Monday 29 November 2010

ADVOGADA RITA MATIAS FALA SOBRE O CASO BRAGAPARQUES


Como funciona a Justiça na própria Ordem?

É frequente ouvir o Senhor Bastonário Marinho e Pinto denunciar com grande alarido a morosidade da justiça dos tribunais e a lentidão da investigação que acarreta a prescrição de muitos processos, invectivando tudo e todos. Tem razão, é certo, e é grave. E o que se passa na Ordem dos Advogados (OA) com os muitos processos de inquérito e disciplinares que estão pendentes, com as muitas queixas recebidas e que aguardam uma qualquer resposta?

Só sei o que se passa com a participação que há quase cinco anos apresentei – a prescrição ocorre decorridos que sejam cinco anos sobre a prática dos factos – denunciando factos que considero graves por dizerem respeito, não apenas às relações entre colegas do mesmo escritório que patrocinam partes contrárias em processo judicial, mas também por atingirem uma tal dimensão que interessam a todos os advogados, ao porem em causa o sigilo profissional.

Ao longo destes anos, foi-me sempre dito pelos dirigentes da OA que não há processos mais importantes uns do que os outros, que todos correm na sua vez, sem que possa ser atribuída prioridade a uns em detrimento dos outros. Se assim é, só posso concluir que, estando à beira da prescrição o processo de inquérito iniciado com a minha denúncia, então, todos os demais entrados na mesma altura ainda não tiveram qualquer evolução e levam também cinco anos de atraso.

O caso é conhecido. No Verão de 2005, José Sá Fernandes, em vésperas de eleições autárquicas, apresentou uma acção popular pedindo a declaração de nulidade da permuta do Parque Mayer por parte dos terrenos da antiga Feira Popular. Após ter sido eleito Vereador da CML, juntou aos autos procuração passada em nome do irmão, Ricardo Sá Fernandes, meu colega de escritório desde 1993, sócio da mesma sociedade de advogados e meu amigo pessoal. Insurgi-me contra o evidente conflito de interesses mas, só em Fevereiro de 2006, foi junto aos autos um substabelecimento para outro colega.

Entretanto, em Janeiro de 2006, Ricardo Sá Fernandes, concertado com as autoridades de investigação criminal, gravou conversas que teve com Domingos Névoa e que versavam sobre a forma de pôr fim à acção popular pendente, sem que do facto me tenha sido dado conhecimento.

O resultado é de todos conhecido. Domingos Névoa foi acusado por crime de corrupção activa para acto ilícito, condenado em 1ª instância a pagar uma multa de € 5000 e absolvido pelo Tribunal da Relação de Lisboa.

Tal significa que o sistema judiciário foi capaz de levar até ao fim um inquérito, dar a acusação, abrir a instrução, emitir despacho de pronúncia, decidir um recurso deste interposto, fazer o julgamento em primeira instância e proferir a sentença, julgar no Tribunal da Relação o recurso desta sentença, revogando-a e proferindo acórdão de absolvição, e fazer subir o processo em recurso para o Supremo Tribunal de Justiça que não o admitiu.

No mesmo espaço de tempo, e relativamente aos factos que ocorreram na mesma altura, o órgão competente da OA, Conselho de Deontologia de Lisboa, ainda não conseguiu dar por terminada a primeira fase, a fase de inquérito!

Tudo isto sucedeu durante dois mandatos: o primeiro, do Bastonário Rogério Alves, de quem Ricardo Sá Fernandes disse publicamente que lhe tinha dado inteiro apoio pessoal para prosseguir com a acção “encoberta”; o segundo, do Bastonário Marinho e Pinto que se escusou a pronunciar-se por não ter poderes para tal.

É impossível descrever todos os incidentes ocorridos com este inquérito mas os do ano de 2010 são bem significativos.

Em Março, a relatora do processo elaborou uma acusação contra Ricardo Sá Fernandes, que nunca li, porque sempre me recusaram a consulta do processo. No final do prazo de defesa, foram por aquele invocadas nulidades por não terem sido inquiridas algumas das testemunhas. Por essa altura, a relatora que deu a acusação demitiu-se do Conselho de Deontologia e, em sua substituição, foi designado relator um colega que havia integrado a lista de José Sá Fernandes à CML. Tornado público tal facto, o novo relator apresentou, e bem, um pedido de escusa. No dia 20 de Maio, o Presidente do Conselho de Deontologia, Pedro Raposo, aceitou o pedido de escusa e, no mesmo despacho, redistribuiu o processo a Manuel Cordeiro que, logo no dia seguinte, proferiu um despacho considerando procedentes as nulidades invocadas e dando sem efeito a acusação.

Para elaborar uma acusação foram precisos mais de 4 anos, para decidir sobre a sua validade apenas 24 horas.

Faltam dois meses para que este caso prescreva. Depois das eleições para os órgãos da AO, que aconteceram no passado dia 26 de Novembro, seguir-se-á um período de inactividade a que se junta a inactividade da quadra natalícia. O objectivo de todos aqueles que apostaram na prescrição deste caso está prestes a ser alcançado, malgrado todas as afirmações que, em sentido contrário, foram sendo proferidas.

Com este texto corro sérios riscos de que os dirigentes da OA me instaurem a mim um processo disciplinar. Assumo esse risco na certeza de que tal processo andará célere e não irá prescrever.

Rita Matias,
Advogada

29-Nov-2010

http://www.advocatus.pt/content/view/3285/13/


JULIAN ASSANGE


De ‘hacker’ a paladino da verdade

Wikileaks: Conheça o responsável pelo escândalo

Julian Assange, o homem que está a provocar calafrios à diplomacia norte-americana, nasceu em Townsville, na Austrália, em 1971. Hoje, com 39 anos, este jornalista é uma das figuras mais polémicas do planeta, ao revelar ao mundo documentação secreta sobre os Estados Unidos no seu site Wikileaks.

Após uma infância nómada, na qual acompanhou os pais num ‘teatro móvel’, Julian Assange sentou-se pela primeira vez num banco do tribunal aos 18 anos. Em causa estava a luta pela custódia de um filho.

Aos 22, o jovem australiano foi alvo de uma investigação policial por suspeita da prática de crimes relacionados com o ‘hacking’ – violação de sistemas informáticos. Assange fazia parte de um grupo de hackers, sendo conhecido pela alcunha de ‘Mendax’. Só ele conseguira quebrar os códigos de segurança de uma universidade australiana, uma empresa de comunicações no Canadá e várias outras organização. Com 23 anos, Julian Assange confessou a prática de 24 crimes de ‘hacking’. Foi libertado, mediante pagamento de uma caução.

Após mais um episódio com a Justiça, trabalhou três anos com a académica Suelette Dreyfus, publicando o livro ‘Underground’, no qual analisa o lado mais subversivo da Internet. Dreyfus descreve-o como um "grande investigador" que sempre esteve "interessado em conceitos como ética, justiça e o que os Governos deviam ou não deviam fazer".

Completou cursos em física e matemática e tornou-se um membro da sociedade de matemáticas, inventando um elaborado puzzle matemático.

Assange iniciou o Wikileaks em 2006, criando o que seria uma "caixa de correio morta" onde fontes podiam fazer chegar informação anonimamente. "Para manter as fontes seguras, distribuímos os nossos activos, encriptamos tudo e movemos pessoas e telecomunicações por todo o mundo", disse Assange numa recente entrevista à BBC.

Existem vários rumores sobre o site Wilileaks: Desde a localização sempre em constante mudança, passado à instalação dos servidores num bunker nuclear em Estocolmo, na Suécia

Certo é que, quem o conhece, descreve-o como intenso, de grande intelecto e capaz de trabalhar horas a fio, muitas vezes sem parar para comer. É defendido pelos que destacam a sua dedicação à liberdade de informação e criticado pelo que os acusam de pôr em risco as vidas de várias pessoas ao tornar pública essa informação.

No passado, a Wikileaks publicou material secreto de vários países. O seu destaque, porém, surgiu depois de, em Abril, ter divulgado um vídeo de um ataque norte-americano no Iraque.

Esse vídeo foi divulgado a par de um lote significativo de documentos sobre a Guerra no Iraque, a que se seguiu outro sobre a Guerra no Afeganistão.
A divulgação dos 271 mil documentos confidenciais e secretos do Governo norte-americano é considerada já a maior infiltração da história.

Por:André Pereira

CORREIO DA MANHÃ 29-11-2010


WIKILEAKS: A INVESTIGAÇÃO


Investigação iniciada à publicação de documentos

Wikileaks: Austrália apoia EUA em acção judicial

Após nova divulgação de documentos da diplomacia norte-americana, por parte da ‘Wikileaks’, a Austrália manifestou a intenção de apoiar os Estados Unidos numa acção judicial contra Julian Assange autor do site. Quem o anunciou foi o procurador-geral australiano Robert McClelland.

A publicação dos documentos enviados pela diplomacia norte-americana poderá colocar em causa a segurança dos Estados Unidos e dos seus aliados.

A Austrália apoiará qualquer acção judicial que possa ser iniciada. Os Estados Unidos estarão na origem dessa acção, mas as nossas diligências darão uma ajuda”, afirmou Rober McClelland, referindo, porém, que até ao momento não foi recebido qualquer pedido de cancelamento do passaporte australiano de Julian Assange.

Uma das primeiras medidas adoptadas pelo procurador-geral australiano foi ordenar uma investigação para determinar se a publicação dos documentos viola as leis da Austrália.

As revelações do Wikileaks dizem respeito a 251 287 documentos enviados por diplomatas norte-americanos para Washington e 8 000 directivas do Governo norte-americano para as suas embaixadas.

À excepção de um documento que remonta a 1966, a maioria foi enviada entre 2004 e o final de fevereiro de 2010, data em que, por razões desconhecidas, a fonte do Wikileaks deixou de transmitir informação.

CORREIO DA MANHÃ 29-11-2010 Por:André Pereira

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/wikileaks-australia-apoia-eua-em-accao-judicial

JOSÉ MIGUEL JÚDICE VAI SER PROCESSADO PELOS INSPECTORES DA PJ


Polícia

Inspectores processam Júdice à margem da direcção da PJ

Nelson Morais

Os inspectores que José Miguel Júdice acusou de cometerem vários crimes, nas últimas buscas do caso BPP, vão antecipar-se à direcção da Polícia Judiciária, que ainda está a averiguar o caso, e avançar com acções judiciais contra o advogado, nos próximos dias.

Na passada quinta-feira, o presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal (ASFIC) da Polícia Judiciária (PJ), Carlos Garcia, deferiu o pedido de assistência jurídica feito pelos inspectores visados. São "quatro ou cinco", segundo Garcia, da brigada que fez as buscas, a 11 deste mês, em casa do fundador do Banco Privado Português, João Rendeiro, e apreendeu o passaporte do ex-banqueiro, dois dias depois, quando ele aterrou no aeroporto de Lisboa.

Apesar de ter garantido o patrocínio judiciário àqueles associados da ASFIC, o dirigente sindical tenciona remeter à direcção da PJ a factura dos honorários que os advogados cobrarem. Sustenta que a Lei Orgânica da PJ prevê, neste tipo de casos, que seja a instituição a pagar a defesa, em tribunal, dos seus funcionários.

O advogado António Pragal Colaço e dois colegas já trabalham sobre uma ou várias acções judiciais e pensam concluir a tarefa dentro de dias. Estão a "analisar à lupa" as declarações públicas de José Miguel Júdice, o defensor de João Rendeiro, para destrinçar eventuais "ilícitos de natureza civil, penal e disciplinar", explicou Pragal Colaço.

Uma coisa parece certa: os inspectores vão contrariar tudo o que Júdice afirmou, quando lhes imputou crimes de ameaça, coacção e abuso de poder, na busca a uma moradia em Cascais, e de furto ou abuso de poder, pela apreensão do passaporte de João Rendeiro, à sua chegada do Brasil. Entre os funcionários da PJ, está um coordenador de investigação criminal.

Averiguação interna

Júdice já escreveu, no DN, que tinha telefonado ao director da PJ, Almeida Rodrigues, quando soubera do sucedido em casa de Rendeiro, e obtido a garantia de que seria aberto um "inquérito" interno, sobre a actuação dos inspectores, quando participasse por escrito o caso.

Na sexta-feira, o director-adjunto da PJ, Pedro do Carmo, declarou ao JN que a Polícia veio a receber de Júdice a tal participação formal e tem em curso uma "averiguação interna", na sua Unidade de Disciplina e Inspecção. "Ainda não há qualquer conclusão", esclareceu o dirigente, mantendo o que afirmou logo depois de Júdice trazer o caso a público.

Na altura, Pedro do Carmo declarou que as informações até aí recolhidas indicavam que as acusações do advogado não tinham "qualquer fundamento", o que, a ser confirmado pela averiguação interna, constituiria "fundamento para participar judicialmente contra quem as proferiu", adiantou então.

ASFIC impaciente

O presidente da ASFIC manifesta-se impaciente com a referida averiguação interna. "Não esperava, da parte da direcção da Polícia, que viesse colocar em causa, de alguma forma, os funcionários que efectuaram aquela diligência, ao vir dizer que ia abrir um processo de averiguações, quando os próprios procuradores vieram defender os inspectores", afirmou Carlos Garcia ao JN.

Segundo o dirigente sindical, os magistrados sustentam que os polícias não cometeram qualquer ilegalidade.

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Policia/Interior.aspx?content_id=1722607

RAMALHO EANES GARANTE QUE ENCERROU O FUNDO DO ULTRAMAR


Polémica

Ramalho Eanes garante que encerrou Fundo do Ultramar

Ex-presidente da República esclarece dúvidas lançadas por Diogo Freitas do Amaral, que hoje lança livro em que defende investigação àquele fundo e ao uso das verbas

O Fundo de Defesa Militar do Ultramar (FDMU) "tinha uma contabilidade rigorosa" e os comprovativos do seu uso existem "porque sempre as Forças Armadas documentaram as suas despesas", afirma o general Ramalho Eanes.

Em texto publicado no DN (ver pág. 59), o ex-presidente da República - e responsável pelo FDMU desde 1976 até à sua extinção, no final de 1980 - aborda questões colocadas pelo ex-ministro Freitas do Amaral, numa entrevista a este jornal sobre o lançamento, hoje, do seu livro Camarate - Um Caso ainda em Aberto.

Ramalho Eanes garante que "o FDMU nunca serviu, depois do 25 de Abril, para comprar ou vender armamento". O fundo foi "extinto, por minha iniciativa, perante informação-proposta" do Estado- -Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), em Novembro de 1980, lembra o general, adiantando que o seu sucessor como CEMGFA, general Melo Egídio, "nada teve a ver com o FDMU, pelo simples motivo de este ter sido extinto nos finais de 1980".

O FDMU, "além de não ser nem secreto nem clandestino, tinha uma contabilidade rigorosa" dentro do EMGFA, sublinha Eanes. "Natural é que despesas, pela sua natureza especial, estejam contabilizadas em contas especiais do FDMU e que os seus comprovativos estejam em arquivo especial. Há que procurá-las, aí, porque sempre as Forças Armadas documentaram as suas despesas, no caso-limite de não haver possibilidade de recibo formal, com declaração de despesa".

"Nunca nenhum ministro da Defesa me solicitou, ou solicitou ao meu sucessor no EMGFA, qualquer informação sobre o FDMU", a qual "teria sido, por todas as razões, prestada", diz Eanes. "Essa informação só viria a ser solicitada - não sei por que personalidade - no tempo em que era CEMGFA" o almirante Fuzeta da Ponte.

Sendo esse pedido feito via ministro da Defesa, terá sido um dos seguintes titulares do cargo: Fernando Nogueira ou Figueiredo Lopes (PSD), António Vitorino ou Veiga Simão (PS).

Freitas do Amaral, na entrevista ao DN, afirma que "até hoje não se sabe se de facto [o FDMU] está extinto ou se continua a funcionar". Dizendo desconhecer "quem é a individualidade que estava à frente do fundo [ou] quem era o chefe da contabilidade" do EMGFA, o ex-ministro pergunta "porque que é que O FUNDO continuou [a existir pelo menos até 1980] embora já não houvesse Ultramar nem guerra", como é que as suas verbas "foram gastas", onde estão os relatórios sobre o movimento das contas e "se foram homologados e por quem".

Freitas do Amaral defende a investigação ao FDMU porque, diz, pode explicar "as motivações do caso Camarate" - porque o então ministro da Defesa Amaro da Costa estava a investigar o fundo - e como é que este continuava a existir anos após o fim da guerra.

por MANUEL CARLOS FREIRE

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1722639

A VERDADE SOBRE O FUNDO DO ULTRAMAR

O convidado

por GENERAL ANTÓNIO RAMALHO EANES

Em resposta ao pedido do Diário de Notícias para comentar as declarações do prof. Freitas do Amaral, feitas em entrevista àquele jornal no passado dia 26 de Novembro, cabe-me dizer o seguinte:

1. Não pretendo, por ora, pronunciar-me sobre as suas declarações.

2. Para que não subsistam equívocos, quero esclarecer que eu, enquanto chefe do Estado-Maior--General das Forças Armadas (CEMGFA), entre meados de 1976 e 1981 era responsável institucional por todas, mas todas, as actividades desenvolvidas por aquele órgão militar.

3. O meu sucessor na chefia do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), senhor general Melo Egídio, nada teve que ver com o Fundo de Defesa Militar do Ultramar (FDMU), pelo simples motivo de este ter sido extinto nos finais de 1980.

4. O FDMU foi constituído por diploma legal (Decreto-Lei n.º 448/ /72 e Portaria 696/72) e extinto por diploma legal, igualmente (Decreto-Lei n.º 548/80). Assim, nunca o FDMU poderia ter sido "ilegal" nem "clandestino".

5. Não é verdade que o FDMU tivesse dependido do gabinete do CEMGFA ou do próprio CEMGFA. Conclusão evidenciada, esta, pelo próprio organigrama do EMGFA.

Do CEMGFA dependiam apenas:

- Divisão de Informação e Relações Públicas (DIRP), e

- Divisão de Informação (DINFO).

A gestão do Fundo, como este organigrama estabelece, era da competência da Divisão de Administração e Finanças (DIAF), que dependia do Departamento de Planeamento e Finanças (DPF), hierarquicamente dependente do vice-CEMGFA ou, não existindo, do oficial coordenador mais antigo (almirante ou general).

Anualmente era elaborado pelo DIAF um relatório de gestão financeira do FDMU que, depois de receber a análise e parecer dos responsáveis hierárquicos, da DIAF, era submetido ao CEMGFA para "apreciação e visto".

O FDMU, pois, além de não ser nem "secreto" nem "clandestino", tinha uma contabilidade rigorosa, do DIAF, sujeita a dois controlos hierárquicos, organicamente estabelecidos.

6. Depois de terminada a guerra do Ultramar, porquê continuar a funcionar o FDMU? Para que serviria?

a) O FDMU é estabelecido e regulamentado, como já referido, em 1972.

b) Depois do 25 de Abril e até finais de 1976, cabe a administração institucional do FDMU ao general Costa Gomes. Não terão sido feitas, já, aquisições especiais. Natural será que algumas, feitas anteriormente, tenham vindo a ser liquidadas nesse tempo.

c) De finais de 1976 a finais de 1980, período em que, enquanto CEMGFA, sou eu o responsável institucional pelo FDMU, não foram assumidos quaisquer compromissos confidenciais.

Neste último tempo, o Fundo terá tido apenas de proceder à gestão de empréstimos efectuados, à gestão das contas correntes com o Exército, Marinha e Força Aérea, e com as organizações de extinção dos Comandos Militares de Angola e Moçambique, e Comando Territorial da Guiné.

Natural é que despesas, pela sua natureza especial, estejam contabilizadas em contas especiais do FDMU e que os seus comprovativos estejam em arquivo especial. Há que procurá-las, aí, porque sempre as Forças Armadas documentaram as suas despesas, no caso-limite de não haver possibilidade de recibo formal, com "Declaração de despesa".

7. O FDMU nunca serviu, depois do 25 de Abril, para comprar ou vender armamento.

Nunca o EMGFA, depois daquela data, adquiriu ou vendeu qualquer tipo de armamento porque:

- Os estabelecimentos fabris militares, que produziam armamento, e antes de passarem a constituir uma empresa pública (INDEP), tutelada pelo Ministério da Defesa Nacional, dependiam dos Ramos (principalmente, do Exército).

Dispunham de autonomia administrativa e financeira, dentro de um quadro que lhes era fixado pelas entidades militares, e dependiam, para efectuarem vendas obtidas pelos seus serviços comerciais, da autorização do Governo que, legalmente, tinha competência para o fazer (ministro da Defesa-ministro do Ultramar).

Em suma, eram os estabelecimentos fabris, dada a sua autonomia, que procediam à venda de armamento, sujeita, sempre, a decisão do Governo.

Aliás, este assunto foi devidamente esclarecido, a 12 de Outubro de 1981, pelo então CEMGFA, em entrevista concedida ao próprio Diário de Notícias (págs. 7 e 8). Disse ele: as "vendas ao estrangeiro (...) nestas últimas décadas, deveu-se especialmente a encomendas que, com a intervenção do governo português, governos aliados lhes fizeram. (...) A par destas encomendas, obtidas por negociações entre governos e algumas vendas obtidas directamente pelos serviços comerciais dos estabelecimentos fabris nos mercados tradicionalmente nossos compradores, os estabelecimentos fabris faziam também proposta de venda, quando solicitados pelos numerosos agentes intermediários que operam no sector. Não competia aos estabelecimentos fabris seleccionar os países para onde directa ou indirectamente vendem."

- Quando era o próprio estabelecimento fabril a receber directamente propostas de venda de armamento, apresentava o caso ao governo pelas vias competentes, quer dizer, através do EMGFA. Este órgão limitava-se a receber a indicação da proposta de venda dos estabelecimentos fabris respectivos e a encaminhá-los para o Governo. Obtida a resposta do Governo, limitava-se a transmiti-la aos estabelecimentos fabris.

8. Diferente era, na altura, a situação da Fábrica de Explosivos da Trafaria, que não dependia da instituição militar, mas, sim, directamente do Governo.

Nunca o EMGFA teve qualquer participação na venda de armas, fosse a quem fosse. Assim, nada teve a ver com as vendas que terão sido efectuadas ao Irão e ao Iraque.

Aliás, quanto à venda de armas ao Irão, interessante seria:

- Consultar o Diário da Assembleia da República (I Série, n.º 63, de 1 de Abril de 1987) no que refere ao Inquérito Parlamentar n.º 6/IV (PCP) e ver a intervenção então proferida pelo deputado do PCP José da Cruz (p. 2464).

- Relembrar o fornecimento maciço de material de guerra ao Iraque (assim, por exemplo, a 15 de Outubro de 1981, "no Porto de Setúbal inicia-se o carregamento de uma vasta encomenda de armamento para o Iraque" (Cf. Cronologia dos Factos Económicos e Sociais, p. 364).

- Recordar que, a 29 de Janeiro de 1981, "o Governo decide, após a libertação dos reféns norte-americanos, levantar as restrições às relações comerciais com o Irão" (Cronologia dos Factos Económicos e Sociais, p. 339).

9. O FDMU foi extinto, por minha iniciativa, perante informação-proposta dos órgãos do EMGFA, pelo Decreto-Lei 548/80 de 18 de Novembro (Diário da República 267/80, I Série). Submetido a parecer da Comissão Constitucional, não se pronunciou, esta, pela inconstitucionalidade das normas constantes naquele diploma (Resolução n.º 274/81).

Nunca nenhum ministro da Defesa me solicitou, ou solicitou ao meu sucessor no EMGFA, qualquer informação sobre o FDMU, solicitação que, a ser formulada, teria sido, por todas as razões, prestada.

Soube que essa informação só viria a ser solicitada - não sei por que personalidade - no tempo em que era CEMGFA o senhor almirante Fuzeta da Ponte.

10. Mas, se, como pretendia o Decreto-Lei n.º 548/80 de 18 de Novembro, o FDMU revertesse para a instituição militar, sempre o controlo do seu uso ficaria superiormente controlado, como se pode ver pela leitura dos seus artigos 1.º e 2.º:

"Artigo 1.º: passam a ser cometidas ao conselho administrativo do Estado-Maior-General das Forças Armadas as funções de apoio administrativo-financeiro ao chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas no que respeita à gestão do saldo que vier a ser apurado no final do corrente ano económico no Fundo a que se refere o Decreto-Lei n.º 448/72, de 13 de Novembro, e que se encontra na sua dependência por força do artigo 17º do Decreto-Lei n.º 400/74, de 29 de Agosto.

Artigo 2.º 1. Para o efeito, o conselho administrativo do Estado- -Maior-General das Forças Armadas organizará anualmente um orçamento privativo a aprovar pelo Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas e a submeter ao visto do ministro das Finanças e do Plano."

http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1722768&seccao=Convidados

Sunday 28 November 2010

AS REVELAÇÕES DO WIKILEAKS


Wikileaks vai divulgar documentos sobre "todos os grandes assuntos"

Os milhões de documentos norte-americanos que a Wikileaks está prestes a divulgar dizem respeito a "todos os grandes assuntos", afirmou hoje, domingo, o fundador da organização, Julian Assange, numa videoconferência com jornalistas na Jordânia.

"Os documentos que nos preparamos para publicar dizem respeito a todos os grandes assuntos em todos os países do mundo", respondeu Assange a uma pergunta sobre se os novos documentos diziam respeito ao Iraque ou ao Afeganistão.


Julian Assange, fundador do Wikileaks

foto FABRICE COFFRINI/AFP


Assange disse aos jornalistas que optou por falar com eles por videoconferência porque "a Jordânia não é o país mais seguro quando se tem a CIA atrás" e não indicou onde se encontra.

A Wikileaks, que se especializou na divulgação de documentos confidenciais, deverá divulgar nas próximas horas milhares de documentos de todo o tipo provenientes de embaixadas dos Estados Unidos em todo o mundo.

A divulgação destes documentos está a preocupar seriamente a administração norte-americana, que sábado advertiu a Wikileaks que a divulgação dos documentos vai colocar muitas vidas em risco, ameaçar operações antiterroristas e prejudicar as relações dos EUA com os seus aliados.

Julian Assange avaliou o número de documentos em mais de um quarto de milhão. "Gastei uma boa parte da minha energia e do meu tempo, durante o mês passado, a preparar a publicação da história da diplomacia norte-americana", disse na conferência de imprensa, organizada pela associação de repórteres árabes para o jornalismo de investigação (ARIJ).

"Estes 250 mil documentos secretos vêm de embaixadas norte-americanas em todo o mundo e já pudemos constatar que, durante a semana passada, os Estados Unidos reagiram para tentar minorar os efeitos que isto pode ter", disse.

As autoridades norte-americanas contactaram mais de uma dezena de aliados, entre os quais aliados estratégicos como a Austrália, Reino Unido, Canadá, Israel e a Turquia.

A divulgação destes documentos está a preocupar seriamente a administração norte-americana, que sábado advertiu a Wikileaks que a divulgação dos documentos vai colocar muitas vidas em risco, ameaçar operações antiterroristas e prejudicar as relações dos EUA com os seus aliados.

Assange rejeitou hoje, domingo, esta acusação. "A nossa organização tem quatro anos de existência na publicação de documentos. Tanto quanto sabemos (...) não houve um único indivíduo que tenha sido colocado em perigo na sequência do que quer que seja que tenhamos publicado", disse.

O 'site' de Assange publicou no mês passado cerca de 400 mil documentos norte-americanos, muitos sobre a guerra no Iraque, depois de em Julho ter divulgado quase 80 mil documentos norte-americanos sobre a guerra no Afeganistão.

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Media/Interior.aspx?content_id=1722484


SOBRAS DOS RESTAURANTES VÃO SE APROVEITADAS

Iniciativa será lançada a 10 de Dezembro

Está a nascer uma rede nacional para aproveitar as sobras dos restaurantes

Sociedade

Iniciativa da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRSP) será lançada a 10 de Dezembro e inclui vales de refeições para carenciados.
As autarquias deverão desempenhar um papel-chave na distribuição de alimentos a quem passa fome

O piloto António Costa Pereira bem tentava explicar, mas o sobrinho de nove anos não conseguia entender como se pode desperdiçar o que nem chega a ser servido nas cantinas, restaurantes ou empresas de catering. "A comida está boa?" "Está." "E vai para o lixo?" "Vai." "E as pessoas vão buscá-la ao lixo?" "Vão." "Porquê?" "É a lei." António Costa Pereira também não compreendia. Queria ir à Assembleia da República "puxar as orelhas aos deputados" que tinham aprovado tal lei, forçá-los a mudá-la. Juntou mais de 100 mil assinaturas. Afinal, a lei fora mal interpretada. As sobras podem ser doadas desde que se respeitem regras de higiene. E já está no forno uma rede de solidariedade nacional para ligar quem tem refeições de sobra a quem não tem dinheiro para as comprar.

Chama-se Direito à Alimentação. A iniciativa da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRSP) será lançada a 10 de Dezembro, no Estoril. Autarquias, instituições particulares de solidariedade social (IPSS), fornecedores e estabelecimentos de hotelaria, restauração e bebidas devem inscrever-se no Balcão Único Empresarial - os que aderirem receberão uma placa para colocar à porta.

O secretário-geral da AHRSP, José Manuel Esteves, ouviu o piloto falar e identificou-se com ele. Está preocupado com o empobrecimento da população - e ciente do desperdício que ainda existe. Pelos seus cálculos, só os refeitórios e as cantinas de hospitais, estabelecimentos prisionais, universidades e escolas deitam 35 mil refeições ao lixo todos os dias. Inquieta-o, sobretudo, "a pobreza envergonhada que afecta famílias com crianças".

"Temos sentido de responsabilidade social e mobilizamos [vontades] mais facilmente", acredita. Uma equipa específica registará as adesões e informará os parceiros seguindo um critério de proximidade. As autarquias deverão desempenhar um papel-chave na articulação da rede - até porque, pela natureza dos alimentos, tudo terá de funcionar numa base local, rápida.Oeiras está na linha da frente. António Costa Pereira bateu à porta da câmara e encontrou interlocutor: "Ainda não se sabe quando vai começar o projecto-piloto. A primeira reunião foi a semana passada. A câmara está a fazer o levantamento de necessidades. Para a semana, há reunião com a AHRSP e com a ASAE [Autoridade de Segurança Alimentar e Económica]."

O entrave é o transporte. A ASAE não abdica das temperaturas adequadas (ver caixa). Tem-se reunido com a AHRSP para que tudo possa decorrer dentro das exigências legais. À margem de tudo isto, há muito que um número indeterminado de empresários despacha as sobras para quem delas precisa.

"Pessoas desesperadas"

Que não haja equívocos. "Resto" será o que passa pela mesa do cliente e volta para trás. "Sobra" será o prato que nunca saiu da cozinha. "Em certas paróquias, andam pessoas das instituições a recolher sobras, depois do jantar, nos restaurantes", admite o presidente da Caritas, Eugénio Fonseca. Essa comida não é transportada "em frio", como manda a lei. Viaja distâncias curtas antes de ser distribuída ou de entrar em frigoríficos.

Na sua opinião, nenhuma pequena organização consegue respeitar as exigências. E, "nas actuais circunstâncias, seria um contra-senso a ASAE criar problemas". A situação é tão crítica que algumas creches até fazem comida a mais para as crianças levarem para as famílias comerem à noite. "Faço isso e aconselho todos a fazerem. Se quiserem, prendam-me."

"Não podemos aceitar que no século XXI, na Europa, que é o maior espaço económico e de valores como a dignidade humana, haja gente com fome", diz Manuel Lemos, presidente da União de Misericórdias. "Institucionalmente, digo que devemos cumprir a lei. Pessoalmente, digo que situações excepcionais requerem comportamentos excepcionais."

28.11.2010 - 08:09 Por Ana Cristina Pereira, Graça Barbosa Ribeiro

http://www.publico.pt/Sociedade/esta-a-nascer-uma-rede-nacional-para-aproveitar-as-sobras-dos-restaurantes_1468474

MARINHO PINTO REELEITO BASTONÁRIO


Reeleição do bastonário da Ordem

Advogados: Oposição a Marinho Pinto ganha Conselho Superior (COM VÍDEO)


António Marinho Pinto foi reeleito bastonário da Ordem dos Advogados (OA) até 2013, com 9532 votos num total de 20 521 votantes.

Fragoso Marques foi segundo, com 5991 votos, seguido de Luís Filipe Carvalho, com 3666. Já nas eleições para o Conselho Superior venceu a lista afecta a Fragoso Marques, liderada por Óscar Ferreira Gomes, com 7268 votos em 19 584 votantes. A lista de Isabel Duarte, ligada a Marinho Pinto, foi segunda com 6353.

"Fui eleito com maioria absoluta na maior votação de sempre. Espero que não aconteça como no anterior mandato, em que alguns órgãos, como o Conselho Superior, quiseram usurpar o poder", afirmou Marinho Pinto, numa alusão aos conflitos com José António Barreiros, que liderava o Conselho Superior.

O bastonário garantiu que vai prosseguir na mesma linha. "Podem esperar de mim o mesmo do anterior mandato. A liberdade de expressão é o valor mais importante mas a Justiça está cheia de silêncios e mentiras. Conto com os meus colegas para os grandes combates que a OA tem de travar".

Marinho Pinto apontou como objectivos "combater a desjudicialização da Justiça e baixar ou eliminar os custos judiciais", lembrando que "em Espanha, a Justiça é grátis". E promete "lutar contra a massificação da profissão". "O exame de acesso à OA é para manter. Há muito facilitismo, ninguém reprova e a responsabilidade é do ministro Mariano Gago." Falta apurar os votos da Madeira, mas não terão impacto nas contas finais.

FRAGOSO DESEJA DIÁLOGO

Fragoso Marques avisou que "o facto de ter vencido nos Conselhos Distritais e no Conselho Superior não terá qualquer relevância se os titulares dos órgãos respeitarem os restantes". E expressou o desejo de que a "vida na Ordem decorra com maior tranquilidade". "Espero que o bastonário tenha capacidade para emendar a mão, que respeite a lei e haja diálogo com os outros agentes da Justiça. Mas tudo aponta em sentido diferente".


CORREIO DA MANHÃ 28-11-2010 Por:Bernardo Esteves

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/advogados-oposicao-a-marinho-pinto-ganha-conselho-superior-com-video

Saturday 27 November 2010

D. DUARTE EM BARCELONA


Sábado, 27 de Novembro de 2010

DUQUE DE BRAGANZA: EL JEFE DE LA CASA REAL PORTUGUESA EN BARCELONA: "LA REINA SOFIA ES UNA MUJER EXTRAORDINARIA"

Parece que a la familia real sueca se le van sumando los escándalos, pues tras las fuertes críticas a los Príncipes herederos Victoria y Daniel por su fastuoso viaje de novios pagado por un multimillonario sueco el verano pasado, la nueva biografía del Rey Carlos XVI Gustavo, revela ahora su participación en todo tipo de encuentros sexuales en situaciones embarazosas y habla de un Rey con limitada inteligencia y poco interés por el cargo, y en breve se anuncia otra biografía, en este caso de su consorte la Reina Silvia, titulada “Silvia, Reina por encima de todo”, que ya está despertando un enorme interés en la prensa y en la opinión pública del país escandinavo.

Entre tanto el Duque de Braganza, jefe de la casa real de Portugal, que por razones desconocidas no fue invitado el verano pasado a la boda real sueca, ha pasado unos días en Barcelona invitado por el Círculo del Liceo, el prestigioso club social asociado al gran teatro del Liceo.

Don Duarte, que como jefe de la familia real lusa mantiene muy buenas relaciones con el estado portugués, que siempre cuenta con su presencia en las cenas de estado ofrecidas a monarcas extranjeros de visita en el país, llegó a Barcelona el pasado 9 de noviembre y al día siguiente dio una conferencia en la citada institución en la que disertó sobre la historia de la dinastía portuguesa y su íntima vinculación con España.

Recibimiento y reencuentro - En su intervención el Duque de Braganza, que fue muy bien recibido por la buena sociedad barcelonesa y que se reencontró con su prima la Princesa Elisalex de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg, destacó su deseo de haber querido disertar en catalán, lengua que conoce y aprecia, la importancia de Cataluña en la historia de la restauración de la monarquía portuguesa en 1640, y su gusto por revisitar la ciudad condal a la que su esposa y sus hijos viajan con frecuencia camino de las pistas de esquí de Andorra. Hombre de clara vocación política que trabaja con interés por el fomento de una comunidad lusófona internacional, el Duque de Braganza mantiene, en virtud de su jefatura de la familia real portuguesa, estrechos vínculos políticos con las antiguas colonias portuguesas en África, países a los que viaja con frecuencia, y se hace presente en la vida política y social de Portugal donde en fechas recientes fue invitado por el presidente de la república a algunos de los actos oficiales organizados con ocasión de la visita a su país de sus primos los grandes Duques de Luxemburgo.

Persona de acendrada religiosidad compartió su gran admiración por la figura del papa Benedicto XVI, que meses atrás canonizó a su antepasado Nuño Alvares Pereira, y cuya visita a Barcelona dijo haber seguido con gran interés. Pariente de la mayor parte de las actuales casas reales en ejercicio, el Duque de Braganza resaltó su buena relación con sus primos lejanos el Rey Juan Carlos, a quien trató mucho en sus años de juventud en Portugal, y la Reina Sofía, alabando su excelente labor y la extraordinaria personalidad de Doña Sofía, a quien frecuenta más en los últimos años y a quien calificó de “persona extraordinaria”. Así mismo puso un gran énfasis en el importante papel que el conjunto de las casas reinantes de Europa están teniendo actualmente en la promoción del fomento de políticas sociales, de los microcréditos, y de la adopción de medidas en el ámbito internacional para la promoción de la ecología, el desarrollo sostenido y todos los temas relacionados con el medio ambiente.

Don Duarte, que en próximas fechas viajará a Bruselas para asistir a la boda religiosa del nuevo Duque de Parma, se interesó por los cambios de los últimos años en Barcelona, que no visitaba desde la boda de la Infanta Cristina, y paseó por el centro histórico de la ciudad.

http://realfamiliaportuguesa.blogspot.com/2010/11/duque-de-braganza-el-jefe-de-la-casa.html

"A VERDADE DA MENTIRA: O REGICÍDIO

DUQUES DE BRAGANÇA PATROCIAN LANCHE SOLIDÁRIO NO TIVOLI SETEAIS


Sábado, 27 de Novembro de 2010

LANCHE À PORTUGUESA A FAVOR DO BANCO DO BEBÉ E NA COMPANHIA DA DUQUESA DE BRAGANÇA

No próximo dia 2 de Dezembro, pelas 16h30, o Tivoli Palácio de Seteais organiza um Lanche à Portuguesa de Solidariedade, com o alto patrocínio da Duquesa de Bragança. Este lanche muito especial tem um custo de 15€ por pessoa e toda a receita reverte a favor da Associação de Ajuda ao Recém-Nascido – Banco do Bebé.

Neste Lanche à Portuguesa de Solidariedade, os participantes vão contribuir para ajudar uma causa importante, mas também experimentar um lanche tradicional composto por bolos caseiros, segundo receitas genuínas e antigas: quadrados de chocolate com a leveza dos marshmallows, ou russos de amêndoa feitos com a nata fresca batida, além de pães regionais, acompanhados pelos melhores queijos, fiambres e compotas. Nestes dias de frio, estas iguarias são acompanhadas por um aromático chá, com a marca de qualidade TWG, ou por um chocolate quente.

O Banco do Bebé é uma instituição criada na Maternidade Dr. Alfredo da Costa, em 1991, fruto da enorme necessidade de ajudar as famílias carenciadas e, que hoje conta com cerca de 60 voluntários que visitam todas as secções da Maternidade, procurando dar apoio, de variadas formas, às mães e aos bebés, não só na maternidade, mas também em apoio domiciliário.

Luís Baena, Chef Executivo dos Tivoli Hotels & Resorts, que ajudou a desenvolver o conceito dos Lanches à Portuguesa, estará presente para apoiar esta causa e ainda apresentar esta nova proposta Tivoli dos Lanches à Portuguesa, agora também disponível no Tivoli Lisboa.

Sobre o Banco do Bebé:

Através do voluntariado e da forte necessidade de ajudar algumas mães, em 1997 nasceu a AARN – Associação de Ajuda ao Recém-Nascido, que funciona como um “banco” ao qual as mães recorrem para obter os enxovais, alcofas, medicamentos, leites, fraldas, carrinhos e cadeiras de bebé, produtos de higiene, etc. O apoio prestado pelo Banco do Bebé às famílias pode prolongar-se até aos três anos de idade. Para além da alcofa e enxoval fornecidos na altura do nascimento, as mães podem fazer um novo pedido ao serviço social, nas consultas mensais de acompanhamento, que será encaminhado para o Banco do Bebé. Além da satisfação das necessidades, a AARN consegue incentivar a assiduidade às consultas e a toma efectiva dos medicamentos prescritos nas mesmas, através do pagamento da parte não comparticipada pelo Estado.


Desde 2002, o projecto de Apoio Domiciliário é fruto da parceria do Banco do Bebé com o Serviço de Neonatologia da Maternidade Dr. Alfredo da Costa, que surgiu da necessidade sentida na pós-alta dos bebés prematuros salvos pelos avanços tecnológicos. Este projecto visa envolver a família e a comunidade no processo de internamento, optimizando recursos existentes e ensinando a cuidar dos bebés.

Para saber mais ou tornar-se membro do Banco do Bebé:

http://www.bancodobebe.org/ ou geral@bancodobebe.org.


Sobre o Lanche à Portuguesa:

Todos os fins-de-semana, entre as 16h e as 18.30h, o restaurante do Tivoli Palácio de Seteais apresenta o serviço de Lanche à Portuguesa com um buffet que faz as delícias de miúdos e graúdos.

O chá, as iguarias, a tarde, os aromas, as texturas, a delicadeza e o rigor com que tudo é feito, e o ambiente único de Seteais, fazem de cada lanche um momento único de prazer. Para repetir. Em todas as estações do ano.

Preço Buffet: 18,50€ por pessoa
Crianças até aos 12 anos de idade (inclusive): 50% de desconto
Horário: 16h00 às 18h30, aos fins-de-semana
Reservas:
Tel.: 219 233 200
E-mail: reservas.hps@tivolihotels.com

Friday 26 November 2010

FREITAS DO AMARAL ESCREVE NOVO LIVRO SOBRE CAMARATE


                                 Diogo Freitas do Amaral
"Estão a encobrir algo sobre atentado de Camarate"
Ao fim de 30 anos sobre a morte de Sá Carneiro e Amaro da Costa, o fundador do CDS lança um livro em que coloca as suas indagações sobre o atentado. Chama-se 'Camarate - Um Caso ainda em Aberto' (Bertrand) e questiona a não criação de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as pistas deixadas em aberto na 8.ª Comissão, e exige o dever moral de se saber mais.

A morte de Sá Carneiro foi crime?
Dou por assente que as comissões parlamentares de inquérito é que foram apontando para a tese do atentado. Se as primeiras nada descobriram, entre a 3.ª e a 5.ª houve elementos que pareciam indicar um atentado, designadamente os sinais de explosivos encontrados nos destroços do avião, que deflagraram a bordo e no ar. Ao haver unanimidade na comissão no reconhecimento da explosão, caiu a tese dos que diziam que quando a maioria era de direita havia crime e quando era de esquerda fora acidente. Havia este indício, portanto houve crime.

O seu livro é, ao fim de 30 anos por resolver, uma ajuda à investigação ?
Este livro tem dois objectivos. O primeiro, salientar os aspectos em que a investigação foi mal conduzida - com a preocupação de afastar qualquer hipótese de atentado. O segundo, chamar a atenção para o facto de que, segundo as conclusões da última Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), ainda há matéria a investigar, e que [isso] deveria ser feito na legislatura seguinte.

O que não se verificou?
Nunca mais teve seguimento, e por isso é que faço um apelo como cidadão português às entidades competentes, nomeadamente aos líderes dos partidos que têm assento parlamentar, para a constituição de mais uma CPI. Não para repetir o que já feito, que não carece de ser reconfirmado, mas para concluir o que a última comissão disse ser preciso fazer.

Não estranha que até agora esteja por nomear essa nova comissão?
Estranho muito. Devo dizer que fiz diligências enquanto estive no Governo Sócrates, entre 2005 e 2006. Tive até um encontro com o ministro Alberto Costa, que se mostrou muito receptivo. Sei que houve conversações entre o PS e PSD, mas nada foi por diante. Não sei a razão pela qual não foi por diante, talvez tenha acontecido o que se verifica muito em Portugal: ninguém querer assumir a responsabilidade.

O que sugeria a 8.ª Comissão?
O relatório da 8.ª Comissão recomenda que na legislatura seguinte se leve até ao fim a investigação, principalmente em dois pontos: concluir as peritagens técnicas que estavam a ser feitas e aprofundar a investigação sobre os dinheiros do Fundo de Defesa Militar do Ultramar.

Este Fundo seria uma nova pista?
Creio que está aí a chave do problema, porque tudo leva a crer que, se houve atentado, foi contra Amaro da Costa, que investigava a matéria. Quem se sentiu ameaçado deve ter tomado essa iniciativa, para que se concluísse o mínimo sobre a figura estranha do Fundo de Defesa Militar do Ultramar.

Até que ponto o Fundo é a resposta?
Essa investigação aos dinheiros do fundo tem um duplo interesse. Por um lado, esclarecerá melhor as motivações do caso de Camarate. Por outro, explicará como é que após sete ou oito anos do fim da Guerra do Ultramar continuou a funcionar, ano após ano, um fundo desse género.

Que envolveria muitos milhões de escudos na altura...
Muitos milhões de contos. Chegou a haver um relatório preliminar da Inspecção-Geral de Finanças, que é mencionado no relatório da 8.ª Comissão, que apurou questões muito importantes. Nomeadamente, que movimentava milhões de contos por ano; que tinha uma conta oficial no Banco Nacional Ultramarino, cujos movimentos estavam reflectidos na contabilidade do Fundo; que existiam outras duas contas, não em nome do Fundo mas no de pessoas que pertenciam à sua administração, sem qualquer reflexo na contabilidade das verbas.

Que se relacionará com o caso Camarate?
Só isto é suficiente para se perceber que há que fazer uma investigação mais aprofundada, já não necessariamente por Camarate mas por causa da probidade no gasto dos dinheiros públicos. É que os fundos secretos foram proibidos com a 1.ª Lei do Enquadramento Orçamental proposta pelo Governo de Mário Soares e aprovada, creio, em 1977. Ainda que se pudesse dizer que o Fundo em 1977 ainda não era propriamente ilegal, a verdade é que com essa lei aprovada fica proibido expressamente qualquer fundo secreto, clandestino ou não contabilizado. Portanto, a partir da entrada em vigor dessa lei, o Fundo tornou-se ilegal, mas a verdade é que continuou alegremente até 1980, altura em que sai um decreto-lei no Diário da República, emanado do Conselho da Revolução, que tem o seguinte resumo oficial no índice da primeira página do Diário da República: "Extinto Fundo de Defesa Militar do Ultramar."

Que tem artigos bastante explícitos?
Sim. No artigo 1.º está que "já não se justifica a sua existência"; no 2.º, que se "nomeia uma comissão liquidatária que apresentará as contas, não referindo o prazo; noutro, afirma-se que "os saldos que forem apurados pela comissão poderão ser afectos às seguintes despesas em cada ano: instalações militares, investigação científica de matérias ligadas à Defesa Nacional. A ideia com que fico é que o Fundo, embora declarado extinto, não o foi e continuou a funcionar. Até hoje, não se sabe se de facto está extinto ou se continua a funcionar ao abrigo desse diploma de 1980.

Acha que pode continuar a existir?
Acho que há motivos mais do que suficientes para que se investigue a matéria porque está em causa saber como é que são gastos os dinheiros públicos. No caso de ter sido extinto, o que me parece mais razoável presumir, é desejável saber em que data o foi e quem é que tratou das contas finais? Nada disso se sabe!

Não conseguiu apurar quem é que estava à frente desse Fundo?
Não o consegui, mas sei que estava na directa dependência do chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas. Que de 1976 até 1981 foi o então presidente da República, general Ramalho Eanes, que com a sua reeleição a 7 de Dezembro de 1980, por acordo entre ele e o PS, deixou de o ser para tornar o cargo mais civilista. Creio que o sucessor por si nomeado foi o general Melo Egídio, com quem colaborei enquanto ministro da Defesa na preparação da Lei de Defesa Nacional. Pelo menos estes dois generais sabem com certeza quem era a pessoa que estava à frente da administração do Fundo.

Ramalho Eanes nunca esclareceu?
Na sequência dos trabalhos da 8.ª CPI, sei que o general Ramalho Eanes, com toda a honestidade que todos - e eu também - lhe reconhecemos, declarou que estava inteiramente disponível para ajudar a esclarecer tais aspectos. O facto de ele pedir que se aprofundem as investigações não tem qualquer significado antieanista nem permite que se levantem quaisquer dúvidas sobre ele ou o seu sucessor. O que acho que devia ter acontecido era ouvir essas duas pessoas - haverá outras - sobre se o Fundo durou mais anos. Através destas pessoas há uma forte probabilidade de se conseguir saber quem é a individualidade que estava à frente do Fundo e apurar-se quem era o chefe da contabilidade.

E esclarecer-se-ia a dúvida da CPI?
Há aspectos que têm de ser esclarecidos. Primeiro, porque é que o Fundo continuou embora já não houvesse Ultramar nem guerra. Segundo, em que é que os dinheiros foram aplicados. Terceiro, apresentou-se como era de lei o relatório de contas anual? Quem o homologou? Onde estão os relatórios?...

Acredita que os relatórios existirão?
Se tiverem desaparecido, é mau sinal. Se existirem, espero que sim, o que se retira da sua análise? Porque o relatório preliminar da Inspecção-Geral de Finanças não os menciona. Até pode acontecer que, embora sendo utilizado ilegalmente, tenha tido um funcionamento impecável e sido aplicado em fins louváveis.

Se a sua utilização é escondida, isso sugere um uso não legal...
A primeira questão é essa: porque era escondido? A segunda: se houve relatório e contas ou não. A terceira: se foram homologados, por quem? A quarta: foi dado conhecimento da existência desse Fundo ao Ministério das Finanças? Tive o cuidado de percorrer todos os orçamentos gerais do Estado de 1976 a 1982 e não encontrei referências ao Fundo. Na Conta Geral do Estado encontrei uma brevíssima referência, uma verba simbólica de dez mil contos, o que significa que não estava ali tudo. Há ainda outra questão: este Fundo foi auditado pelo Tribunal de Contas, como a lei exige? Só este tribunal poderá esclarecer se entende que deve fazê-lo, mas era importante, em termos de cidadania, saber se, embora este Fundo fosse secreto nos tempos do Estado Novo e, sobretudo, aplicado à guerra, em que é que foram aplicadas as verbas e de onde é que vinha o dinheiro deste fundo.

Seria essa a investigação que Amaro da Costa estaria a fazer?
Soube por ele que tinha começado a fazer essa investigação, mas só soube pela sogra dele, já depois de Camarate, e não na CPI, que nos 15 dias antes da queda do avião Amaro da Costa se sentia ameaçado, que pedira uma pistola de uso pessoal e que chegou a andar armado. E isso eu não sabia na altura.

Teria havido ameaças concretas?
Certamente, e ligando tudo isto podemos fazer um juízo de probabilidade suficiente - não é uma prova - para ser investigado mais a fundo.

Ainda existem meios para investigar?
Considero que existem meios, que as testemunhas principais estão vivas, de boa saúde e disponíveis. Pelo menos no caso de Eanes, que teve uma atitude muito digna em se disponibilizar, que só merece louvor enquanto merece crítica mais ninguém ter mostrado essa dignidade e disponibilidade para ser ouvido. É um desleixo que merece reprovação cívica ou uma intenção de continuar a abafar, também reprovável.

O Fundo pode continuar a existir?
Pode. Não sei se existe porque tanto quanto pude apurar não houve mais nenhum decreto-lei que lhe pusesse termo. Bati a várias portas e não consegui apurar o seu fim, pelo que presumo que terá continuado a existir pelo menos durante alguns anos. Depois, terá havido um momento em que se chegou ao fim, em que a comissão liquidatária apresentou o relatório final e contas e que o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas que estaria nessa altura em funções - já não seria Eanes mas poderia ser Melo Egídio ou quem lhe tiver sucedido - há-de ter proferido o despacho a homologar o relatório e contas. É o mínimo que presumo que deva ter acontecido. Se aconteceu? Em que data? Onde está o relatório final, é o que pergunto.

Para que tipo de acções serviria esse fundo militar secreto?
Não gostaria de especular e vou limitar-me ao que li no relatório preliminar da Inspecção-Geral de Finanças, citado nas conclusões da 8.ª Comissão. O que aí se menciona é que a inspecção recolheu elementos - não se dizem quais - que a levaram a admitir como provável a hipótese de o Fundo ter recebido dinheiro fruto da venda de material militar para a guerra do Irão/Iraque que se desenvolveu nessa época. O que se tira dessa referência, aliás vaga e não muito precisa, é a de que o Fundo de Defesa Militar do Ultramar pode ter reafectado os tais novos fundos e terá sido utilizado com esse fim, o que justificaria receitas mais volumosas. Esse é outro aspecto que deve ser investigado: como é que essas verbas foram gastas. O que tem a ver com a investigação de Camarate é que, como diz a 8.ª Comissão, ficaram peritagens por fazer e que poderiam ajudar a deslindar o caso de Camarate. No entanto, em termos de probidade no gasto dos dinheiros públicos, tem autonomia suficiente mesmo que nada se descubra sobre o Fundo relativamente a Camarate. Acho que é importante, urgente e necessário descobrir como é que funcionou aquele fundo.

Desconfia de ilegalidades?
Perpassa-me a convicção de que deve ter havido alguma coisa mal feita, que algumas pessoas estão a tentar encobrir.

E quem estaria interessado em que a investigação não se realizasse?
Pessoas ligadas à comissão administrativa do Fundo ou pessoas com conhecimento ou que, sem conhecimento dessa comissão, entraram nos circuitos que, directa ou indirectamente, passavam por ele. Mas eu não sou especialista em investigação criminal, só sei é que dessa forma teria sido possível, iludindo ou violando as regras, fazer desvios de fundos. Também sei que existe um crime chamado abuso de confiança, de gestão danosa ou de desvio de fundos. Se existem, é porque a prática demonstra que os factos ocorrem. A investigação deveria ser feita por uma nova Comissão Parlamentar, a Polícia Judiciária e o Ministério Público.

Há interesses pessoais envolvidos?
Essa é a minha convicção. Mas não tenho provas, só indícios que para mim são suficientes.

por JOÃO CÉU E SILVA


Thursday 25 November 2010

FMI: FOSSO ENTRE RICOS E POBRES ESTEVE NA ORIGEM DA CRISE FINANCEIRA

Fundo aponta que políticas redistributivas são mais eficazes que "resgates ou reestruturações de dívida". Segundo o FMI, as desigualdades de rendimento contribuíram para o choque de 2008

O crescimento do fosso entre ricos e pobres esteve na base da crise financeira actual e da Grande Depressão dos anos 30. Segundo um estudo feito pelos técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI), há uma relação causa/efeito entre uma maior desigualdade na distribuição de rendimentos e a criação de condições para o surgimento de uma crise financeira. Processos que ocorreram nos anos 20, antes da Grande Depressão, e agora, antes da explosão da crise financeira.

Michael Kumhof e Romain Rancière, economistas do FMI, explicam que ambas as crises foram precedidas por uma série de factores, nomeadamente um aumento considerável da percentagem de rendimento detida pela (pequena) fatia mais rica da população, bem como o aumento do recurso ao crédito e ao endividamento por parte do resto da população.

O estudo é feito a partir de dados da economia norte-americana. No entanto, o modelo foi replicado em grande parte dos países desenvolvidos. Segundo dados do Eurostat, Portugal é o segundo país da zona euro com maior desigualdade na distribuição de rendimento entre os 20% mais ricos e 20% mais pobres, apenas ultrapassado por Espanha. Um fosso que esteve a subir até 2003 e que tem diminuído lentamente desde esse ano.

mecanismo de endividamento Nos Estados Unidos, entre 1920 e 1928, o rendimento detido pelos 5% mais ricos aumentou de 24% para 34%. Entre 1983 e 2007, esse indicador passou de 22% para 34%. Ao mesmo tempo, o nível de endividamento dos restantes 95% da população praticamente duplicou nos dois períodos pré-crise.

Apesar da qualidade de vida da população ter continuado a melhorar na década de 70, grande parte dessa melhoria foi alicerçada na alavancagem, isto é, no crédito. A partir de 1970, os ganhos reais anuais dos 10% norte-americanos mais ricos subiram mais de 70%, ao passo que os dos 10% mais pobres caíram cerca de 60%. Para os restantes 80%, o rendimento desceu ligeiramente. Ainda assim, o aumento substancial da desigualdade de rendimento entre os dois extremos não foi acompanhado por um desfasamento tão grande do consumo. O que significa que, apesar estarem a ganhar menos, os mais pobres continuaram a comprar.

"O mecanismo-chave é que os investidores usam parte do seu rendimento mais elevado para comprar activos financeiros suportados por empréstimos de trabalhadores", pode ler-se no estudo. "Ao fazê-lo, permitem aos trabalhadores atenuarem a queda do consumo que resulta da sua perda de rendimento. Contudo, a subida contínua do endividamento dos trabalhadores gera fragilidades financeiras que, eventualmente, levam a uma crise financeira."

O mais que discutido aumento do crédito subprime, apontado como responsável pela crise, é uma consequência deste mecanismo. Entre 2001 e 2006, o peso dos empréstimos subprime subiu de menos de 4% para 15% do total.

João Rodrigues, investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, concorda com a existência de uma relação entre as crises financeiras e a desigualdade de rendimento. "O padrão dos últimos anos foi muito parecido com o dos anos 20. A diferença é que agora o Estado tem muito mais peso", afirmou ao i. "Entre 1976 e 2006, por cada acréscimo de um dólar no rendimento dos EUA, 58 cêntimos foram captados pelos 1% mais ricos. Isto foi acompanhado pelo endividamento dos mais pobres, com os ricos a investirem mais no sistema financeiro, gerando um circuito que propícia um aumento da especulação."

Os técnicos do FMI recomendam que sejam postas em prática políticas redistributivas preventivas que impeçam o endividamento excessivo. Um caminho mais desejável do que remediar as crises através de "resgates ou reestruturações de dívida".

O lado positivo é que normalmente a seguir ao choque das crises financeiras, o fosso entre ricos e pobres é atenuado, como o endividamento. No entanto, é conveniente que o pós-crise seja acompanhado por crescimento económico, algo que não se verifica agora. João Rodrigues está céptico em relação a esse desfecho. "Dadas as políticas que estão a ser implementadas, duvido que as desigualdades diminuam."

I ONLINE 25-11-2010

Publicado em 25 de Novembro de 2010

http://www.ionline.pt/conteudo/90516-fmi-fosso-ricos-e-pobres-esteve-na-origem-da-crise-financeira

Wednesday 24 November 2010

REDE DE DROGA ABASTECIA CADEIA



Detido pela Judiciária do Porto

Funcionário de cadeia fornecia droga

A Polícia Judiciária do Norte identificou e deteve, no Porto, três traficantes de droga que abasteciam vários estabelecimentos prisionais na zona Norte do País. Entre os detidos está um funcionário público que trabalhava num estabelecimento prisional.

No decurso das investigações foi feita a apreensão de tabletes de haxixe e quantidades de cocaína e liamba adequadas à confecção de cerca de 1.955,25 e 14 doses individuais, respectivamente, um veículo automóvel, nove telemóveis, uma quantia de cerca de 3 500 euros e documentação diversa.

Os detidos, com idades entre os 23 e os 52 anos – um secretário, um desempregado e outro funcionário público em estabelecimento prisional – vão ser presentes a interrogatório judicial para aplicação das medidas de coacção tidas por adequadas.

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/funcionario-de-cadeia-fornecia-droga

Monday 22 November 2010


Polícia

O edifício da polémica em S.João da Madeira

Empreiteiro lucra 376 mil euros com doação à Câmara de S. João da Madeira

Foi um bom negócio para um empreiteiro e militante do PSD de S. João da Madeira: para a câmara permitir mais uma loja num edifício em construção, doou um terreno no valor de 23 mil euros. Castro Almeida, o autarca, foi acusado mas acabou agora ilibado.

A juíza de instrução criminal, Sara Ferreira Maia, não teve dúvidas em arquivar uma acusação do Ministério Público por crime de participação económica em negócio contra aquele político.

Considera que o facto de a autarquia ter autorizado a transformação de uma sala de condomínio em loja no projecto de um edifício no gaveto entre a Avenida Dr. Renato Araújo e a Rua Infante D. Henrique, não foi lesivo para o interesse público, apesar de o construtor ter ganho 400 mil euros. Mesmo que, em compensação por aquela autorização, a Câmara de S. João da Madeira tenha recebido um terreno agrícola de valor substancialmente inferior: 23,6 mil euros. Uma diferença de 376 mil euros.

Em causa está a aplicação de um instrumento legal, previsto no Plano Director Municipal, conhecido como "compensação". Segundo este mecanismo, a autarquia local pode autorizar um coeficiente de ocupação do solo superior ao permitido no local, se receber terrenos em troca.

À Polícia Judiciária e ao Ministério Público causou estranheza a desproporção de valores entre o benefício para o empreiteiro e o benefício para a autarquia, já notória à data da decisão camarária, em 2002, ainda que a nova fracção só tenha sido vendida em 2007.

É que, a este negócio, juntaram-se outros ingredientes que levantaram suspeitas: o empreiteiro é militante do PSD; as obras de construção terão começado sem licença; os serviços da Câmara não responderam devidamente às queixas de uma vizinha, dona de uma moradia, quanto ao facto de não ter sido respeitada a distância mínima de cinco metros entre os dois prédios (ver foto em cima); e, em 2005, o próprio Manuel Castro Almeida implantou ali a sua sede de campanha para as eleições autárquicas.

Porém, de acordo com a decisão instrutória consultada pelo JN, e em adesão aos argumentos do presidente da Câmara - também ex-vice-presidente de Manuela Ferreira Leite no PSD e ex-secretário de Estado da Educação do tempo de Cavaco Silva -, a juíza concluiu que, ao permitir a transformação de uma sala de condomínio em espaço comercial, sem alteração da área de implantação do edifício, não foram lesados interesses públicos patrimoniais do município. Quando muito, foi prejudicado o condomínio. Isto porque a Câmara "nada despendeu, nem de nada abdicou e ainda recebeu um terreno que lhe foi cedido e que integrou num Parque de utilidade pública".

Castro Almeida alegou, por outro lado, que só quando leu a acusação do Ministério Público se apercebeu de que o terreno doado à Câmara valia apenas 23 mil euros e sustentou que a decisão favorável ao empreiteiro foi tomada por votação da maioria dos vereadores, além de ter sido baseada num parecer positivo do director das obras particulares. Este, seis meses antes, propusera que aquela área deveria ser obrigatoriamente destinada ao condomínio.

JORNAL DE NOTÍCIAS nuno miguel maia

22 Novembro 2010

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Policia/Interior.aspx?content_id=1716951


ELEIÇÕES NA ORDEM DOS ADVOGADOS

Cerca de 27 mil advogados escolhem bastonário entre três candidatos

Há 25 anos havia apenas quatro mil advogados. Hoje são quase 25 mil. António Marinho Pinto, que se recandidata, Luís Filipe Carvalho e Fernando Fragoso Marques disputam no dia 26 o voto dos cerca de 27 mil causídicos na eleição para bastonário dos advogados para o triénio 2011-2013.

Fragoso Marques propõe, no acesso à profissão, a revogação do polémico exame de acesso ao estágio na Ordem dos Advogados (OA), reservando a inscrição como advogado estagiário a quem tem o título de Mestre.

Propõe ainda a exigência do mercado de trabalho jurídico, impondo a licenciatura em Direito como requisito de admissão de investigadores criminais, oficiais de justiça, funcionários de finanças ou de cartórios notariais e conservatórias.

Crítico do desempenho do atual bastonário, Fragoso Marques sublinha a "natureza agregadora" da sua candidatura, realçando que é a "única" a apresentar listas próprias a todos os Conselhos Distritais e ao Conselho Superior e a propor um jovem profissional para o Conselho Geral, em que terá o pelouro dos jovens advogados.

"É uma candidatura que pretende uma OA em que os advogados se sintam reconciliados e únicos, na defesa dos seus interesses profissionais e não de quaisquer valores relacionados com a luta político-partidária", enfatizou à agência Lusa Fragoso Marques.

Luís Filipe Carvalho assume-se como um candidato «livre e independente» e apostado em recuperar o «prestígio e dignidade» da profissão. Apoiado pelos ex-bastonários Mário Raposo e Rogério Alves, frisa que não se candidata «contra ninguém» nem «alinha, por indicação ou arregimentado, com qualquer ideologia».

Sendo «frontalmente contra» a política do atual bastonário, assegura que "não vai ser o bastonário dos cidadãos, mas dos advogados», e frisou à Lusa que a sua candidatura é a única a ter medidas calendarizadas no tempo, designadamente a realização do Congresso da classe até junho de 2011 e o início da fiscalização das incompatibilidades no 1.º trimestre de 2011.

Denominando-se uma "candidatura da modernidade", que conjuga experiência e prudência com inovação, Luís Filipe Carvalho diz ser o único candidato a apresentar medidas para a próxima década ao nível da profissão, da OA e do sistema de Justiça.

Consolidar reformas desencadeadas durante o último triénio na OA, como no acesso ao Direito e no combate à massificação da advocacia, é um dos objetivos da recandidatura de Marinho Pinto.

"A decisão de me (re)candidatar deveu-se a entender que devia submeter o meu mandato (2008-2010) ao julgamento dos colegas que me elegeram em 2007 e achei que é necessário concluir algumas das reformas mais importantes desencadeadas durante o triénio que está a terminar", justificou.

Marinho Pinto destaca as alterações introduzidas no sistema de acesso ao Direito e o combate à massificação da advocacia, através, nomeadamente, da criação do exame nacional de acesso ao estágio, que entrou em vigor já em 2010.

"A Ordem não pode continuar a acolher os milhares de licenciados em Direito que todos os anos são lançados na sociedade por cerca de duas dezenas de escolas de Direito e que, depois de serem recusados por outras profissões, querem todos continuar a ter entrada garantida na OA", disse o candidato.

I ONLINE 22-11-2010

por Agência Lusa , Publicado em 22 de Novembro de 2010

http://www.ionline.pt/conteudo/89876-cerca-27-mil-advogados-escolhem-bastonario-tres-candidatos

Sunday 21 November 2010

BENTO XVI E O PRESERVATIVO

SIDA: Vaticano justifica opção para prostitutas

Bento XVI admite uso do preservativo

Pela primeira vez, o Papa Bento XVI admite que o uso do preservativo para impedir a propagação da sida pode ser explicado em certos casos concretos. A profunda mudança de posição de Bento XVI foi ontem revelada pelo jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’, que cita o livro ‘A luz do Mundo.

O Papa, a Igreja e os Sinais do Tempo’. Para a presidente da Liga Portuguesa Contra a Sida, Eugénia Saraiva, a posição de Bento XVI "é contudo discriminatória". "É com muita satisfação que ao fim de vinte anos assistimos a uma mudança de mentalidade, mas o Papa tem contudo uma mensagem discriminatória, associando o preservativo apenas à prostituição, quando o risco de ser seropositivo é comum a toda a sociedade", refere Eugénia Saraiva.

A obra que exprime as ideias de Bento XVI reúne várias entrevistas do Sumo Pontífice ao escritor alemão Peter Seewald e será publicado na terça--feira, dia 23. Quando é abordado o tema do preservativo, o Papa defende que "não é realmente a maneira de trabalhar com a infecção por HIV". Contudo, Bento XVI considera que "pode haver casos individuais justificáveis, como por exemplo quando uma prostituta usa o preservativo, e este pode ser o primeiro passo para uma moralização".

"Há uma responsabilidade primordial de desenvolver uma nova consciência do facto de que nem tudo é permitido e que não pode ser feito tudo o que se quer", acrescenta Bento XVI.

O Papa alerta para a "banalização da sexualidade, na qual as pessoas não vêem mais nela a expressão do amor, mas um tipo de droga, que se alimenta de si mesma". E defende "uma luta contra a banalização da sexualidade".

NOMEADOS 24 CARDEAIS

O Papa Bento XVI proclamou ontem 24 novos cardeais no início do consistório, na basílica de São Pedro. Dos novos cardeais, 20 têm menos de 80 anos, pelo que poderão participar num eventual conclave para eleger o Papa.

O Colégio Cardinalício fica composto por 203 ‘príncipes da Igreja’, entre os quais dois portugueses:

D. José Policarpo e D. Saraiva Martins. Entre as nomeações, estão 15 europeus, dois da América Latina, dois norte-americanos, quatro africanos e um asiático.

Itália (25), Estados Unidos da América (13), Alemanha (seis), Brasil, Espanha e França (cinco cada) são os países com mais cardeais eleitores.

CORREIO DA MANHÃ 21-10-2010

Por:João Saramago

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/bento-xvi-admite-uso-do-preservativo

RÚSSIA É ALIADA DA NATO

Acordo: Medvedev testemunha em Lisboa momento histórico para o mundo

Acabou a ameaça russa para o Ocidente

Sarkozy foi muito claro no final da cimeira da NATO. O sistema antimíssil da organização visa proteger a Europa, os EUA e também a Rússia de uma ameaça chamada Irão. É evidente que o presidente francês pôs preto no branco o pensamento de todos os líderes presentes em Lisboa.

A participação da Rússia nesta nova arma de defesa é um facto histórico e marca definitivamente o fim de um clima de desconfiança que a guerra da Geórgia, em 2008, agravou. Agora, Moscovo é, como afirmou Barack Obama, um parceiro da NATO. E, por isso mesmo, a Rússia vai participar activamente no armamento do Exército afegão e abrir o seu território à passagem de equipamento militar dos aliados para o Afeganistão.

Os passos para uma cooperação cada vez mais intensa foram concretizados nesta cimeira e resultam de meses e meses de contínuas e difíceis negociações entre os dois antigos inimigos. Medvedev veio a Portugal com várias certezas. Uma é que o sistema antimíssil irá proteger igualmente a Rússia e os seus aliados. Os mísseis ocidentais não estarão dirigidos contra Moscovo e os russos terão acesso a todas as informações da NATO. Qualquer ataque à Rússia será considerado pela Aliança Atlântica como um ataque a um dos seus Estados-membros, e Moscovo poderá igualmente intervir em defesa de um qualquer país europeu.

O novo sistema não protege apenas tropas ou cidades. Vai defender todo o continente e deverá por isso mesmo ter uma capacidade e um alcance muito superiores aos actualmente existentes. Moscovo sabe perfeitamente que a principal ameaça vem do Irão. Mas a Rússia não quer apontar o dedo a ninguém nesta fase do processo, e por isso que o secretário-geral da NATO afirma que o sistema antimíssil "é contra quem for". E recorda que neste momento há vinte ou trinta países que estão a investir em mísseis balísticos.

Mas se a intervenção russa neste processo é importante, a sua participação no esforço de guerra no Afeganistão é outro marco importante da entrada da Rússia nesta grande aliança mundial. Equipamento pesado, metralhadoras, formação e abertura do território russo à NATO marcam esse passo decisivo e histórico. Definitivamente, acabou a ameaça russa.

OBAMA DEU FORTE E FEIO EM KARZAI

O presidente dos EUA não teve papas na língua e deu forte e feio no homólogo afegão. Isto porque o presidente Karzai andou e anda a fazer muitas queixas sobre as mortes de civis, a presença de forças de segurança privadas no seu país e também sobre a nova estratégia militar do general Petraeus, que já conseguiu liquidar centenas de chefes tribais próximos dos taliban.

Ontem, em conferência de imprensa, Barack Obama lembrou-lhe os milhões gastos no Afeganistão, os esforços dos EUA e as mortes de soldados americanos. E recordou--lhe que a corrupção e o narcotráfico têm de acabar no Afeganistão.

MEDVEDEV RECORDOU A GEÓRGIA

O presidente russo esteve cerca de quatro horas em Lisboa, mas regressou a Moscovo com algumas vitórias. A Rússia passou a ser uma parceira da NATO e sabe, a partir de agora, que a Geórgia e a Ucrânia não serão membros da Aliança Atlântica nos tempos mais próximos. Sabe também que a presença russa na Transnístria, na Moldávia, não será questionada por Bruxelas. Foi isso mesmo que Medvedev disse ontem no final da cimeira da NATO com o seu país. O presidente russo recordou a guerra da Geórgia, em 2008, para dizer que as divergências com Bruxelas estão ultrapassadas e que o futuro é prometedor.

CORREIO DA MANHÃ 21-10-2010

Por:António Ribeiro Ferreira

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/actualidade/acabou-a-ameaca-russa-para-o-ocidente

Saturday 20 November 2010

E OS BANCOS CENTRAIS?

Crise

Os bancos centrais também vão à falência?

UE e FMI salvam países. E quem os vai salvar a eles?

Roubini diz que estamos a concentrar os problemas no nível superior. E quando for preciso ajudar estas super-entidades, de onde virá o dinheiro?

Nouriel Roubini, o economista que previu a actual crise financeira e económica global, coloca um cenário assustador numa entrevista à CNBC: o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia (UE) estão a «salvar» os países insolventes. Mas isso é apenas «chutar» o problema para o patamar superior. E quando a crise chegar a esse nível, quem os salva a eles?

«Agora temos uma data de entidades supra-soberanas (o FMI, a UE, a Zona Euro) a resgatar estas entidades soberanas», afirmou, considerando que esta situação apenas está a levar o problema para um novo nível, uma nova escala, concentrando-o. «Não virá ninguém de Marte nem da Lua emprestar dinheiro ao FMI ou à Zona Euro».

Problemas, quem os não tem?

Percorrendo o mapa do euro, o economista deixa um rasto de preocupações. «Temos demasiada dívida privada no caso da Irlanda. Decidimos socializar as perdas privadas do sistema bancário e agora temos um aumento enorme da dívida pública, que passou dos 7% para os 100%. E em breve será de 120%, como já acontece na Grécia».

Mas, lembra o economista, em alguma instância, a realidade acaba por intervir e pôr fim a esta derrocada. «Em alguma altura será preciso reestruturar. Nalgum ponto será necessário que os credores dos bancos aguentem a estocada, ou toda esta dívida fica às costas do Estado. E então o Estado cede e o Governo torna-se insolvente».

Mas há ainda o caso da França, lembra Roubini. «Sarkozy foi eleito dizendo que iria fazer uma data de reformas. Não fez nada. Agora, está fragilizado. Pode perder a eleição e, por isso, vai adiar as medidas de austeridade e as reformas», prevê.

Os investidores despertaram primeiro para os casos da Grécia, Irlanda e Portugal. «Mas a França não tem melhor aspecto do que a periferia», considera, sobretudo porque não se perspectiva que o país avance em breve com as medidas necessárias.

Mas, ainda antes da França, o economista diz que existem outros países na «linha da crise»: Portugal é o próximo. «Devido à severidade dos problemas de dívida, Portugal vai perder acesso aos mercados e isso significa que vai precisar de recorrer também à ajuda do FMI».

Espanha é o elefante na sala

Mas o grande pesadelo da Zona Euro é a Espanha, o verdadeiro «elefante na sala da dívida pública». Quer isto dizer que, quando a Espanha cair, fará tombar muitos no caminho para o chão.

«Podemos tentar blindar a Espanha e tentar providenciar financiamento oficial para a Irlanda, Portugal e Grécia por três anos. Deixá-los fora do mercado. Talvez reestruturar a dívida deles até ao fim», sugere. «Mas se Espanha cair não existe dinheiro oficial suficiente no envelope dos resgates europeu para salvar a Espanha. Por um lado, a Espanha é demasiado grande para falir e, por outro, demasiado grande para ser salva».

BCE pede mais esforços a Espanha para evitar contágio da Irlanda

FMI: crise da dívida soberana ainda não acabou

Banco Central da Irlanda também já arrisca insolvência

http://www.agenciafinanceira.iol.pt/economia/roubini-crise-espanha-fmi-falencia/1210585-1730.html

Friday 19 November 2010

MONACO NATIONAL DAY



http://madmonaco.blogspot.com/2010/11/charlene-meets-public.html

REDUÇÃO DE SUBSÍDIOS A EX-COMBATENTES

Defesa

Provedor: reduzir subsídios a ex-combatentes é constitucional

Alfredo de Sousa afirma que direitos adquiridos não abrangem o valor das pensões

A alteração do cálculo de prestações atribuídas a antigos combatentes e a fixação de um tecto máximo, nas verbas a conceder, "resultam de opções políticas" que "não violam" a Constituição.

A decisão consta de um parecer do provedor de Justiça, com base nas queixas de uma dezena de antigos combatentes da Guerra Colonial. Em causa estava a redução - aprovada pelo Parlamento e publicada em 2009 - dos benefícios atribuídos em 2002 pelo Governo Guterres e depois reforçados, no Governo PSD/CDS, pelo então ministro da Defesa Paulo Portas.

Ao "definir os procedimentos para atribuição dos benefícios decorrentes dos períodos de prestação de serviço militar em condições especiais de dificuldade ou perigo", a lei de 2009 impôs um limite máximo de 150 euros anuais (e mínimo de 75) na atribuição do acréscimo vitalício de pensão - quando o diploma revogado (de 2002) garantia a esses beneficiários um montante mensal de 3,5% do valor da pensão social por ano de bonificação.

O mesmo diploma, ao converter o complemento especial de pensão (2004) no suplemento especial de pensão, fez o mesmo: quem recebia 3,5% do valor da pensão social por ano de bonificação foi distribuído por escalões (face ao tempo de serviço bonificado) - limitados ao máximo de 150 euros anuais e mínimo de 75.

"O valor do benefício [agora recebido] poderá ser significativamente inferior ao anteriormente recebido", reconheceu o provedor. Porém, as novas normas "não violam os princípios constitucionais da protecção da confiança, da proibição de retrocesso social e da igualdade". Mais, "não se está, no que ao montante diz respeito, perante direitos adquiridos", frisou Alfredo de Sousa.

O provedor alertou, porém, para o facto de o Tribunal Constitucional não apreciar sempre da mesma forma uma norma legal, consoante o faça em termos concretos ou em abstracto - deixando assim aberta a porta aos recursos individuais de cada queixoso.

por MANUEL CARLOS FREIRE

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1714520

Thursday 18 November 2010

VIRILIDADE VERBAL

Processo

Afinal mandar "prò c..." é apenas virilidade verbal

por CARLOS RODRIGUES LIMA

Ministério Público quis levar a julgamento cabo da GNR que usou expressão junto de superior, mas Relação de Lisboa ilibou-o.

Quando um cabo da GNR, irritado com o facto de não ter conseguido uma troca na escala de serviço, se dirige ao seu superior, dizendo "não dá pra trocar, então prò c...", está a cometer um crime de insubordinação ou apenas a desabafar? Este debate percorreu o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa e o Tribunal de Instrução Criminal, chegando, a 28 de Outubro deste ano, ao Tribunal da Relação de Lisboa, que encerrou o caso: o cabo não deve ser julgado, porque a expressão utilizada é um "um sinal de mera virilidade verbal".

Foi no dia 4 de Agosto de 2009 que, no gabinete do sargento da GNR que liderava um subdestacamento, o cabo solicitou uma troca de serviço com outro militar. Perante a recusa do seu superior hierárquico, tal como vem descrito no acórdão do Tribunal da Relação, o militar disse: "Não dá para trocar, então pró c..." E de seguida: "Se participar de mim, depois logo falamos como homens."

A situação em causa evoluiu para uma acusação pelo crime de insubordinação. Segundo uma procuradora do DIAP, "a palavra 'c...', proferida pelo arguido, na presença do seu superior hierárquico, de forma alguma, poderia constituir um mero desabafo, antes, indignado, pelo facto de o seu superior não permitir a troca de serviço, visou o arguido atingi-lo na sua honra e consideração".

"Então existe outro significado para a palavra, 'c...' em causa, dita naquele contexto, que não seja injurioso, ofensivo, de afronta, em relação à pessoa a quem é dirigida?", questiona a mesma magistrada.

Os juízes desembargadores Calheiros da Gama e o juiz militar major-general Norberto Bernardes tiveram entendimento diferente, mantendo a decisão do juiz de instrução que decidiu não levar o arguido a julgamento.

E para fundamentar tal decisão, os desembargadores fazem uma extensa análise da expressão "prò c..." que, no fundo, era o que estava em causa no autos. Concluíram que há contextos em que a utilização da expressão não é ofensiva, mas sim um modo de verbalizar estados de alma. Um pouco de história: "Para uns a palavra 'c...' vem do latim caraculu que significava pequena estaca, enquanto que, para outros, este termo surge utilizado pelos portugueses nos tempos das grandes navegações para, nas artes de marinhagem, designar o topo do mastro principal das naus, ou seja, um pau grande. Certo é que, independentemente da etimologia da palavra, o povo começou a associar a palavra ao órgão sexual masculino, o pénis."

Porém, continuam os juízes, "é público e notório, pois tal resulta da experiência comum, que 'c...' é palavra usada por alguns (muitos) para expressar, definir, explicar ou enfatizar toda uma gama de sentimentos humanos e diversos estados de ânimo. Por exemplo 'prò c...' é usado para representar algo excessivo. Seja grande ou pequeno de mais. Serve para referenciar realidades numéricas indefinidas ('chove pra c...'; 'o Cristiano Ronaldo joga pra c...'; 'moras longe pra c...'; 'o ácaro é um animal pequeno pra c...'; 'esse filme é velho pra c...')".

Mas há mais jurisprudência sobre a matéria: "Para alguns, tal como no Norte de Portugal com a expressão popular de espanto, impaciência ou irritação 'carago', não há nada a que não se possa juntar um 'c...', funcionando este como verdadeira muleta oratória."

Tendo presente tais considerações, mais o facto de se ter dado como assente que o cabo e o sargento - apesar da distância hierárquica - manterem uma relação de proximidade, sem muitas regras formais, a Relação de Lisboa decidiu não levar o militar a julgamento pelo crime de insubordinação.

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1713684&seccao=Sul

KATE E WILLIAM: A PRIMEIRA ENTREVISTA

TERESA TER-MINASSIAN FALA SOBRE A INTERVENÇÃO DO FMI EM PORTUGAL

Economista

"Não vejo estigma em Portugal voltar a pedir ajuda ao FMI"

Económico com Lusa

18/11/10 09:34

Teresa Ter-Minassian foi a economista italiana que em 1983 deu a cara pela intervenção do fundo em Portugal.

A economista que negociou as condições para o FMI entrar em Portugal em 1983 não vê "nenhum estigma" de se voltar a recorrer à instituição.

"A seguir a Portugal ter saído com sucesso da crise, no início da década de 1980, e a seguir à entrada na Comunidade Europeia, não esperava que o país necessitasse de mais apoios financeiros do FMI num futuro previsível", afirmou Teresa Ter-Minassian, a economista italiana que, em 1983, deu a cara pela intervenção do fundo em Portugal, num dos momentos mais intensos nos 50 anos desde que Portugal aderiu ao fundo, a 21 de Novembro de 1960.

"De qualquer das formas, não vejo nenhum estigma em [Portugal] voltar a fazê-lo, caso o Governo português decidisse pedir, num futuro próximo, o apoio do FMI para o seu programa de ajustamento", adiantou Teresa Ter-Minassian, que deixou há três dias de exercer funções como Conselheira Especial do director-geral do FMI, sendo agora consultora independente.

"O fundo foi criado para promover a cooperação internacional, incluindo através de apoio financeiro temporário aos seus membros quando enfrentem dificuldades na balança de pagamentos e se comprometam a resolver, através de políticas apropriadas, as causas dessas dificuldades", acrescentou.

Numa entrevista por 'e-mail', Teresa Ter-Minassian considerou que Portugal, nos últimos 27 anos, fez progressos "tremendos" nas condições de vida, tendo também reforçado substancialmente as instituições económicas e fiscais.

"No entanto, é também óbvio que [Portugal] enfrenta desafios importantes no reforço das suas políticas públicas, para assegurar a sustentabilidade fiscal e melhorar a sua taxa de câmbio real, através da moderação de custos e de melhorias de produtividade", alertou ainda a economista.

Lembrando a intervenção de 1983, a segunda - após o auxílio em 1977 - desde a adesão de Portugal ao FMI , Teresa Ter-Minassian considerou que o programa do fundo foi bem concebido e bem implementado, até porque a rápida recuperação da estabilidade macroeconómica era uma condição essencial para a entrada na União Europeia.

O programa do FMI deixou nos portugueses recordações duradouras, graças às medidas duras, como o aumento nos preços dos bens que o Estado subsidiava, o congelamento do investimento estatal, ou aumentos na função pública abaixo da inflação, que foi de 29,3% em 1984.

Teresa Ter-Minassian admite hoje que, em 1983, Portugal era muito mais pobre, com uma estrutura económica e social menos desenvolvida, "fazendo aumentar os custos sociais dos ajustamentos" e a dificuldade de os fazer.

"Claramente, se o Governo anterior, de Pinto Balsemão, tivesse escolhido adoptar políticas fiscais mais rigorosas e corrigir mais cedo a sobrevalorização cambial, como o FMI tinha recomendado, a situação não se teria deteriorado tanto e o ajustamento suportado em 1983 poderia ter sido menor", defendeu.

http://economico.sapo.pt/noticias/nao-vejo-estigma-em-portugal-voltar-a-pedir-ajuda-ao-fmi_104668.html