Saturday 4 December 2010

MIGUEL REAL APRESENTOU LIVRO SOBRE A RAINHA D. AMÉLIA


Miguel Real apresentou nas Caldas a trágica história da Rainha D. Amélia

“As Memórias Secretas da Rainha D. Amélia”, o último livro de Miguel Real foi apresentado na Biblioteca das Caldas da Rainha a 20 de Novembro.

Miguel Real é o pseudónimo de Luís Martins, professor do ensino secundário, que é um forte crítico da anterior ministra de Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, tendo inclusive escrito um livro sobre a governante a quem acusa de ter reduzido o ensino a critérios unicamente quantitativos.

Miguel Real diz que os alunos das Novas Oportunidades “dificilmente” conseguirão ler os seus livros

“D. Amélia foi de facto uma rainha trágica”, disse Miguel Real, durante a sessão, assistida por 20 pessoas, sobre a monarca francesa que casou com o rei D. Carlos e que acabou por assistir ao assassinato do marido e do filho mais velho, em 1908, dois anos antes da República. Em 1932 viu morrer o filho mais novo, D. Manuel, tendo ao longo da vida assistido à derrocada trágica de toda a sua família.“Era uma mulher muito supersticiosa e achava que tinha o mal no seu destino. Tentava expiá-lo fazendo o bem, mas de uma forma ou de outra os acontecimentos funestos sucederam-se”, explicou o autor durante a apresentação do livro.

A monarca acabou por ver Portugal transformar-se numa ditadura mas aproxima-se de Salazar, depois deste a convidar a visitar o túmulo dos familiares. “Ela aproxima-se e constata que não é republicano e acalenta uma esperança que decrete a monarquia”. O livro sobre “As memórias secretas da Rainha”, onde este autor ficciona a vida de D. Amélia em 12 pequenos capítulos, pertence a uma colecção que Miguel Real dedica em exclusivo às mulheres. O primeiro fala da vida de Branca Dias, um judia que atravessa o oceano com sete filhos para o Brasil fugindo à Inquisição. A obra seguinte inspira-se na vida de Snu Abecassis e ao amor vivido com Sá Carneiro. A ex-ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, é a senhora que se segue e Miguel Real diz que esta é “a mulher-homem”, caracterizada sobretudo pela razão e pouca emoção.

“Maria de Lurdes Rodrigues reduziu o ensino a critérios quantitativos”, disse. “Tinha um espírito muito objectivo e materialista e vê a escola sem olhar ao seu contexto”. Apontou o dedo aos famosos rankings “onde se comparam escolas de meninos de família e outras onde negros falam crioulo e onde os professores têm que fazer um enorme esforço para que estes entendam a língua portuguesa”. Para este autor, a ex-ministra incutiu nas escolas “um espírito mercantil de empresa onde todos têm que apresentar resultados”.

“A educação precisava de qualidade e deram-lhe quantidade”

Miguel Real considera que, em consequência das recentes politicas educativas, vigora hoje o facilitismo pois os alunos, seja por pedagogia ou por faltas, não reprovam. E com turmas com perto de 30 alunos “é difícil parar para ajudar os que têm mais dificuldades”. É por isso que diz que Maria de Lurdes Rodrigues “não fez bem à educação em Portugal pois esta precisava de qualidade e ela deu-lhe quantidade”.Apesar de não se identificar com partidos políticos ou de não querer tomar posições políticas, este autor não concorda com o formato imposto da avaliação de professores porque veio “burocratizar a avaliação e pôs um conjunto de professores a avaliar outros, dando início às disputas e aos conflitos que existem hoje nas escolas”.

Questionado sobre se os alunos das Novas Oportunidade se podem tornar leitores das suas obras, este respondeu “dificilmente”. Acrescentou ainda que este sistema onde se tenta suprir uma falta de formação para as estatísticas europeias “não olha à qualidade, à formação, ao ensino, ou à transmissão da cultura” pois a única coisa que interessa é o resultado.

Este sistema de ensino “rápido” também foi aplicado noutros países como na Turquia, Itália, ou no sul de Espanha. “Uma pessoa que saiba bordar, com um pequeno esforço frequenta a escola durante dois anos e consegue atingir diplomas do 5º, 9º ou 12º ano. Portanto, para as estatísticas, as Novas Oportunidade são óptimas!”, ironizou.
Miguel Real, que é especialista em Cultura Portuguesa – e que tem a sua obra dividida entre o ensaio, a ficção e o drama – continua a dar aulas de Filosofia e Psicologia no ensino secundário. No Natal do próximo ano irá lançar um novo livro, tendo passado as suas investigações do Brasil para a Índia. E diz que vai continuar também as suas novelas sobre as mulheres.

Natacha Narciso

Publicado a 3 de Dezembro de 2010

nnarciso@gazetacaldas.com


MULTIMILIONÁRIO RUSSO USA PORTUGAL PARA FUGIR AOS IMPOSTOS



Oleg Deripaska, o nono homem mais rico do mundo em 2008, utiliza uma empresa com sede na zona franca da Madeira para desviar lucros

O CEO da Rusal, Oleg Deripaska, entre os lingotes de alumínio, na fundição Khakas, em Sayanogorsk. A Khakas produz anualmente 300 mil toneladas de alumínio
A zona franca da Madeira é utilizada pelo magnata multimilionário russo Oleg Deripaska para desviar parte dos lucros da United Company Rusal, a maior produtora mundial de alumínio - à semelhança do que acontece com outras duas offshores mundiais. Deripaska foi considerado o nono homem mais rico do mundo em 2008, segundo a revista "Forbes", com uma fortuna avaliada em 28 mil milhões de dólares e está proibido pelo FBI de entrar nos EUA desde 1998, tendo sido acusado de ter ligações ao chefe da máfia russa, Anton Malevsky, e de ter estado envolvido na Guerra do Alumínio, que na década de 90 originou dezenas de mortes na Rússia. Deripaska é membro do conselho de administração e CEO da UC Rusal e detém uma participação na companhia.

A empresa Wainfleet, com sede na zona franca da Madeira, funciona como empresa-fantasma e serve para dissimular as vendas da UC Rusal, aproveitando os benefícios fiscais da offshore da Madeira, tendo em conta o relatório de auditoria elaborado pelo Tribunal de Contas da Federação Russa, a que o i teve acesso. Como o i noticiou em Setembro, a Wainfleet facturou em 2007 cerca de 1,7% do PIB português - apesar de ter apenas 5 mil euros de capital social e quatro trabalhadores -, não tendo pago impostos entre 2005 e 2007 (anos relativamente aos quais foi possível recolher dados). Era ainda em 2007 a maior exportadora nacional (mais de 3 mil milhões de euros), segundo dados da Associação Empresarial de Portugal, apesar de não ter tido assento na reunião que juntou esta semana o primeiro-ministro e as 11 maiores exportadoras portuguesas.

Na sequência de auditorias realizadas pelas autoridades russas em 2006 e 2007, foi concluído que "a UC Rusal utiliza o tolling agreement (contratos de concessão ou de gestão temporária), controlado pelas empresas que operam directamente no processamento das matérias--primas e que envolve as sociedades offshore Wainfleet - Alumina, Sociedade Unipessoal, Lda (Portugal); RS Internacional GmbH (Suíça); e Rual Trade Limited (Ilhas Virgens Britânicas)". No documento lê-se ainda que, "oficialmente, estas sociedades não pertencem à UC Rusal, mas provas circunstanciais demonstram que são controladas indirectamente pela empresa e funcionam como intermediárias entre as empresas produtoras e transformadoras de matérias-primas que compõem a UC Rusal". O auditor do Tribunal de Contas denuncia ainda que "as sociedades offshore são subsidiárias da UC Rusal e servem para retirar parte dos lucros", totalizando os lucros anuais das empresas offshore "2 mil milhões de dólares [estimativa]" e a perda anual das receitas consolidadas da Federação Russa "480 milhões de dólares ou 11,5 mil milhões de rublos".

Wainfleet em livro O economista João Pedro Martins partiu da notícia do i, publicada em Setembro, para investigar a Wainfleet e o resultado estará nas bancas a partir da próxima semana, na segunda edição do livro "Revelações", da Smartbook. O investigador apurou que a Wainfleet efectuou 351 transacções entre 1 de Julho de 2007 e 4 de Novembro de 2010, através da consulta do portal Panjiva, directório que monitoriza as exportações do comércio internacional. Uma análise mais detalhada das encomendas expedidas pela empresa madeirense revela que a Rusal America Corp, uma subsidiária da United Company Rusal, constituída em 1999 e registada no estado de Delaware (conhecido como "estado livre de impostos") é a principal cliente da Wainfleet. Por diversas vezes, o i tentou contactar a empresa, situada na Av. Arriaga, 77, 6.a sala do edifício Marina Fórum, no Funchal, sem sucesso.

A constituição destas duas empresas dá-se no ano seguinte à proibição, pelas autoridades dos EUA, da entrada do magnata russo no país. "A mercadoria é despachada em navios-cisterna a partir do porto de Sampetersburgo com destino a Nova Orleães, nos EUA", descreve o autor. "Em Portugal não há qualquer negócio, circulação de mercadorias, produção de riqueza, nem pagamento de impostos", conclui.

A Madeira é apenas a morada virtual de muitos milhões que contam artificialmente para o produto interno bruto nacional e que não são taxados por país nenhum.

por Filipa Martins, Publicado em 04 de Dezembro de 2010

http://www.ionline.pt/conteudo/92131-multimilionario-russo-usa-portugal-fugir-aos-impostos

SÁ CARNEIRO MORREU HÁ 30 ANOS



Sábado, 4 de Dezembro de 2010

HÁ 30 ANOS MORREU UM MONÁRQUICO CONVICTO: FRANCISCO SÁ CARNEIRO

Francisco Manuel Lumbrales de Sá Carneiro (Porto, 19 de Julho de 1934 — Camarate, 4 de Dezembro de 1980)

Foi um político português, monárquico democrata, fundador e líder do Partido Popular Democrático / Partido Social Democrata, e ainda Primeiro-Ministro de Portugal, durante cerca de onze meses, no ano de 1980.

Durante o Estado Novo

Advogado de profissão, licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, foi eleito pelas listas da Acção Nacional Popular, o partido único do regime salazarista, para a Assembleia Nacional, convertendo-se em líder da Ala Liberal , onde desenvolveu diversas iniciativas tendentes à gradual transformação da ditadura numa democracia típica da Europa Ocidental. Colaborou com Mota Amaral na elaboração de um projecto de revisão constitucional, apresentado em 1970. Não tendo alcançado os objectivos aos quais se propusera, viria a resignar ao cargo de deputado com outros membros da Ala Liberal, entre os quais Francisco Pinto Balsemão e Magalhães Mota. Foi, no entanto, na cidade do Porto, sua cidade natal, que o Partido Social Democrata tem a sua génese, no diálogo entre Mário Montalvão Machado, Miguel Veiga ou Artur Santos Silva (pai).

Pós 25 de Abril de 1974

Em Maio de 1974, após a Revolução dos Cravos, Sá Carneiro fundou o Partido Popular Democrático (PPD), entretanto redesignado Partido Social Democrata (PSD), juntamente com Francisco Pinto Balsemão e Joaquim Magalhães Mota. Torna-se o primeiro Secretário-Geral do novo partido.

Nomeado Ministro (Sem Pasta) em diversos governos provisórios, seria eleito deputado à Assembleia Constituinte em 1975 e, em 1976, eleito deputado (na I Legislatura) à Assembleia da República.

Em Novembro de 1977, demitiu-se da chefia do partido, mas seria reeleito no ano seguinte para desempenhar a mesma função.

Em finais de 1979, criou a Aliança Democrática, uma coligação entre o seu PPD/PSD, o Centro Democrático Social-Partido Popular de Diogo Freitas do Amaral, o Partido Popular Monárquico de Gonçalo Ribeiro-Telles, e alguns independentes. A coligação vence as eleições legislativas desse ano com maioria absoluta. Dispondo de uma ampla maioria a apoiá-lo (a maior coligação governamental até então desde o 25 de Abril), foi chamado pelo Presidente da República Ramalho Eanes para liderar o novo executivo, tendo sido nomeado Primeiro-Ministro a 3 de Janeiro de 1980, sucedendo assim a Maria de Lurdes Pintasilgo.

Uma morte inesperada

Francisco Sá Carneiro faleceu na noite de 4 de Dezembro de 1980, em circunstâncias trágicas e nunca completamente esclarecidas, quando o avião no qual seguia se despenhou em Camarate, pouco depois da descolagem do aeroporto de Lisboa, quando se dirigia ao Porto para participar num comício de apoio ao candidato presidencial da coligação, o General António Soares Carneiro. Juntamente com ele faleceu o Ministro da Defesa, o democrata-cristão Adelino Amaro da Costa, bem como a sua companheira Snu Abecassis, para além de assessores, piloto e co-piloto.

Nesse mesmo dia, Sá Carneiro gravara uma mensagem de tempo de antena onde exortava ao voto no candidato apoiado pela AD, ameaçando mesmo demitir-se caso Soares Carneiro perdesse as eleições (o que viria de facto a suceder três dias mais tarde, sendo assim o General Eanes reeleito para o seu segundo mandato presidencial). Dada a sua trágica morte, pode-se muito bem especular sobre se teria ou não demitido em função dos acontecimentos subsequentes…

Vinte e oito anos depois dos acontecimentos, contudo, continuam a existir duas teses relativas à sua morte: a de acidente (eventualmente motivado por negligência na manutenção do avião), ou a de atentado (neste último caso, desconhecendo-se quem o perpetrara e contra quem teria sido ao certo - Sá Carneiro ou Amaro da Costa).

Homenagem

O aeroporto internacional do Porto, para o qual ele se dirigia, foi posteriormente rebaptizado com o seu nome, apesar das objecções de que não seria elegante dar a um aeroporto o nome de alguém que havia morrido num desastre de aviação.

Obras

Sá Carneiro foi autor de várias obras, das quais se destacam:

Uma Tentativa de Participação Política (1973)
Por uma Social-Democracia Portuguesa (1975)
Poder Civil; Autoridade Democrática e Social-Democracia (1975)
Uma Constituição para os anos 1980: Contributo para um Projecto de Revisão (1979).

(Fonte: Realistas)

Publicada por Real Associação Beira Litoral em 00:20

http://realbeiralitoral.blogspot.com/2010/12/ha-30-anos-morreu-um-monarquico.html