Wednesday 25 December 2013

Monday 23 December 2013

JAIME NOGUEIRA PINTO: AS RELAÇÕES PORTUGAL- ÁFRICA


 É um dos grandes africanistas portugueses, mas não vive dentro dos livros. Angola e Moçambique são temas que conhece como a palma das mãos

Jaime Nogueira Pinto: “As relações Portugal-Angola são alvo de manipulação - cá e lá”

No livro que publicou em 2008, Jogos Africanos, escreve logo nas primeiras páginas que, quando tinha 15 anos, a sua visão de África era muito simplista, como no romance As minas de Salomão, que aliás cita. Via África como uma divisão entre os bons e os maus. Cinquenta anos depois é possível olhar para África e ver quem são os bons e os maus?
 
Não... os bons não eram tão bons como pareciam, os maus também não eram tão maus como se achava. Acho que não é tanto uma visão de África, é uma visão da vida. Graças a Deus quando temos 15 anos, e até quando temos 25 ou 30, ainda vemos tudo como bons e maus. E com o tempo passamos a ver uma coisa que é interessante: não são necessariamente bons todos os que pensam como nós, não são necessariamente maus todos os que pensam o contrário de nós. Ou seja, há uma data de boas ideias servidas por gente péssima e há uma data de gente boa a servir coisas más. A vida ensina isso.
 
 
É igual em África?


É igual em toda a humanidade. Isso é outra coisa que também aprendemos. Por um lado, a profunda identidade e diferença das pessoas, dos povos; por outro, o denominador comum que é a natureza humana. Foi Deus quem a criou assim ou porque é assim, não sei.
 
Nesse mesmo livro diz que partiu para Angola em Julho de 1974, em pleno PREC. A sua ligação a Angola é profunda. Hoje há talvez 150 mil portugueses em Angola, não sabemos ao certo...

Não sabemos ao certo, os portugueses têm a mania de inflacionar os números. Mas também não inflacionam apenas os números deles, inflacionam os de todos....
 
... é de qualquer forma um número alto. Muitas dessas pessoas são empresários bem integrados na sociedade angolana...

Há pessoas que estão bem integradas, normalmente aquelas camadas mais modestas. As camadas médias estão bem integradas. Às vezes noto, a nível das empresas importantes e dos quadros mais altos, que há uma autocriação de gueto. Quer dizer, estas pessoas, às vezes, fazem vida em grupo, em gueto, e isso é mau porque pode ser interpretado como uma forma de se considerarem mais importantes.
 
Porque acontece isso?


Não sei, é normal, é uma questão de defesa. As pessoas são muito assim, têm a tendência, quando estão deslocadas, quando estão expatriadas, para criar um pequeno grupo. Isso é negativo porque as pessoas em Angola gostam de conviver para além da vida empresarial, profissional e das relações de trabalho. Gostam de ter relações afetivas quando gostam das pessoas. Essa é uma das características de Angola, talvez na Costa Oriental [de África] não seja bem assim, mas Angola tem muito isso. Os angolanos, para o bem e para o mal, têm muita coisa parecida connosco histórica e culturalmente.

Mas dizia que a classe média portuguesa que está em Angola tem uma atitude diferente?

A classe média e até a classe baixa, os trabalhadores. Estive em julho em Angola com algumas pessoas que trabalham comigo. Fomos almoçar ao Cabo Ledo, a 100 quilómetros a sul de Luanda, num restaurante mesmo em cima da praia, uma praia lindíssima, e estava uma série de gente, pessoas modestas, trabalhadores, toda a gente convivendo com as famílias e com os locais, tudo numa grande mistura que é muito característica.

E que não acontece tanto numa África francófona...?

Não, não acontece tanto na África francófona, na anglófona talvez ainda menos e na Costa Oriental [de África] também não acontece tanto. É muito característico até do tipo de colonização, do tipo de pessoas que fizeram a colonização de Angola e do tipo de relação que foi estabelecida no século passado. Angola foi um destino de gente que ia de saco às costas para ganhar a vida, para fazer pela vida. Moçambique era diferente, uma estrutura de grandes companhias onde as pessoas iam para lugares médios ou altos e já iam com as famílias. Em Angola não, muitos fizeram ali as suas famílias. Angola é um produto de um tipo de gente mais popular.
 
As recentes investigações judiciais que aconteceram em Portugal a cidadãos angolanos com relevância política e até com responsabilidade judiciais, casos que foram arquivados, provocaram uma enorme tensão política entre os dois países. Isso complicou a vida aos empresários em Angola, mudou alguma coisa?

Em alguns casos pode ter complicado, porque cria sempre um clima de reserva, de maior tensão. Mas não é que a intenção fosse essa... É evidente que as pessoas seguem muito a política e sobretudo as pessoas responsáveis e com um certa visibilidade e, às vezes, querem ser mais papistas que o Papa. Acho que houve aqui uma grande manipulação. Há aqui um problema complicado: as relações de Portugal com Angola, que são muito importantes quer para Portugal quer para Angola, talvez neste momento mais para Portugal, não podem ser, como têm sido, reféns da manipulação política, quer em Angola, quer em Portugal.
 
Ou seja?

Ou seja, às vezes os angolanos para hostilizarem o Governo angolano utilizam como refletor a sociedade portuguesa, as instituições portuguesas e os media portugueses. E vice versa. A questão económica é importante do ponto de vista do interesse público, até pela dependência económica que sucessivos governos portugueses, não vou dizer quais, nos foram colocando. Recuperar a independência económica e financeira de Portugal é uma base fundamental da independência política... portanto temos de olhar muito a sério para estas áreas. Há aqui uma razão de Estado para que estas coisas sejam tratadas como interesse público.
 
Falemos da parceria estratégica com Angola. Isto é o quê mesmo?




Temos de ver a questão da internacionalização da economia portuguesa. Lembro-me que, depois do 25 de Abril, andava tudo muito contente porque a partir daquele momento passávamos a ter relações com todos os países mas na maior parte nem eles estão muito interessados em ter relações connosco, nem nós tínhamos nada para lhes comprar, nem para vender, nem para lhes dar. Uma falácia. Agora, há países que são importantes e com quem é importante termos relações... são aqueles com quem temos afinidades históricas.
 
Angola.


Angola é um caso.
 
A parceria estratégica é apenas um chavão político?


A questão da parceria estratégica poderia fazer sentido num espaço, vamos chamar-lhe assim, lusófono. Acabada a Guerra Fria e acabadas as grandes solidariedades ideológicas, hoje, salvo raríssimas exceções, reminiscências quase folclóricas embora terríveis para as pessoas que lá vivem, como a Coreia do Norte, o mundo tem mais ou menos todo o mesmo sistema: o sistema económico é o sistema capitalista, chamemos-lhe assim, e o sistema político é o sistema democrático. Há alguns países que não são bem assim, a Arábia Saudita e mais algumas monarquias ainda teocráticas em algumas zonas do Golfo, há depois essas reminiscências como Cuba e a Correia do Norte.
 
Esse mundo acabou...


Curiosamente, uma das solidariedades que surgiu no pós-Guerra Fria tem a ver com identidades históricas e culturais que depois se manifestam doutras maneiras. Quem é que teve tropas combatentes no Iraque depois da invasão de 2003? Os americanos, os ingleses, os australianos... curiosamente é um bocadinho aquela linha dos povos que Churchill chamaria os anglo-saxónicos. Se no espaço lusófono criássemos este tipo de unidade acho que tínhamos muito a ganhar. Há, de facto, uma certa complementaridade.
 
Do ponto de vista económico e político quais são os países que estão a fazer concorrência a Portugal nesses mercados africanos lusófonos?

O Brasil tem interesses na área da construção... penso que a maior construtora estrangeira a operar em Angola é a Odebrecht. Nós depois temos a Mota Engil. A Odebrecht teve aquela ligação grande a Capanda durante a guerra e os irmãos Odebrecht cuidaram sempre muito bem das suas relações com os dirigentes angolanos. Os chineses são importantes, claro, estão em toda a África. O drive dos chineses é o de terem uma sede enorme de concessões, sobretudo de oil and gas, de energia, além de outras matérias primas, como os minerais.
 
Os chineses...


Os chineses são muito mais parecidos com aquilo que seria um Estado nacionalista. Aliás, eu diria que o mestre económico dos chineses é muito mais o List do que o Marx. Os chineses têm uma linha de nacionalismo económico e têm uma história que os marcou muito nesse aspeto, não querem voltar a passar por aquilo que passaram no século XIX, de serem humilhados nas guerras do ópio, serem invadidos pelos ocidentais, depois maltratados pelos japoneses. Por isso, os chineses chegaram à conclusão que tinham de deixar-se daquelas fantasias maoístas e desenvolveram uma economia que funciona. Para isso, precisam, também, de África. África é o continente que ainda tem grandes recursos em termos energéticos, tem grandes recursos de minerais, tem muita terra livre para comida, tem água e depois...
 
... e tem mercado potencial...

África tem hoje um enorme mercado nos telefones celulares, nos automóveis. Bem sei que parte de índices muito pequenos mas, por isso mesmo, a margem de crescimento é grande. Por isso tudo, para economias novas, Angola é muito apetecível. Em Angola os chineses entraram quase como monopolistas na reconstrução dos caminhos de ferro. Sem ofensa para os chineses, na parte de construção de estradas o trabalho não tem sido muito famoso.

Mencionou o Brasil como um potencial parceiro económico relevante para Angola.




Sim, mas esta força humana que nós vemos dos portugueses em Angola, não vemos nos brasileiros.
 
Escreveu uma vez que os países produtores de petróleo têm tendência para serem mais autoritários.




Os países que estão a começar é natural que sejam autoritários. D. Afonso Henriques não era advogado, nem era do PS ou do PSD, e a profissão dele era guerreiro, tirava terras ao inimigos para os amigos e para a família. Os estados quando surgem são muito parecidos. No caso dos estados mais novos do planeta, que são os estados africanos, eu distingo duas coisas: os que tiveram que lutar pela independência, foi o caso da área lusófona, porque a política portuguesa foi diferente dos outros países europeus, esses países tiveram de lutar pela independência e a seguir tiveram guerras civis prolongadíssimas. Depois temos os outros estados que tiveram independências dadas ou, digamos, outorgadas, não tiveram guerras de independência, mas sofreram guerras pós-independência muito complicadas e continuam a ter estruturas tribais muito fortes. A fábrica nacional deles é muito mais lenta.
 
Isso significa que exigimos demais dos países africanos? Queremos que se democratizem e normalizem quase instantaneamente?




Os americanos sim, não digo todos os americanos porque também há americanos realistas, mas há esta espécie de obsessão que os americanos têm de exportar o seu modelo político para todo o lado e fazem-no com o cinismo necessário porque, que eu saiba, não se preocuparam muito em introduzir a democracia, por exemplo, na Arábia Saudita. Mas, quando lhes deu jeito introduzi-la no Iraque foram por aí. Agora, nós temos isso, os europeus também têm: é uma obsessão irrealista porque se nós tivéssemos criado os nossos estados assim não existíamos. Digo isto em qualquer lado: só pode haver democracia havendo nação, se não houver nação a coisa fragmenta-se. Aliás, foi o que aconteceu quando se introduziu a democracia na Jugoslávia, depois do fim da Guerra Fria, a Jugoslávia desapareceu, ficaram seis Estados. Como não estava criada um entidade nacional, havia várias entidades nacionais juntas, cada nação da Jugoslávia quis ser livre. A fábrica da nação em Angola está a funcionar porque a guerra destribalizou e atirou as pessoas para as cidades, acelerou essa fábrica da nação.
 
Como olha para os investimentos angolanos em Portugal?

Acho bem, desde que essas pessoas, e tanto quanto se vê até hoje, não procurem utilizar esses recursos para influenciar de um modo, digamos, negativo.
 
É uma coisa que o preocupa?

Não sei se existe, até agora não tenho visto. Há uma coisa muito interessante: um jornal que seja manipulado não serve de nada para os manipuladores porque perde a credibilidade com uma rapidez extraordinária, as pessoas dão por isso, então num meio mínimo como é o português... Acho que as teorias conspiratórias têm muita sorte, como há uma grande preguiça mental das pessoas, pessoas com doutoramentos e grandes cursos têm essa preguiça mental, não lêem e não pensam, as teorias conspiratórias resolvem imensos problemas porque explicamos tudo sem sabermos nada.
 
Moçambique outra vez em tensão, Dhalkama em parte incerta, no mato, há um ambiente de medo, logo numa altura em que recursos naturais poderiam dar outro rumo ao país...

Conheço bem Afonso Dhlakama, também o presidente Chissano, conheço o General Chipante, conheço bastante bem essas pessoas todas. Nestas coisas temos que pensar um bocadinho no fator humano. O que é que aconteceu? Criou-se à volta de Moçambique, sobretudo depois das descobertas muito significativas de gás natural, a ideia que choviam milhões ou biliões só de Moçambique. Isso não é verdade, o gás está lá efetivamente, a 50 milhas ao largo da pequena cidade de Palma, está no mar, mas ainda vai demorar e custar muito dinheiro ir buscá-lo.
 
Não faltam empresas interessadas.

Temos lá duas empresas grandes, a Anadarko, uma empresa americana importante, e o consórcio da Eni, onde também está a Galp. Só que começou a falar-se disso com uma intensidade, quer na imprensa portuguesa, quer na imprensa moçambicana, que toda a gente começou a achar que todos estavam ricos exceto eles próprios. Eram milhões de moçambicanos a pensar isso. Foi também a pressão exercida sobre o líder da oposição, o líder da Renamo, que já estava um bocadinho incomodado com o aparecimento do MDM, uma cisão do partido dele, e que lhe criou nesse momento, como uma forma de auto protesto, o ir para aquele acampamento na Gorongosa. Quando isso aconteceu achei que se devia fazer alguma coisa.
 
Mas não se fez.

Os nossos patrícios habituaram-se muito a não se preocupar, não preocupam, não se ocupam, e depois quando as coisas acontecem ficam alarmadíssimos, como se ninguém lhes tivesse dito nada. Durante um ano as coisas foram-se complicando, até porque o líder da oposição foi para o acampamento e já havia três ou quatro acampamentos... É muito fácil, quando há homens armados num país, também há homens armados na polícia e nas forças armadas e não gostam especialmente uns dos outros, mais tarde ou mais cedo vai haver problemas. Fundamentalmente tem que se fazer uma coisa: tem que se reintegrar a Renamo politicamente, porque não participou nas recentes eleições [municipais] e isso favoreceu imenso o outro partido da oposição, o MDM, que é um partido interessante, com quadros bastante preparados que corresponde mais ao tal modelo de classe média nascente e urbana. Aliás, não é impunemente que as vitórias nas cidades são suas nas zonas mais urbanizadas, mais progressivas, digamos assim.
 
Há condições para as empresas, não só as grandes empresas, viverem em paz e fazerem negócios?

A situação vai estabilizar porque ninguém vive com estas situações, ninguém vive com uma parte do país a ter que fazer os percursos nas estradas sob escolta, mesmo assim com ataques de vez em quando. Ninguém vive com esta coisa dos raptos, que é uma enorme insegurança, sobretudo para os expatriados.
 
Os raptos são preocupantes?


Claro que deve preocupar. Os raptos começaram dirigidos como uma coisa profissional, dirigidos a famílias abastadas da comunidade islâmica, negociantes. Era extorsão pura, as pessoas eram devolvidas à procedência sãs e salvas depois de pagarem resgates elevados. Depois deste Verão começou a haver uma espécie de fenómeno de democratização do rapto, até em famílias paupérrimas. Penso que isto também tem a ver com uma certa insegurança. Parte das forças armadas e parte da polícia das forças armadas como vieram para estas zonas de tensão com a Renamo de certa forma saíram da capital...
 
Os portugueses devem preocupar-se?

Os portugueses devem preocupar-se. É um setor que conheço bem, o da segurança, e as pessoas, que antes não nos pediam isso, pedem segurança direta, pedem que vá um carro buscá-las, que as acompanhem, que haja um homem armado... Isso surgiu e acho que é preocupante, mas vamos ao lado positivo e racional: isto não é uma situação com a qual se possa viver. O presidente Guebuza tem grande noção política, tem neste momento problemas no seu próprio partido onde terá que agir. Mas a classe política está consciente destes problemas e de que eles não se podem eternizar porque isso terá altíssimas e graves repercussões nos investidores. O gás é diferente, porque são negócios que podem viver em enclave, isolados, mas o resto não aguenta este estado das coisas. Tudo o que é negócio no interior e tem de passar pelas estradas e pelos caminhos de ferro está em causa...
 
Moçambique está em antepenúltimo lugar no ranking do índice de desenvolvimento humano. Há quase tudo ainda por fazer. Portugal é um parceiro privilegiado?




Portugal tem boas condições em algumas áreas. O sistema financeiro moçambicano está muito ligado aos bancos portugueses, que têm aí um papel dominante. Moçambique é Costa Oriental, é uma coisa bastante diferente e tem ali outras proximidades, tem os grandes países asiáticos, tem a Índia, tem a China, tem a própria África do Sul, é outra África. A Costa Oriental e a Costa Ocidental são muito diferentes quer historicamente, quer economicamente. Em Moçambique temos que ser muito realistas exatamente porque a história é diferente, a história das relações é diferente e até o próprio modelo económico.
 
O que tem a dizer sobre a Guiné Bissau e a história dos passaportes?

Essa história reflete que aquilo é um Estado completamente marginal. A última pessoa que tentou pôr aquele país direito foi o Carlos Gomes Júnior e foi derrubado por um golpe militar, em Abril de 2012. Nessa altura o Governo português teve uma atuação certa, conseguiu que ele não fosse morto, eu acho que era o que estavam a preparar-lhe. Tem-se tolerado ali um governo, uma coisa de uns militares que tomaram o poder pela força das armas, uma criminalidade enorme...
 
É justo dizer que a relação de Portugal com a Guiné é mais distante?

A relação com a Guiné Bissau era boa, a Guiné tem quadros de relações muito interessantes. O problema destes países é que as pessoas acabam por sair deles, o que é uma tragédia.
 
Portugal devia ter uma verdadeira política africana?

Está sempre para ter mas nunca tem. Os americanos é que têm secretário adjunto para os Assuntos Africanos. O problema não é um problema de orgânica do Governo, é um problema de vontade política, é um problema de lucidez, é um problema de usar os recursos da própria sociedade civil portuguesa, a influência que as comunidades portuguesas têm nessas áreas, os conhecimentos que as pessoas que lá trabalham têm.
 
Nenhum partido tem mostrado essa vontade.




Isto há aqui uma tragédia na história de Portugal, porque o regime que se implantou há 40 anos tinha como única linha ideológica fazer tudo ao contrário de Salazar. Como Salazar se preocupava com África e achava que aquilo era importante, a nova ideia foi dizer “não é nada importante”. Depois começaram a perceber que talvez fosse importante mas, entretanto, perderam-se muitos anos.
 
Jaime Alexandre Nogueira Pinto (Porto, 4 de Fevereiro de 1946, 67 anos) é professor universitário, investigador, empresário (na área da consultoria e segurança) e escritor. Foi casado com Maria José Nogueira Pinto. Acaba de lançar o livro “Portugal, Ascenção e Queda” (D. Quixote). Licenciou-se em Direito, pela Faculdade de Direito de Lisboa. Foi voluntário na Guerra Colonial.
 
 
 
 

JAIME NOGUEIRA PINTO: "FOI-SE LONGE DEMAIS NA DIABOLOZAÇÃO DO ESTADO NOVO"

 
 
Académico defende que o 25 de Abril promoveu uma ruptura mais forte que a passagem da monarquia para a República
 
Sendo o nacionalismo um pensamento político em vias de extinção em Portugal desde o 25 de Abril, Jaime Nogueira Pinto é uma espécie de ave rara entre os nossos intelectuais. Autor de uma vasta obra, regressa aos temas históricos depois de se ter estreado nas lides literárias com o seu primeiro romance e de ter publicado o assombroso "Ideologia e Razão de Estado - Uma História do Poder". O novo livro, intitulado "Portugal - Ascensão e Queda" (Ed. D. Quixote), em que Nogueira Pinto faz um resumo das ideias políticas que marcaram a história de Portugal, foi o ponto de partida da conversa com o i. Homem de direita e conhecido apoiante do Estado Novo, o que o levou ao exílio a seguir ao 25 de Abril, o académico tem uma visão politicamente incorrecta da história - que se acentua à medida que se aproxima dos temas e acontecimentos contemporâneos.

Se a ascensão do país começa com as descobertas, a queda inicia-se quando?

Não se pode dizer que há só uma ascensão e só uma queda. Tivemos de facto um ciclo de ascensão, que começa com a guerra da independência, com o infante D. Henrique, a dinastia de Avis toda, e depois as navegações: primeiro a costa ocidental africana, depois o dobrar do cabo da Boa Esperança e a viagem de Vasco da Gama. De seguida vêm as conquistas. Afonso de Albuquerque, a figura mais simbólica desse império, morre em 1515 depois de conquistar os pontos principais do Índico. Aguentámos no século xvi - ganhámos aqui, perdemos acolá. Não há dúvida de que tivemos grandes progressos na colonização do Brasil, mas em contrapartida tivemos altos e baixos na Índia. E depois com a expedição de Alcácer Quibir e o seu mau sucesso perdemos a independência e voltámos ao zero político. E isso passa a ter consequências, até porque os inimigos de Espanha passam a ser nossos também, o que até aí não acontecia, uma vez que Portugal nasceu contra Espanha e portanto os seus inimigos costumavam ser os nossos aliados. Passámos a ter os ingleses, os franceses e os holandeses contra nós e os espanhóis, tendo de escolher os seus próprios territórios ou os de Portugal - mesmo sendo nessa altura deles -, protegiam os deles. Perdemos o Brasil, Angola e uma parte substancial da Índia e do Oriente. Destes últimos praticamente não recuperámos nenhum, o Brasil e Angola recuperámos já depois da Restauração. Mas é muito interessante que quem recupera Angola são os portugueses do Brasil. A partir da Restauração temos uma nova subida, que se intensificou com a vitória da guerra da independência. Há uma figura notabilíssima que é uma espécie de resumo disto tudo: o padre António Vieira. É um continuador, uma figura com um relevo grande, um homem de sete instrumentos, que vive quase 90 anos. É um homem que, após ser missionário no Brasil, corre a Europa toda com ideias fantásticas e tem a ideia de criar em Portugal uma companhia majestática para explorar o comércio marítimo e negociar com os judeus portugueses e com os cristãos- -novos fugidos para a Holanda o regresso dos capitais a troco da liberdade religiosa.

O que a Holanda estava a fazer...

Sim, era isso que a Holanda estava a fazer com as suas companhias. Temos depois disso uns períodos complicados e no século xviii - já tínhamos tido a grande fortuna da pimenta da Índia e a grande fortuna do açúcar do Brasil - vem o ouro e os diamantes do Brasil, que curiosamente não deixam muito por cá, porque se gasta muito dessa fortuna a defender os territórios. Os nossos principais autores do século xix, como o Oliveira Martins, criticavam muito o facto de não termos imperialismo como os outros. Não explorávamos economicamente as coisas ou se explorávamos não conseguíamos tirar vantagens.

Diz-se que não tínhamos meios humanos nem capital para o fazer.

É um problema de números. No século xvi, a população portuguesa era cerca de um milhão, enquanto os espanhóis já são 7 milhões e os ingleses talvez 3,5 milhões. Temos uma população proporcionalmente pequena, se formos ver a nossa área de expansão nesse século: do Nordeste do Brasil ao Rio de Janeiro e do Rio ao Maranhão. A Bahia já havia sido fundada; tínhamos em África muita gente, em Marrocos havia praças guarnecidas com guerras de fronteira continuadas. Havia ainda as feitorias em Luanda, Benguela, depois na costa oriental, a costa de Moçambique até quase à Somália, e depois a Índia. A carreira da Índia tinha uma média de cinco barcos anuais - devem ter ido para a Índia entre 60 e 70 mil homens durante o século xvi. É uma aventura desproporcional face aos recursos e por isso é que é tão impressionante. Essa história esmaga-nos agora: metade do país revê-se nela numa espécie de nostalgia que dá para a tristeza e a outra metade que, por estar longe, quase a odeia. Temos, como os espanhóis, um problema de convivência com esta fase da história que não é fácil.

Sentimo-nos um país pequeno, mas, se olharmos para os números da União Europeia a 28, somos um país de dimensão média. Esse sentimento de inferioridade tem a ver com a ideia de que já fomos grandes?

Sim. Fomos os primeiros europeus a conseguir chegar e os últimos a sair, uma espécie de império tardio. E isso marca--nos. Na Idade Média Portugal era um país paupérrimo do ponto de vista agrícola devido a uma questão geográfica: dois terços do território são paus e pedras, pinhais, montanhas, e não temos muitos rios navegáveis. Tínhamos as lezírias do Tejo, o Sado, um bocadinho do vale do Mondego. Terra pobre, difícil de trabalhar, e por isso tinha-se de viver do mar. Nessa altura começa por isso um comércio intenso não só para sul, mas também muito para norte - com a Flandres e a Inglaterra - muita exploração de pesca na costa. Mas a questão dos portos também não era famosa. Olhando para essas condições, há uma grande visão do infante D. Henrique na promoção das Descobertas ao trazer os cosmógrafos, os pilotos, e criar um sistema de incentivos para a vinda dos que viviam nos melhores sítios da Europa, nomeadamente em Itália. Os líderes dessa época tiveram ambição, audácia e uma grande visão - usando a história podemos aprender. O infante tinha a decisão, os fundos e as condições necessárias para lançar as expedições. Mas não foi uma questão pacífica na sociedade da época. Se lermos os autores do tempo, como Gil Vicente e Camões, percebemos que discutem os prós e os contras da aposta do infante. Camões, por exemplo, vai buscar o Velho do Restelo porque havia muita gente que se opunha às descobertas - e ele dá voz a isso. "Os Lusíadas", que infelizmente nos metem pela frente quando somos pequenos com o objectivo de analisar questões chatíssimas de gramática, são uma obra simbólica desse ambiente e revelam uma sociedade portuguesa muito viva. Estamos a falar do século xvi.

A figura de D. Sebastião tem um lado heróico porque o rei morreu em combate, mas também fica ligado à tragédia porque ficámos sem descendentes. A queda de Portugal parece que se inicia aí.

Claro. O império estava exausto. Se formos a analisar a geopolítica da época, a ida de D. Sebastião a Marrocos fazia um certo sentido: servia para impedir a vinda dos turcos para esta zona, apoiando o pretendente ao trono marroquino que defendia a mesma ideia, e afirmar Portugal como uma potência regional. Ora trazer os turcos para esta zona era de facto um salto complicado e perigoso do ponto de vista geopolítico. Os turcos tinham nos meados do século xv conquistado Constantinopla e em 1571 tinham sido derrotados pelos cristãos em Lepanto. É claro que a expedição foi mal conduzida e conduziu à derrota. Mas nessa queda há também uma grande força. O português é também um grande resistente. Os portugueses não vivem bem na mediania. Quando são chamados para as conquistas lá se desenrascam e lá vão eles. E quando caem têm capacidade de resistir, como demonstraram ao longo de várias ocupações em que nunca foram cobardes.

Estamos à espera de salvadores desde D. Sebastião: D. João IV, D. Pedro (ou D. Miguel) ou até mesmo Salazar.

O Salazar aparece aí, de facto, como um Messias. A Primeira República estava completamente desacreditada e toda a gente estava contra o Partido Democrático. Por exemplo, as tropas do golpe de 1926 vieram para Lisboa todas de comboio; não houve uma única sabotagem, mesmo daqueles sindicatos muito esquerdistas para a época. Estava tudo farto do Afonso Costa e das suas aldrabices. A tragédia foi que a oposição antifascista - que no 25 de Abril veio a receber o poder da mão dos militares sem, na verdade, ter feito nada por isso - ficou obcecada com fazer tudo ao contrário do que o Salazar tinha feito. Admito até que houve um ressentimento muito grande, pois o regime durou 48 anos. Mas talvez se tenha ido longe de mais.

Verificou-se uma diabolização do Estado Novo? 
 
Sim, há essa diabolização. É curioso, porque nas anteriores revoluções isso não tinha acontecido. Por exemplo, na passagem da monarquia para a República não se mexeu na questão de África. Porquê? O pessoal que a República pôs a governar o Ultramar, quer em Moçambique quer no resto de África, quase todos eles tinham estado com o Mouzinho da Albuquerque, com o Paiva Couceiro, com toda essa gente. Havia pois uma continuidade com os "africanos". Uma das razões para os republicanos tomarem o poder era acusarem a monarquia de não defender bem as colónias. Até foram para a guerra por causa disso. Dá-se uma mudança a partir dos anos 60 e dá-se com o Partido Comunista, primeiro, e depois também com o Mário Soares. Foi na eleição de 1965, salvo erro, que pela primeira vez essa oposição tomou uma posição sobre o assunto diferente daquela da oposição tradicional.

A grande falha do Estado Novo foi ter impedido uma maior autonomia das colónias a seguir à independência da Índia em 1947?

Sabe, tenho pensado muito sobre o assunto... Era complicado. O Salazar não podia. Em 61/63 o mundo estava todo contra nós. Mesmo os americanos e a Igreja - que após o Concílio Vaticano II começa a deixar de apoiar regimes politicamente conservadores. Além disso, a Academia Militar, que fora apoiante incondicional da mudança de regime em 1926, já não dava essa garantia - os jovens que iam estagiar nas academias norte-americanas voltavam para conspirar. Depois, ao contrário do que o Salazar e o Franco Nogueira pensavam, as nossas colónias não eram assim tão importantes como nós pensávamos que eram.

A França e o Reino Unido souberam sair, mas mantendo a ligação cultural e comercial.

Sim, é verdade. Mas, em segundo lugar, esses países tinham uma grande dimensão metropolitana, com grande massa crítica, com grande poder na Europa - coisa que nós não tínhamos. Foi esse o nosso equívoco. O problema do Salazar também era a sua maneira de ser: muito frio e racional. Aquilo tinha de ter tido outro rasgo. Marcelo Caetano podia ter mudado isso, mas quando chega, em 68, a guerra em Angola está relativamente controlada.

A história oficial ensina-nos que a guerra estava perdida

Mas não estava, isso está estudadíssimo. Em 1973 houve 50 mortos em Angola, com quase 100 mil homens em armas. O que se pode dizer é que o país não estava preparado - com o serviço militar obrigatório era muito complicado fazer isto. Primeiro porque começava a haver dinheiro, depois começaram a dar-se os fenómenos que se deram nos Estados Unidos com o Vietname. Grande parte das coisas acabaram no Vietname quando terminou o serviço militar obrigatório. As gerações estavam a apanhar com a riqueza económica, as classes médias não queriam ir. Uns tinham medo, outros não estavam para isso. Muitas vezes não eram eles mas as próprias famílias, as mãezinhas. Fez-se um esforço para a profissionalização do Exército, mas Salazar nunca quis isso.

Sempre foi muito crítico de Marcelo Caetano, responsabilizando-o pelo fim do regime.

Sim, mas revi algumas das minhas posições. O que Marcelo Caetano tentou fazer foi o salazarismo sem Salazar. Ora aquilo não funcionava assim. O Franco pôde fazer isso mas não tinha uma guerra de África. Essa é a grande questão. E Franco tinha uma visão muito dinâmica da sociedade espanhola. Salazar tinha horror à violência, tinha aquela ideia muito ordeira. Franco não, tinha passado a vida dele na violência. Salazar era muito dado às coisas católicas, muito ordeiro. Tem aquela frase fantástica: "O Estado tem de ser forte para não ser violento." Salazar acabou por criar um sistema que não tinha saídas.

Ao não conseguir fazer uma transição para a democracia, o Estado Novo não foi responsável pelos danos políticos, económicos e sociais do PREC?

Não se podia fazer a guerra com a democracia aqui. E nunca ninguém pensou que a instituição militar estivesse assim. Um Exército onde há uma revolta de capitães já não é um exército. Quem comanda as unidades são os coronéis e os tenentes-coronéis - é uma classe leal ao regime, até por razões funcionais, políticas e institucionais. E isso foi um prognóstico em que me enganei. Não percebi que as unidades militares estavam na guerra - cá estavam uma espécie de depósitos para formar o pessoal para África. O que de deu no 25 de Abril foi precisamente isso. Uns capitães fizeram as coisas, nuns sítios prenderam, noutros nem tiveram de prender coisa nenhuma. Fez--se como na Primeira República: quem não aderiu também não obstruiu. E o próprio Marcelo Caetano também desarticula qualquer espécie de defesa. O sistema está de tal modo minado que Marcelo Caetano acha que aquilo é uma revolta, não contra ele, mas para tirar Américo Tomaz e deixá-lo ficar a ele. Ele acha que o Spínola está a comandar e Spínola não está a comandar coisa nenhuma. Todos são usados, mesmo uma série de oficiais conservadores. É uma espécie de comédia de enganos.

Uma Constituição que apagasse os tempos do PREC permitiria reequilibrar a balança política no país?

Não sei. Vou contar-lhe um história: na véspera de vir para Lisboa, não sei se da primeira se da segunda vez, Salazar encontrou o Cabral Moncada na Baixa. Eles não eram da mesma geração, mas eram contemporâneos. Salazar estava muito preocupado e perguntou-lhe: "O que é que eu vou fazer para a política? Eu não tenho imaginação nenhuma." Ele, de facto, não tinha grande imaginação, mas Portugal nessa época - estamos a falar de 1928 - não precisava de imaginação. Apesar de tudo, o espaço ultramarino colonial era uma espécie de grande reserva que assegurava as matérias-primas e os excedentes demográficos. Desde que houvesse ordem financeira e nas ruas, os recursos existiam e o dinheiro voltou. Hoje em dia é exactamente o contrário. Portugal precisa de imaginação. Hoje também há muita coisa em comunicações e transportes. A tecnologia tornou mais fácil muita coisa. E não há dúvida que os portugueses têm boas condições psicológicas, porque somos miméticos, cosmopolitas. Alguém me dizia que sai uma nota optimista deste livro, que é a ideia de que, mesmo em dificuldades, estamos a mostrar resistência. Mas esse é o nosso lado de resistentes nas Invasões Francesas. Quando chegamos ao limite, por sermos uma nação muito antiga, temos coisas que não contamos que apareçam mas aparecem. Depois... é como a indignação. Se ela não for organizada, não serve de nada em política. É uma boa forma de provarmos que não somos cínicos, mas isso tem de ter alguma organização. Agora é preciso haver uma identidade forte. E o poder económico que advém do facto de sermos uma nação também dá bastante força. Porque os problemas que vêm aí, na Europa, vão ser de violência e de fragmentação. Vão ser problemas ligados à identidade.

A integração de Portugal na União Europeia (UE) foi um logro?

Lembro-me que a minha mulher, que na altura trabalhava no Estado, me dizia sempre que tudo aquilo tinha sido muito mal negociado, à pressa. Porque a entrada na Europa era uma espécie de seguro de vida do regime. As pessoas não queriam que houvesse um regresso ao Estado Novo, por um lado, e também tinham medo da esquerda totalitária. A ideia era: "Vamos entrar aqui para um clube, mesmo que depois não tenhamos dinheiro para pagar as quotas. Mas agora entramos, ficamos aliviados, e eles defendem-nos dos males maiores." A dada altura não se podia dizer mal da adesão à Europa. Havia uma espécie de unanimismo à volta disso, que nos levou para a situação em que estamos. Depois, é curioso - e num processo que já vi acontecer diversas vezes em Portugal -, as pessoas parece que não têm qualquer tipo de memória dos seus actos. E clamam contra as consequências das coisas que foram concretizadas quando estiveram no poder.

No seu livro classifica a Europa como um continente em decadência. Com a crise que atravessa a zona euro e afecta a própria União Europeia, a Europa tem salvação?

Não sei se tem. Estou convencido de que nas próximas eleições europeias a UE vai ter uma sacudidela com uma subida forte dos partidos identitários, sobretudo em França e em Inglaterra. Isso vai levar os todos os partidos a terem posições muito restritivas, quer quanto à própria federação europeia, quer quanto à imigração. Mesmo a ideia de um referendo na Inglaterra sobre a pertença à Europa não me parece muito esquisita. Por outro lado, há uma coisa de que nos esquecemos, acho até que por falta de informação histórica. Nas sociedades em decadência da antiguidade vivia-se muito bem. Essa ideia de decadência está ligada à ideia de perda de poder e de protagonismo na cena mundial, mas também tem razões de ser. A Europa esteve durante séculos no centro de tudo e depois teve duas guerras muito sangrentas e destruidoras. O coração da destruição do século xx foi aqui. Somos um grande museu a céu aberto. Os outros vêm cá gastar dinheiro. Não há milionário russo, chinês ou australiano que não tenha um bom apartamento em Londres, no Sul de França, que não goste de passar 15 dias num bom barco no Mediterrâneo. E os alemães, como são disciplinados e não ligam muito à qualidade de vida - no sentido latino, mas também francês e inglês, do requinte -, fizeram as reformas da indústria. Mais vale que estejam a trabalhar na indústria que a invadir outros sítios à mão armada.

http://www.ionline.pt/artigos/portugal/jaime-nogueira-pinto-entrevista-ao-i-foi-se-longe-mais-na-diabolizacao-estado-novo/pag/-1

Friday 20 December 2013

Saturday 14 December 2013

Friday 13 December 2013

Thursday 12 December 2013

WINDAVIA: NOVA CHARTER 100% PORTUGUESA

 

Windavia quer faturar 50 milhões no próximo ano e transportar mais de 700 mil passageiros, incluindo franceses para Tróia, via Beja
 
  Há uma nova charter portuguesa e vai voar para 40 destinos
 Windavia vai levar franceses para Tróia
 
D.R. 12/12/2013 | 18:30 | Dinheiro Vivo
 
  O voo inaugural da Windavia entre Lisboa e Beja foi de curta duração, mas a companhia de voos charter aspira a voos mais altos. Com uma forte aposta no mercado francês - através de voos Paris-Beja para levar turistas para Tróia e Alentejo - e com a bacia do Mediterrâneo como o seu habital natural, a marca vai transportar mais de 700 mil passageiros no seu primeiro ano de operação, prevendo faturar cerca de 50 milhões de euros.
 
Ao longo do meu percurso profissional, em particular nos últimos anos, identifiquei uma oportunidade no mercado de aviação europeu, nomeadamente, nos voos charter”, conta ao Dinheiro Vivo, Pedro Bollinger, presidente da Windavia, que anteriormente ocupou o cargo de diretor comercial da SATA.
 
“As companhias aéreas tradicionais, devido aos seus pesados encargos, não conseguem muitas vezes dar respostas flexíveis à sua operação”, afirma. “Num mercado tão competitivo como a da aviação comercial e com uma instabilidade tão grande como esta, não só a nível de mercado como a nível de destinos, é necessário haver uma resposta muito rápida e flexível”, reforça. Clique aqui para ver o vídeo promocional da Windavia. ~
 
O investimento inicial foi de dois milhões de euros, com o capital a estar distribuído por Pedro Bollinger, com 49% do capital, com o restante a estar nas mãos de um investidor anónimo.
 
“Isto é uma companhia 100% portuguesa e com capitais 100% portugueses, nós pagamos os nossos impostos em Portugal”, faz questão de destacar. “Nós estamos a contribuir, de sobremaneira, para aumentar o peso do PIB no turismo e, depois, para gerar riqueza em Portugal”, defende Pedro Bollinger. Até abril, a companhia vai ter quatro Airbus A320 alugados a outras companhias a voar. De momento, decorrem negociações para mais dois A320.
 
“Nós temos um contrato de exclusividade com a White, quem opera os nossos aviões e faz a manutenção dos mesmos é a equipa da White”, afirma. A voar para mais de 40 destinos “Para 2014, temos contratos assinados para 40 destinos, como Cabo Verde, Tunísia, Marrocos, as ilhas Canárias e Baleares em Espanha, várias ilhas gregas, Israel, Montenegro, Irlanda e Itália, são inúmeras rotas”, disse.
 
Os voos charters são contratualizados diretamente, neste caso, por operadores turísticos, como no caso da portuguesa GPS Tour, sedeada em Pombal, líder no mercado de transporte aéreo de França para o Funchal, transportou no ano passado 30 mil franceses. “Os voos para Beja são todos voos charter a partir de Paris e províncias francesas. O destaque aí vai para a GPS Tour. A maioria destes turistas tem como destino Tróia e circuitos no interior do Alentejo”, explica.
 
Uma das grandes apostas da companhia são os voos entre Portugal e Israel. “Uma das nossas jóias da coroa é o voo Lisboa – Tel Aviv. Neste caso, o risco aqui é assumido por um grande operador israelita e esse voo semanal começará a partir de abril e vai se prolongar até outubro. Depois será consolidado com uma segunda aeronave em julho e agosto”, revela.
 
“Nós primeiro arranjamos os clientes, depois arranjamos os aviões, é a lógica da Windavia, uma lógica de que o mercado manda. A nossa postura passa por sermos a companhia de voos charter mais flexível do mundo”, remata Pedro Bollinger.
 
 

PRIMO DE LETIZIA ENTREVISTADO


A MONARQUIA ESPANHOLA EM RISCO


Friday 15 November 2013

A BURLA MEGAFINANCE: PEDRO XAVIER PEREIRA CONDENADO

 

Pedro Xavier Pereira condenado a sete anos e meio de prisão no caso Megafinance

15 | 11 | 2013 15.26H
 
O tribunal condenou hoje a sete anos e meio de prisão Pedro Xavier Pereira, considerado o principal arguido no caso Megafinance, pelos crimes de burla, falsificação de documentos, insolvência dolosa, branqueamento de capitais e manipulação de mercado.
 
O coletivo de juízes da 8.ª Vara Criminal de Lisboa aplicou ainda a pena de cinco anos e três meses ao presidente do conselho de administração da empresa, Luís Valente, por burla e insolvência dolosa, tendo absolvido os restantes cinco arguidos de todos os crimes pelos quais estavam pronunciados.
 
Para o tribunal ficou "inequivocamente provado" que os dois arguidos, sob "a capa" das firmas Aptissimi e Megafinance, se apresentavam junto de empresas com elevadas dívidas e à beira da insolvência, prometendo-lhes a reestruturação financeira, em troca de parte das quotas das respetivas sociedades, além de que assumiam a gestão do negócio, ficando com o caminho aberto sobre todas as contas das empresas.


http://sicnoticias.sapo.pt/pais/article729375.ece

http://videos.sapo.pt/utfZ0zR9ntkUwMzUqTaH

http://sicnoticias.sapo.pt/pais/article731421.ece
 

Friday 1 November 2013

NUNO DA CÂMARA PEREIRA PENHORA BENS DE D. DUARTE PIO

Câmara Pereira acusa herdeiro do trono de desrespeitar ordem do tribunal e penhorou-lhe as contas. Isaltino Morais e autarcas de Lamego e Trancoso na lista de testemunhas do fadista. A guerra entre o ex-deputado Nuno da Câmara Pereira e D. Duarte Pio de Bragança chegou a julgamento. Dois anos e meio depois de a Justiça ter congelado mais de 100 mil euros ao herdeiro do trono, o Tribunal do Comércio de Lisboa (TCL) vai analisar se havia motivo para a penhora – ou seja, se o Duque de Bragança violou a decisão judicial que o proibiu de usar as insígnias de uma ordem militar criada por D. Afonso Henriques. No julgamento, que arranca a 18 de Novembro, Câmara Pereira quer provar que D. Duarte desobedeceu a uma providência cautelar que, em 2009, decretou que apenas a Associação da Ordem de S. Miguel da Ala – que o fadista refundou em 1981 e da qual é comendador-mor – pode usar as insígnias daquela ordem de cavalaria.

O antigo deputado acusa o herdeiro da coroa de ter continuado a usar símbolos semelhantes ou idênticos aos daquela ordem. E foi com base nesta acusação – que é contestada pelo Duque de Bragança – que o Tribunal de Sintra lhe congelou em 2011 parte dos bens: uma conta bancária com quase 96 mil euros e 17 imóveis e propriedades em seu nome.

A Casa Real garante, porém, que D. Duarte nunca usou os símbolos depois de 2009, cabendo a Câmara Pereira apresentar provas disso.

Ao que o SOL apurou o fadista levará a tribunal fotografias do herdeiro da coroa impondo as insígnias de S. Miguel da Ala, que foram encontradas nas páginas oficiais da Casa Real na internet depois de 2009. E «prova testemunhal» de que D. Duarte o terá feito também nos EUA e em Espanha. Aliás, Bernardo Calvos – da congénere espanhola de S. Miguel de Ala – está entre as 17 testemunhas arroladas pela acusação.

                                Autarcas e marqueses chamados a tribunal

Isaltino Morais – que cumpre pena de prisão na Carregueira por fuga ao fisco e branqueamento de capitais – é cavaleiro da Ordem de S. Miguel da Ala e também integra a lista de testemunhas do fadista. Fonte ligada ao processo, adianta que caberá ao juiz do TCL decidir se o antigo autarca de Oeiras será ouvido, já que a lei limita a um máximo de 10, os nomes indicados por cada uma das partes.

Do rol de testemunhas consta ainda o presidente da Câmara Municipal de Lamego, Francisco Lopes e dois ex-autarcas: Júlio Saraiva, de Trancoso, e António Nunes, de Bragança – todos membros desta ordem, apurou o SOL.

A defesa, por seu lado, arrolou igualmente 17 pessoas, entre elas alguns membros do núcleo duro de D. Duarte: os marqueses de Lavradio e de Rio Maior e o advogado Augusto Ferreira do Amaral, que já presidiu à Causa Monárquica.

Carlos Evaristo, presidente da Fundação Oureana, autor de obras sobre ordens de cavalaria e religiosas, mas sobretudo conhecido por durante anos ter sido o tradutor oficial da Irmã Lúcia, vidente de Fátima, também foi chamado para defender o Duque de Bragança.

Fontes da Fundação D. Manuel II, adiantam ao SOL que as acusações de Câmara Pereira são «falsas», garantindo que as fotografias que o fadista quer usar como prova foram colocadas na internet muito antes da decisão: «o Senhor D. Duarte deu instruções para que fossem apagados todos os registos nas páginas pelas quais é responsável».

Na disputa antiga entre os dois monárquicos as decisões judiciais têm sido favoráveis a Câmara Pereira.
 

Wednesday 23 October 2013

ENTREVISTA D. DUARTE PIO DE BRAGANÇA


MANUEL ALEGRE APRESENTA LIVRO SOBRE D. DUARTE PIO


Perguntaram um dia a D. Duarte se tinha sido educado para ser rei. Ele respondeu: “Fui educado para ser português.” Essa é uma das razões por que estou aqui hoje. Porque ser português é o sentido essencial da personalidade de D. Duarte e do nobre despojamento com que tem procurado cumprir o que entende ser a sua missão. António Sérgio nunca deixou de criticar a mentalidade dogmática e aquilo a que chamava “o espírito de seita, de bairro e de capelinha.” Considerava o sectarismo uma doença nacional. Infelizmente são vícios que ainda permanecem. Por isso alguns terão ficado surpreendidos com o facto de um republicano e homem de esquerda como eu vir apresentar esta biografia de D. Duarte. Devo dizer que o faço com gosto. Em primeiro lugar pela consideração e respeito que me merece D. Duarte, não só como chefe da instituição real, mas, para utilizar uma feliz expressão de Mendo Castro Henriques, como “intérprete activo de Portugal.” E ainda porque se trata de uma boa ocasião para ultrapassar preconceitos e reflectir sobre alguns temas nacionais. A Pátria está acima da República e da Monarquia. E este é um momento em que são precisos patriotas que saibam renovar e afirmar os valores permanentes de Portugal e dar ao conceito de Pátria um sentido de modernidade e de futuro. Ou como queria Fernando Pessoa, “cumprir Portugal”, sabendo que o que Portugal tem de mais moderno e permanente é ser “o futuro do passado”. É também uma hora em que é necessário alargar e reinventar o espaço da cidadania. A tecnocracia tem vindo a sobrepor-se à política, o pragmatismo e a lógica dos interesses ao civismo e às convicções. A nossa Constituição consagra, a par dos direitos políticos, os direitos sociais. Mas se estes ficam por cumprir aqueles outros perdem substância e sentido. Numa democracia moderna, os direitos políticos são inseparáveis dos direitos sociais, culturais e ambientais. A burocratização da democracia faz com que se responda uniformemente a problemas diferenciados. Mas não há soluções únicas para sistemas que têm uma grande diversidade de saberes e conhecimento. Daí a necessidade de, no quadro da democracia representativa, alargar o espaço da cidadania e da democracia participativa. Que tem isto a ver com este livro? Como adiante se verá, tem até bastante. Permitam-me uma breve nota pessoal. Meu avô paterno, Mário Duarte, costumava caçar ou atirar aos pombos com o Rei D. Carlos, a quem, nem por ser monárquico, algumas vezes deixou de vencer, o que não era fácil; meu avô materno, Manuel Alegre, foi um dos chefes da Carbonária e um dos fundadores da República. Meu pai era monárquico, minha mãe republicana. Meu pai dizia-se monárquico sem rei e minha mãe republicana sem república. Um e outro transmitiram-me valores por que tenho pautado a minha vida. Talvez por ter nascido numa família assim, eu compreenda muito bem que nem sempre, como neste livro se afirma e como durante decénios aconteceu, se pode associar democracia com república nem monarquia com ditadura. Há repúblicas que não são democráticas – e tivemos um triste e sombrio exemplo com os 48 anos da ditadura do Estado Novo; e há monarquias que são democracias exemplares, como acontece com alguns dos mais avançados e civilizados países europeus. Mas não é a questão do regime o que neste livro mais me interessa. Claro que o livro não é isento e o autor, como é natural, toma partido pela monarquia, o que não é o meu caso, nem mesmo depois de o ter lido. Mas há aspectos interessantes que cumpre destacar. A forma como o Estado Novo apagou a memória da monarquia constitucional, deformando a sua história, como, aliás, haveria de fazer com a I República, no intuito de justificar a ditadura, atribuindo ao parlamentarismo e às liberdades públicas a origem dos males do país. O talento com que o autor nos revela a história quase desconhecida das divergências e convergências entre tradicionalistas e liberais, a clivagem entre a facção constitucional e a facção miguelista que, segundo o autor, determinou muitos dos desentendimentos no período posterior à proclamação da República. E a relação ambígua que Salazar manteve com os monárquicos, o que levou Amaro Monteiro a escrever: “Não havia um lugar-tenente do Rei junto dos monárquicos e do poder constituído. Havia, sim, um lugar-tenente de Salazar junto do Rei e dos monárquicos.” Muitos destes deixaram-se atrair pelo autoritarismo e, como realça Castro Henriques, desse modo confundiram a ideia monárquica com o próprio Estado Novo. Outros houve, como o próprio Paiva Couceiro, Almeida Braga, Alberto Monsaraz, Rolão Preto, Vieira de Almeida e Pequito Rebelo, que viriam a distanciar-se do salazarismo e, mais tarde, com Gonçalo Ribeiro Teles, Francisco Sousa Tavares, Barrilaro Ruas e outros mais jovens, como Joaquim Ferreira do Amaral e Luís Filipe Coimbra, a participar activamente na oposição democrática, quer na campanha presidencial de Humberto Delgado, quer nas eleições de 1969, já com Marcelo Caetano no poder. Deve-se a Barrilaro Ruas o facto de o último Congresso de Aveiro ter mudado a designação de Republicano para Democrático como condição para nele participarem os monárquicos. Sublinhe-se ainda a demarcação que D. Duarte fez relativamente à tendência autoritária: “Penso que o conceito de monarquia tem de se separar hoje radicalmente do integralismo com tudo o que respeita ao Estado autoritário. A monarquia ou é democrática ou não é.” D. Duarte lembra que nos anos sessenta assistiu a algumas reuniões de seu pai, o qual sabia que a Pide vigiava S. Marcos, em casa de sua tia Filipa, com opositores do regime, como António Sérgio e Raul Rego. Diga-se de passagem que não conheci ninguém mais republicano que Raul Rego. Há também o episódio trágico-cómico da chamada revolta da Sé em 1959, na qual participaram monárquicos e católicos progressistas, como por exemplo Manuel Serra. D. Duarte Nuno deu a Rolão Preto, Sousa Tavares e Amaro Monteiro instruções para redigirem uma Proclamação, mas teve a ingenuidade de confiar na lealdade do seu lugar-tenente, General Bénard Guedes, que foi informar Salazar. E assim se gorou mais uma tentativa de derrubar o regime. Castro Henriques traça o percurso de D. Duarte, desde a infância até à sua passagem pelo Colégio das Caldinhas e, mais tarde, o Colégio Militar. Da sua educação dirá D. Duarte: “ Os principais factores foram o profundo portuguesismo e o bom senso de meus pais.” E algo que por experiência própria também sei: “Note que os portugueses da emigração são geralmente os mais patriotas.” Visita África, uma das suas paixões. E com 22 anos, inicia o serviço nas Forças Armadas, sendo mobilizado para Angola, onde chega em 1968, seis anos depois de mim. A sua visão dos problemas ultramarinos nem sempre coincide com a posição oficial do regime. Compreende que o centralismo da metrópole está na origem dos movimentos de independência. Propõe uma maior participação dos africanos na vida pública e uma evolução para uma federação lusófona. É mais ou menos a tese que mais tarde será defendida por Spínola em “Portugal e o futuro.” As suas posições, ainda que longe de serem radicais, tornam-se incómodas e D. Duarte, por razões não de todo esclarecidas, é obrigado a regressara Lisboa por ordem expressa de Marcelo Caetano. Não vou substituir-me ao autor e contar a história toda. Trata-se de uma biografia feita com rigor e bom gosto, que nos revela um D. Duarte talvez por vezes inesperado e desconhecido, com um inegável sentido de missão e um espírito de dedicação ao seu país, gostando de viajar e conhecer as diversas partes do mundo por onde os portugueses passaram. Sobre o problema da restauração ou não da monarquia durante o Estado Novo, o autor faz uma síntese curiosa sobre as ilusões de muitos monárquicos e até de alguns republicanos: “Os republicanos ficavam com uma república … mas sem a democracia; os integralistas ficavam com um Estado autoritário … mas sem a monarquia.” Eu não sabia, mas fiquei agora a saber, que, encontrando-se de passagem em Saigão, nas vésperas do 25 de Abril, ao tomar conhecimento da revolução, D. Duarte escreveu um documento em que manifestou o seu inteiro apoio ao Movimento das Forças Armadas e à Junta de Salvação Nacional, assim como a sua adesão ao programa para a instauração da democracia. Segundo Mendo Castro Henriques, este documento marca o programa da geração que trouxe a monarquia para a democracia. Voltemos, no entanto, aos grandes temas da cidadania, que são os mais actuais e porventura os mais surpreendentes deste livro. Ora vejamos: “A degradação da soberania do Estado «na ordem internacional» resulta da falta de controle sobre os mercados financeiros. À sombra das ideias de «paz pelo comércio» surgem os predadores que não pertencem a qualquer escola de pensamento, não têm uma aventura colectiva, nem possuem um horizonte histórico, não são de direita nem de esquerda, nem do norte nem do sul. A sua única motivação é o dinheiro.” Esta prosa não é minha, nem de nenhuma conhecida figura da extrema-esquerda. É de Mendo Castro Henriques, que acrescenta: “D. Duarte não é um plutocrata.” E mais adiante: “Os representantes dos Estados exercem cada vez menos poder. Entre os governos do G-8 e o resto há um abismo. Os primeiros impõem decisões. Os outros acatam-nas. E dentro do G-8 há um abismo entre o EUA e os «sete anões», porque os EUA dispõem de indiscutível supremacia militar.” Esta prosa continua a ser a de Castro Henriques e por aqui se vê como, nesta hora de globalização desregulada, as pessoas podem convergir nas mesmas preocupações, independentemente da forma de regime que defendem. E o que diz D. Duarte? Ouçamos: “Numa sociedade onde se enfrentam os interesses de grupos sociais distintos, creio que o Estado democrático deve tentar tornar a convivência mais justa, mais solidária e mais livre, através da fiscalidade, da segurança social, dos serviços públicos. E as pessoas têm lealdade para com o seu Estado na medida em que dele extraem os benefícios que lhes foram prometidos pelo contrato social.” Outros temas, caros a D. Duarte, são os que também me preocupam e devem preocupar qualquer cidadão interessado em renovar a democracia e contribuir para uma sociedade mais justa e solidária. As liberdades nacionais, o ordenamento do território, o ambiente, o património e o ensino da História, as energias alternativas, a justiça social, a desertificação, a promoção da língua portuguesa e o interesse pela lusofonia, o apoio às comunidades portuguesas, a imigração, a necessidade de programas para grupos culturais específicos como os ciganos, a urgência de ajudar os mais pobres e melhorar as suas condições de vida – eis temas recorrentes nas mensagens, na acção e nas intervenções de D. Duarte. O ordenamento é um instrumento da identidade cultural dos povos e da independência política dos Estados. Por isso concordo com D. Duarte quando critica “o desequilíbrio ecológico, a degradação social, a decadência estética, a saturação demográfica das metrópoles e dormitórios, o despovoamento dos campos e das serras.” E também quando afirma: “A destruição da memória e das culturas e a desertificação não podem ser travadas por visões sectoriais e economicistas do desenvolvimento regional, porque desconhecem a essência dos diferentes elementos vivos constituintes do território, a complexidade do seu relacionamento, a evolução das suas formas e o funcionamento dos sistemas ecológicos em que se integram.” Concordo ainda quando diz que é “indispensável encontrar novos modelos de desenvolvimento que diminuam as assimetrias, porque não é sustentável tantos milhões de pessoas viverem em escandalosas pobreza ou sob desesperante opressão.” Estes temas e estas reflexões fazem parte da cidadania moderna, dum renovado conceito de patriotismo e de uma comum preocupação cívica de todos os que não se resignam à injustiça, à desertificação, à destruição do território, à decadência das cidades e à dissolução nacional. Há neste livro uma frase muito bonita e que tenho pena de não ter escrito: “Numa antiga Nação como Portugal, mesmo o mais pobre de entre nós nasce rico – de uma língua, de uma História, de uma cultura. ”Não escrevi a frase, que é de D. Duarte, mas durante a campanha para as eleições presidenciais não me cansei de repetir que, entre os países do mesmo peso demográfico, Portugal é o único que pode ser no mundo um actor global. Precisamente pela História, pela cultura e pelo nosso bem mais precioso – a grande língua portuguesa. E por isso também salientei que devemos estar na Europa com um olhar português, que é um olhar de abertura ao mundo e de valorização da comunidade dos povos de língua portuguesa, a qual, em meu entender, deverá vir a ter também uma componente militar para que possa adquirir no mundo um outro peso e um outro significado. Sei que D. Duarte se inquieta com alguns riscos decorrentes da nossa integração na União Europeia. Gostaria de deixar claro que, em meu entender, não temos outro caminho senão o de nos mantermos no centro das decisões. E aí, sem arrogância nem subserviência, lutarmos contra o défice democrático e social, por uma maior responsabilização dos parlamentos nacionais e por uma maior coordenação das políticas económicas, tendo em vista a coesão e solidariedade, objectivos essenciais do projecto europeu. Devíamos também pugnar por uma revisão dos critérios de Maastricht, que nos retiram a possibilidade de, através do investimento público, o Estado intervir para diminuir assimetrias e desigualdades e nos obrigam, para reduzir o défice orçamental, a tomar medidas que não permitem resolver o outro défice, o défice social. Finalmente, a questão da globalização. Com as navegações, Portugal aproximou povos e continentes e esteve na origem da primeira mundialização. Através do “ver claramente visto” e de uma nova consciência experimental, os navegadores portugueses fizeram então uma revolução cultural e científica que abriu as portas ao renascimento europeu. De certo modo, quando as naus portuguesas sulcavam os mares desconhecidos, nós fomos Europa antes de a Europa o ser. “Não há que discutir as navegações, dizia António Sérgio, elas foram inevitáveis”. Tal como é hoje a globalização. O problema é que esta foi apropriada, em benefício próprio, pelos sectores financeiros mais poderosos. E estes, sim, é que fazem que um fenómeno que devia ser uma fonte de enriquecimento e conhecimento, esteja desregulado e a provocar novas exclusões, desigualdades e desequilíbrios. O nosso caminho deve ser o de nos defendermos dos riscos de dissolução nacional perante os interesses financeiros e, por outro lado, o de tornarmos Portugal um país mais competitivo, o que passa pela qualificação das pessoas, pela educação, pela cidadania e, como queria António Sérgio, pela reforma das mentalidades. E passa também pela afirmação dos nossos valores. Como se diz neste livro – “Se nós desprezamos o nosso passado e a nossa identidade cultural, estamos a desprezar-nos a nós próprios.” Afirmar os nossos valores é afirmar a abertura aos outros, a tradição universalista, o anti-racismo, a língua e aquela “lusitana antiga liberdade” de que falava Camões. Os que fizeram Portugal através dos séculos não andaram a realizar inquéritos para saber quem queria ou não queria ser português. É esse o espírito de que de novo precisamos para erguer Portugal acima dos interesses financeiros e obscuros, contra a abdicação e o novoriquismo, contra o conformismo, contra a corrupção, contra o egoísmo e o poder do dinheiro. Para fazer de Portugal, como se diz no Preâmbulo da Constituição, “um país mais livre, mais justo e mais fraterno”, é preciso preservar o nosso património comum, renovar a cidadania e afirmar sem complexos o orgulho de ser português. É por isso que eu, que sou republicano, partilho muitas das preocupações expressas por um autor monárquico e também de valores defendidos por D. Duarte. É que essas preocupações e esses valores estão para alem do ser monárquico ou republicano. São de todos os portugueses que não precisam de encomendar sondagens para saber que querem continuar a ser portugueses e a fazer de Portugal hoje, tal como no passado, uma Nação de vanguarda, uma Nação Piloto. Porque, como escreveu Fernando Pessoa – “A Europa jaz, posta nos cotovelos.(…) Mas o rosto com que fita é Portugal.”

Manuel Alegre
 
 
 

Tuesday 17 September 2013

DA OPUS DEI À MAÇONARIA

 
 
Da Opus Dei à maçonaria: a incrível história do BCP

Miguel Sousa Tavares

Em países onde o capitalismo, as leis da concorrência e a seriedade do negócio bancário são levados a sério, a inacreditável história do BCP já teria levado a prisões e a um escândalo público de todo o tamanho. Em Portugal, como tudo vai acabar sem responsáveis e sem responsabilidades, convém recordar os principais momentos deste "case study", para que ao menos a falta de vergonha não passe impune.
 
1 Até ao 25 de Abril, o negócio bancário em Portugal obedecia a regras simples: cada grande família, intimamente ligada ao regime, tinha o seu banco. Os bancos tinham um só dono ou uma só família como dono e sustentavam os demais negócios do respectivo grupo. Com o 25 de Abril e a nacionalização sumária de toda a banca, entrámos num período 'revolucionário' em que "a banca ao serviço do povo" se traduzia, aos olhos do povo, por uns camaradas mal vestidos e mal encarados que nos atendiam aos balcões como se nos estivessem a fazer um grande favor. Jardim Gonçalves veio revolucionar isso, com a criação do BCP e, mais tarde, da Nova Rede, onde as pessoas passaram a ser tratadas como clientes e recebidas por profissionais do ofício. Mas, mais: ele conseguiu criar um banco através de um MBO informal que, na prática, assentava na ideia de valorizar a competência sobre o capital. O BCP reuniu uma série de accionistas fundadores, mas quem de facto mandava eram os administradores - que não tinham capital, mas tinham "know-how". Todos os fundadores aceitaram o contrato proposto pelo "engenheiro" - à excepção de Américo Amorim, que tratou de sair, com grandes lucros, assim que achou que os gestores não respeitavam o estatuto a que se achava com direito (e dinheiro).
 
2 Com essa imagem, aliás merecida, de profissionalismo e competência, o BCP foi crescendo, crescendo, até se tornar o maior banco privado português, apenas atrás do único banco público, a Caixa Geral de Depósitos. E, de cada vez que crescia, era necessário um aumento de capital. E, em cada aumento de capital, era necessário evitar que algum accionista individual ganhasse tanta dimensão que pudesse passar a interferir na gestão do banco. Para tal, o BCP começou a fazer coisas pouco recomendáveis: aos pequenos depositantes, que lhe tinham confiado as suas poupanças para gestão, o BCP tratava de lhes comprar, sem os consultar, acções do próprio banco nos aumentos de capital, deixando-os depois desamparados perante as perdas em bolsa; aos grandes depositantes e amigos dos gestores, abria-lhes créditos de milhões em "off-shores" para comprarem acções do banco, cobrindo-lhes, em caso de necessidade, os prejuízos do investimento. Desta forma exemplar, o banco financiou o seu crescimento com o pêlo do próprio cão - aliás, com o dinheiro dos depositantes - e subtraiu ao Estado uma fortuna em lucros não declarados para impostos. Ano após ano, também o próprio BCP declarava lucros astronómicos, pelos quais pagava menos de impostos do que os porteiros do banco pagavam de IRS em percentagem. E, enquanto isso, aqueles que lhe tinham confiado as suas pequenas ou médias poupanças viam-nas sistematicamente estagnadas ou até diminuídas e, de seis em seis meses, recebiam uma carta-circular do engenheiro a explicar que os mercados estavam muito mal.
 
3 Depois, e seguindo a velha profecia marxista, o BCP quis crescer ainda mais e engolir o BPI. Não conseguiu, mas, no processo, o engenheiro trucidou o sucessor que ele próprio havia escolhido, mostrando que a tímida "renovação" anunciada não passava de uma farsa. E descobriu-se ainda uma outra coisa extraordinária e que se diria impossível: que o BCP e o BPI tinham participações cruzadas, ao ponto de hoje o BPI deter 8% do capital do BCP e, como maior accionista individual, ter-se tornado determinante no processo de escolha da nova administração... do concorrente! Como se fosse a coisa mais natural do mundo, o presidente do BPI dá uma conferência de imprensa a explicar quem deve integrar a nova administração do banco que o quis opar e com o qual é suposto concorrer no mercado, todos os dias...
 
4 Instalada entretanto a guerra interna, entra em cena o notável comendador Berardo - o homem que mais riqueza acumula e menos produz no país - protegido de Sócrates, que lhe deu um museu do Estado para ele armazenar a sua colecção de arte privada. Mas, verdade se diga, as brasas espalhadas por Berardo tiveram o mérito de revelar segredos ocultos e inconfessáveis daquela casa. E assim ficámos a saber que o filho do engenheiro fora financiado em milhões para um negócio de vão de escada, e perdoado em milhões quando o negócio inevitavelmente foi por água abaixo. E que havia também amigos do engenheiro e da administração, gente que se prestara ao esquema das "off-shores", que igualmente viam os seus créditos malparados serem perdoados e esquecidos por acto de favor pessoal.
 
5 E foi quando, lá do fundo do sono dos justos onde dormia tranquilo, acorda inesperadamente o governador do Banco de Portugal e resolve dizer que já bastava: aquela gente não podia continuar a dirigir o banco, sob pena de acontecer alguma coisa de mais grave - como, por exemplo, a própria falência, a prazo.
 
6 Reúnem-se, então, as seguintes personalidades de eleição: o comendador Berardo, o presidente de uma empresa pública com participação no BCP e ele próprio ex-ministro de um governo PSD e da confiança pessoal de Sócrates, mais, ao que consta, alguém em representação do doutor "honoris causa" Stanley Ho - a quem tantos socialistas tanto devem e vice-versa. E, entre todos, congeminam um "take over" sobre a administração do BCP, com o "agréement" do dr. Fernando Ulrich, do BPI. E olhando para o panorama perturbante a que se tinha chegado, a juntar ao súbito despertar do dr. Vítor Constâncio, acharam todos avisado entregar o BCP ao PS. Para que não restassem dúvidas das suas boas intenções, até concordaram em que a vice-presidência fosse entregue ao sr. Armando Vara (que também usa 'dr.') - esse expoente político e bancário que o país inteiro conhece e respeita.
 
7 E eis como um banco, que era tão independente que fazia tremer os governos, desagua nos braços cândidos de um partido político - e logo o do Governo. E eis como um banco, que era tão cristão, tão "opus dei", tão boas famílias, acaba na esfera dessa curiosa seita do avental, a que chamam maçonaria.
 
8 E, revelada a trama em todo o seu esplendor, que faz o líder da oposição? Pede em troca, para o seu partido, a Caixa Geral de Depósitos, o banco público. Pede e vai receber, porque há 'matérias de regime' que mesmo um governo com maioria absoluta no parlamento não se atreve a pôr em causa. Um governo inteligente, em Portugal, sabe que nunca pode abocanhar o bolo todo. Sob pena de os escândalos começarem a rolar na praça pública, não pode haver durante muito tempo um pequeno exército de desempregados da Grande Família do Bloco Central.
 
Se alguém me tivesse contado esta história, eu não teria acreditado. Mas vemos, ouvimos e lemos. E foi tal e qual.

ANTÓNIO SARAIVA LIDERA LOJA MAÇÓNICA


António Saraiva, da CIP, lidera nova loja, criada com i'rmãos' que saíram da Mozart. Silva Carvalho já regressou às sessões maçónicas.

Chama-se Loja George Washington e surge, no seio da maçonaria, como a substituta e sucessora da polémica Loja Mozart 49 – que chegou a ser das mais influentes lojas maçónicas do pais e que integrava, entre outros, elementos dos serviços secretos, do grupo Ongoing e da política.
Esta nova loja foi criada na terça-feira e tem como venerável (líder) António Saraiva, presidente da CIP - Confederação Empresarial de Portugal, que integrava a Mozart.
 
«Fez-se finalmente a consagração da nova loja», explicou ao SOL fonte da Grande Loja Legal de Portugal (GLLP), obediência dos maçons regulares e que integra estas duas lojas. A consagração realizou-se na nova sede da GLLP, em Telheiras.
 
Desde que veio a público o escândalo sobre uma teia de ligações perigosas na Mozart – entre os serviços secretos, a Ongoing, e políticos, nomeadamente do PSD – que a direcção da GLLP planeava criar uma nova loja para esvaziar a outra. Aliás, numa carta enviada no ano passado a todos os maçons, o grão-mestre, José Moreno, convidou alguns «irmãos» da Loja Mozart a sair, apelando ao seu «bom senso» para que tomassem a melhor decisão que protegesse o bom nome da maçonaria.
 
«Entretanto, muitos afastaram-se ou saíram da Mozart para outras lojas, nomeadamente para a Brasília e a Abade Correia. Só alguns ficaram», nota a mesma fonte, sublinhando que agora, com a criação da George Washington e o esvaziamento da Mozart, podem estar criadas as condições para que a «GLLP possa abater colunas» a esta última (termo maçónico que significa encerrar a loja).
 
Para a Loja George Washington, refere a mesma fonte, não transitaram elementos da Ongoing nem dos serviços secretos, mas sim diplomatas, empresários e pessoas com ligações à política: «Será poderosa, uma vez que o venerável é um homem com poder». Além disso, serão deslocados irmãos de outras lojas e recrutados novos membros. Entre os ‘irmãos’ que mudaram da Mozart, estará Nuno Manalvo, ex-chefe de gabinete de Isaltino Morais.
 
Silva Carvalho de regresso
 
No entanto, um maçon que pertence à Mozart garantiu ao SOL que esta loja ainda «está bem activa», tendo 17 dos 42 membros que existiam quando há um ano rebentou a polémica. Mas outra fonte garante que há o risco da «Mozart ficar sem quorum» para reunir.
 
Um dos elementos activos na Mozart será Jorge Silva Carvalho. Segundo um ‘irmão’, o antigo director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) – que se afastou depois de ser acusado de usar a Mozart para um projecto de ambição pessoal – já terá regressado à maçonaria, tendo participado em cinco sessões maçónicas. Neste momento, o venerável da Mozart é Rogério Tavares, um advogado, e Silva Carvalho ocupará a função de guarda interno.
 
Na Mozart, permanecem o coronel Francisco Rodrigues, que foi director de um departamento das ‘secretas’, e Neto da Silva, ex-deputado do PSD. E em Novembro passado entrou Alcides Guimarães, ex-candidato a grão-mestre. Já o líder da Ongoing, Nuno Vasconcelos, não tem aparecido nas sessões maçónica, vivendo actualmente a maior parte do tempo no Brasil.
 
Longe das sessões maçónicas da Mozart estão os políticos que viram os seus nomes envolvidos na polémica – como o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, e Paulo Miguel Santos, deputado do mesmo partido.
 

Sunday 15 September 2013

AS GRANDES FAMÍLIAS QUE DOMINAM O MUNDO

Algumas pessoas começaram a perceber que existem grandes grupos financeiros que dominam o mundo. Esqueçam as intrigas políticas, conflitos, revoluções e guerras. Nada é ao acaso. Tudo foi planeado há muito tempo.
 
 Alguns apelidam-no de “teorias da conspiração” ou Nova Ordem Mundial. De qualquer forma, a chave para compreender os actuais eventos políticos e económicos é um núcleo restrito de famílias que acumularam uma incrível riqueza e poder.

Estamos a falar de 6, 8 ou talvez 12 famílias que realmente dominam o mundo. Sei que é um mistério difícil de desvendar. Nós não estaremos longe da verdade citando Goldman Sachs, Rockefellers, Loebs Kuh e Lehman em Nova York, os Rothschilds de Paris e Londres, o Warburgs de Hamburgo, Paris e Lazards Brothers de Paris e Israel Moses Seifs de Roma.
 
 Muitas pessoas já ouviram falar do Grupo Bilderberg, os Illuminati ou a Comissão Trilateral. Mas quais são os nomes das famílias que dirigem o mundo e têm controlo de estados e organizações internacionais como a ONU, a NATO ou o FMI?
 
Para tentar responder a esta pergunta, podemos começar com o mais fácil: o inventário do maiores bancos do mundo e ver quem são os accionistas que tomam as decisões. As maiores empresas do mundo actualmente são: Bank of America, JP Morgan, Citigroup, Wells Fargo, Goldman Sachs e Morgan Stanley.
Vamos agora analisar quem são seus accionistas:
 
 
Bank of America:
State Street Corporation, Vanguard Group, BlackRock, FMR (Fidelity), Paulson, JP Morgan, T. Rowe, Capital World Investors, AXA, Bank of NY e Mellon.
 
 
JP Morgan:
State Street Corp, Vanguard Group, FMR, BlackRock, T. Rowe, AXA, Capital Investor Mundial, Capital Research Global Investor, Northern Trust Corp e Bank of Mellon.
 
 
Citigroup:
State Street Corporation, Vanguard Group, BlackRock, Paulson, FMR, Capital World Investor, JP Morgan, Northern Trust Corporation, Fairhome Capital Mgmt e Bank of NY Mellon.
 
 
Wells Fargo:
Berkshire Hathaway, FMR, State Street, Vanguard Group, Capital World Investors, BlackRock, Wellington Mgmt, AXA, T. Rowe e Davis Selected Advisers.
Podemos agora constatar o que parece ser um núcleo presente em todos os bancos: State Street Corporation, Vanguard Group, BlackRock e FMR (Fidelity). Para evitar repeti-los, vamos chamá-los de “Os Quatro Grandes”.
 
 
Goldman Sachs:
Os Quatro Grandes“, Wellington, Capital Mundial Investors, AXA, Massachusetts Financial Service e T. Rowe.
 
 
Morgan Stanley:
Os Quatro Grandes“, Mitsubishi UFJ, Franklin Resources, AXA, T. Rowe, Bank of NY, Mellon e Jennison Associates.
Podemos verificar os nomes dos principais accionistas. Para ir mais longe, podemos agora tentar descobrir accionistas dessas empresas e accionistas de grandes bancos no mundo inteiro.
 
 
Bank of NY Mellon:
Davis Selected, Massachusetts Serviços Financeiros, Capital Research Global Investor, Dodge, Cox, Southeatern Activos Mgmt. e … “Os Quatro Grandes“.
 
 
State Street Corporation (um dos “Quatro Grandes“):
Massachusetts Serviços Financeiros, Capital Research Global Investor, Barrow Hanley, GE, Putnam Investimentos e … os “Quatro Grandes” (os próprios accionistas!)
 
 
BlackRock (outro dos “Quatro Grandes“):
PNC, Barclays e CIC.
Quem está por trás do PNC? FMR (Fidelity), BlackRock, State Street, etc.
E por trás da Barclays ? BlackRock.
E poderíamos continuar durante horas, passando pelos paraísos fiscais nas Ilhas Cayman, o Mónaco ou o domicílio legal das empresas Shell em Liechtenstein. Uma rede onde as empresas são sempre as mesmas, mas nunca um nome de uma família.
 
 
Em suma: as oito maiores empresas financeiras dos EUA (JP Morgan, Wells Fargo, Bank of America, Citigroup, Goldman Sachs, EUA Bancorp, Bank of New York Mellon e Morgan Stanley) são 100% controladas por dez accionistas e nós temos quatro empresas sempre presentes em todas as decisões: BlackRock, State Street, Vanguard e Fidelity.
 
 
Além disso, a Reserva Federal é composta por 12 bancos, representada por um concelho de sete pessoas, que é composto por representantes dos “Quatro Grandes“, que por sua vez, estão presentes em todas as outras entidades.
 
 
Sucintamente, a Reserva Federal é controlada por quatro grandes empresas privadas: BlackRock, State Street, Vanguard e Fidelity. Essas empresas controlam a política monetária dos EUA (e no mundo) sem qualquer regulamentação ou escolha “democrática”. Essas empresas lançaram e participaram na crise mundial económica actual e conseguiram assim tornar-se ainda mais ricas e poderosas.
 
 
Para terminar, uma olhada nalgumas das empresas controladas por este grupo dos “Quatro Grandes” :
Alcoa Inc.
Altria Group Inc.
American International Group Inc.
AT&T Inc.
Boeing Co.
Caterpillar Inc.
Coca-Cola Co.
DuPont & Co.
Exxon Mobil Corp.
General Electric Co.
General Motors Corporation
Hewlett-Packard Co.
Home Depot Inc.
Honeywell International Inc.
Intel Corp.
International Business Machines Corp
Johnson & Johnson
JP Morgan Chase & Co.
McDonald’s Corp.
Merck & Co. Inc.
Microsoft Corp.
3M Co.
Pfizer Inc.
Procter & Gamble Co.
United Technologies Corp.
Verizon Communications Inc.
Wal-Mart Stores Inc.
Time Warner
Walt Disney
Viacom
Rupert Murdoch’s News Corporation.,
CBS Corporation
NBC Universal
Os mesmos “Quatro Grandes” controlam a grande maioria das empresas europeias contidas na bolsa de valores.
Além disso, todas essas pessoas dirigem as grandes instituições financeiras, como o FMI, o Banco Central Europeu ou o Banco Mundial, e foram “treinados” e permanecem “empregados” dos “Quatro Grandes” para os quais foram formados.
Os nomes das famílias que controlam os “Quatro Grandes” nunca aparecem.
 
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