Saturday 27 September 2014

Tuesday 16 September 2014

Monday 9 June 2014

CÂMARAS PAGAM 355 MIL EUROS POR UMA PROVIDÊNCIA CAUTELAR


“As Câmaras de Viana do Castelo, Barcelos, Ponde da Barca, Esposende e Ponte de Lima pagaram, por ajuste direto, 355 mil euros ao escritório de advogados Nuno Cerejeira Namora, Pedro Marinho Falcão &  Associados pela providência cautelar, interposta em Maio, para travar a privatização da Empresa Geral de Fomento (EGF), que gere os resíduos sólidos de 60% do País. O CM apurou que o pagamento aos advogados deverá ser feito em três vezes  ao longo de três anos e que os municípios pediram isenção de custas judiciais.
 
 O autarca de Viana, José Costa, levou o assunto à reunião de câmara. Segundo o vereador e deputado do PSD Eduardo Teixeira, que votou contra a proposta, os 355 mil euros são pagos a dividir por cada autarquia de acordo com a posição acionista na Resulina. Viana vai pagar 94 mil euros em três tranches. “O valor total é imoral e tenho dúvidas da legalidade deste contrato por ajuste direto”, diz ao CM.
O anúncio da privatização foi recebido com desagrado por muitas câmaras , nomeadamente da área de Lisboa,  e motivou protestos dos trabalhadores.  Ainda ontem,  centenas de pessoas manifestaram-se em Lisboa contra o processo de venda.”

Monday 12 May 2014

FIDALGOS, QUEQUES E BETINHOS

Miguel Esteves Cardoso – Fidalgos, queques e betinhos
 
Os Portugueses têm algo de figadal contra todos os que tenham algo de fidalgal. Como as crianças, confundem muito a fidalguia, que é uma simples condição social, com a aristocracia, que é um sistema político em que o poder pertence aos nobres. E, no entanto, como diria Chesterton, não há mérito automático em ser fidalgo, nem vergonha em pertencer decididamente (como eu) à ralé.
Em Portugal a nossa civilização deve muito a duas classes minoritárias. Ambas são gente simples, com posses reduzidas e educação informal. Refiro-me, obviamente, à plebe e à nobreza. O pretensiosismo dominante, seja proletário ou possidónio, seja triunfalista ou disfarçado, encontra-se nas classes restantes, que constituem a grande maioria da população. Mas um pastor ou um pescador é tão senhor como um fidalgo. Como ele, vê o mundo de uma maneira antiga, em que cada coisa tem o seu lugar, o seu sentido e o seu valor. O pior é o operariado, a pequena, média e alta burguesia: enfim, quase toda a gente. É esta gente que se preocupa com a classe a que pertence. Enquanto o pastor e o visconde se ocupam, os outros preocupam-se. Os primeiros não querem ser o que não são. Os outros adorariam. Os primeiros aceitam o que são, sem vaidade. Os outros têm sempre um bocadinho de vergonha e por isso disfarçam, parecendo vaidosos.

Quem é fidalgo e quem é que quer ser?
 
Em Portugal existem três classes distintas. Há a classe dos fidalgos – os meninos “bem”. E depois há duas classes falsamente afidalgadas. Há os meninos “queques”, filhos de pais “queques” mas com avós que não. E há os “betinhos”, filhos de pais que, simplesmente, não.

O “menino bem” é aquele que não sabe muito bem em que século começou a fortuna da família. Geralmente é pobre, com a consolação irritante do passado rico. É muito bem-educado e jamais se lembraria de lembrar aos outros que é “bem”. O “queque” sabe perfeitamente que foi o avô ou o bisavô que abriu a fábrica ou a loja que enriqueceu a família. Geralmente é bastante rico. Embora tenha frequentado os colégios correctos, tem sempre um enorme complexo de inferioridade em relação aos “meninos bem”, o que o leva a fazer-se mais do que é. De bom grado trocaria grande parte da sua fortuna pela antiguidade e pelo prestígio de um bom título.

Finalmente, o “betinho” é aquele cujo pai nasceu pobre, indesmentivelmente operário. O betinho procura dar-se, em vão, com queques e meninos bem, mas a sua educação é formal e institucional, não familiar. É o mais rico de todos, mas é também o mais envergonhado. O betinho por excelência é aquele que não suporta a vergonha de um pai nascido entre o povaréu. Evita apresentá-lo aos amigos. Tudo faz para ocultar a sua proximidade genealógica ao vulgacho.

Tanto o queque como o betinho são o resultado de self-made man, homens que se levantaram pelas próprias mãos, quantas vezes rudes e calejadas e tudo o mais. O menino bem, em contrapartida, nem sequer compreende o conceito de self-made man. Porque é que um homem se há-de “fazer a si próprio” quando houve sempre pessoal, criados e caseiros, para se ocupar dessas tarefas desagradáveis?

Distinguem-se em tudo. A falar, por exemplo. O menino bem usa todas as formas de tratamento, desde “a menina” – A menina vai levar o Jorge ou vai sozinha no Volvo? – até ao “Psst, tu que fumas”.

O queque, por ser menos seguro, trata toda a gente por “Você”, incluindo os criados e as crianças (o que não é correcto, mas parece). O betinho, a esse respeito, está em absoluta autogestão. Tenta tratar mal aqueles que considera inferiores (demasiado mal) e bem aqueles que considera superiores (demasiado bem). No fundo é um labrego engraxado que julga sinal de aristocracia dizer os erres como se fossem guês.

O que caracteriza o menino bem é o seu total à vontade no mundo. Nunca se enerva, nunca hesita, nunca está muito preocupado. Haja ou não dinheiro. O menino bem dá-se bem com a pobreza e encara o sobe e desce da sorte com a naturalidade com que aceita a circulação do sangue pelas veias. Por isso dá-se bem com toda a gente. Nada tem a perder ou a ganhar.

Os queques não são assim. Pensam que nasceram para o brilho baço do privilégio. Vivem obcecados pelo dinheiro já que é o dinheiro que lhes permite comprar todos aqueles adereços (relógios Rolex, automóveis Porsche) que consideram indispensáveis ao seu estatuto social. Um menino bem, em contrapartida, nunca usa relógio – porque é que há-de querer saber as horas? O queque só se dá com pessoas “do seu meio”. Enquanto o menino bem tem aquele rapport feudal com caseiros, varinas e pedreiros, que constitui uma forma multissecular de intimidade, o queque aflige-se em “manter as distâncias” com esse gentião, precisamente por serem tão curtas.

O betinho é uma pilha de nervos. Ninguém o respeita. Dá-se quase exclusivamente com outros betinhos, do mesmo ramo de importação de electrodomésticos ou da construção civil. Não gostam de sair da sua zona. Os de Lisboa, por exemplo, só quando há uma emergência é que saem do Restelo. Ao contrário dos queques, evitam falar em dinheiro porque se sentem comprometidos. Esforçam-se mais por serem meninos bem do que os queques, que julgam já serem meninos bem. Andam sempre vestidos pelas lojas mais tradicionais (camisa aos quadradinhos, casaquinho de malha, jeans novinhos e mocassins pretos com correiazinha de prata ou berloques de cabedal), ao passo que os queques compram roupa mais moderna na boutique da moda. Escusado será dizer que os autênticos meninos bem andam sempre mal vestidos, com a camisola velha do pai e as calças coçadas do irmão mais velho. A única diferença é que as camisolas e as calças que têm em casa duram cem anos. Os avós já compram camisas a pensar que hão-de servir aos netos. Aliás, os fidalgos são sempre mais forretas que a escória.

No que toca aos hábitos alimentares, os meninos bem comem sempre em casa. Como as famílias são geralmente muito grandes (de resto, como sucede com o populacho), a comida é quase sempre do tipo rancho, ou sempre servida com muito puré de batata.

Os queques estão sempre a almoçar e a jantar fora, em grupos grandes com muitos rapazes e raparigas a exclamar: “Ai, já não há pachorra para o quiche lorraine!” Aqui se denunciam as suas verdadeiras origens sociais. Para um menino bem, comer fora é uma espécie de solução de emergência, quando não dá jeito comer em casa. Para um queque é um prazer.
Nas casas bem, a qualquer hora do dia, há sempre uma refeição a ser servida a um número altamente variável de crianças, primos, criadas, motoristas, tias, etc.

Nas casas queques as refeições variam conforme os convidados. Nas bem são sempre rigorosamente iguais. Os queques têm a mania dos restaurantes – conhecem-nos tão bem como os meninos bem conhecem (e odeiam) as cozinheiras. E os betinhos? Os betinhos tentam evitar as refeições o mais possível. Comem sozinhos em casa (os betinhos tendem a ser filhos únicos) ou levam betinhas a jantar. Porquê? Porque têm a paranóia de serem “descobertos” através dos modos de estar à mesa. Mas, na verdade, só são descobertos pelo seu excesso de boas maneiras. Um betinho à mesa está sempre “rijo”, atento, receoso de tirar uma azeitona por causa do terror de não saber lidar com o caroço. Os queques comportam-se como animais, espetando garfos nas mãos estendidas dos outros, soprando pela palhinha para fazer bolinhas no Sprite e atirando os caroços para martirizar o cocker spaniel. Quanto aos meninos bem, encaram as refeições como uma simples necessidade fisiológica. Comem e calam-se. Falam só para dizer “passa a manteiga” ou “Parece que houve uma revolução popular em Lisboa, passa a manteiga”.

Não são, portanto, os fidalgos que dão mau nome à fidalguia – são os queques e betinhos. Estes cultivam ridiculamente os “brasões” e as “quintas”, fingindo que não gostam de falar nisso. Em contrapartida, nas casas fidalgas, os filhos das criadas experimentam os lápis de cera nos retratos a óleo dos antepassados. E ninguém liga…


In “Os meus Problemas”Miguel Esteves Cardoso
 
 

Sunday 30 March 2014

UMA CIDADE AGRÍCOLA


Uma estufa no telhado do Clube VII, em Lisboa, para produzir girassol, ervilha e erva-trigo é o projecto de João Afonso Henriques para 2014, Ano Internacional da Agricultura Familiar. É, espera o fundador da Urban Grow, só o princípio de uma revolução que vai trazer a agricultura para dentro das cidades.
  

“Não quero produzir microlegumes”, diz. “O que eu quero é fazer microfábricas de proteína vegetal com baixas calorias, aminoácidos, vitaminas, antioxidantes e ácido fólico. Não quero produzir plantas, quero criar microfábricas de força vital. Quero criar a melhor solução de produção de nutrientes localmente e de forma sustentada.” Fala em “força vital” porque é este o conceito que surge associado à ideia de plantas muito jovens, que têm toda a sua energia concentrada, mas frisa que se trata de algo que não é mensurável cientificamente, por isso prefere focar-se nas vitaminas e outros componentes que podem de facto ser medidos.

 

Dos microlegumes aos biovivos
 
Anteriormente, João tinha uma horta na qual produzia microlegumes gourmet — rabanetes, tomates e alfaces, por exemplo — para fornecer a restaurantes e chefs. Mas agora a sua perspectiva é outra. Não quer vender alimentos, quer vender saúde. Aponta para um dos tabuleiros. “Apesar de aquilo serem microlegumes de ervilha, podemos vê-los como a melhor fonte de vitamina C e proteína com baixas calorias, antioxidantes e ácido fólico.”

O girassol, por exemplo, “tem mais antioxidantes que os frutos vermelhos”, garante. “As amoras, framboesas, mirtilos ajudam na luta contra o envelhecimento, mas demoram seis meses a crescer e têm um custo extremamente elevado para a quantidade de antioxidantes que oferecem. Com o girassol, temos uma dose de antioxidantes superior por cada 100 gramas, e que cresce em 20 dias.”
 
Em casa, diz, tem um tabuleiro em cima da mesa de trabalho e vai comendo os rebentos de ervilha, que usa também em sanduíches, em omoletes ou, juntamente com duas laranjas, para fazer um sumo que representa 100% da dose diária recomendada de vitamina.

Quando apresenta o seu produto num restaurante, tem vários argumentos: “Comecei com os microlegumes, mas estes, como já foram colhidos, estão mortos, enquanto os biovivos só morrem na altura em que o chef os corta e vão para a salada ou outro prato. Só são utilizados quando é preciso e por isso não há desperdício. E depois, quando digo que um tabuleiro destes equivale a um quilo de alface, meio quilo de espinafres e duas laranjas, as pessoas ficam impressionadas.”

A primeira apresentação destes produtos acontecerá a 5 de Abril durante o Sangue na Guelra, um evento-satélite do festival Peixe em Lisboa, em que as estrelas são os subchefs dos grandes restaurantes do mundo. E em Maio o produto deverá estar à venda nos supermercados biológicos Brio (com um preço de lançamento de 1,55 euros por tabuleiro, que subirá depois para os 2 euros; um tabuleiro deverá ser consumido no prazo de uma semana para manter as características ideais).

Qual é, então, a diferença entre os biovivos e os germinados, que começaram também nos últimos anos a aparecer no mercado? João abre uma caixa de plástico colorida onde tem as sementes de ervilha dentro de água. “Isto que tenho aqui são os germinados, cresceram num sítio escuro e quentinho, que é o autêntico spa das bactérias. Na minha perspectiva, é preciso termos muito cuidado com os germinados crus, porque lavamos a semente por fora, mas é quando ela rebenta que aparecem as bactérias.” Os biovivos são uma fase mais avançada dos germinados que, segundo João, mantêm muitas das características boas destes mas já deixaram o tal “spa de batérias”.

Fiel à sua ideia de aproveitar os espaços urbanos (até porque a sua formação original é de design, depois aplicado à agricultura), prepara-se para criar a “primeira estufa de telhado biocertificada da Europa”, no cimo do ginásio Clube VII, no Parque Eduardo VII, em Lisboa. É aí que vão crescer os biovivos, que serão depois utilizados na cafetaria do clube. “Vamos espalhar várias estufas na cidade e fornecer os biovivos o mais localmente possível.”

O modelo que João Afonso quer implementar passa muito por sítios como clubes e ginásios (a ideia é aliar a nutrição e a saúde), mas também por hotéis. “Vamos imaginar um hotel. Pego na lista de produtos que usam na zona de restauração, vou analisar o telhado e outras zonas de cultivo que possam ter no edifício e vou tentar produzir os inputs da cozinha deles no próprio edifício.”

Se o hotel usar produtos gourmet, tem ainda mais vantagem, afirma. “Se eu fizer um sistema para produzir alfaces, vou conseguir pagá-lo em três anos, se fizer um sistema para produzir morangos azuis, rabanete preto ou rabanete melancia, paga-se em seis meses. Porque é um produto raríssimo, com um valor de mercado muito mais elevado. O desafio que lanço a todos os hotéis é que tenham coragem para começar a desenhar os seus modelos de autocultivo. Não precisam de mandar vir o produto de distância e têm-no a crescer no próprio hotel.”
 
                                                       Uma cidade agrícola
João foi criando esta imagem de uma cidade agrícola, cheia de espaços verdes onde crescem alimentos, durante os últimos anos, em que se dedicou a criar sistemas de produção de vegetais sem terra, usando a água como “solo”. Aqui na estufa da faculdade vêem-se também alguns exemplos. “O meu objectivo era que toda a gente começasse a ter uma plantinha em casa e a partir daí desenvolvesse o seu sistema de compostagem e começasse a criar um modelo de autocultivo para ter uma alimentação de melhor qualidade e reduzir custos. Jardinagem faz muito bem, mas não é o suficiente para a auto-subsistência.”

Tornou-se crítico das hortas urbanas que se vêem em várias zonas da cidade, porque considera que esses vegetais actuam sobretudo como biofiltros e retêm toda a poluição. “Tenho a certeza de que as hortas ao lado do IC19 não vão alimentar as pessoas.” Mas a poluição não chega também às hortas nos telhados? “Temos que ter a consciência de que a qualidade do ar nas cidades é péssima e por isso estou a desenvolver uma solução realista que é a de termos estufas em que o ar que entra é sempre filtrado. Os custos são mais elevados, mas temos a certeza de produzir alimentos saudáveis.”
Durante vários anos fez experiências para a produção de legumes com sistemas de hidroponia — ou seja, substituindo a terra por água, na qual são colocados os nutrientes necessários às plantas. Estudou profundamente o assunto, fez uma tese sobre a hidroponia na região Oeste e concluiu que a maioria dos agricultores faziam hidroponia em sistema aberto, desperdiçando enormes quantidades de água. “Com uma pequena mudança, que passa por fechar o ciclo, temos um sistema que poupa 90% de água.”

Foi assim que se interessou pela aquaponia, que na sua forma moderna surgiu nos anos 1960 no New Alchemy Institute, em São Francisco. Trata-se de um sistema fechado em que os dejectos dos peixes são transformados por bactérias em nitratos, que as plantas usam como nutrientes. “As bactérias transformam a água dos peixes em comida para as plantas, e estas limpam a água, que regressa aos peixes já limpa.”

João desenhou soluções mais económicas para quem queira ter em casa um sistema deste tipo e chegou até a projectar uma estufa de aquaponia de 500 metros quadrados para um projecto de agro-turismo no Alentejo. Mas afirma que o seu sistema preferido é, actualmente, a bioponia, no qual já não são usados peixes, mas sim um “chá de composto”, com terra, húmus, guano (fezes de morcego), um macerado de luzerna e melaço, que vai alimentar os microrganismos que “fazem uma penugem à volta das raízes e sintetizam os nutrientes para a planta”. Dominar este sistema permite produzir legumes muito maiores, explica.

Nessa altura viajou pelo mundo e viu exemplos do que de mais avançado se faz nesta área. “Fiz um curso no Hawai, que é a zona do mundo com mais agricultores de aquaponia por quilómetro quadrado, visitei os melhores exemplos de agricultura urbana, estive no Living With The Land, no Epcot Center, na Disneylândia, onde andamos num barquinho e passamos por uma estufa gigante com cacau, jaca e bananas a crescer com água que vem de esturjões, crocodilos, tartarugas e camarões.” Leu sobre o arroz que é cultivado em túneis de metro desactivados no Japão, e pensou muito sobre tudo isto.

Acredita no admirável mundo novo da agricultura urbana biológica. Mas, para já — e enquanto ideias como a das “quintas verticais” não são ainda uma realidade em Portugal —, vai começar com os seus biovivos, cultivados em estufas nos telhados de Lisboa.

 
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/vamos-ao-telhado-buscar-a-salada-1629689

O LIVRO DO DESASSOSSEGO NA NORUEGA


'O escritor norueguês Christian Kjelstrup, que considera o Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa, a melhor obra literária do mundo, decidiu abrir hoje no centro de Oslo a “Livraria do Desassossego”, onde venderá exclusivamente aquele livro' A deliciosa notícia chega-me pelo I Online. Christian Kjelstrup, é um um norueguês que adora Fernando Pessoa, e que tem o Livro do Desassossego como a melhor obra literária do mundo. Do seu mundo, mas também no nosso, agora em Oslo, a quem passar por lá não pode deixar de passar pela Uroens Bokhandel, que em norueguês significa Livraria do Desassossego. Elogiante.

Thursday 6 March 2014

ORDEM DE S. MIGUEL DE ALA: A DISPUTA ENTRE D. DUARTE E NUNO DA CÂMARA PEREIRA

 
Guerra de D. Duarte sem fim à vista
 
por Joana Ferreira da Costa
 
O Instituto da Propriedade Industrial (INPI) considera que Nuno da Câmara Pereira perdeu o direito sobre a marca da Ordem de S. Miguel da Ala, que o tem colocado em guerra com a Casa de Bragança.
 
O INPI alega, apurou o SOL, que o fadista registou a marca mas não fez dela qualquer uso comercial durante cinco anos, perdendo o direito ao registo. O ex-deputado contestou esta decisão entrando com um processo no Tribunal do Comércio de Lisboa, onde o caso está a ser analisado.
 
Segundo fontes da Casa de Bragança a confirmação desta caducidade pode vir a anular uma vitória recente do fadista no mesmo Tribunal do Comércio, que proibiu o herdeiro da coroa de usar os símbolos da Ordem de S. Miguel da Ala, por estes terem sido registados por Câmara Pereira em 2003. «Se o tribunal comprovar que o direito à marca está caducado o processo cai por terra e a recente proibição deixa de fazer sentido», explica fonte próxima de D. Duarte.
 
Mas a guerra entre o herdeiro da coroa e Câmara Pereira parece não ter fim à vista. Agora, enquanto aguarda a decisão judicial sobre a caducidade do titular da marca, D. Duarte vai recorrer para o Tribunal da Relação de Lisboa da sentença que este mês o proibiu de usar símbolos iguais ou semelhantes aos da Ordem de S. Miguel da Ala registados pelo fadista. A juíza do Tribunal do Comércio decretou, a 20 de Fevereiro, que caso D. Duarte continue a usar as insígnias da Ordem em mantos, medalhas e condecorações tem de pagar 200 euros por dia de infracção. E na sentença definiu que a Casa de Bragança terá de indemnizar o fadista por danos patrimoniais, num valor que o tribunal ainda não fixou, mas cuja execução Câmara Pereira pode pedir a qualquer momento.
 

Sunday 23 February 2014

APANHADO O MAIOR TRAFICANTE DE DROGA DO MUNDO

 
Joaquín ‘El Chapo’ Guzmán Loera, lider do cartel de Sinaloa e considerado o narcotraficante mais procurado do mundo, foi capturado num hotel, no norte do México. Segundo adianta o jornal El País, que cita fonte do governo mexicano, El Chapo (57 anos) já tinha sido detido em 1993, na Guatemala, tendo conseguido fugir em 2001 de uma prisão de alta segurança onde cumpria pena de 20 anos de prisão.

Desde então, passou a ser um dos traficantes mais procurados do mundo. Considerado por um ex-diretor dos serviços de inteligência mexicano «um génio dos negócios», Joaquín Guzman Loera foi considerado, já este ano, pelas autoridades de Chicago (EUA) como o herdeiro do título de Al Capone, designado em 1930, como o ‘inimigo público nº1’ da cidade.

Segundo relatos na imprensa, El Chapo é dos principais responsáveis pelas rotas de tráfico que cresceram desde 1980, entre a Colômbia e o Arizona, nos EUA. Dominava a logística do transporte aéreo de drogas na região, era astuto na movimentação de cargas e dos seus colaboradores e implacável na utilização de armas, em particular contra os que se atravessassem no seu caminho.

Desde agosto de 2009, El Chapo estava acusado pelo Departamento de Justiça dos EUA de ter introduzido nos EUA, entre 1990 e 2008, uma quantidade equivalente a 200 toneladas de cocaína. De volta, teria introduzido no México - como produto do tráfico e venda de droga -, cerca de 5800 milhões de dólares por via ilegal.

O Departamento do Tesouro dos EUA oferecia cinco milhões de dólares de recompensa pela sua captura. A carreira criminosa de Joaquín ‘El Chapo’ Guzman Loera terminou esta semana da forma como documenta a foto publicada neste sábado, pelo The New York Times.
 

Monday 17 February 2014

RELOCATING TREES

Australianos criam máquina que vai salvar milhões de árvores. E o mundo todo ficou com vergonha de não ter pensado nisso antes.

2014-02-12 11:09:59

 
É difícil não ficar apaixonado pelo engenho que a empresa australiana Vicroads criou para transportar árvores que, por algum motivo, precisam sair de um ponto para outro. Neste caso, as obras entre duas estradas em Berwick, nos arredores de Melbourne, obrigava à recolocação de algumas árvores. De forma rápida e eficaz, e sem agredir o ambiente, a Vicroads tratou do assunto.
 
O trabalho consiste em levar o caminhão, com um equipamento especial, para junto da árvore, cavar em volta e levá-la sem danificar as raízes. Depois o caminhão se desloca para o novo lugar e faz a cova onde ela será plantada.
 
O trabalho foi feito como parte das obras pra atualização da estrada entre Clyde High Street e Kangan Drive, na Austrália. Essa máquina poderia ser capaz de evitar o corte de diversas árvores, que muitas vezes acabam sendo derrubadas para realização de obras pela impossibilidade de serem transportadas.
 


LIBERTEM ESTE PAÍS


870 MILIONÁRIOS DETÊM 45% DO PIB


Tuesday 11 February 2014

ENTRE A MAÇONARIA E O MECO por HENRIQUE NETO


“Não vou naturalmente dizer que a tragédia do Meco foi provocada pela Maçonaria, mas apenas afirmar que a cultura de secretismo instilada numa parte da sociedade portuguesa pela Maçonaria, está na origem do que aconteceu naquela praia. Porque o que aconteceu, com origem na Universidade Lusófona, não foi o resultado de uma associação de praxes, mas o crime de uma sociedade secreta, a meio caminho entre a Maçonaria e a Máfia.
 
Não por acaso. Pelo que tenho visto, a Universidade Lusófona será uma instituição de ensino mas não é uma Universidade, na melhor tradição europeia e universalista da criação de conhecimento e de escola de valores. Pelo contrário, tudo indica que se trata de um negócio de grande sucesso, que para o ser usa os recursos tradicionalmente consagrados em alguns sectores da sociedade portuguesa, que vão da cunha aos favores de amigos, afilhados e irmãos. Acresce que a aproximação às hierarquias políticas e a ambição do poder, foram as principais razões que desenvolveram na Lusófona um ambiente favorável ao secretismo de raiz antidemocrática, fonte histórica de todos os abusos, que, com o tempo, se tornou a alma do negócio.
 
Alguns acontecimentos que ultimamente têm chegado ao conhecimento da opinião pública, como as licenciaturas de favor, atestam-no e não surpreende que alguns jovens mais imaturos se tenham deixado endrominar pela cultura do sucesso fácil, do autoritarismo, da dominação dos mais fracos e da obtenção de poder pessoal, tudo isso teorizado como um suposto modelo do sucesso individual. Que isso tenha acontecido numa universidade portuguesa e, alegadamente, tenha passado ao lado dos seus órgãos dirigentes, é matéria de estudo e condenação.
 
O jornal “Sol” publicou recentemente que a Grande Loja Legal de Portugal está a instalar uma Ordem para rapazes dos 12 aos 21 anos, a exemplo do que acontece nos Estados Unidos e no Brasil, países que aparentemente não querem ficar atrás de certos países islâmicos com as suas madrastas e centros de recrutamento de malfeitores. O jornal fala apenas de rapazes e não menciona as raparigas, acrescentando que “o objectivo é formar jovens que sejam úteis à sociedade, promovendo palestras e dando-lhes formação.” Mais à frente da notícia é dito “que uma das actividades que mais praticam é a oratória para aprenderem os truques de falar em público.
 
Nada poderia ser mais claro, as irmandades sentem que estão a perder terreno para as juventudes partidárias na sua capacidade de nomear gente para as mais diversas funções e mordomias do Estado: Assembleia da República, governos, empresas públicas, grupos económicos privados, autarquias e tudo o resto onde exista alguma forma de poder e de rendimento. Cintam com jovens devidamente treinados, capazes de através da “oratória” reconquistar uma fatia do poder político e económico, que é a sua razão de ser.
 
Provavelmente nunca se saberá o que aconteceu na praia do Meco naquela noite de Dezembro, nem haverá culpados conhecidos e condenados. Se assim for, como tudo indica, será apenas mais um caso em que a justiça portuguesa é vencida pelo silêncio, pelos grupos de interesses e pela sua própria natureza de classe. Dos seis jovens roubados às suas famílias pela estupidez de uma mal compreendida disciplina fascizante, restará a memória difusa das vítimas de um sistema de educação desmiolado e irresponsável. As declarações prestadas aos meios de comunicação por alguns dirigentes da Lusófona, a seguir à morte dos jovens, de tão ridiculamente desculpabilizantes ficarão como parte da farsa que quase sempre se segue à tragédia.
 
O Governo e o Ministério da Educação farão sem dúvida aquilo que sabem fazer melhor em circunstâncias semelhantes: leis e regulamentos. Infelizmente, não lhes passará pela cabeça reconhecer que tudo isto é o resultado da degeneração de um sistema político cada vez menos exemplar e cada vez mais corrupto.”
 
 
HENRIQUE NETO in JORNAL DE LEIRA, edição de 6 de Fevereiro de 2014
 

Wednesday 5 February 2014

Sunday 2 February 2014

Monday 13 January 2014

PRESIDENTE DO CONSELHO EUROPEU EVOCA "CATÓLICO" ROBERT SCHUMAN

 

Presidente do Conselho Europeu evoca «católico» Robert Schuman, «pai da Europa» que pensava mais no futuro do que nos votos
 
Com este artigo quero prestar uma vibrante homenagem ao pai da Europa moderna, Europa que se chamou "Comunidade" e que tem hoje o nome de "União". Robert Schuman que nos deixou há 50 anos (a 4 de setembro de 1963) e o seu exemplo, o seu pensamento e a sua ação são para mim fonte de inspiração constante.
 
O homem que, a 9 de maio de 1950, fez entrar a Europa contemporânea na história, não estava só nem era o único. Outros Grandes da Europa marcaram o caminho ou levaram-no por diante: Aristide Briand e Gustav Stresemann (que receberam o prémio Nobel da Paz em 1926), depois Winston Churchill, Charles de Gaulle, Konrad Adenauer, Alcide De Gasperi e Paul-Henri Spaak; sem esquecer aquele "mentor" do projeto europeu que foi Jean Monnet, nem o "braço operativo" que esteve ao lado de Robert Schuman, o diretor do seu ministério Bernard Clappier. Homens provenientes de diversos horizontes, de diferentes convicções políticas, filosóficas e religiosas, mas que têm em comum o facto de terem inscrito a Europa e o projeto europeu na história. (...)
 
O pensamento e a ação destes Grandes da Europa são hoje desconhecidos ou, pior, ignorados. Por isso, é em relação a eles que quero testemunhar todo o meu reconhecimento através desta reflexão dedicada a Rober Schuman. Sim, Schuman: homem simples, modesto, calmo, honesto e reto, de temperamento sereno, dotado de prontidão de espírito e sentido de humor, que detestava a demagogia e era "impermeável" às modas intelectuais.
 
Este homem, que não fazia "gestos teatrais", tinha como reconhecida qualidade «a clareza, a precisão e as maneiras reflexivas de apresentar as argumentações» (citação do excelente trabalho de François Roth, "Robert Schuman, du Lorrain des fontières au père de l'Europe", 2008). Poderia ter dito «je suis ma conscience», "sigo" e "sou" a minha consciência. Estava ao serviço do bem comum e não exercitava o poder para fins pessoais. Homem de Estado, pensava, como Churchill, nas gerações seguintes mais do que nas seguintes eleições. Cristão, espiritualmente e socialmente católico, também ele gostava de recarregar-se com frequentes retiros no mosteiro.
 
Em suma, Robert Schuman exercitava, coisa mais rara do que geralmente se pensa, um poder autêntico. Porque, como escrevia Hannah Arendt, «o poder só é exercitado onde ato e palavra não tomam estradas separadas, onde os fins não são vazios de sentido e os atos credores de violência».
Era homem de abertura, homem das fronteiras que se encontram; para ele amar a Europa não queria dizer ignorar o próprio país, a própria região, a própria vila.
 
Porque cada homem precisa de ser "reconhecido": conhecido e reconhecido. Para existir, e não só para ser. E o reconhecimento passa através de referências, pontos fixos. Referências que cada pessoa se dá e que os outros lhe reconhecem. Referências feitas de laços sociais e familiares, mas também de laços históricos e geográficos. O homem faz parte da humanidade. (...) Ser um europeu sem laços não tem sentido. E poderia provocar apenas uma sensação de medo e retirada, derivada de uma perda de referências. Robert Schuman compreendeu-o bem.
 
Era de Evrange, da Lorena, de França, da Europa. Não "ou", mas "e". Porque as identidades não se anulam. Ao contrário, enriquecem-se reciprocamente e não se perde uma identidade adquirindo outra. Identidade europeia, porque Robert Schuman fez da Europa a obra da sua vida. O seu projeto, o seu desejo, era a Europa.
 
Na declaração que precede em alguns meses a declaração de 9 de maio de 1950, dizia já claramente que «a confiança entre os povos não se improvisa nem se impõe. Podemos chegar a ela apenas através de uma cooperação num quadro mais amplo no qual seremos muitos a dar prova de boa vontade. Esse quadro é a Europa». Declaração que não tem uma ruga. Porque a Europa é uma ideia generosa. É a colocação em ato do perdão, da reconciliação. «A Europa nascerá das realidades concretas que criarão antes de tudo uma solidariedade de facto», escreverá a Adenauer. E no seu livro "Pour l'Europe", publicado em 1963, fará esta análise: «Todos os grandes problemas que afligem os países saídos da guerra assumiram um caráter mundial e subtraem-se à autonomia política e económica dos países, mesmo dos mais poderosos». Se omitir as palavras «saídos da guerra», que hoje estão datadas, poderei descrever nos mesmos termos a crise económica e financeira que nos atingiu nos últimos anos.
 
Sim, a Europa era a sua questão primeira, a sua grande causa. Uma Europa baseada na solidariedade e na responsabilidade. Sobre valores que colocam "o homem no centro". O homem enquanto pessoa, aquele homem (entendido como homem ou mulher) que se apresenta não como um indivíduo puramente autónomo, mas como um indivíduo em relação de solidariedade, um indivíduo dotado de direitos e deveres; em suma, o homem que sabe ser interpelado pelo rosto do outro. O outro e portanto, necessariamente, a diversidade.
 
É precisamente a diversidade a construir a riqueza histórica europeia. E é a universalidade a constituir a nossa mensagem política. A universalidade, não o universalismo. A universalidade de uma palavra dirigida a cada homem. Ao contrário do universalismo, que considera a realidade como um todo único.
 
A Europa que era para Schuman, e é sempre para nós, um projeto em perpétuo devir. Porque a Europa, como a conhecemos hoje, é o resultado de um duplo moto de unificação e despedaçamento. E a tensão é parte integrante da nossa herança. Uma tensão que não é destrutiva, mas, ao contrário, vital. Porque nos impede de cair numa forma de letargia politicamente mortal. Uma tensão que nos obriga constantemente a "enquadrar de novo" o projeto europeu.

Herman Van Rompuy
Presidente do Conselho Europeu
In L'Osservatore Romano
 

Saturday 11 January 2014

Saturday 4 January 2014

SKY CYCLE - UMA UTOPIA?

SkyCycle, uma rede de ciclovias a pairar sobre as ruas de Londres

Projecto do arquitecto Norman Foster está a ser estudado e pode vir a custar mais de 240 milhões de euros. SkyCicle é visto como uma “utopia”: "sem autocarros, carros ou stress"
Tem 219 quilómetros de extensão e paira sobre as ruas de Londres. O SkyCycle é uma rede de ciclovias desenhada pelo arquitecto britânico Norman Foster e, caso seja aprovada para construção, vai custar mais de 200 milhões de libras (cerca de 240 milhões de euros), noticia a BBC.
 
 A arrojada proposta, uma parceria entre os gabinetes Foster+Partners e Exterior Architecture e os consultores Space Syntax, quer ligar, numa primeira fase, a zona Este de Londres à Liverpool Street Station. “Se aprovadas, as dez rotas seriam construídas acima das linhas ferroviárias existentes e levariam cerca de 20 anos a completar”, continua o site da rádio e televisão britânica.
 
 O projecto, que permitiria o uso da bicicleta num caminho livre de carros, está a ser estudado pelas “partes interessadas”, por forma a ter algum “feedback” antes de ser submetido para candidatura. “Acredito que as cidades onde se pode caminhar ou andar de bicicleta em vez de conduzir são lugares mais simpáticos para se viver”, disse Foster.
  
Ainda de acordo com a BBC, a rede de ciclovias, ainda conceptual, pode atingir “quase seis milhões de pessoas” que vivem na zona de influência. Para dar resposta ao tráfego de bicicletas — que, estima-se, podia chegar aos doze mil ciclistas por hora —, o SkyCycle foi pensado para ter mais de duzentas rampas de acesso, espalhadas por toda a cidade. Em média, as deslocações de bicicleta pela cidade diminuiriam até meia hora.
  
“SkyCycle é uma abordagm lateral para encontrar espaço numa cidade congestionada. Utilizando os corredores acima das linhas ferroviárias suburbanas, poderíamos criar uma rede ‘word-class’ de segurança”, continuou Foster. Já Sam Martin e Oli Clark, do Exterior Architecture, definem o projecto como “uma utopia”: “sem autocarros, carros ou stress”.
  
Já o porta-voz da Network Rail, a autoridade responsável pela rede ferroviária do Reino Unido, garantiu apoiar os planos. “Vamos manter a ligação com todos os envolvidos, enquanto a ambição por este projecto inovador se desenvolve."