma mulher com 88 anos de idade morreu no seu apartamento em Rio de Mouro, Sintra, mas o corpo só foi encontrado mais de oito anos depois, juntamente com os restos mortais de alguns animais de companhia (um cão e dois pássaros).

Este caso, cujos pormenores têm sido abundantemente relatados na comunicação social, interpela-nos a todos não só pela sua desumanidade mas também pela chocante contradição entre os discursos públicos dominantes e a dura realidade da nossa vida social. Contradição entre promessas e garantias de bem-estar, de solidariedade e de confiança nas instituições públicas e uma realidade feita de solidão, de abandono e de impessoalidade nas relações das instituições com os cidadãos.

Apenas duas ou três pessoas se interessaram pelo desaparecimento daquela mulher, fazendo, aliás, o que lhes competia. Com efeito, uma vizinha e um familiar comunicaram o desaparecimento às autoridades policiais e judiciais mas ninguém na PSP, na GNR, na Polícia Judiciária e no tribunal de Sintra se incomodou o suficiente para ordenar as providências adequadas. Em face da participação do desaparecimento de uma idosa a diligência mais elementar que se impunha era ir à sua residência habitual recolher todos os indícios sobre o seu desaparecimento. É isto que num sistema judicial de um país minimamente civilizado se espera das autoridades policiais e judiciais, até porque o caso era susceptível de constituir um crime. O assalto e até assassínio de idosos nas suas residências não são, infelizmente, casos assim tão raros em Portugal. Mas, sintomaticamente, as autoridades judiciais não só não se deram ao trabalho de se deslocar à residência como, inclusivamente, recusaram-se a autorizar os familiares a procederem ao arrombamento da porta de entrada.

E tudo seria tão simples se houvesse uma coisa que falta cada vez mais aos nossos magistrados: bom senso. Mas não. Dava muito trabalho ir à uma residência procurar pistas sobre o desaparecimento de uma pessoa. Dava muito trabalho oficiar outras instituições para prestar informações sobre esse desaparecimento. Sublinhe-se que um primo da idosa se deslocou treze vezes ao tribunal de Sintra para que este autorizasse o arrombamento da porta da sua residência. Mas, em vez disso, o tribunal, lá do alto da sua soberba, decretou que a desaparecida não estava morta em casa, pois, se estivesse, teria provocado mau cheiro no prédio. É esta falta de bom-senso e humildade perante a realidade que constitui uma das principais causas da degenerescência da justiça portuguesa. Os nossos investigadores (magistrados e polícias) não investigam para encontrar a verdade, mas sim para confirmarem as verdades que previamente decretam. E, como algumas dessas verdades são axiomáticas, não carecem de demonstração.

Mas há mais entidades cujo comportamento revela que a pessoa humana não constitui motivo suficientemente forte para as obrigar a alterar as rotinas burocráticas e impessoais.

A luz da cozinha daquele apartamento esteve permanentemente acesa durante um ano, ao fim do qual a EDP cortou o fornecimento de energia eléctrica, sem se interessar em averiguar o motivo pelo qual um consumidor deixou de cumprir o contrato celebrado entre ambos.

Os vales da pensão de reforma deixaram de ser levantados pela destinatária, mas a segurança social nada se preocupou com isso. Ninguém nessa instituição estranhou que a pensão de reforma deixasse de ser recebida, ou seja, que passasse a haver uma receita extraordinária sem uma causa. E isto é tanto mais insólito quanto os reformados são periodicamente obrigados a fazerem prova de vida. Mas isso é só quando estão vivos e recebem a pensão.

Os CTT atulharam a caixa de correio daquela habitação de correspondência que não era recebida sem que nenhum alerta alterasse as suas rotinas.

Finalmente, as finanças penhoraram uma casa e venderam-na sem que o respectivo proprietário fosse citado. Como é que é possível num país civilizado penhorar e vender a habitação de uma pessoa, aliás, por uma dívida insignificante, sem que essa pessoa seja citada para contestar? Sem que ninguém se certifique de que o visado tomou conhecimento desse processo? Como é possível comprar uma casa sem a avaliar, sem sequer a ver por dentro? Quem avaliou a casa? Quem fixou o seu preço?

Claro que agora aparecem todos a dizer que cumpriram a lei e, portanto, ninguém poderá ser responsabilizado porque a culpa, na nossa justiça, é sempre das leis. É esta generalizada irresponsabilidade (ninguém responde por nada) que está a tornar este país cada vez mais insuportável.

Fonte: JN

14-Fev-2011

http://www.advocatus.pt/content/view/3885/11/

Monday 14 February 2011

DOM LUIZ FILIPE:O PRÍNCIPE ASSASSINADO

O PRÍNCIPE ASSASSINADO (1887-1908)

O auto de nascimento regista o dia 21 de Março de 1887 como aquele em que foi dado à luz, no Palácio de Belém, em Lisboa, o primeiro filho de Dona Amélia, Duquesa de Bragança e futura Rainha de Portugal. Seu pai, o Duque de Bragança, subiria ao trono com o título de Rei Dom Carlos. O nome completo do Príncipe da Beira, título atribuído ao filho primogénito, era Luiz Filipe Maria Carlos Amelio Fernando Victor Manoel António Lourenço Miguel Raphael Gabriel Xavier Francisco d’Assis Bento de Bragança, Orleans, Saboya e Saxe Coburgo Gotha. Todas as fontes indicam que a atitude da então Princesa Amélia, face aos seus filhos (Dom Manuel nasceria em 1889) era sempre extremamente atenciosa e carinhosa. Foi, sem dúvida, uma mãe que desfrutava a função maternal com grande prazer e que se ocupava muito directamente dos seus filhos, quer na primeira infância quer durante os anos da adolescência, desejando que em adultos fosses apreciados pelo seu carácter e não pelo seu nascimento. Garantiu assim a ambos um desenvolvimento emocional equilibrado. Escrevendo a sua irmã que se encontrava em Paris, Dona Amélia descreveu o seu bebé como sendo ‘um amor’ e muito inteligente.

A educação do Príncipe Real foi muito cuidadosa e nela se empenhou D. Amélia no quotidiano. Segundo um servidor do paço, citado pela revista Brasil-Portugal, a Rainha queria que seus filhos se levantassem às 6. Os seus preceptores, todos do sexo masculino, deslocavam-se ao Palácio para aí instruírem os ilustres alunos. Os príncipes estudavam até ao meio dia, almoçavam, recebiam de novo os seus professores e cerca das 15 horas saíam em passeio, geralmente a pé. Ao fim da tarde faziam os deveres escolares e jantavam por volta das 19.30.

A partir dos 13 anos de idade, o principal educador de Dom Luiz Filipe foi Mouzinho de Albuquerque, uma figura militar lendária, algo exaltada, com uma perspectiva muito pessimista da situação política que o país vivia. Numa carta aberta dirigida ao seu pupilo declarava que entendia como seu principal dever fazer dele um soldado. Em 1901 Mouzinho acompanhou o Príncipe a visitar o norte do país, com o intuito declarado de o levar a conhecer o seu povo. O escritor Rocha Martins, no seu estilo exuberante, refere assim o herdeiro: “um gentil adolescente, branco, mimoso, de cabelo cortado à militar, sorridente e tomado de todas as curiosidades” e que teria sido acolhido com o maior carinho no Porto, passando por Leixões. Deslocou-se ainda a Vila Nova de Gaia, Viana do Castelo, Penafiel, Grijó, Granja, Braga (incluindo o Bom Jesus), Ponte de Lima, Ponte da Barca, Monção e Caminha. A visita foi muito comentada e também criticada em alguma imprensa, pois os jornais republicanos, que tinham toda a liberdade em escreverem o que bem entendessem, encontravam defeito em toda e qualquer actividade realizada pelos membros da família real, realizando assim uma propaganda persistente e permanente que acirrava a opinião pública contra o regime monárquico.

Durante a adolescência, o Príncipe esteve, em várias ocasiões, integrado nas visitas oficiais que diversos monarcas ou dignitários estrangeiros realizaram a Portugal. Eduardo VII de Inglaterra visitou Portugal em Abril de 1902, Afonso XIII de Espanha em 1903, o Presidente da República francês Loubet e a Rainha Alexandra de Inglaterra estiveram no país em 1905. Nesse mesmo ano o imperador da Alemanha Guilherme II passou por Lisboa, em visita privada. Em 1902 Dom Luiz Filipe foi a Londres para representar seu pai na coroação do Rei Eduardo VII, mas esta foi adiada devido a doença do monarca. Também esteve em Madrid em 1906 para assistir ao casamento do Rei D. Afonso XIII com a princesa Victoria de Battenberg, que ficou marcado pelo violento atentado à bomba contra os noivos, por parte de um anarquista. Morreram 20 pessoas e houve cerca de 100 feridos.

O Príncipe Real prestou juramento à constituição política em 20 de Maio de 1901, em conformidade com a Carta Constitucional.

Entre Fevereiro e Maio de 1903 a Rainha D. Amélia achou por bem levar os filhos a fazer um cruzeiro no Mediterrâneo, não só pelo prazer da viagem mas também com intuitos educativos. Dom Luiz Filipe tinha sempre a sua máquina fotográfica à mão e os clichés foram colados num Álbum, relatando esta feliz excursão. O iate Amélia tocou em Cádiz, Gibraltar, Oran, Argel, Tunis, Malta, Alexandria. Também visitaram o Cairo e Jerusalém e diversos portos de Itália.

O evento político de maior destaque protagonizado pelo Príncipe foi a viagem que empreendeu a África entre 1 de Julho e 27 de Setembro de 1907. Visitou S. Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, as colónias inglesas da Rodésia e da África do Sul (estas últimas para fomentar as boas relações com a velha aliada) e já no regresso, Cabo Verde. Esta viagem ocorreu num momento particularmente significativo das querelas internacionais que, anos antes, tinham eclodido, relacionadas com a tutela portuguesa no imenso território de uma África então cobiçada e considerada necessária ao progresso europeu. Era ainda necessário refutar as acusações de esclavagismo em S. Tomé e Príncipe e em Angola, as quais, segundo o governo português, eram motivadas por rivalidades comerciais. Até aquela data jamais algum membro da família real se tinha deslocado às colónias portuguesas em África.

A imprensa republicana foi muito crítica face a esta viagem, enquanto outros periódicos favoráveis à dinastia dos Braganças, davam conta de todos os pormenores das visitas, sublinhando a autenticidade do caracter do Príncipe e a boa recepção de que era alvo em todo o lado. Evidentemente que os muitos problemas que existiam nos territórios que à data se apelidavam quer de ‘Colónias’ quer de ‘Ultramar’, foram de alguma forma torneados ou ignorados publicamente. Por exemplo, na ilha do Príncipe, poucos dias antes da chegada, tinha rebentado uma revolta grave pelo que o África, nome do navio que transportava a delegação oficial, não se deslocou aí. Também havia revoltas no sul de Angola, que preocupavam o governo.

O regresso foi de novo comentado sob dois pontos de vista opostos. Com virulência da parte dos republicanos e com palavras admirativas da parte dos monárquicos.

Poucos meses depois, a 1 de Fevereiro de 1908, Dom Luiz Filipe era assassinado, juntamente com seu pai, o Rei D. Carlos, no Terreiro do Paço, em Lisboa, na carruagem em que seguia juntamente com sua mãe, a Rainha D. Amélia e seu irmão, Dom Manuel. Este descreveu a cena num relato doloroso e detalhado de que se citam as seguintes palavras: “Quando vi o tal homem das barbas que tinha uma cara de meter medo, apontar sobre a carruagem, percebi bem, infelizmente o que era. Meu Deus que horror. O que então se passou. Só Deus, minha Mãe e eu sabemos; porque mesmo o meu querido e chorado Irmão presenceou poucos segundos, porque instantes depois também era varado pelas balas. Que saudades meu Deus!” Qualquer acto deste cariz violento poderá ter muitas explicações mas jamais qualquer justificação.

Os traços de carácter e a cuidadosa educação que tinha desfrutado, permitem sugerir que o Príncipe Real, Dom Luiz Filipe de Bragança, poderia ter vindo a servir o país de forma hábil e correcta, modernizando as instituições e o estilo da monarquia.

A instabilidade política, a não realização das grandes esperanças depositadas no regime republicano, que se instaurou em 5 de Outubro de 1910, levou, por sua vez, à implantação de uma Ditadura que perdurou 48 anos.

Títulos usados pelo Príncipe D.Luiz Filipe:

•1887-1889: Sua Alteza Real, o Príncipe da Beira D. Luís Filipe, Duque de Barcelos.
•1889-1908: Sua Alteza Real, o Príncipe Real D. Luís Filipe, Duque de Bragança.

Fontes:

"O Príncipe Real Luiz Filipe de Bragança" de Ana Vicente e António Pedro Vicente
Comissão D. Carlos - 100 Anos

Fundação D. Manuel II

Segunda-feira, 14 de Fevereiro de 2011

http://realbeiralitoral.blogspot.com/2011/02/o-principe-assassinado-1887-1908.html

JUÍZA PERMITE ESCUTAS NO PROCESSO PORTUCALE

A juíza presidente do processo Portucale permitiu que fossem lidas transcrições de algumas escutas, pela procuradora do MP, apesar da oposição de Godinho de Matos, defensor de Luís Horta e Costa.

A procuradora Brites Reis confrontou Abel Pinheiro, ex-dirigente do CDS, com escutas de 22 de fevereiro de 2005, de conversas entre ele e José Manuel Sousa, do Grupo Espírito Santo (GES), no mesmo mês em que foi assinado o despacho dos três ministros que permitia o corte de cerca de dois mil sobreiros, na herdade da Vargem Fresca, em Benavente.

Para o advogado de Abel Pinheiro, José António Barreiros, as escutas não deveriam ser utilizadas em julgamento, já que foi suscitada judicialmente a sua validade e a decisão ainda não transitou, lembrando também que essas podem envolver outros arguidos, pelo que os seus advogados deveriam tomar posição primeiro.

A defesa de Luís Horta e Costa, administrador da ESCOM – Grupo Espírito Santo, opôs-se à leitura e audição das escutas, alegando que estas não são meios de prova admissíveis.

Porém, o tribunal permitiu que a procuradora confrontasse os arguidos com o conteúdo das escutas, mas lembrou que a prova que daí resultar fica condicionada às decisões de recurso.

Em relação ao arguido Abel Pinheiro, o seu advogado disse que ele “admitiu sempre a possibilidade de ser confrontado com todo o conteúdo das escutas”.

Uma das escutas com que Abel Pinheiro foi confrontado tratava-se de uma conversa entre ele e Horta e Costa sobre o último Conselho de Ministros do Governo PSD/CDS, em fevereiro de 2005.

A sessão da manhã começou com Abel Pinheiro, ex-membro da comissão política do CDS, a explicar as suas funções no partido e que este tinha imenso passivo e que era necessário reduzir custos operacionais.

Sobre o seu relacionamento com o então ministro do Ambiente, Nobre Guedes, Abel Pinheiro disse que ele era um “chato de galochas” e que se não fosse isso “não havia julgamento”, lembrando que apenas lhe fez um pedido para acelerar o processo para a construção do empreendimento na Herdade da Vargem Fresca e que nunca teve a acesso à minuta do despacho.

Mais uma vez Abel Pinheiro afirmou que não se arrepende de nada, que “voltaria a fazer tudo igual” e que lamenta que em Portugal seja preciso pedir favores para tratar das coisas com legalidade.

Abel Pinheiro, administrador do grupo Grão Pará, está acusado de tráfico de influências e falsificação de documentos, no âmbito deste processo relacionado com o corte mais de dois mil sobreiros na herdade da Vargem Fresca, em Benevente, para a construção de um projecto turístico-imobiliário da empresa Portucale, do GES.

Os 11 arguidos neste processo em julgamento na 6.ª Vara Criminal de Lisboa são: Abel Pinheiro, Carlos Calvário, José Manuel de Sousa e Luís Horta e Costa (estes três ligados ao GES), António de Sousa Macedo (ex-diretor geral das Florestas), Manuel Rebelo (ex-membro da Direção-Geral das Florestas), António Ferreira Gonçalves (ex-chefe do Núcleo Florestal do Ribatejo), João Carvalho, Teresa Godinho, Eunice Tinta e José António Valadas (funcionários do CDS).

Abel Pinheiro e os administradores do GES são acusados de tráfico de influências, enquanto os funcionários do CDS-PP respondem pela acusação de falsificação de documentos.

CC.

Lusa/fim

10-Fev-2011

http://www.advocatus.pt/content/view/3871/11/

CHINA TORNOU-SE A SEGUNDA ECONOMIA MUNDIAL

Economia

China tornou-se a segunda economia mundial

Economia chinesa superou a do Japão em 2010 e só está atrás dos Estados Unidos

A China tornou-se a segunda economia mundial, superando o Japão em 2010, com o seu Produto Interno Bruto (PIB) a ultrapassar o do arquipélago nipónico no conjunto do ano, anunciou esta segunda-feira o Governo japonês.

O PIB do Japão, em termos nominais, ascendeu aos 5.474,2 mil milhões de dólares, segundo as estatísticas publicadas em Tóquio. Na mesma comunicação, o Governo nipónico salientou que o PIB da China atingiu o equivalente a 5.878,6 mil milhões de dólares, cita a Lusa.

Com estes resultados, a economia chinesa ultrapassou a do seu vizinho em 2010 e tornou-se a segunda mais forte do mundo, atrás dos Estados Unidos, um lugar ocupado pela economia japonesa desde 1968.

A China consegue há anos uma taxa de crescimento que se aproxima ou ultrapassa os 10%. O PIB chinês aumentou 10,3% o ano passado.

Duramente atingida pela recessão económica mundial em 2008 e 2009, a economia do Japão recuperou em 2010, com o seu crescimento a atingir os 3,9%, mas isso não foi suficiente para o arquipélago conservar a sua segunda posição à frente da China

http://www.agenciafinanceira.iol.pt/economia/china-economia-japao-agencia-financeira/1232920-1730.html

Friday 11 February 2011

INCÊNDIO NAS CALDAS

Caldas da Rainha: Dono do prédio teve alta mas recusa dar explicações

“Velas não eram para poupar”

A mulher que ocupava o quarto onde deflagrou o fogo que atingiu na madrugada de segunda-feira um prédio nas Caldas da Rainha, provocando três mortos e sete feridos, saiu ontem em liberdade, após interrogatório judicial. Ficou com termo de identidade e residência. À saída do tribunal, declarou: "Estou livre e um dia falamos".

Diana Kabanchuk, ucraniana, de 32 anos, que ficou com marcas de queimaduras na face e com o cabelo queimado, entrou acompanhada por inspectores da PJ – indiciada pelos crimes de incêndio e homicídio negligente – mas saiu sozinha. Ao CM contou que estava na cama a ver televisão e tinha uma vela acesa.

"Gosto de velas, mais nada, não era para poupar electricidade. Estava a descansar e meio a dormir e o incêndio começou quando a vela caiu sem querer. Como havia plástico e esponja, as chamas apareceram num instante", descreveu.

"Eu moro ali sozinha e chamei a vizinha de quarto, ao mesmo tempo que comecei a mandar água para o fogo. Não nos lembrámos dos extintores. Chamámos as pessoas e elas saíram dos quartos", relatou, considerando que "foi tudo muito rápido ". A ucraniana está "há pouco tempo" no nosso País, é casada com um português e encontra-se em situação legal. Questionada sobre as condições de habitabilidade do imóvel, que funcionava como uma espécie de pensão, mas que era pequeno demais para os cerca de quinze ocupantes e estava ilegal por não ter licença de utilização, Diana Kabanchuk disse achar que a casa "tinha condições".

O proprietário do prédio, Monteiro Duarte, residente nas proximidades, saiu ontem do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde foi assistido às queimaduras de segundo e terceiro grau numa das mãos, que sofreu ao tentar dar o alarme de fogo porta a porta.

Não se mostrou disponível para prestar declarações ao CM, por se encontrar "muito abalado".

PROPRIETÁRIO VAI SER FISCALIZADO PELA AUTARQUIA

O proprietário do prédio onde deflagrou o incêndio, António José Pinto Monteiro Duarte, 45 anos, é descrito por quem o conhece como uma pessoa "aberta a ajudar quem necessita e por isso é que tinha estes quartos a baixo preço para quem não tem posses económicas". Pedindo para não ser identificada, uma amiga contou que "aparecem na casa dele algumas pessoas a chorar por não terem muito dinheiro para alugar um quarto e outras ele até deixa pagar mais tarde do que estava previsto".

O presidente da Câmara das Caldas, Fernando Costa, disse, entretanto, ao CM, que "faz sentido averiguar" se outros imóveis de Monteiro Duarte na cidade estão a ser ocupados indevidamente. O autarca indicou que o proprietário incorre numa coima que varia entre os 500 e os cem mil euros.

CASAL PERDEU FILHA POR FALTA DE CONDIÇÕES

Francisco Mafra, irmão de uma das vítimas mortais, João Monteiro, de 51 anos, é quem está a tratar dos funerais e já contactou com os pais da cunhada , Maria Sameiro, que se deslocam hoje de França para Portugal. "Nem sabia que eles estavam juntos de novo, porque estavam sempre em desavenças", disse Francisco Mafra, recordando que o casal "tinha uma filha que lhes foi retirada pela Segurança Social por eles não terem condições de vida". "A minha sobrinha tem 17 anos e está num colégio interno em Leiria. Fui buscá--la para o funeral, mas depois volta para a instituição", revelou.

09 Fevereiro 2011

Por:Francisco Gomes

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/velas-nao-eram-para-poupar

MULHER UCRANIANA INDICIADA COMO AUTORA DO INCÊNDIO

O Tribunal Judicial das Caldas decretou hoje termo de identidade e residência para a mulher indiciada como autora do incêndio que provocou ontem a morte a três pessoas nas Caldas da Rainha.

A mulher, de 32 anos e nacionalidade ucraniana, foi ontem detida pelo Departamento de Investigação Criminal de Leiria e foi hoje ouvida ao longo da tarde, depois de ter sido acusada do crime de fogo urbano e homicídio por negligência.

À saída do tribunal, explicou que o incêndio terá começado “com uma vela que tombou em cima do sofá” e propagou-se rapidamente, "porque havia muito plástico e esponja” espalhados pelo chão e que ela própria tentou apagá-lo de imediato e alertar os vizinhos para o sucedido.

Além das três vítimas mortais, o incêndio provocou ainda mais sete feridos, cinco dos quais tiveram de receber tratamento hospitalar.

http://www.rr.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=92&did=141252

INCÊNDIO NAS CALDAS: VEREADORES DO PS MANIFESTAM-SE

Incêndio mata familia

Caldas da Rainha: PS condena aluguer de casas sem licença e BE quer investigação
Os vereadores socialistas na câmara das Caldas condenaram o aluguer de espaços sem licença e condições de habitabilidade, que dizem ter amplificado as consequências trágicas do incêndio que causou na segunda-feira três vítimas mortais.

"Repudiamos vigorosamente toda a utilização de espaços sem licença e condenamos os proprietários que se dispõem a facultar para habitação espaços sem licença e sem as mais elementares condições de habitabilidade" afirmam os vereadores socialistas Delfim Azevedo e Rui Correia em comunicado.

A posição dos socialistas surge na sequência do incêndio que na madrugada de segunda-feira vitimou mortalmente três moradores de um prédio na zona histórica das Caldas da Rainha e causou ferimentos em outros sete.

O prédio, onde há uma década foram efectuadas obras de remodelação para a criação de escritórios, estava a ser alugado para habitação e, segundo o presidente da câmara, Fernando Costa, não dispunha de licença de utilização.

"Existiu por parte de privados uma situação de aproveitamento ilegal de um espaço que não dispunha de licença de utilização e onde foram realizadas obras à margem da lei e que, de acordo com os técnicos, terão amplificado os contornos trágicos deste incêndio" sustentam os vereadores.

Em declarações à Lusa, Delfim Azevedo remeteu para a próxima sessão de câmara, na segunda-feira, "uma tomada de decisão conjunta de todo o executivo para evitar este tipo de práticas".

Num requerimento entregue à autarquia, o Bloco de Esquerda questionou igualmente o licenciamento do imóvel em relação ao qual exige "um rigoroso e célere inquérito para o apuramento de todas as responsabilidades" das quais não excluem a câmara que questionam por que não procedeu "como era seu direito e obrigação" à vistoria final da obra.

08 Fevereiro 2011

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/caldas-da-rainha-ps-condena-aluguer-de-casas-sem-licenca-e-be-quer-investigacao

INCÊNDIO NAS CALDAS: DONO DO PRÉDIO ÑÃO FOI OUVIDO

Caldas da Rainha: Autarquia abre inquérito a pensão ilegal

A Câmara Municipal das Caldas da Rainha já abriu um inquérito para averiguar como foi possível o prédio onde se verificou um incêndio que matou três moradores e provocou ferimentos em sete pessoas ter quartos em vez de escritórios – função para o qual teve licença de construção.

O proprietário do imóvel, que tinha seguro, ainda não foi ouvido na autarquia, apesar de já ter falado com o presidente da câmara.

António José Pinto Monteiro Duarte, 54 anos, encontra-se combalido e em repouso em casa, depois de ter ficado ferido na mão direita, quando tentava pegar num extintor de incêndio para apagar o fogo.

O proprietário acolhe uma das moradoras que também ficou ferida nos pés, depois de ter saltado do prédio em chamas para outro em frente, a três metros de distância. Os outros feridos que receberam tratamento hospitalar estão alojados em casa de amigos e familiares, assim como Diana Kabanchuck, de 32 anos, a ucraniana que provocou o incêndio ao deixar cair uma vela acesa, e outra compatriota, Lloba.

Hoje vão a enterrar os corpos das três vítimas mortais: João Francisco Mafra Monteiro, 51 anos, Maria Sameiro Pires Costa, 41, e João Dinis Costa Monteiro, 19 anos. O funeral está marcado para as 16 horas, em Olho Marinho, Óbidos, de onde é natural João Francisco.

Por:Francisco Gomes

10 Fevereiro 2011

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/dono-do-predio-nao-foi-ouvido

ALARME DESLIGADO NO INCÊNDIO DAS CALDAS

Caldas da Rainha: Relatório dos bombeiros sobre tragédia com três mortos

Alarme de fogo estava desligado

O relatório do comandante dos bombeiros sobre o fogo que na segunda-feira provocou três mortos e sete feridos nas Caldas da Rainha revela que os detectores de incêndio estavam desactivados. Segundo o vereador Manuel Isaac, "o sistema de alarme não funcionou porque os moradores o desligaram. Provavelmente alguém que fumava e fazia o alarme disparar, acabou por o desligar".

Um amigo do proprietário explicou que os equipamentos foram modificados para se tornarem menos sensíveis, porque activavam-se à mínima detecção de fumo, de um cigarro, ou até do vapor provocado pelo banho. Mas não acredita que o dono os tenha desligado.

Segundo José António, comandante dos bombeiros e delegado da Protecção Civil, "todos os quartos estavam munidos de detector de incêndio. Se tivessem funcionado teriam dado o alerta à população à volta". Manuel Isaac diz que "existia uma clarabóia que, com a aflição, foi partida, o que serviu de chaminé e acelerou a propagação do fumo".

A Câmara Municipal abriu um inquérito para eventual processo contra-ordenacional e comunicou à ASAE a utilização ilegal do imóvel para alojamentos.

Em Olho Marinho, Óbidos, foram ontem a enterrar João Monteiro, 51 anos, a mulher Maria Costa, 41, e o filho João Monteiro, 19 anos. O dono do prédio não esteve presente.

Por:Francisco Gomes

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/alarme-de-fogo-estava-desligado


INCÊNDIO PRÉDIO MONTEIRO DUARTE

Incêndio em habitação ilegal causa morte por intoxicação a três pessoas

Pormenor da janela da divisão onde aconteceu o fogo

Um incêndio num prédio na rua de Camões, na madrugada de 7 de Fevereiro, causou a morte de três pessoas, devido ao fumo. A ocorrência revelou a existência de uma série de pequenas divisões que estavam arrendadas num dos andares e nas águas furtadas transformadas ilegalmente para habitação.

O fogo começou numa divisão do 1º andar ocupada por Diana Kabanchuk, uma cidadã ucraniana de 32 anos que era inquilina do proprietário do prédio, António José Monteiro Duarte.

A mulher estaria a ver um filme e tinha uma vela acesa que causou o incêndio. “A vela caiu para o sofá enquanto eu estava a ver um filme e como era tudo material em plástico e esponja o fogo propagou-se muito rapidamente”, contou Diana Kabanchuk à porta do tribunal das Caldas, na terça-feira passada, onde foi ouvida num primeiro interrogatório judicial, depois de ter sido detida pela Polícia Judiciária por suspeita de crime de incêndio e homicídio negligente.

Ainda com marcas na cara e na mão por causa do incêndio, Diana Kabanchuk falou aos jornalistas visivelmente abalada ainda com os acontecimentos, depois de ter sido constituída arguida e saído em liberdade com termo de identidade e residência.

A cidadã ucraniana, que diz ser casada com um português, embora esteja há pouco tempo em Portugal, explicou que começou por mandar água para o fogo e chamou pela vizinha. Embora existissem extintores no local, ninguém na altura se lembrou de os utilizar. Os quartos tinham também detectores de incêndios que não funcionaram.

Diana Kabanchuk queixa-se de que o socorro demorou muito a chegar, mas o comandante dos bombeiros voluntários das Caldas, José António Silva, garantiu à Gazeta das Caldas que esta corporação recebeu o alerta para o incêndio às 4:52 e três minutos depois estavam no local.

Os moradores dizem que o proprietário, alertado por telefone, foi até mais rápido a chegar e fez tudo o que pôde para salvar quem habitava naquele espaço.

Poderá estar em causa o tempo que demorou entre a chamada para o 112 e o alerta do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) para accionar os bombeiros das Caldas. “Há aqui algumas questões que têm de ser apuradas, porque nós demorámos três minutos a chegar”, salientou José António Silva.

Família morreu por causa do fumo

Apesar do fogo ter tido início por causa de uma vela numa das habitações no primeiro andar, foi nas águas-furtadas no piso superior que habitavam as vítimas mortais.

Uma mulher de 40 anos, um homem de 50 anos e o seu filho, de 19 anos, acabaram por morrer devido à inalação de fumo proveniente do fogo.

O prédio, onde funciona também um bar no rés-do-chão do lado da Rua de Camões, e o Recreio Club (clube de inverno), rés-do-chão do lado da Travessa da Piedade, por onde tinha a entrada para os moradores. O primeiro andar tinha várias divisões, mas há alguns anos foram feitas obras para criar mais quartos nas águas-furtadas, com acesso por uma escada em caracol.

Deparámo-nos com uma dependência deste prédio no primeiro andar que estava a arder, mas onde não estava ninguém, e quando subimos as escadas em caracol para as águas-furtadas deparámo-nos com uma família já em paragem cardíaca”, explicou o comandante dos bombeiros. No local estiveram 22 bombeiros e oito viaturas da corporação caldense, sendo que o fogo em si ficou circunscrito ao local onde começou e que ficou totalmente destruído.

Ficaram também feridas sete pessoas, duas das quais foram assistidas no local e outras cinco transportadas para o hospital das Caldas da Rainha. A mãe de uma das moradoras, que não se quis identificar, contou que os sobreviventes conseguiram escapar pelo telhado ou descendo as escadas. Uma das residentes que saltou para o prédio contíguo, pela rua da Amargura, partiu um pé.

O proprietário do prédio, que foi chamado por um dos inquilinos e ajudou a evacuar os residentes, foi transportado para a Unidade de Queimados do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, devido às queimaduras numa mão, tendo voltado para casa no mesmo dia.

Segundo Sene Quenade, um dos moradores do prédio, só pelo facto de conhecer bem o prédio é que conseguiu fugir pelas escadas, porque estava muito fumo. Quem estava nas águas-furtadas é que teve mais dificuldade em sair, por causa das escadas em caracol.

“Moravam aqui pessoas de várias nacionalidades, mas eu não conhecia ninguém”, referiu, adiantando que as divisões alugadas tinham condições de habitabilidade. “Mas eu também escolhi ficar a morar no primeiro andar porque achei que na parte de cima não era bom ficar”, disse.

Casal estava separado e voltara a juntar-se na mesma casa há duas semanas

O casal que faleceu estaria separado há alguns anos, mas recentemente Maria Costa terá voltado a morar com João Monteiro.

Um amigo das vítimas, João Barbosa, garantiu à Gazeta das Caldas que Maria Costa tinha pedido ao pai dos seus filhos que a deixasse ficar naquela “casa” durante algum tempo. “Ainda ontem à noite estive lá com o João e quando soube da notícia hoje à hora do almoço até fiquei em choque”, contou.

“Era uma jóia de rapaz, ajudava toda a gente”, contou. João Monteiro seria utente e voluntário da associação Volta a Casa. “Ele todos os dias ia buscar pão para dar aos sem-abrigo”, adiantou o seu amigo.

Um dia antes Maria Costa também tinha estado à conversa com uma vizinha, Maria Raposo, a quem contou a intenção de emigrar para França para conseguir um emprego melhor, porque em Portugal fazia limpezas. “Ela também me disse que ia visitar a filha, que está numa instituição em Leiria”, referiu a vizinha.

No momento do incêndio Maria Raposo ouviu muitos gritos e quando foi à janela já viu os bombeiros e a polícia. “Nesta rua ouvem-se muitas brigas, por isso a princípio nem liguei muito”, comentou. Na altura estava longe de saber que conhecia as vítimas mortais.

João Monteiro trabalhava há cerca de 20 anos numa estufa de flores e o filho era diabético. José Araújo, outro dos amigos de João Monteiro que o nosso jornal entrevistou, lembra-se que o filho de João Monteiro, devido à sua doença, costumava desmaiar e ter que ser transportado para o hospital de urgência.

“Eu já tinha ido lá acima e aquilo tinha poucas condições. Mal se entrava estava cama do miúdo, depois a cozinha e ao fundo a casa-de-banho e o quarto do pai”, referiu ainda José Araújo.

Segundo Diana Kabanchuk a sua casa tinha todas as condições para viver, incluindo água e luz, utilizando apenas a vela porque gosta da sua luz.

Habitações arrendadas ilegalmente e obras feitas à revelia

Em 1999 o proprietário do prédio, António José Monteiro Duarte, apresentou um projecto na Câmara das Caldas para obras de renovação, na versão do Presidente da Câmara, Fernando Costa, e pediu uma licença de construção para escritórios no primeiro andar.

No entanto, desde essa altura, nunca chegou sequer a ser pedida uma licença de utilização para utilização desses escritórios. Ao contrário do que referiu no pedido inicial na Câmara, o proprietário acabou por utilizar o edifício para alugar como habitação.

“O primeiro andar está exactamente como está no projecto. Os funcionários da Câmara foram ao local e o projecto está exactamente como foi aprovado”, referiu Fernando Costa, adiantando que foi feito um acrescento nas águas-furtadas que não estava previsto.

Na fachada do edifício, do lado da travessa Piedade, está colocada uma placa com a identificação do construtor, Abílio Mendes, e do projectista, Nelson Oliveira, e a data: 20 de Agosto de 1999.
“O proprietário, por parte da Câmara e das instâncias judiciárias, tem de ser chamado à responsabilidade para uma violação grave de algumas normas de segurança”, comentou o presidente da Câmara das Caldas, para os órgãos de informação, especialmente as televisões que acorreram ao local com directos, apesar de salientar que o António Monteiro Duarte foi muito diligente quando lhe pediram socorro na madrugada em que houve o fogo e teve o cuidado de instalar antecipadamente um sistema de detecção de incêndios (que não funcionou).

O deputado municipal Fernando Rocha (Bloco de Esquerda) já apresentou um requerimento para saber se será “ordenado um rigoroso e célere inquérito para o apuramento de todas as diversas responsabilidades”.

Fernando Rocha também não percebe porque é que se houve um pedido para início de obra “a Câmara, como era seu direito e obrigação, não procedeu a uma vistoria final”.

Instado sobre as obrigações das autarquias nestas questões, o presidente da Câmara das Caldas alega que a lei diz “que basta o proprietário requerer a licença de utilização e juntar um termo de responsabilidade do técnico, para a autarquia ter 10 dias para a conceder”, sem que seja necessária qualquer vistoria.

Na opinião do autarquia, esta lei, de 1999, deveria ser alterada porque faz da atribuição destas licenças de utilização um processo automático, perante o termo de responsabilidade de um técnico. “Hoje os municípios praticamente não intervêm na fiscalização de um processo construtivo. Tudo isso é deixado ao construtor e aos técnicos. E sabemos que há técnicos e construtores que nem sempre respeitam a legalidade”, afirmou Fernando Costa.

Questionado pela Gazeta das Caldas sobre é normal que, quase 10 anos depois de ter sido requerida uma licença de construção, a Câmara não tenha recebido o pedido para a licença de utilização, Fernando Costa respondeu que isso acontece muitas vezes. “A licença de ocupação normalmente é pedida para fazer contratos de arrendamento ou de venda”, afirmou.

A licença de utilização também é pedida para os contratos da EDP ou de abastecimento de água. Em relação à EDP Fernando Costa não soube responder, mas quanto ao contador de água “como era um prédio muito antigo e as obras eram de ampliação, nas Finanças mantiveram o prédio com o mesmo artigo inicial” e foi com base nisso que lhes foi fornecido o contrato para a água.

Vereadores do PS querem apoio aos carenciados que alugam estes espaços sem condições

Também os vereadores do PS caldense se pronunciaram através de um comunicado no qual apresentam às famílias das vítimas as suas condolências e informam que pediram logo em reunião de Câmara esclarecimentos sobre esta situação.

“Verifica-se que existiu por parte de privados uma situação de aproveitamento ilegal de um espaço que não dispunha de licença de utilização e onde foram realizadas obras à margem da lei e que, de acordo com os técnicos, terão amplificado os contornos trágicos deste incêndio”, referem os vereadores Delfim Azevedo e Rui Correia. Isto porque uma janela partida no telhado “fez de chaminé do incêndio”.

Os socialistas querem que os serviços de acção social da autarquia actuem no sentido apoiar quem habita “espaços ilegais sem condições minímas”.

Os vereadores já tinham anteriormente proposto a criação de um fundo de emergência social para dar apoio “às famílias que conjunturalmente atravessam dificuldades financeiras”.

No próprio dia, José Antonio Silva, que acumula o cargo de comandante de bombeiros e delegado municipal da Protecção Civil, fez uma vistoria ao local do incêndio. “Sem dúvida que aquilo não tinha condições de habitabilidade”, comentou o responsável ao nosso jornal. Todos os moradores do prédio abandonaram o local por iniciativa própria e já não quiseram voltar. “Ainda perguntámos se queriam ajuda, mas disseram-nos que tinham quem lhes desse apoio”, referiu José António Silva.

A Gazeta das Caldas tentou entrar em contacto com António José Monteiro Duarte directamente em sua casa, mas não foi possível obter quaisquer declarações.

O presidente da Câmara falou com o empresário, que é também o proprietário da antiga pensão Parque, na noite de segunda-feira. “Ele tinha acabado de chegar do hospital e disse-me que estava muito abalado”, relatou Fernando Costa.

Segundo o edil caldense, Monteiro Duarte queixou-se do tempo que a sua inquilina demorou a avisar os vizinhos e do tempo que passou até que os bombeiros chegassem. “Parece que foi ele quem ajudou a salvar alguns dos moradores”, disse Fernando Costa.

Pedro Antunes

pantunes@gazetacaldas.com

Publicado a 11 de Fevereiro de 2011 . Na categoria: Painel Sociedade .

http://www.gazetacaldas.com/8853/ocorrencias-policiais-incendio-em-habitacao-ilegal-causa-morte-por-intoxicacao-a-tres-pessoas/

INCÊNDIO NAS CALDAS

Descuido com vela em pensão ilegal causa fogo

Funcionava como uma espécie de pensão, mas estava ilegal e o espaço era pequeno demais para tanta gente. Haveria sete espaços alugados como apartamentos mas até ao fecho desta edição ainda não foi possível apurar quantas pessoas ali viviam. Estima-se que cerca de dezena e meia de pessoas de várias nacionalidades partilhariam o primeiro piso e as águas furtadas do prédio nº 4 da Travessa da Piedade, no centro histórico das Caldas da Rainha, onde na madrugada de segunda-feira um casal e o filho morreram intoxicados e outras sete pessoas ficaram feridas, na sequência de um incêndio que terá sido provocado por uma vela acesa.

O incêndio ocorreu cerca das 4.40 da manhã, num dos quatro quartos arrendados no primeiro andar, com treze metros quadrados, ocupado por Diana Kabanchuk, ucraniana, de 32 anos, que ficou com marcas de queimaduras na face e ficou com o cabelo queimado. As chamas terão começado por consumir um sofá-cama, onde terá caído uma vela acesa. A mulher tinha adormecido. O comandante dos bombeiros voluntários das Caldas da Rainha e responsável da Protecção Civil, José António, confirmou esse cenário, admitindo que o “descuido com uma vela” terá originado o fogo, que destruiu também a mobília do quarto. Não ardeu nada onde estavam os outros quartos mas estavam com muito fumo”, adiantou.

Num dos quartos, que estava trancado à chegada dos bombeiros, encontrava-se a família que seria vítima de inalação de fumos enquanto dormia. João Francisco Mafra Monteiro, de 51 anos, Maria Sameiro Pires Costa, de 41, e João Dinis Costa Monteiro, de 19 anos, foram encontrados já sem vida. De nada valeu a tentativa de reanimação.

“Estariam treze pessoas aqui a viver. Três morreram. Quatro foram para o hospital e duas foram assistidas no local e dispensaram transporte para o hospital. E os outros fugiram pelos seus próprios meios”, descreveu José António, que se manifestou surpreendido com o cenário encontrado na casa.

“Havia espaços do edifício que estavam a ser utilizados ilegalmente”, relatou. “Não era possível ter licença de habitabilidade tendo em conta as condições que encontrámos. Viver nas circunstâncias actuais, pelo menos nas águas furtadas, era impossível”, denunciou José António. Era nas águas furtadas que viviam as três vítimas mortais. “Era um espaço muito exíguo e pouco arejado para estarem lá três pessoas”, sublinhou, reconhecendo haver “sobrelotação”.

Situado entre o tradicional Mercado da Fruta e o Parque D. Carlos I, o edifício chegou a ser uma escola primária e foi reformulado em 1999, tendo sido aumentado num piso “para ser utilizado como escritórios, mas a utilização para habitação e aluguer de quartos não estava prevista”, revelou o presidente da Câmara Municipal, Fernando Costa.

Segundo o autarca, “a Câmara desconhecia completamente a utilização daquele espaço para residência”.

O JORNAL DAS CALDAS apurou junto de fonte camarária que as obras tiveram licença para ampliação de um piso destinado a escritório. Contudo, “nunca foi requerida vistoria nem passada licença de utilização”, referiu a mesma fonte.

A Câmara vai abrir um processo de averiguações e admite que o proprietário, António José Pinto Monteiro Duarte, que tem várias habitações arrendadas na cidade, todas legalizadas, venha a ser sancionado. A contra-ordenação pode variar entre 500 e 20 mil euros.

Pânico

O pânico provocou reacções diferentes, desde ficar imobilizado à espera de socorro, subir para as águas furtadas, mas houve também quem tenha saído pela porta principal. Três moradores que subiram para a cobertura do edifício foram resgatados pela auto-escada dos bombeiros, assim como uma das ocupantes que pulou do telhado para outro prédio. A escada em caracol que dava acesso às águas furtadas não permitia movimentos eficazes dos soldados da paz.

O proprietário do imóvel chegou ao local e foi bater às portas dos quartos para as pessoas saírem. Ficaria com queimaduras de segundo e terceiro grau numa das mãos, tendo sido transportado para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Seis moradores, de origem brasileira e de países de Leste, ficaram com ferimentos ligeiros. Três mulheres e um homem foram assistidos no Centro Hospitalar Oeste Norte, nas Caldas da Rainha, e outras duas mulheres no local do incêndio, recusando ser transportadas. Uma das sinistradas tinha efectuado um salto de três metros de largura do telhado do prédio para outro em frente, o que lhe provocou fracturas nos pés, tendo ficado internada no serviço de ortopedia do centro hospitalar.

O socorro foi prestado por vinte elementos e oito viaturas dos bombeiros das Caldas e dois elementos e uma viatura da corporação de Óbidos, auxiliados pela viatura médica de emergência e reanimação do INEM. A PSP orientou o perímetro de segurança. As viaturas dos bombeiros foram posicionadas na Rua de Camões, em frente ao Parque, por não poderem chegar até à Travessa da Piedade.

O fogo foi dado como extinto depois das seis da manhã e os meios dos bombeiros regressaram ao quartel às 07:42. A Polícia Judiciária de Leiria esteve no local a fazer recolha de vestígios, após o que permitiu a entrada dos moradores que a partir das 09:58 puderam entrar nos quartos.

Os corpos das três vítimas mortais foram transportados para o gabinete médico-legal de Torres Vedras.

Uma das moradoras, a ocupante do quarto onde as chamas terão começado, foi ouvida na terça-feira no Tribunal das Caldas da Rainha. A mulher tem um processo de legalização pendente no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. O Ministério Público informou que vai avançar com a abertura de um inquérito ao incêndio.

Socorro divide opiniões

Uma das moradoras, de nacionalidade brasileira, que não quis revelar o nome, queixou-se da demora do atendimento. “Fizeram-me muitas perguntas no 112 e eu pedia para que fossem urgentes. Os bombeiros demoraram quinze a vinte minutos a chegar. Liguei para o dono do prédio e foi muito mais rápido”, alegou.

Mary Ellen, de 25 anos, outra das moradoras, de nacionalidade brasileira, operária numa fábrica, ocupava a casa há cerca de um ano, com o seu companheiro, Heitor Procopio, de 22 anos.

Ana Cláudia, mãe de Mary, recordou o momento em que a filha lhe telefonou a pedir socorro. “Estavam desesperados a tentarem escapar. Estava a ouvi-los e a ver que ia perdê-los. Tive de ligar para a polícia e bombeiros. Eles salvaram-se porque ficaram no telhado”, relatou, desabafando: “Se não fosse o dono do prédio, as pessoas não se salvavam. Os bombeiros não chegaram cinco minutos depois”.

“Estava a dormir e só fui alertada porque me bateram à porta, senão ficava morta. Havia muito fumo. Não sei de mais nada”
, declarou Lloba, moradora de nacionalidade ucraniana.

Os outros ocupantes do prédio que se encontravam no local recusaram-se a prestar declarações. Alguns apareceram no prédio para levar o que tinham nos quartos, indo para casa de familiares ou amigos. Suspeita-se que alguns possam estar em situação ilegal no nosso país.

O comandante dos bombeiros assegurou que “o acesso foi rápido. Desde o momento em que recebemos o alerta até cá chegarmos foram três minutos. Desde que a senhora fez a chamada e até nós chegarmos foram doze minutos”. “O que levou mais tempo foi transferir a chamada do 112 para o CDOS de Leiria e daqui para os bombeiros das Caldas com toda a informação. Mas é um tempo razoável. É claro que se tivessem ligado directamente para os bombeiros teria demorado menos tempo”, explicou José António.

No seu entender, a reacção das pessoas perante o fumo também não foi a mais correcta. “Todos os quartos têm extintor de incêndio mas nenhum foi utilizado. Também o detector de incêndios não funcionou. Se tivesse funcionado teria dado alerta com o disparo de uma sirene. As pessoas não terão dado conta do incêndio ou pode significar falta de cultura de segurança em Portugal. As pessoas vêem-se numa situação destas e não têm discernimento suficiente para activar o extintor a mão”, comentou.

Segundo fez notar, os moradores tentaram evitar ao máximo o fumo e alguns subiram para o topo do prédio, o que é uma reacção habitual. Mas deviam ter tentado vencer a barreira do medo e enfrentar o fumo. Se tivessem descido era melhor. Mas o casal que faleceu estava fechado no quarto”.

Casal não vivia junto

Maria Sameiro não morava com João Francisco. Tinham casado na Suíça, mas a união não tinha sido oficializada em Portugal. Por isso eram ambos considerados solteiros e, de resto, estavam separados há algum tempo, porque ela tinha escolhido ir viver com outra pessoa. Mas, segundo Luísa Ferreira, amiga de Maria, “foi expulsa no domingo da casa do actual companheiro e para não ficar na rua, o João acolheu-a”.

Ela não quis vir já para a minha casa. Se tivesse vindo, nada disto teria acontecido”, lamentou Luísa Ferreira, que considerava a vítima mortal “como se fosse uma irmã”.

Nesta segunda-feira tinha-me fartado de ligar para os quatro telemóveis deles mas ninguém me atendia. Já desconfiava que alguma coisa pudesse ter acontecido. E soube do incêndio, mas nunca pensei que tivessem sido eles a morrer”, desabafou, depois do JORNAL DAS CALDAS a ter informado do sucedido.

“Ainda hoje me tinham perguntado por ela e eu respondi que estava bem. Estava longe de saber da desgraça”, declarou, adiantando que “na próxima sexta-feira ela vinha cá a minha casa comer sardinhas”.

Maria e João têm outra filha, de 18 anos, que se encontra num internato feminino em Leiria. “Foi-lhes retirada pela Segurança Social, porque não tinham condições para mantê-la. O mesmo tinha acontecido com o filho, que esteve na Misericórdia das Caldas, mas ele agora já era adulto e passou a viver com o pai”, revelou Luísa Ferreira.

Segundo descreveu, o quarto improvisado nas águas furtadas do nº4 da Travessa da Piedade “incluía no mesmo espaço a sala e cozinha e era muito apertado”. “Mas era onde eles podiam viver, pagando cerca de 120 euros mensais”, apontou. Luísa Ferreira disse desconhecer quem eram os outros ocupantes do prédio.

João Francisco trabalhava numa estufa de flores na zona industrial das Caldas da Rainha. O filho sofria de diabetes e tinha estado internado no hospital na semana passada, mas estava a tentar fazer uma formação para poder trabalhar. Maria Sameiro estava desempregada mas ia começar a trabalhar numa fábrica de peixe em Peniche.

A família era ajudada por uma associação que fornece refeições a sem abrigo e desfavorecidos. “Eram pessoas pobres e iam procurar-nos todos os dias para os almoços e jantares, porque tinham este pequeno quarto perto da associação. Lidava com o pai e com o filho, porque a mãe nunca aparecia. Levavam saco para o pão para servir de farnel no dia a seguir, quando o pai ia trabalhar. Tratavam-me por tia. Fiquei chocada com o que aconteceu”, referiu Maria José, voluntária da associação De Volta a Casa.

Maria Raposo, uma das poucas vizinhas, uma vez que os prédios à volta não têm moradores permanentes, contou que “neste prédio era um corrupio de gente a entrar e a sair. Hoje eram uns e amanhã vinham outros. Não os conhecia. Esta noite fiquei com medo porque ouvi a aflição de uma criança a gritar e chorar, e depois a sirene dos bombeiros e muita gente. mas chamas não se viam. O filho do dono do prédio, que não mora ali, estava no telhado a gritar por socorro e a dizer que havia fogo provocado por uma vela. A única coisa que ele repetia era: ´Acudam. Há fogo. Foi uma vela’”.

Outros estragos

No rés-do-chão do prédio funciona a associação Recreio Club, onde se realizam actividades de ocupação dos seniores. O espaço, que inclui salas destinadas aos Forcados Amadores da cidade e ao projecto Olha-te, dirigido a doentes oncológicos, foi afectado pela água utilizada pelos bombeiros no combate às chamas. “Há muita água nas paredes e no chão, e cheiro incomodativo, pelo que interrompemos por um dia a nossa actividade”, contou Célia Antunes, coordenadora do Olha-te. O seguro vai ser activado.

No local estiveram o adjunto do Governador Civil de Leiria, Jorge Sobral, e até o deputado do Bloco de Esquerda na Assembleia da República, Heitor Sousa, que defendeu o apuramento de responsabilidades do sinistro, pretendendo saber qual o envolvimento da autarquia.

Fernando Rocha, deputado municipal do Bloco de Esquerda, enviou um requerimento à Câmara no sentido de saber se “providenciou no sentido de ser ordenado um rigoroso e célere inquérito para o apuramento de todas as diversas responsabilidades, saber qual o tipo de licenciamento da construção e se a Câmara efectuou uma vistoria final”.

Também os vereadores do Partido Socialista na Câmara solicitaram esclarecimentos ao comandante dos bombeiros, relatando que foram informados que “existiu por parte de privados uma situação de aproveitamento ilegal de um espaço que não dispunha de licença de utilização e onde foram realizadas obras à margem da lei e que, de acordo com os técnicos, terão amplificado os contornos trágicos deste incêndio”.

Defenderam também que os serviços municipais de acção social estivessem no local para averiguar as necessidades das famílias desalojadas e a criação de um fundo de emergência social para apoiar situações destas.

Filmagens a 500 euros

Emir Handzo, de 29 anos, austríaco, vendeu à TVI por 500 euros as filmagens que fez do incêndio. Como também é bombeiro voluntário em Innsbruck, está há uma semana alojado no quartel dos bombeiros das Caldas para fazer um trabalho sobre o ano europeu do voluntariado e captou as imagens do combate às chamas desde a saída das viaturas do quartel.

“No local havia muito fumo e tinha de se usar uma máscara de protecção e já não filmei nada no interior”, disse ao JORNAL DAS CALDAS.

A verba que arrecadou com a venda das filmagens vai ser doada aos bombeiros das Caldas.

Francisco Gomes (texto)

Carlos Barroso (fotos)

http://www.jornaldascaldas.com/index.php/2011/02/10/3-mortos-7-feridos/#more-35392

Thursday 10 February 2011

EDP PEDE 300 MILHÕES PARA FINANCIAR ALQUEVA

A EDP contraiu um empréstimo de €300 milhões por 15 anos junto do Banco Europeu de Investimento (BEI), para financiar obras de reforço de potência nas barragens de Alqueva e Venda Nova.

O empréstimo irá servir para o financiamento de dois reforços de potência das centrais hidroeléctricas de Alqueva e de Venda Nova. No Alqueva o reforço de potência irá permitir aumentar a capacidade instalada de 240 megawatts (MW) para os 496MW e em Venda Nova dos actuais 281 MW para os 1017MW, tornando-se na central com maior capacidade instalada em Portugal.

As novas centrais hidroeléctricas vão aumentar a capacidade de resposta a picos de procura eléctrica bem como fornecer os chamados serviços de sistema, permitindo armazenar a energia em excesso na rede bombeando a água de volta para as albufeiras em horas de menor consumo.

Esta versatilidade permite ao sistema eléctrico acomodar mais energia eólica e reduzir a volatilidade associada à mesma, aumentando a segurança de abastecimento. O aumento da capacidade hídrica contribui também para diminuir emissões de CO2. Os projectos enquadram-se na estratégia nacional para as energias renováveis definida pelo Governo português em 2007 e integra-se no plano de investimentos hídrico da EDP para a próxima década quer ao nível de reforços de potência quer na construção de novas centrais.

http://aeiou.expresso.pt/edp-pede-8364300-milhoes-para-financiar-alqueva=f631357

PORTUGAL É O QUINTO PRODUTOR MUNDIAL DE LÍTIO

Energia

Portugal à beira de ficar rico

Portugal é já o quinto produtor mundial de lítio, e a procura desta matéria-prima para baterias de carros eléctricos vai quadriplicar.

Mina de lítio a céu aberto, perto da Guarda. Portugal já é o 5º produtor mundial de lítio e tem potencial para 70 anos de exploração.
(Foto Luis Faustino)

Um estudo hoje divulgado pela empresa de consultoria MarketResearch.com indica que a procura de litío para a construção de baterias de iões de lítio para a indústria automóvel vai quadriplicar ao longo dos próximos 10 anos.

O mesmo estudo inidca que em 2010 o mercado mundial de lítio ascendeu a 11 mil milhões de dólares (€8 mil milhões), mas que em 2020 deverá rondar os 43 mil milhões de dólares (€31,5 mil milhões).

Alguns analsitas do setor extractivo garantem ao Expresso que Portugal tem aqui uma oportunidade única para "marcar pontos" neste importante mercado, pois atualmente já é o 5º maior exportador mundial de lítio, e tem potencial de exploração para mais 70 anos. Estes dados são confirmados, aliás, pelo Departamento de Energia norte-americano.

Indústria automóvel interessada no lítio português

O problema é que Portugal apenas vai até à produção de concentrado de lítio, ou seja, não acrescenta mais valor ao seu produto, tendo que o vender em bruto para os smelters (proprietários de fundições) de outros países. Esses, sim, é que entregam à indústria automóvel o lítio pronto para ser utilizado em baterias de carros elétricos. São também estes intermediários que faturam uma parte considerável do processo de transformação do lítio.

O Expresso sabe, no entanto, que o principal produtor de lítio em Portugal está já a ser sondado por várias empresas multinacionais da indústria das baterias para carros elétricos, no sentido de formar parcerias que possam passar pela criação de uma fundição em Portugal. Ou seja, poderia ser um passo à frente no processo, em que o país acrescentaria valor ao seu recurso natural.

Para além da indústria automóvel, o lítio também, é utilizado na indústria eletrónica (telemóveis), farmacêutica e prevê-se que venha a ter cada vez mais aplicações na indústria aeroespacial e também na área militar.

Vítor Andrade (www.expresso.pt)


10:43 Quinta feira, 10 de Fevereiro de 2011

http://aeiou.expresso.pt/portugal-a-beira-de-ficar-rico=f631254

BPN: PROCESSO COMPLEXO

Testemunha: Processo "é tão complexo que eu nunca tinha visto isto"

O inspector tributário Paulo Jorge Silva, testemunha no julgamento do caso BPN, disse hoje, a propósito de uma redenominação de conta de uma sociedade 'offshore' do grupo SLN, que este é o processo mais complexo que já lhe passou pelas mãos.

“É tão complexo que eu nunca tinha visto isto”, realçou a testemunha da acusação, que se referia a uma redenominação de uma conta bancária detida por uma sociedade 'offshore' (sediada num paraíso fiscal) da órbita da 'holding' que detinha o Banco Português de Negócios (BPN) por outra sociedade 'offshore' do mesmo grupo.

Em causa está uma operação feita em Agosto de 2000, que levou a que uma conta bancária que estava em nome da 'offshore' Invesco passasse a ser usada por outra 'offshore', denominada Venice.

Estas duas sociedades fazem parte das dezenas de 'offshores' criadas pelo grupo Sociedade Lusa de Negócios (SLN) e que alegadamente serviam para fazer transações suspeitas entre as empresas do grupo SLN.

Esta declaração do inspector tributário de Braga marcou o recomeço da sessão após o intervalo para almoço, durante a qual o juiz presidente, Luís Ribeiro, agendou as várias sessões que vão decorrer até ao final de Abril.

As próximas sessões vão decorrer a 23 e 24 de Fevereiro, a 10, 16, 17, 21, 28 e 31 de Março, a 01, 04, 07, 08, 11 e 13 de Abril e, após interrupção das férias judiciais da Páscoa, serão retomadas a 26 e 27 do mesmo mês.

O juiz presidente combinou ainda com os vários advogados de defesa que já na próxima sessão serão agendadas todas as datas em que decorrerá o julgamento até ao final do ano.

O antigo presidente do BPN, José Oliveira e Costa, está a ser julgado neste processo por crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, infidelidade, fraude fiscal qualificada e aquisição ilícita de ações.

São também julgadas outras 14 pessoas e a empresa Labicer por crimes diversos, desde abuso de confiança a burla qualificada, passando por fraude fiscal e falsificação de documentos, entre outros ilícitos.

Desde que o Banco Português de Negócios (BPN) foi nacionalizado, o Estado já teve de injetar cerca de 4,7 mil milhões de euros para cobrir o “buraco financeiro” deixado na instituição por Oliveira e Costa e restantes arguidos.

O processo BPN está em julgamento nas Varas Criminais de Lisboa, no Campus da Justiça.

http://www.destak.pt/artigo/87250-testemunha-processo-e-tao-complexo-que-eu-nunca-tinha-visto-isto

ADVOGADOS DE MARCO DE CANAVEZES ADMITEM GREVE ÀS OFICIOSAS

Advogados admitem greve às defesas oficiosas em protesto pelas más condições do tribunal

Marco de Canaveses

Os advogados do Marco de Canaveses admitem fazer greve às defesas oficiosas em protesto pela "situação caótica" do tribunal, revelou à Agência Lusa o jurista local Álvaro Sanhudo.

Segundo o representante da Ordem dos Advogados no Marco de Canaveses, mantêm-se os atrasos no tribunal local, apesar da tomada de posição do bastonário há mais de três meses.

No dia 27 de outubro, em conferência de imprensa realizada no Marco de Canaveses, o bastonário Marinho Pinto apelou ao Ministério da Justiça para que pusesse termo à "situação caótica" em que se encontrava o tribunal local.

"Há 12 mil processos pendentes no Marco, repartidos por duas secções, que estão praticamente parados porque não há funcionários para os trabalhar como deve ser", afirmou Marinho Pinto.

Três meses depois, segundo o representante da Ordem dos Advogados no Marco de Canaveses, a situação agravou-se, aumentando o número de processos pendentes.De acordo com Álvaro Sanhudo, são mais de 10 mil processos afetos a cada um dos dois juízos da comarca.

"Face à presente situação, no dia 23 de fevereiro vamos fazer uma assembleia de comarca e discutiremos a possibilidade de fazermos greve às defesas oficiosas porque estamos cansados de esperar", afirmou Álvaro Sanhudo.

"Há processos parados há mais de um ano e até há alguns urgentes que aguardam uma decisão há sete meses", garantiu, frisando que o problema mais grave decorre do número insuficiente de funcionários.

O advogado admite que, já depois da conferência de imprensa de Marinho Pinto, foi colocado mais um funcionário no Ministério Público (MP), mas insiste que "é manifestamente insuficiente para melhorar o funcionamento do tribunal, faltando recursos humanos para apoiarem magistrados judiciais".

O jurista insiste que a dimensão da comarca justifica a criação de um terceiro juízo, frisando que comarcas vizinhas, de idêntica dimensão, como Amarante, Felgueiras ou Fafe, têm três juízos e por isso contam com mais funcionários.

Álvaro Sanhudo referiu que a delegação da ordem enviou cartas ao Ministério da Justiça dando conta das dificuldades, mas garantiu não ter recebido qualquer resposta.

"O ambiente no tribunal é muito mau, com toda a gente a queixar-se da falta de condições. Na região, este é o tribunal que pior trabalha. Isto é um inferno", considerou o advogado.

Na comarca do Marco de Canaveses há cerca de 50 advogados com actividade regular.

http://www.jornaltvs.net/noticia.asp?idEdicao=212&id=33259&idSeccao=3352&Action=noticia

JULGAMENTIO DO CASO BCP JÁ TEM OITO SESSÕES MARCADAS

Já estão marcadas oito sessões do julgamento do caso BCP, em que quatro antigos administradores do banco estão acusados de falsificação de contas e manipulação de mercado. As audiências terão início a 24 de Outubro, havendo mais sete sessões marcadas até 14 de Dezembro.

Os quatro acusados, Jardim Gonçalves, Filipe Pinhal, Christopher de Beck e António Rodrigues, foram notificados das datas do julgamento no início de Fevereiro. Mas ainda terão de esperar mais de oito meses até que as audiências, que nas sessões agendadas se prolongarão por todo o dia, tenham lugar. Uma demora que alguns dos arguidos atribuem ao facto do juiz que vai presidir ao julgamento ter de se inteirar do processo, que tem mais de 20 mil páginas. Em Outubro, terá passado mais de um ano sobre a data em que o juíz do Tribunal de Instrução Criminal decidiu levar a julgamento os quatro ex-administradores do BCP, em Julho de 2010. Isto, apesar de ter deixado cair a acusação de burla qualificada, por considerar que as alegadas irregularidades cometidas pelos arguidos não tiveram como objectivo o enriquecimento ilícito. Nesta fase do processo, foi ainda arquivada a acusação contra um outro antigo gestor do banco, António Castro Henriques.

Fonte: JdN

10-Fev-2011

http://www.advocatus.pt/content/view/3864/11/

DR. CARLOS PINTO DE ABREU: O DEVER DE RESERVA

Carlos Pinto de Abreu pronuncia-se sobre o dever de reserva

O ex-presidente do Conselho Distrital de Lisboa enuncia sete novos pecados mortais na área da Justiça.

A propósito do Dever de Reserva

No mundo actual, fala-se. Fala-se. Fala-se muito. Fala-se demais. Fala-se sem saber. E fala-se sem conhecer. Fala-se sem que se percebam as causas. E sem que, do que se diz, se ponderem as consequências. Mesmo os mais responsáveis, quantas vezes, falam, falam, “atiram pedras” e “chafurdam o charco”. Não enxergam ou minimizam as culpas próprias e só apontam ou aumentam as de terceiros. Todos, e todos sem excepção, temos responsabilidade no que alguns já chamaram de estado permanente de “palrança”.

Porque se fala tanto e tantas vezes demais? Talvez porque hoje tenhamos sete novos pecados mortais na área da justiça: a superficialidade, a ignorância, a subjectividade, a venalidade, a parcialidade, a vaidade e a arbitrariedade. Gesticula-se, grita-se, berra-se, acusa-se, mas não se apresentam soluções de consenso nem se apontam caminhos de cooperação. Fala-se muito. Trabalha-se pouco. Fala-se demais. E fala-se mal. Dizem-se asneiras. Desprestigia-se a justiça. Potencia-se a crise. Cavalga-se a conflitualidade. Falta sentido do Justo e de Estado; falta decência, urbanidade e contenção.

Pede-se reserva, pois. O que não quer dizer inércia, silêncio ou demissão. Muito menos rolha, mordaça ou submissão. Reserva significa falar e escrever livremente, no foro próprio. A reserva não implica menor liberdade de expressão. Implica, sim, dignidade na expressão. Independência e elevação na actuação. Rigor e exigência na acção. A reserva não implica sequer impossibilidade de crítica. Exige, sim, uma crítica séria e fundada, no momento devido e no local apropriado.

Não admira, pois, que até na lei se invertam ou subvertam as “prioridades na área da justiça”. Por exemplo, quer-se apenas a “promoção da celeridade e eficácia” da investigação criminal. Já não se pede, sequer, no que toca à investigação criminal, a sua qualidade, profundidade e fiabilidade. Sinal dos tempos! Tempo em que há cada vez mais “agitadores eficazes” e cada vez menos “liderança fiável”.

A demagogia grassa. A justiça não passa. E a lei definha. A lei justa é, ou devia ser, o único instrumento de poder e a única voz de comando, ao menos para juízes, magistrados, advogados e polícias. Mais do que a capacidade de obrigar da norma, o uso do comando legal é, ou devia ser, a arte de influenciar comportamentos e de dirigir os cidadãos. No Direito mais do que se ser obedecido procura-se, ou deve procurar-se, a especial capacidade de se ser seguido, de se ser aceite e de se convencer. Isso só se obtém pelo exemplo e pelo exercício sereno e sóbrio do dever. Sem falar demais. Mas sem calar as injustiças.

Carlos Pinto de Abreu

http://www.advocatus.pt/content/view/3867/13/

CORRUPÇÃO PASSIVA NO APOIO DE FIGO A SÓCRATES

Os três ex-administradores da Taguspark vão sentar-se no banco dos réus porque a juíza considerou que usaram um "expediente" para alcançar "um apoio político-partidário".

Rui Pedro Soares, Américo Thomati e João Carlos Silva, ex-administradores do Taguspark, vão ser julgados pelo crime de corrupção passiva para acto ilícito. A decisão foi tomada ontem pela juíza de instrução deste processo, um dos que se tornaram autónomos do caso "Face Oculta".

Em causa, o contrato de 750 mil euros pagos pela empresa de capitais públicos para que o ex-futebolista associasse a sua imagem ao parque tecnológico de Oeiras. A juíza considerou tratar-se de um "expediente" para conseguir o apoio de Luís Figo para as legislativas de 2009 e salientou o facto de, no mesmo dia em que assinou o contrato, Figo ter tomado o pequeno-almoço com o primeiro-ministro.

"A celebração do contrato constituiu um expediente para, através de uma renovação anual por um período de três anos, alcançar da parte de Luís Figo um apoio político-partidário", disse a magistrada, concluindo ter sido um "benefício" para a candidatura de Sócrates.

http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1780458

PRECONCEITO ODEOLÓGICO IMPEDIU FMI DE PREVER A CRISE FINANCEIRA

Ninguém parece sair ileso no processo de atribuição de culpas pela crise financeira global. Depois do relatório da Comissão de Inquérito da Crise Financeira ter culpado bancos e reguladores, agora é a vez de o Fundo Monetário Internacional (FMI) ser chamado ao banco dos réus.

O instituto responsável pela avaliação da actuação do FMI acusou ontem a instituição norte-americana de ter ignorado os sinais que apontavam para o perigo de crise, devido a um preconceito ideológico favorável à desregulação do mercado financeiro. "A capacidade de o FMI identificar correctamente os crescentes riscos foi dificultada por um nível elevado de ''mentalidade de grupo'' [...] uma mentalidade generalizada de que uma grande crise financeira seria pouco provável em economias grandes e avançadas", refere o IEO (Independente Evaluation Office), organismo pertencente à estrutura do FMI, mas responsável pela avaliação independente da actuação da instituição norte-americana.

"Muitas vezes o FMI parecia apoiar e incentivar o sector financeiro norte-americano e as políticas dos seus responsáveis, tendo uma visão paralela à da Reserva Federal dos Estados Unidos."

Na prática, o IEO está a acusar o FMI de ter deixado que a sua preferência de governação económica abafasse os sinais de fissuras na solidez do sistema financeiro. Em concreto, a sua admiração pelo modelo de regulação reduzida praticado pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido. "A visão prevalecente junto dos quadros do FMI - um grupo coeso de macroeconomistas - era que a disciplina de mercado e a auto-regulação seriam suficientes para evitar problemas sérios nas instituições financeiras", acrescenta o relatório, que diz que estes quadros acreditavam que "os mercados podiam prosperar em segurança com um mínimo de regulação".

A abordagem e a análise tradicionais impediram o FMI de considerar alguns comportamentos mais arriscados até já ser tarde de mais, com os responsáveis da instituição a pintarem um quadro cor-de-rosa da solidez do sistema.

Em Agosto de 2007, o FMI afirmava que as perspectivas para a economia global eram "muito favoráveis". No Verão de 2008, o FMI dizia que os "EUA evitaram uma aterragem difícil" e que "as piores notícias já tinham ficado para trás". Poucas semanas depois o Lehman Brothers acabaria por falir, marcando a explosão da crise financeira.

O relatório refere ainda que as vozes discordantes destas análises foram persistentemente ignoradas, inclusive os avisos do seu anterior economista-chefe, Raghuram Rajan, e que alguns dos riscos foram identificados, mas não com o pormenor ou a rapidez necessária. Demasiado concentrado nos desequilíbrios globais, o FMI não os relacionou com riscos sistémicos.

Reformas no terreno Em resposta ao relatório, o economista-chefe do FMI, Dominique Strauss-Khan, agradeceu as "ideias construtivas" do IEO, lembrando já ter admitido que o FMI não lançou avisos "suficientemente cedo" e que devia ter sido mais "contundente". Nesse sentido, o economista disse que as recentes reformas da instituição já foram criadas no sentido de colmatar essas falhas de vigilância.

por Nuno Aguiar, Publicado em 10 de Fevereiro de 2011

http://www.ionline.pt/conteudo/103783-preconceito-ideologico-impediu-fmi-prever-crise-financeira

TRIBUNAIS VÃO TER MENOS INTERVENÇAO NOS DESPEJOS

O Governo quer reduzir a intervenção dos tribunais na resolução das acções de despejo interpostas pelos senhorios aos inquilinos que não paguem a renda. O objectivo surge no âmbito da agilização dos processos de despejo, cuja proposta o Executivo quer apresentar até ao fim de Março, e que foi discutida ontem em sede de concertação social a par da competitividade.

No entanto, o ministro da Economia, Vieira da Silva, não adiantou pormenores em relação à forma como aquele objectivo poderá ser concretizado. Uma das soluções poderia ser a nomeação de um árbitro para resolver os conflitos, à semelhança do que foi feito no Fisco que recentemente viu introduzida a arbitragem tributária como forma de resolver os processos mais rapidamente. Mas Vieira da Silva foi pouco conclusivo, explicando que os processos terão de passar pelas "instâncias que tenham poder para o fazer" . Segundo o ministro da Economia um processo de despejo demorou em média um ano e meio a ser resolvido em 2009, "valor que é claramente excessivo" e que prejudica "a confiança que tem de se ter no mercado".

Uma das preocupações levantadas pelos parceiros sociais foi a necessidade de se distinguir os 'incumpridores crónicos' que não pagam a renda de forma reiterada, daqueles que não o fazem por dificuldades económicas. No final, os parceiros sociais lamentaram o facto de a reunião ter sido inconclusiva e de não ter havido propostas concretas.

Publicado no Diário Económico a 10 de Fevereiro de 2011

http://www.oa.pt/Conteudos/Artigos/detalhe_artigo.aspx?idc=44373&related=1&ida=107633

BURLONA DROGAVA PESSOAS

Lisboa: Doze vítimas foram ontem reconhecer burlona à PSP

Burlona deixou vítimas entre a vida e a morte

Fazendo-se passar por empresária ou advogada, Paula Neves seduziu, drogou e roubou dezenas de vítimas, de norte a sul do País. No caso dos homens, seduzia-os pela internet e adormecia-os com comprimidos que colocava em bebidas. Depois roubava-os.

O excesso de dosagem deixou vítimas amnésicas, algumas entre a vida e a morte. Doze delas foram ontem à tarde reconhecer a burlona à Divisão de Investigação Criminal da PSP de Lisboa.

"Eu trabalhava num hotel e ela disse que era advogada. Conseguiu convencer-me a almoçarmos juntas. A meio da tarde, deu-me um chá e foi aí que apaguei totalmente. Ela abandonou-me no estacionamento do Almada Forum completamente inconsciente. Só acordei no hospital. O pior foi que lhe dei o código dos cartões de multibanco. Fiquei sem 400 euros", lamentou M.T., uma das duas mulheres que ontem foram à PSP. Paula Neves, de 40 anos, presa preventivamente desde Novembro do ano passado, foi reconhecida pelas vítimas.

B.M., de 45 anos, bombeiro em Alhandra, foi um dos homens seduzidos pela burlona. "Ela disse--me que era uma das gerentes do El Corte Inglés. Era uma pessoa muito agradável. Convidou-me para ir a casa dela e depois deu-me uma bebida. Saímos de casa e a partir daí não me lembro de mais nada. O veneno parou-me. Quando acordei, já não tinha os 600 euros que tinha no cartão e na carteira", contou ao CM a vítima de burla. "Hoje [ontem] não tive qualquer problema em reconhecê-la", acrescentou.

O reportório de Paula Neves é vasto. Utilizando vários esquemas, conseguiu roubar homens, mulheres e taxistas e ainda burlar hotéis. Um mês antes de ser detida pela PSP numa pensão em Setúbal, Paula foi a casa de uma idosa e, fazendo-se passar por técnica da Segurança Social, conseguiu roubar--lhe 1700 euros. A mulher, de 79 anos, adoeceu e entrou em coma.

Por:Magali Pinto

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/burlona-deixou-vitimas-entre-a-vida-e-a-morte

KADHAFI SUGERE A RESTAURAÇÃO DA MONARQUIA NA LÍBIA?

O que Salazar não fez

Nem tudo o que se diz na imprensa ocidental, corresponde exactamente ao que verdadeiramente se passa na outra margem do Mediterrâneo. O longo caminho iniciado há vinte anos pelo coronel líbio, parece ter como fim, a preparação do país para a restauração da forma de Estado que o próprio depôs no ocaso dos anos 60. Nutrindo uma profunda antipatia para com os ameaçadores sectores clericais da Irmandade Muçulmana, Kadhafy vê na restauração da Monarquia, a melhor possibilidade de sucesso na sucessão do seu regime unipessoal. Tem como exemplo a solução adoptada por Franco e que o Dr. Salazar, egoísta e clamorosamente desperdiçou:

"He's started to return property, which belonged to the late King Idris, back to the designated heirs of the King (...) and basically, I think he's setting himself up to do what Franco did in Spain, which was to return the country to a constitutional monarch".

Quarta-feira, 9 de Fevereiro de 2011

http://centenario-republica.blogspot.com/2011/02/o-que-salazar-nao-fez.html

LABIRINTO VIRTUAL ESCONDE CENTENAS DE OFFSHORES


Sem armários ou funcionários extra, juiz do BPN descobriu apenso virtual"Mais de 200 gigas" de documentação estão num arquivo informático.

80_07.08. Este é o número "mágico" que promete dar acesso a um dos documentos que mostram que algumas das "centenas" de "offshores" que terão sido usadas por José de Oliveira Costa e colaboradores para esconder prejuízos no BPN eram, de facto, do grupo. Não se trata de um código secreto. É apenas o nome da pasta informática onde estão os documentos apreendidos em buscas à instituição.

A partir daqui, para descobrir o documento desejado, é necessário abrir mais 11 pastas. Um verdadeiro labirinto, como se depreende da descrição de Paulo Silva, um dos investigadores do processo, que ontem, na terceira sessão do julgamento, prosseguiu o testemunho.

10 Fevereiro 2011 00:01
Maria João Gago - mjgago@negocios.pt
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=467739

BPN: CODIFICAÇÃO INFORMÁTICA DOS DOCUMENTOS


Documentos apreendidos no BPN estavam codificados informaticamente
Um inspector tributário ouvido hoje como testemunha no processo BPN revelou que havia documentos no banco que estavam codificados para não serem visíveis nos computadores comuns.

Paulo Jorge Silva, inspector tributário de Braga, referiu que o conjunto de documentos apreendidos durante as buscas feitas no âmbito do caso BPN foi armazenado num disco externo denominado "apenso 33" que contém 260 gigabites de informação.

Explicou depois que estes documentos estavam codificados, pelo que só com ajuda de perícia forense foi possível proceder à sua leitura.

Durante a manhã, os advogados de defesa manifestaram preocupação com o facto de a testemunha citar documentos que os advogados não sabiam exactamente onde estavam devido à extensão da documentação electrónica. Por isso, Paulo Jorge Silva indicou perante o juiz as várias pastas e subpastas que tinham de ser abertas até chegar aos documentos que ia citando.

A testemunha, que vai recomeçar a ser ouvida após a pausa para almoço, explicou como foram formadas as várias sociedades 'offshore' ligadas ao grupo SLN - Sociedade Lusa de Negócios, antiga dona do BPN, dizendo que a grande maioria destas sociedades tinha os mesmos sócios e era representada pelos mesmo advogados.

Acrescentou que algumas destas sociedades usavam contas de clientes particulares para tapar descobertos derivados de transferências que faziam entre si.

O antigo presidente do BPN, José Oliveira e Costa, está a ser julgado por crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, infidelidade, fraude fiscal qualificada e aquisição ilícita de acções.

São também julgadas outras 14 pessoas e a empresa Labicer por crimes diversos, desde abuso de confiança a burla qualificada, passando por fraude fiscal e falsificação de documentos, entre outros ilícitos.

Desde que o Banco Português de Negócios (BPN) foi nacionalizado, o Estado já teve de injectar cerca de 4,7 mil milhões de euros para cobrir o "buraco financeiro" deixado na instituição por Oliveira e Costa e restantes arguidos.

O processo BPN está em julgamento nas Varas Criminais de Lisboa, no Campus da Justiça.

09 Fevereiro 2011 15:37
Lusa
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=467669

Wednesday 9 February 2011

REGRAS DE ACESSO À ADVOCACIA AS MESMAS DE ENTRADA NO CEJ

O propósito vai constar de uma nova proposta de alteração ao Estatuto da OA, liderada por Marinho e Pinto, visando restringir a profissão aos juristas que tenham concluído mestrado ou sejam licenciados pré-Bolonha.
O aceso ao estágio irá obedecer aos mesmos requisitos de entrada no Centro de Estudo Judiciários (CEJ), onde os juízes e magistrados do Ministério Público recebem formação inicial.

Trata-se de uma resposta do bastonário, Marinho e Pinto, a uma decisão do Tribunal Constitucional (TC), que considerou o exame de acesso ao estágio uma forma de restringir a liberdade de escolha de profissão.

Marinho e Pinto tem justificado esta necessidade de argumentando que a redução do número de anos de formação universitária proporcionada pelas licenciaturas de Direito, três ou quatro anos, é insuficiente. O bastonário diz que a Ordem “não tem que ensinar Direito” mas, sim, “deontologia, práticas forenses e direitos humanos”.

O exame de acesso ao estágio foi declarado inconstitucional, na sequência de um pedido do provedor de Justiça para o TC se pronunciar sobre o assunto. A prova criada pela Ordem foi realizada em Março de 2010 e dos 275 candidatos apenas 65 foram aprovados. Na sequência destes resultados, várias dezenas de licenciados em Direito recorreram aos tribunais e apresentaram queixa junto ao Provedor de Justiça.

http://www.advocatus.pt/content/view/3845/11/