Sunday 25 December 2011

O PORQUÊ DA NOBREZA

QUARTA-FEIRA, 21 DE DEZEMBRO DE 2011

Um dos tópicos mais controversos e, a meu ver, mais interessantes de todo o regime monárquico é a existência da nobreza. Nesta resenha tentarei apresentar as razões que me levam a crer que a existência de distinções hereditárias, quer se tratem de títulos, brasões, cargos honoríficos ou comendas, não prejudicam a monarquia; antes, são um dos inúmeros benefícios.

Em primeiro lugar a nobilitação tem como propósito distinguir um indivíduo, destacá-lo dos outros. É uma forma de o monarca declarar que a pessoa em questão é um exemplo, um modelo de conduta irrepreensível a seguir. Em segundo lugar, é uma forma de agradecer ao visado, mostrando que as suas acções em prole do bem comum são reconhecidas pelo Estado. Por outro lado, atendendo ao seu cariz vitalício, será certamente uma responsabilidade acrescida sobre o titular/brasonado, que terá que honrar o seu novo estatuto, mantendo um certo padrão de comportamento. Se não agir condignamente, deverá ser punido de forma duplamente severa (temos vários exemplos históricos disto).

Também digno de nota é o carácter hereditário: o direito a utilizar as armas ou o título de determinado antepassado herda-se, conforme as regras do direito nobiliárquico. Não consigo pensar em nada mais gratificante para alguém de quem a Nação se deve orgulhar do que saber que, após a sua morte, o seu nome não cairá em esquecimento e as suas acções valorosas serão perpetuadas na memória dos seus descendentes. Igualmente importante é o peso que carregam os ditos descendentes, que terão que demonstrar rectidão de carácter, firmeza de princípios e honestidade no seu relacionamento com outros, para não mancharem o nome do seu ilustre antepassado com um feito tão infame quanto foi valoroso o do avoengo.

Naturalmente, dado que o regime que se propõe (e penso que o único que é condigno com uma sociedade sadia) é uma monarquia constitucional, com raízes democráticas e parlamentares, qualquer concepção medieval de nobre enquanto senhor feudal é, no mínimo, digna de escárnio. Não se propõe que o nobre seja um detentor de poder quase absoluto nas suas terras ou que detenha direitos que violem os princípios de um estado democrático. O que se procura é que seja um exemplo a seguir pelos outros, na sua conduta profissional e pessoal e no exercício da cidadania na comunidade em que se insere. De forma análoga, que sejam banidos os pressupostos de alguns ignorantes que pensam que a nobreza se caracteriza por snobismo e arrogância. Pelo contrário, a razão da existência de nobreza não é menosprezar o povo: é dar-lhe modelos para seguir, pessoas que tornemos populares orgulhosos de serem portugueses. É perfeitamente plausível que aspirem a essas mesmas distinções e, se pelas suas acções as merecerem, também eles se elevarão na estrutura social.

Termino dizendo que não creio numa sociedade em que todos somos iguais. Creio numa sociedade em que os melhores, os mais altruístas, os mais valorosos se destacam, são devidamente recompensados e estimulam os outros a seguir o seu exemplo. A elevação à nobreza é a distinção mais consentânea com a nossa História e a que melhor ilustra o agradecimento e as expectativas do Estado aos seus notáveis.

por Henrique Sousa de Azevedo no Facebook, Sábado, 17 de Dezembro de 2011

PUBLICADA POR REAL ASSOCIAÇÃO BEIRA LITORAL EM 00:09

Wednesday 14 December 2011

GUIA PARA TRABALHAR NO BRASIL



Dilma e José Eduardo dos Santos


Guia para trabalhar no Brasil: salários, experiências, custo de vida

Emigrar para o Brasil

D.R.

14/12/2011 | 12:00 | Dinheiro Vivo

Na semana passada a consultora Michael Page revelou que os salários do Brasil ultrapassaram as remunerações praticadas nos países ricos – chegando a ser 85% mais altos.

O mercado de trabalho encanta cada vez mais estrangeiros – europeus e americanos na sua maioria. Um engenheiro civil brasileiro sénior começa a negociar o seu ordenado nos 5820 euros, o italiano nos 3740 euros.

O número de estrangeiros a trabalhar ou a estudar no Brasil – 1,4 milhões – já ultrapassou o contingente de brasileiros fora de fronteiras. Só no primeiro semestre de 2011, o aumento de estrangeiros legais no Brasil foi de 52% em relação ao semestre anterior.

Vêem aí os Jogos Olímpicos (2016), o Campeonato do Mundo (2014), há grandes obras públicas em andamento e muito petróleo para extrair no pré sal brasileiro – as áreas profissionais com mais demanda e mais bem pagas são engenharia de petróleo e engenharia ambiental.

Basta andar na rua e entrar nas lojas para sentir a voragem do consumo. Os milionários de São Paulo viajam de helicóptero para as estâncias na costa e enviam os seus carros de luxo, em camiões, dias antes. Tendo em conta o actual momento do Brasil, uma marca de uísque escolheu como slogan: “O gigante não está mais adormecido.”

Mas o Brasil não é apenas o país das oportunidades, abençoado por deus e bonito por natureza. O custo de vida nas grandes cidades aumentou. É quase tão caro arranjar um apartamento no Rio como em Nova Iorque – um T1 em Ipanema não custa menos de 1500 euros por mês. Para travar o sobreaquecimento da Economia e controlar a inflação, o governo de Dilma Rousseff adoptou medidas restritivas ao crédito e juros mais altos. Na mesma semana em que a Michael Page anunciava os elevados salários dos brasileiros, soube-se que a economia estagnava no terceiro semestre de 2011 – o governo apressou-se a dizer que nos últimos três meses do ano, com o aumento do consumo e das exportações, a desaceleração seria compensada.



O Brasil, já se sabe, é um lugar de contrastes e excessos. Pode ser tão fascinante como frustrante. Tem muitas oportunidades, mas é preciso saber chegar até elas.

Por mais que um português queira manter o seu modo de falar, se procura um emprego no Brasil é melhor que esqueça o orgulho linguístico. Margarida, que em Agosto deixou a empresa XN Brand Dynamics, em Lisboa, para se mudar para o Rio, arranjou emprego ao fim de mês e meio de procura. Desde cedo percebeu que, sem ser um grande problema, a comunicação exigia mais esforço do que imaginara: “Confesso que se torna difícil, tens de abrasileirar, falar mais devagar. Tens mesmo de fazer um esforço. Nós estamos muito habituados a ouvir o português do Brasil, eles não estão habituados a ouvir-nos. E falamos muito rápido.”

Margarida percebeu que o seu trato era demasiado formal para os brasileiros. Mesmo o modelo de CV é mais simples e menos formatado que o europeu: “Só quando mudei o meu CV para o modelo deles é que comecei a receber respostas.” Tanto nas entrevistas, nas cartas de apresentação, como no escritório, tudo é mais descontraído: “Em Portugal as hierarquias são mais vincadas, aqui falas com o teu patrão como um amigo. Há respeito mas não há medo.”

Outro português, José Filipe Torres, CEO da Bloom Consulting, com negócios em S. Paulo, faz outra recomendação: “Nós, os portugueses, julgamos ter mais afinidades com os brasileiros do que realmente temos. Por vezes, há até um certo paternalismo ou aquela coisa dos povos irmãos… Não somos tratados de forma especial. Somos como os italianos ou os japoneses. Mas o facto de sermos europeus já importa. Ter experiência de trabalho na Europa, de preferência em mais que um país, é bastante considerado.”

Margarida confirma que vir do velho continente é uma mais-valia. Na primeira empresa onde trabalhou, chegaram a justificar o pedido de visto com a “visão europeia do conceito de marca” que Margarida podia oferecer. E num país onde o inglês não está na ponta da língua de todos, saber outro idioma além do português é uma qualidade muito apreciada pelos empregadores.

Caçadores de cabeças

Com falta de mão de mão-de-obra qualificada que possa sustentar o desenvolvimento, o Brasil precisa de ir buscar estrangeiros. Grandes empresas globais de headhunting como a Michael Page confirmam a procura do mercado, especialmente em profissões técnicas, como engenharia e tecnologia da informação. Mas nem sempre é fácil, para um português acabado de chegar ao Brasil, estar referenciado por estas empresas ou dispor dos seus serviços. Maria Resende, 34 anos, que chegou ao Rio há dois meses e procura emprego na área da comunicação, conseguiu ser entrevistada por algumas empresas de head hunting: “É melhor ir lá directamente, com o CV e carta de apresentação. Mas nem todas aceitam e mandam-te enviar o CV pela via oficial.” Numa dessas entrevistas, sublinharam que tinha um excelente currículo e que o facto de saber línguas era um “diferencial” (mais-valia) importante. Apesar do entusiasmo dos headhunters, só foi chamada para duas entrevistas de emprego.

Margarida, que também trabalha em comunicação, usou outro método. Definiu as marcas para as quais gostaria de trabalhar e foi de porta em porta com o CV. Mês e meio depois foi chamada para várias entrevistas, na mesma semana, e arranjou emprego numa companhia brasileira – prefere não dizer o nome do empregador por razões que se perceberão adiante.

Um arquitecto português, ilegal no Brasil, disse: “Se há um ano me dissessem que estava a trabalhar e a viver ilegalmente no Rio de Janeiro, não acreditava.” Como muitos outros estrangeiros, recebe por baixo da mesa. Ter visto não é fácil mas também não é impossível. Empresas multinacionais, habituadas a contratar estrangeiros, não temem o processo e chegam a tratar de tudo. Mas as empresas brasileiras, que só agora começam a lidar com empregados de outros países, são menos diligentes.

Miguel Bacelar, director de planeamento estratégico da Publicis Brasil, aconselha a contratação de um advogado para conseguir o visto e sugere que, nas entrevistas de emprego, o candidato sublinhe que o visto não é um bicho de sete-cabeças. Com a ajuda de um advogado ou despachante, o processo pode custar até dois mil euros.

Mas Margarida preferiu fazer tudo sozinha – pagando apenas as taxas do consulado – e aconselha todos a informarem-se muito bem antes de iniciar o processo. Outro dos problemas com o visto, segundo Margarida, é que “a empresa precisa de se responsabilizar pela tua saúde e repatriação, e nem todas querem essa responsabilidade.” Um mês e meio depois de estar empregada e de ter organizado ela mesma a candidatura do visto, a empresa decidiu que afinal não contava mais com Margarida.

José Filipe Torres avisa: “Claro que há mais oportunidades no Brasil que em Portugal e que se ganha melhor. Mas não se pense que tudo são facilidades e que todos vão enriquecer na corrida ao ouro. Trabalha-se muito, especialmente em São Paulo, onde têm uma mentalidade muito americana, muito competitiva. Trabalha-se muitas horas. Quem vem para o Brasil tem que ver além da fuga à crise, o Brasil não vale apenas pelos salários altos, vale pela experiência.”

Sunday 30 October 2011

HRH CROWN PRINCE PAVLOS OF GREECE ON THE ECONOMIC PROBLEMS OF HIIS COUNTRY

DAVID CAMERON: RESTRIÇÕES NA AJUDA A PAÍSES QUE PROIBEM A HOMOSSEXUALIDADE


David Cameron revelou intenção durante um encontro na Commonwealth

Reino Unido vai reter ajudas a países que proíbem homossexualidade


Primeiro-ministro David Cameron admitiu que o corte das ajudas não pode ser imediato

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, ameaçou reter as ajudas britânicas aos países que proíbem a homossexualidade a menos que estes reformulem a legislação.

Numa entrevista à estação pública britânica BBC, gravada em Perth (Austrália) e emitida este domingo, o chefe do Executivo explicou que essa questão foi abordada durante o encontro da Commonwealth nessa cidade australiana.

A reforma dos Direitos Humanos na Commonwealth foi precisamente o assunto em que não houve acordo durante os três dias que durou o encontro.

Pôr fim ao veto à homossexualidade foi uma das recomendações dadas numa informação interna sobre a relevância futura da Commonwealth.

Na entrevista à BBC, o primeiro-ministro David Cameron sublinhou que as "ajudas britânicas deviam implicar mais condições" por parte dos países que as recebem.

Não obstante, o líder conservador admitiu que os "profundos prejuízos" arraigados nesses países que proíbem a homossexualidade impedem que essa reforma seja imediata.

"O Reino Unido é um dos maiores dadores de ajudas ao Mundo. Queremos ver que os países que recebem a nossa ajuda aderem a políticas de Direitos Humanos", frisou.

Quarenta e um dos 54 membros da Commonwealth têm leis que proíbem a homossexualidade. Por seu turno, a Amnistia Internacional criticou os países participantes na cimeira por não terem adoptado as recomendações para acabar com a ilegalização da homossexualidade e criar a figura de comissariado para a democracia, o Estado de Direito e os Direitos Humanos.

A cúpula da Commonwealth esteve reunida em Perth, durante uma cimeira de três dias de debates para adequar a organização ao século XXI.

Tuesday 27 September 2011

ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA DA ORDEM DOS ADVOGADOS 24 DE SETEMBRO 2011


Apoio judiciário: advogados avançam para tribunal

Anúncio foi feito pelo bastonário durante assembleia-geral extraordinária

O bastonário da Ordem dos Advogados afirmou este sábado que vai tomar «acções judiciais contra o Estado» e que «não vai perdoar nem um centavo dos juros da dívida [cerca de 30 milhões de euros] que o Estado tem para com os advogados oficiosos».

Na abertura da assembleia-geral extraordinária que decorreu na sede da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto levantou a questão.

«Vamos tomar acções judiciais contra o Estado e não vamos perdoar nem um centavo de juros. Nem que o Estado leve 100 anos a pagar aquilo que deve», afirmou, perante uma plateia de cerca de 600 advogados, citado pela Lusa.

O bastonário revelou que já escreveu ao Fundo Monetário Internacional (FMI), à Comissão Europeia e ao Banco Central Europeu (BCE) sobre o assunto e já «pediu audiências junto do Parlamento Europeu».

Marinho Pinto defendeu também que o primeiro-ministro «não pode ficar calado perante esta indignidade». O bastonário explicou que, em média, o «Estado paga 216 euros aos advogados por cada apoio judicial».

Marinho Pinto desafiou a ministra a «revelar quanto paga às grandes sociedades de advogados de Lisboa e Porto», a divulgar «qual o valor dos subsídios de residência pagos aos magistrados mesmo depois de reformados» e a «anular os contratos leoninos a favor dos senhorios».

«Mas isso a senhora ministra não o vai fazer, porque alguns dos beneficiados são do seu partido», acusou.

O bastonário afirmou ainda que o Ministério da Justiça é gerido «por uma coutada de familiares e amigos» de Paula Teixeira da Cruz.

Marinho Pinto disse que o ministério «está entregue a João Correia [ex-secretário de Estado da Justiça do Governo de José Sócrates], cunhado da ministra», criticando ainda a nomeação de assessores por parte da governante.

O responsável da Ordem dos Advogados acusou ainda a ministra da Justiça de «ter duas caras, uma quando estava na Ordem e outra quando chegou ao Governo», acusando-a de «estar a levar a cabo uma campanha infame e covarde contra os advogados que prestam apoio judiciário».

«Quando estava na Ordem, a senhora ministra propôs que os honorários fossem pagos em oito dias e depois de chegar ao Governo mudou o discurso. Isto demonstra uma clara falta de vergonha e um elevado grau de oportuníssimo por parte da ministra», acusou.

As irregularidades nos processos

Já a vice-presidente da AO disse que à Ordem «apenas chegaram 1.752 processos irregulares e não 3.500 como avançou o Ministério da Justiça» e «só 10 a 20 por cento representam irregularidades materiais».

Elina Fraga avançou os dados que estão a ser alvo de uma auditoria por parte do Ministério da Justiça sobre as irregularidades que a tutela terá encontrado.

«Dos 1.752 processos irregulares, apenas 10 a 20 por cento representam irregularidades materiais», esclareceu a vice-presidente, admitindo também a «existência de irregularidades graves».

Elina Fraga adiantou que nos 1.752 processos se constatam três tipos de irregularidades.

«As dolosas, em que há advogados que pedem para receber mais do que aquilo a que tinham direito, e nesses casos têm de ser punidos. As negligentes, onde os próprios advogados são prejudicados com as irregularidades. E, surpreendentemente, há casos em que os advogados pedem para receber menos, contabilizando apenas parte das sessões», referiu.

No final, os cerca de 600 advogados presentes na assembleia-geral aprovaram, por maioria, a proposta onde o Bastonário fica com poderes para «demandar o Estado Português, com vista ao pagamento coercivo dos montantes em dívida».

ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA DA ORDEM DOS ADVOGADOS 24 DE SETEMBRO 2011

Thursday 15 September 2011

JACKIE KENNEDY: UMA LÍNGUA VIPERINA?


Jackie Kennedy. Uma língua viperina com meio século

Publicado em 15 de Setembro de 2011 | Actualizado há 9 horas

As gravações de uma entrevista inédita à primeira-dama chegaram ontem às mãos dos americanos em áudio e livro

A primeira-dama que se tornou epítome de beleza e elegância na América do pós--guerra tinha uma língua afiada e sarcasmo para dar e vender. É esta a primeira conclusão que se tira sobre Jackie Kennedy a partir de uma entrevista com o amigo, historiador e colaborador da Casa Branca Arthur Schlesinger - que se comprometeu a publicar as oito horas e meia de conversa só 50 anos após a morte da que foi primeira-dama dos EUA.

Quarenta e sete anos depois, as gravações ("Jacqueline Kennedy - Historic Conversations on Life with John F. Kennedy") chegaram ontem às bancas norte-americanas em livro e em versão áudio - onde, segundo o "Daily Mail", se pode ouvir Jackie a falar com uma voz tão suave e sussurrante como a de outra mulher da vida de JFK, Marilyn Monroe, na mítica canção de aniversário para "Mister President".

A conversa com Schlesinger aconteceu poucos meses depois do assassinato do presidente, um dos mistérios por revelar da história, tinha Jackie 34 anos. Segundo o britânico "The Independent", a data de publicação das memórias foi antecipada por vontade da filha, Caroline, guardiã oficial das gravações, que quis vê-las publicadas para assinalar o 50.o aniversário do início da administração Kennedy.

Além de seriamente crítica com muitos líderes da altura, como o general Charles de Gaulle, ou de figuras emblemáticas da história americana, como Martin Luther King ("um homem terrível", que participava em "festas de sexo"), Jackie mostra que, para a posteridade, não se importou de mostrar que tinha uma língua afiada e era dada à coscuvilhice (basta ler o comentário que fez sobre a então primeira-dama vietnamita, de quem dizia ser lésbica).

Mas nem só de maldizer se faz esta conversa. Ao mesmo tempo que é dura nas críticas aos outros, Jackie mostra-se afectuosa e ultadedicada ao casamento com JFK, mesmo falando depois da sua morte. "Fui sempre um risco para ele. [Mas apesar] de o casamento ter sido terrivelmente vitoriano ou asiático, [estava] determinada a criar um clima de afecto, conforto e calma."



Wednesday 14 September 2011

HISTORIADOR ORGANIZA ESPÓLIO DE PAIVA COUCEIRO

Historiador apresenta recolha do espólio do militar

"Paiva Couceiro é um bom antídoto para Salazar"

Filipe Ribeiro de Meneses aceitou o convite dos familiares de Paiva Couceiro para organizar o espólio do herói militar de África e inimigo número 1 da República.

Por:Leonardo Ralha

Correio da Manhã – Qual foi a sua reacção quando recebeu o convite dos herdeiros de Paiva Couceiro?

Filipe Ribeiro de Meneses – De início limitei-me a sugerir a entrega da documentação à Torre do Tombo. Mas senti que havia da parte de Miguel de Paiva Couceiro, detentor do espólio, o desejo de fazer algo mais – e quando vi o catálogo por ele elaborado, percebi que era de facto possível, e mesmo desejável, aprofundar a nossa colaboração. Sugeri a elaboração de um volume com base no espólio, que o tornasse acessível a um público mais vasto e assinalasse não só o 150.° aniversário do nascimento do 'Comandante' Paiva Couceiro como também o centenário da primeira incursão monárquica, a 5 de Outubro de 1911-

– Nunca pôs a hipótese de utilizar esse espólio para escrever uma biografia política semelhante à de Salazar?

– Discutimos essa possibilidade, mas havia duas dificuldades. A primeira era o tempo necessário para escrever uma biografia e que eu, envolvido noutros projectos, não podia disponibilizar. A segunda prendia-se com a natureza do espólio, mais completo a partir de 1910. Seria preciso pesquisar documentação que se encontra noutros arquivos, o que, para quem, como eu, reside no estrangeiro, seria duplamente difícil. Mas creio que não tardará muito para que, com base neste espólio, alguém inicie essa biografia de Paiva Couceiro, pois todas as outras estão agora, em teoria, obsoletas.

– As primeiras cartas incluídas no livro agora editado pela D. Quixote são posteriores às campanhas de África. Não havia documentos mais antigos?

– Há alguns documentos anteriores a 1910, mas quase nada sobre a juventude de Paiva Couceiro, as campanhas de África - que o tornaram um herói nacional - e o governo de Angola, que exerceu durante o período do franquismo. A residência de Paiva Couceiro foi assaltada e pilhada em 1915, durante a revolta de 14 de Maio. Imagino que muita documentação tenha desaparecido nesse dia.

– Sente falta dessa faceta da personagem histórica?

– Sim, embora o que reste – e que não é pouco – chegue para reconstruir o pensamento político de Paiva Couceiro e a sua acção durante três décadas. Depois da comemoração do centenário da República, celebra-se este ano o centenário da primeira incursão monárquica: a luta pela restauração da monarquia, e pela união entre monárquicos, é o prato forte do livro, o tema que lhe dá a sua coesão. E ao lermos as suas páginas, temos sempre presente o estatuto adquirido por Paiva Couceiro ao longo dos anos passados em África, tal a admiração que os seus seguidores tinham pelo 'Comandante'.

– Qual foi a maior surpresa que teve em relação à ideia que fazia de Paiva Couceiro?

– Pensava que a partir do fracasso da Monarquia do Norte, em 1919, ele se tinha tornado irrelevante – mas tal não é o caso. Continuou a gozar de grande popularidade entre os monárquicos; a ser ouvido, respeitado e temido pelos seus inimigos. É notável a forma como a ditadura militar hesita, a partir do 28 de Maio, em permitir o regresso a Portugal de Paiva Couceiro: teme o efeito mobilizador que terá entre monárquicos, mas também entre republicanos, que o continuam a ver como um perigo real. E mesmo Salazar tem de lidar com ele de forma muito especial.

– Escrever sobre um homem que esteve quase sempre do lado dos perdedores é mais ou menos estimulante do que escrever sobre alguém que deteve o poder durante quatro décadas?

– É completamente diferente. As decisões de Salazar afectaram todos os portugueses; uma biografia de Salazar é de certa forma uma História de Portugal, pois tem ramificações políticas, diplomáticas, económicas, etc. Um livro sobre Henrique de Paiva Couceiro é mais limitado: é, no fundo, o estudo de uma maneira de ver e pensar Portugal, entre muitas outras. Ao mesmo tempo, porém, trata-se de um homem de acção, que se expõe ao perigo, que não hesita em dizer e escrever o que pensa e que, nesse sentido, é um bom antídoto para Salazar.

– Arrisca adivinhar o que Paiva Couceiro pensaria do Portugal de 2011?

– Esse é sempre um exercício difícil... Tudo depende da forma como Henrique de Paiva Couceiro lidasse com dois desenvolvimentos históricos profundos, a que não pôde assistir: a vaga anticolonialista que nasceu no seio da própria Europa após 1945 e a força surpreendente das democracias ocidentais, capazes de derrotar os totalitarismos europeus de direita e, mais tarde, de esquerda. Estas mudanças tornaram algumas das bases do seu pensamento político – que Portugal precisava de colónias para sobreviver enquanto nação independente e que o liberalismo em Portugal era incapaz de assegurar a estabilidade – obsoletas. Se Paiva Couceiro entendesse a importância, e as consequências práticas desses desenvolvimentos, poderia compreender e aceitar grande parte do Portugal de hoje... mas continuaria a ser monárquico, desconfiaria da União Europeia e veria a tutela financeira da troika como uma enorme humilhação.

PERFIL

FILIPE RIBEIRO DE MENESES nasceu em Lisboa há 41 anos e doutorou-se no Trinity College de Dublin, na República da Irlanda, onde vive com a mulher e dois filhos, enquanto dá aulas na Universidade de Maynooth. Escreveu 'Salazar - Uma Biografia Política' e organizou o espólio que será hoje entregue pelos netos de Paiva Couceiro na Torre do Tombo e pode ser consultado no livro 'Paiva Couceiro: Diários, Correspondência e Escritos Dispersos', também editado pela D. Quixote.

Saturday 3 September 2011

BULLYING E O MEDO DE VOLTAR À ESCOLA


Numa altura em que se prepara o regresso às aulas, o que fazer quando a criança tem medo da escola?

Agredido e humilhado por colega na escola

"Davam-me pontapés e chamavam-me nomes"

O termo é novo no nosso vocabulário, mas o bullying é um fenómeno que esteve sempre presente na nossa sociedade. Considerado como uma guerra silenciosa, o bullying afecta cerca de dois milhões de crianças em toda a Europa. As vítimas de bullying sentem-se, geralmente, insignificantes e sem valor. As consequências são de tal forma constrangedoras, que as crianças acabam por temer a própria instituição escolar!

O QUE É O BULLYING?

O bullying é um comportamento consciente, intencional, deliberado, hostil e repetido, de uma ou mais pessoas, cuja intenção é ferir os outros. O bullying pode assumir várias formas e pode incluir diferentes comportamentos, como é o caso de violência e ataques físicos; ofensas verbais e insultos; ameaças e intimidações; extorsão ou roubo de dinheiro e pertences e exclusão do grupo de colegas/amigos.

O bullying é uma afirmação de poder através de agressão e as formas como este poder se apresenta muda m consoante a idade. Este fenómeno é, também, uma forma de pressão social, que acarreta muitos traumas na vida dos alunos que diariamente convivem com esta realidade, fazendo com que, muitas das vezes, condicionem o seu quotidiano às solicitações dos agressores.

Na maioria dos casos há um compromisso por parte das vítimas como forma de evitar novas retaliações, conduzindo, assim, a situações anómalas, já que a obrigatoriedade do silêncio faz com que a maioria dos comportamentos seja evidenciada pelos efeitos dos danos desta pressão no rendimento escolar, pelo isolamento, fobia escolar ou depressão.

Humilhações e ofensas fazem parte do dia-a-dia das vítimas de bullying. Estima-se que cerca de metade dos alunos já estiveram envolvidos neste fenómeno, sendo que a maioria não se queixa por vergonha.

QUEM PRATICA O BULLYING?

Em termos de perfil, os agressores tendem a ser alunos mais autoconfiantes que utilizam a agressão como forma de domínio, reforçando assim a sua sensação de autoconfiança e de autoestima. São alunos mais activos, com um bom autoconceito físico e socialmente enquadrados, sendo vistos pelos pares com uma espécie de ídolo ou de aluno que não se afronta porque se tem medo.

QUEM SÃO AS VÍTIMAS?

Já as vítimas apresentam uma baixa auto-estima, uma baixa confiança em si e um maior sentimento de solidão e de isolamento social. Com um número reduzido de amigos e com tendência para serem socialmente rejeitados pelos pares são, de um modo geral, alunos mais tímidos, com uma maior dificuldade de estabelecer relações com os colegas e, consequentemente, também têm menores redes de suporte social que lhes permita ter, eventualmente, colegas que os defendam numa situação de envolvimento com alunos agressores.

Por norma, as vítimas são de alguma maneira “diferentes”. Por exemplo, usam óculos, são muito altos ou baixos, são muito magros ou gordos, são de outra etnia/raça, têm notas altas/baixas ou têm alguma limitação física. As vítimas parecem ser mais vulneráveis e, por isso, são presas mais fáceis.

QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS?

O bullying tem consequências no desempenho escolar de ambos os alunos - vítima e agressor - que se reflectem em baixos resultados académicos. As vítimas de bullying sentem-se tristes e assustadas e as consequências deste fenómeno podem ser nefastas. O isolamento, o medo de ir à escola, a ansiedade, os pesadelos e insónias podem desenvolver uma depressão, que mais tarde pode chegar mesmo ao suicídio.

Mas, apesar dos números alarmantes, não se pense que este tipo de agressão entre alunos faz parte do desenvolvimento normal dos mais novos. Por isso, apesar de este ser um fenómeno que sempre aconteceu, com a visibilidade que tem ganho, professores, educadores e corpo directivo da escola têm estado mais atentos e existem escolas que possuem, mesmo, campanhas anti-bullying.

“De há um tempo para cá, com a constante visibilidade e proliferação de casos de bullying, noto que existe uma maior atenção por parte da escola”, explica Tânia Paiais, psicóloga clínica e directora do Portal Bullying.

02-09-2011 11:06

Friday 2 September 2011

ANTÓNIO NETO ADVOGADO OFICIOSO

Defesas oficiosas

Justiça não controla serviços prestados pelos advogados que fazem apoio judiciário

01.09.2011 - 14:40 Por Mariana Oliveira

          António Neto é um dos advogados que dependem das defesas oficiosas
(Foto: Pedro Cunha)

Dívida de 40,2 milhões de euros leva Ordem dos Advogados a marcar assembleia geral para discutir problema. Uma moção a pedir a suspensão das novas nomeações vai a votos.

Os serviços da Justiça não confirmam os serviços prestados pelos advogados que fazem as defesas oficiosas e que são pagas pelo Estado (uma média anual de 46,7 milhões de euros desde 2005) para garantir a representação dos cidadãos com menores rendimentos. A falha foi reconhecida no primeiro relatório de monitorização do Sistema de Acesso ao Direito, em Agosto de 2009, que considerava "urgente" a sua resolução, mas até agora nada foi feito.

O Ministério da Justiça (MJ) confirma a deficiência e garante que a "situação está a ser acompanhada muito de perto pelo gabinete da sra. ministra", que está a tentar resolvê-lo. Numa nota escrita enviada ao PÚBLICO, o MJ diz que o problema "foi provocado por dois actos legislativos praticados pelo mesmo secretário de Estado da Justiça, João Tiago Silveira", e acrescenta desconhecer as razões que determinaram as alterações que levaram "à actual falta de fiscalização".

Em causa estão duas portarias que definiram as condições de prestação das defesas oficiosas. A primeira foi publicada em Janeiro de 2008 e previa que o pagamento destes serviços era "sempre efectuado por via electrónica, tendo em conta a informação remetida pela Ordem dos Advogados ao Instituto de Gestão Financeira e Infra-estruturas de Justiça (IGFIJ) e confirmada pelas secretarias dos tribunais" ou outras entidades [serviços do Ministério Público e órgãos de polícia criminal]. Contudo, antes das regras entrarem em vigor, em Fevereiro de 2008, João Tiago Silveira fez uma nova portaria que revogava alguns termos da anterior, desaparecendo a referência à confirmação dos serviços: "O pagamento é sempre efectuado por via electrónica, tendo em conta a informação remetida pela Ordem dos Advogados ao IGFIJ".

Nas acções judiciais entradas antes de 1 de Setembro de 2008, os honorários dos advogados oficiosos são determinados pelo juiz. A partir daquela data, os advogados, através de um sistema informático criado pela ordem (SINOA), passaram a preencher as suas notas de honorários, com base numa tabela previamente definida, que são remetidas electronicamente para o IGFIJ, que as paga.

O problema é que este instituto não tem forma de confirmar se os actos que os advogados dizem que realizaram e pelos quais pedem honorários foram efectivamente realizados. "O conselho directivo do IGFIJ tem vindo a autorizar estes pagamentos sem que estejam devidamente confirmadas as prestações de serviços, com o intuito (e fundamento) de não estar a prejudicar terceiros por questões relativamente às quais estes são totalmente alheios", diz a Comissão de Acompanhamento do Sistema de Acesso ao Direito, no seu primeiro e único relatório. E acrescenta: "Contudo, facilmente se compreenderá que esta situação não se pode continuar a arrastar indefinidamente". Admitia-se ainda que o "actual modo de funcionamento do sistema propicia que sejam efectuados pelo IGFIJ inúmeros pagamentos indevidos e ilegítimos, situação que poderá ser facilmente evitada, ou pelos menos significativamente atenuada, desde que haja alguma colaboração das restantes entidades envolvidas no sistema no que respeita à confirmação dos serviços prestados". Defendia-se então que era "urgente" cruzar os dados da aplicação do IGFIJ que processa os pagamentos e o sistema informático dos tribunais, o Citius, "de forma a possibilitar que, pelo menos, a maior parte dos serviços prestados sejam efectivamente confirmados".

O bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho e Pinto, critica a "arbitrariedade" do anterior sistema em que o juiz definia os honorários, mas reconhece a importância da confirmação dos serviços prestados. "O Governo já devia ter feito isso há três anos, mas não quis gastar dinheiro", afirma o bastonário. Marinho e Pinto sublinha que os infractores devem ser punidos severamente, mas recusa que se lance uma suspeição sobre os mais de nove mil advogados inscritos no apoio judiciário. Recentemente a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, anunciou uma auditoria a estes pagamentos, após uma inspecção a 56 processos ter detectado uma elevada taxa de irregularidades. António Neto, de 44 anos, é um dos advogados que dependem em grande parte das oficiosas e a quem a Justiça não paga há meses. A dívida total atingia em final de Julho os 40,2 milhões de euros (incluídos IVA e IRS pagos pelo IGFIJ) e o ministério não adianta data para começar a pagar. "Tão logo quanto possível o valor será pago", diz apenas, garantindo que este atraso nada tem a ver com a auditoria em curso. António Neto está cansado de esperar pelos mais de cinco mil euros que lhe devem e vai à assembleia geral da ordem com uma moção que defende a suspensão das novas nomeações. Mas sabe que isso não paga as dívidas que desde Abril acumula na banca, por não conseguir cumprir os compromissos de parte dos empréstimos que contraiu.

http://www.publico.pt/Sociedade/justica-nao-controla-servicos-prestados-pelos-advogados-que-fazem-apoio-judiciario_1510106?all=1

Tuesday 23 August 2011

ENTREVISTA DE D. DUARTE PIO À VISÃO EM 2006



Entrevista a D.Duarte pela revista Visão, 2006

Novembro 17, 2008

Paiva Monteiro

Um maço de cigarros Sampoerna, made in Indonésia, numa mesinha baixa, denuncia uma viagem recente a Timor. As cadeiras de estilo, os quadros que nos espreitam, antigos reis, o condestável Nun’Álvares, os pais e avoengos do dono deste solar sintrense, o jardim inglês, imponente mas um pouco lúgubre, lá fora… Estamos num livro de Os Cinco. E se o cão Tim aqui estivesse, não pararia de rosnar. Por baixo de um enorme óleo sisudo de D. Miguel I, duas bicicletas de criança e uma bola de futebol indicam que há vida para lá do silêncio deste «castelo» assombrado. Por aquela porta, poderá entrar, com efeito, uma assombração. E ei-la que entra mesmo. No seu bigode de D. Quixote, no seu fato príncipe de Gales tão fora de moda como o resto. D. Duarte, 61 anos, senta-se e sorri. Um belo sorriso. Por baixo daquelas melenas desgrenhadas, há uma pessoa ingénua, aqui, malandreca, ali, irónica, acolá, que se humaniza, se emociona, conversa, pensa e seduz. Surpresa: saímos muito mais monárquicos do que entrámos.

VISÃO: Duarte Pio João Miguel Gabriel Rafael. É este o nome que consta do seu BI?

D. DUARTE PIO: O facto de ter muitos nomes próprios, por tradição familiar, remete para santos que acreditamos que nos protegem. Miguel, Gabriel e Rafael são os nomes dos três arcanjos… Curiosa foi a situação do Afonso [filho primogénito, 10 anos]. Quando fui fazer o registo, disseram-me que tinha nomes a mais. Pedi que se pusesse Afonso de Santa-Maria, com hífen… Mas disseram-me que não, que ficava com nome de futebolista espanhol! Lá tive de escrever uma carta ao ministro da Administração Interna, para autorizar. No meu BI está apenas Duarte Pio de Bragança.

O seu padrinho foi o Papa Pio XII…

Pio XII era amigo do meu pai. Simultaneamente, foi meu padrinho e do príncipe Hans-Adam, do Liechtenstein. O baptizado foi na Suíça, com a presença do Núncio Apostólico, em representação do Papa.

Mas veio a conhecê-lo?

Conheci-o. Fui ao Vaticano, várias vezes, com a minha família. Era uma pessoa extraordinária, com uma personalidade fortíssima. Da primeira vez, fomos de comboio, desde a Suíça…

E a sua madrinha foi quem?

Foi a rainha D. Amélia. Pouco tempo antes, tinha havido a reconciliação entre o lado legitimista da família, que descendia do meu bisavô D. Miguel, e o lado da monarquia constitucional, do meu trisavô D. Pedro IV.

Falava-se, em sua casa, dessa desavença, que originou uma guerra civil em Portugal, no séc. XIX?

Falava-se. Era a razão pela qual estávamos no exílio. E só voltámos a Portugal em 1953.

E uma criança como D. Duarte percebia o que era o exílio?

Percebia que não podia voltar ao nosso país.

Mas Portugal era uma realidade distante, não era bem o seu país…

Mas só se falava português, em casa. Mesmo os meus amigos aprenderam a falar português. Recebíamos portugueses, líamos livros, e cheguei a vir, várias vezes, a Portugal sem os meus pais, com a minha tia Filipa, que vivia em Serpins. Tomava banho no rio Ceira, brincava com os filhos da moleira… Fiquei com um grande encanto pelas casas com iluminação a petróleo. Já na Força Aérea, reconheci o cheiro dos combustíveis…

E ainda voa?

Até há pouco tempo, com um comandante meu amigo, pilotei um helicóptero, no combate aos incêndios… Infelizmente, ele já faleceu e, desde então, não voei mais.

O seu pai, D. Duarte Nuno, anunciou o seu nascimento, em Maio de 1945, fazendo referência às «primeiras horas da paz». E saudou a vitória dos aliados…

Lembro-me das conversas sobre a Guerra, já passados anos. Quando Hitler anexou a Áustria, onde o meu pai tinha nascido e vivia, a família deslocou-se para a Suíça.

O seu pai nasceu sobre terra ida de Portugal. E o senhor no consulado português de Berna. Um pretendente ao trono tem de nascer em terra portuguesa?

Um monarca português tem de nascer em território nacional. A única excepção foi a de D. Maria II que tinha nascido no Brasil.

E como se educa um rei?

No sentido da responsabilidade. Temos de prestar um serviço ao País. O meu pai sacrificou-se muito mais do que eu. E não seguiu a carreira profissional que gostava de ter seguido. Era engenheiro agrónomo, mas gostaria de ter sido engenheiro de máquinas.

E por que não?

Porque, na nossa situação, temos de escolher profissões liberais, para não estar dependentes de superiores que mandem em nós.

Os seus filhos, também são educados assim? O Infante Afonso está a ser preparado para assumir o trono?

Tenho essa preocupação. Eles andam em colégios, aqui em Sintra. Mas acho que o importante é terem uma formação intelectual, moral e física sólidas, que lhes permita fazer as suas escolhas, no quadro de uma profissão em que possam também sustentar-se.

Nenhum dos seus filhos quer ser jogador de futebol, por exemplo?

Não, mas a Maria Francisca [9 anos] diz que quer ser toureira – é uma excelente cavaleira, aliás. Ou médica. E quando se zanga com os pais, diz que será médica legista…

E outras actividades próprias de um rei? Equitação, esgrima, polo…

Bem as actividades tradicionalmente praticadas pela aristocracia são hoje praticadas por qualquer pessoa que tenha algum poder económico… Já não é um exclusivo de uma classe… No meu caso são as actividades possíveis. A minha mãe fazia equitação, o meu pai não. Eu tive aulas de equitação, sobretudo no Colégio Militar..

Mas o senhor queria ser aviador.

Aos 16 anos, tirei o meu primeiro brevê, de planador, em Alverca. E havia um aluno, filho de um responsável dos planadores. Ficámos muito amigos, eu ia lá a casa e o pai, um dia, confiou-me um segredo, que eu não podia revelar a ninguém. Que pertencia ao PCP. Nos início dos anos 60, foi uma emoção muito grande para mim… Lá me explicou porquê, o que era aquilo…

Como eram as relações da sua família com Salazar?

O nosso regresso do exílio foi votado pela Assembleia Nacional. Na primeira votação, proposta pelos deputados monárquicos, o projecto chumbou: Salazar mandou votar contra. Mais tarde, foi aceite. Mas Salazar sempre se opôs à restauração da monarquia. Desconfiava das ideias demasiado liberais do meu pai. Aliás, o meu pai ainda esboçou um documento a pedir uma abertura política, mas teve de ceder a fortíssimas pressões de monárquicos conservadores e recuou. Salazar tinha simpatia pessoal pela minha tia Filipa, mas uma grande desconfiança em relação à outra tia, Maria Adelaide, que achava muito «esquerdista»…

Acha que o Estado Novo receava a Família Real?

Havia sobretudo uma grande preocupação de equilíbrio de forças entre maçonaria, republicanos, monárquicos… Salazar queria dividir para reinar. Mas dizia que a família real era uma reserva nacional.
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Apesar disso, não seguiu o exemplo de Franco, que preparou o regresso da monarquia…
Não, ele sempre se opôs.

Quando começou a perceber quem era e o que representava?

Comecei a perceber melhor já em Portugal, na escola portuguesa. Nas festas de aniversário em gaia, em Coimbrões em Coimbra (São Marcos) chegavam a aparecer 20 mil pessoas nas festas do 1.º de Dezembro. Uma vez cumprimentei 12 mil pessoas! Utilizei uma máquina na outra mão, para as contar…

O regime impediu-o, durante algum tempo, de frequentar o Colégio Militar…

Foi o Presidente Craveiro Lopes que, tendo jurado fidelidade à República, não concebia a ideia de admitir o herdeiro real na instituição. Muita gente não percebe que a fidelidade à república é às leis vigentes. Que não são estáticas. As instituições republicanas não são incompatíveis com a existência de um rei. Várias nações europeias são repúblicas com rei. O Rei é o grande defensor das instituições, da unidade nacional, da soberania.

No Colégio Militar, participou num levantamento de rancho…

oi uma espécie de greve académica! Um professor tinha cometido uma grande injustiça com um aluno. Os graduados do 7.° ano fizeram levantamento de rancho e foram todos expulsos. O levantamento passou para o 6.° e foram também todos expulsos. Depois passou para o 5.°, que eu frequentava. Aí, a direcção do Colégio negociou e reintegrou toda a gente. E, olhe, ganhámos!

É adepto de algum clube?

Era do Benfica, porque era o clube que não tinha estrangeiros. Depois…

E os seus filhos?

Quando o Dinis [7 anos] foi baptizado, no Porto, o FC do Porto inscreveu-o como associado. E tornou-se um portista fanático. A Maria Francisca é do Sporting. O Afonso diz que não tem clube…

Não tem ou, como herdeiro da coroa, não está autorizado a revelá-lo?…

Não, diz que é da selecção. Fomos ver a equipa à Alemanha, no jogo do 3.º e 4.º lugares. Curiosamente, a responsável pelo protocolo era uma princesa prussiana…

E colocou alguma bandeira à janela?

Coloquei, mas foi a azul e branca, a da monarquia…

Convive mal, então, com a bandeira e com outros símbolos nacionais republicanos?

É a única bandeira republicana que manteve um escudo real. Não é mau. Mas não gosto das cores, não concordo com ela… Quando chegou a altura de jurar bandeira, na Força Aérea, o comandante disse-me: ‘Fique doente, em casa…’ E eu fiquei.

Fez o serviço militar em Angola…

No Norte de Angola. Não tínhamos helicópteros, mas pilotei um Dornier 27. Participei em missões de transporte e de reconhecimento. Até que o meu comandante recebeu instruções de Lisboa a proibir-me de voar. O comandante falou comigo e autorizou-me a percorrer o território, visitando chefes tribais, contactando as populações, etc.. Comprei uma moto e percorri as estradas do norte de Angola. Chegava a um quartel onde só era suposto chegar-se em coluna, e ali andava eu, entrava e saía, sempre com liberdade de movimentos…

E ainda tem hoje uma ligação a África.

Sobretudo a Angola e à Guiné-Bissau. Fiquei em casa de famílias guineenses e tive acolhimento caloroso. Muito caloroso. Tão caloroso, que a hospitalidade incluía a companhia de uma sobrinha do chefe da aldeia…

Conte lá isso, conte lá…

Bem, veja lá: eu ia visitar o comandante do quartel local e ele ficava muito admirado por eu não pernoitar… Expliquei-lhe que não podia recusar a hospitalidade daquelas pessoas… Seria uma falta de consideração…

E a companhia da tal sobrinha?

Foi uma companhia muito agradável. Sobretudo depois daquelas festas em que a cerveja de palmeira esbatia bastante as diferenças culturais…

Bem, não lhe pergunto mais nada, a VISÃO é uma revista de família…… [Risos] Voltou a Angola para tentar organizar uma lista de deputados angolanos às eleições de 1973. Porquê?

Estávamos a tentar organizar uma lista de candidatos para as eleições de 1973. Com candidatos angolanos, que concorreriam fora das listas da ANP. Tínhamos apoios fortes, de sectores da administração, e até de franjas ligadas aos movimentos de libertação. Não era uma lista para defender a independência, mas uma maior participação dos angolanos na administração pública, uma maior integração. Marcelo deu-me ordem de expulsão de Angola. O meu pai escreveu-lhe a protestar e ele chamou-me, para tomar um chá no Forte de São Julião da Barra, onde passava férias. Explicou-me que a minha retirada de Angola ficava a dever-se a questões de segurança. Agradeci, mas disse-lhe que o principal responsável da DGS (PIDE) em Angola não sabia nada disso, nem por que razão tinha de me vir embora. Se era só um equívoco, ia lá voltar. Ele irritou-se e disse que não admitia o meu projecto, e que a minha presença desagradava às forças vivas de Angola.

A seguir, Timor. A primeira visita dá-se pouco antes do 25 de Abril de 1974. Foi visitar o seu amigo Mário Carrascalão, com quem tinha estudado Agronomia, em Lisboa…

Corri todo o território, fiquei em casas de liurais, foi inesquecível. Estive lá um mês.

E no regresso, rebenta a revolução.

Estava em Saigão. O Ministério dos Negócios Estrangeiros disse-me que o Vietname não podia estabelecer relações diplomáticas com Portugal, por causa da política colonial portuguesa. Eu lá lhe expliquei que isso qualquer dia resolvia-se, havia o general Spínola, que estava a agitar as águas, etc. No dia seguinte, foi ele que me deu a notícia: «A sua revolução ganhou! O seu general lá assumiu o poder». Ficou convencido que eu estava por dentro do golpe…

E como reagiu ao 25 de Abril?

De Saigão, fui a Macau e enviei um telegrama a saudar o general Spínola, o MFA e a Junta de Salvação Nacional.

Os monárquicos andavam preocupados com a sua falta de interesse em casar. O que fez muito tarde, aos 50 anos…

Tive intenções de casar, em duas ou três ocasiões. A situação que levei mais longe foi um relacionamento com uma amiga meia russa, meia polaca. Visitei muito a Rússia, nessa altura, era o consulado do Gorbachev. Gostei muito da Rússia, dos russos e até aprendi a língua. Tenho lá amigos. Alguns estavam no KGB e hoje são monárquicos…

Vladimir Putine é uma espécie de Czar?

Acho que sim. Os russos gostam de lideranças fortes, que garantam segurança e estabilidade. Não gostam de um poder fraco. Associam-no a desgraças. Ele tem um estilo czarista.

No seu casamento, em 1995, que foi de Estado, fez questão de convidar o Presidente da República. Porquê?

Tenho grande consideração pelo dr. Mário Soares. Estiveram, também, o primeiro-ministro, Cavaco Silva, membros do Governo e cerca de 70 presidentes de Câmara, metade dos quais comunistas. Foi um casamento muito ecuménico…

Mário Soares, que escreveu um depoimento para a sua biografia, foi preterido por Manuel Alegre, para apresentar o livro, em Lisboa…

Dentro do PS e da intelectualidade da esquerda, em Portugal, é a pessoa mais ligada à tradição e à cultura histórica. E foi o homem que, como deputado, propôs que a República estabelecesse um lugar, no protocolo de Estado, para o representante da Casa Real, o que nunca foi feito. Nunca sabem onde hão-de sentar-me. Deve ser por isso que, agora, recorrem tanto às mesas redondas…

E votou nas presidenciais?

Não voto nas presidenciais. E, nestas eleições, não podia mesmo tomar partido: todos os candidatos eram excelentes. Na verdade, só voto nas autárquicas.

Então, não pode candidatar-se a Belém, apesar dos conselhos do falecido Ronald Reagan.

Com efeito, numa recepção na Casa Branca, ele tentou convencer-me a candidatar-me. Disse que Portugal era o mais seguro aliado dos EUA, com o Reino Unido, e que, pelo contrário, de Espanha nunca era de esperar nada de bom. Mais, não se importava de ver uma monarquia no nosso país. Não sendo possível, porque não candidatar-me, para o povo me ir conhecendo e para poder preparar esse caminho? «E se eu perco?», contrapus. «Não perde.» Bem, Claro que nenhum monárquico português concordou com a ideia…

Assim, nos tempos livres, dedica-se à agricultura…

Tenho a minha horta e cultivo os meus próprios legumes biológicos. E também racho a minha lenha. E tenho um excelente jardineiro, que trata muito bem das coisas.

Costuma viajar por todo o Mundo, representando o que diz ser a «marca Portugal». De onde vêm os fundos para essas viagens?

A Fundação D Manuel II suporta as viagans de carácter mais oficial. A Timor, Angola, no quadro de programas da fundação. Por exemplo, recentemente, na Guiné, estabelecemos um serviço de certificação de produtos de agricultura biológica. Agora, para ir a casamentos, já são despesas particulares. Mas enfim, viajamos em turística, ficamos em casa de amigos…

E de onde vêm os seus rendimentos?

Sobretudo de prédios arrendados, alguns com rendas muito antigas. No Chiado, em Lisboa, tenho uma inquilina com 110 anos, a D. Maria Luísa…

Ena! Do tempo da monarquia!

Exactamente. E, de vez em quando, lá vou tomar chá com ela. Fartamo-nos de conversar. E a D. Maria Luísa não se cansa de falar da rainha D. Amélia…

PARA ESPANTAR DE VEZ O FANTASMA SALAZARISTA

QUARTA-FEIRA, 17 DE AGOSTO DE 2011

PARA ESPANTAR DE VEZ O FANTASMA SALAZARISTA...

Como eram as relações da sua família com Salazar?

- O nosso regresso do exílio foi votado pela Assembleia Nacional. Na primeira votação, proposta pelos deputados monárquicos, o projecto chumbou: Salazar mandou votar contra. Mais tarde, foi aceite. Mas Salazar sempre se opôs à restauração da monarquia. Desconfiava das ideias demasiado liberais do meu pai. Aliás, o meu pai ainda esboçou um documento a pedir uma abertura política, mas teve de ceder a fortíssimas pressões de monárquicos conservadores e recuou. Salazar tinha simpatia pessoal pela minha tia Filipa, mas uma grande desconfiança em relação à outra tia, Maria Adelaide, que achava muito «esquerdista»…

Acha que o Estado Novo receava a Família Real?

-Havia sobretudo uma grande preocupação de equilíbrio de forças entre maçonaria, republicanos, monárquicos… Salazar queria dividir para reinar. Mas dizia que a família real era uma reserva nacional.

Apesar disso, não seguiu o exemplo de Franco, que preparou o regresso da monarquia…

- Não, ele sempre se opôs.

D. Duarte de Bragança in Entrevista á revista Visão 2006 ‎


“Nem D. Duarte Pio nem D. Duarte Nuno, seu Pai, usufruíram da protecção do regime salazarista. Sofreram, pelo contrário, grandes limitações na sua actuação e não foram sustentados por ele. De resto, foi o regime salazarista, (não a 1ª República, que nesse particular se conduziu correctamente), que subtraiu ditatorialmente grande parte dos bens do domínio privado próprios do chefe da Família Bragança, constituindo com eles uma fundação por um arbitrário acto administrativo sob a forma de decreto, em 1933 – a Fundação da Casa de Bragança – da qual injustamente tem estado excluído o próprio chefe da dita Família, desapossado desse seu direito histórico.”

Augusto Ferreira do Amaral in A Legitimidade de D.Duarte – Carta de Augusto Ferreira do Amaral ao Jornal Público


Tuesday 26 July 2011

MORREU OTÃO DE HABSBURGO


Professor Adriano Moreira

Morreu há poucos dias o Doutor Otto de Habsburgo, arquiduque da Áustria, chefe da antiga família imperial, mas sobretudo um cristão que dedicou a longa vida quase centenária à unidade, em paz, da Europa que destruiu a sua proeminência mundial com duas guerras a que chamou mundiais, e foram apenas as guerras civis de piores consequências dos povos europeus. A de 1914-1918, como é frequentemente recordado, teve o início do seu percurso brutal no assassínio do arquiduque Francisco Fernando, e da sua mulher, a duquesa de Hohenberg, quando, na qualidade de príncipe herdeiro, visitava Sarajevo, na Bósnia, morto em 28 de Junho de 1914, por um suposto modesto executor da vontade de outros decisores políticos. Em 23 de Julho a Áustria enviou um severo ultimato à Sérvia, cinco dias depois declarou-lhe a guerra, e a tradicional e abalada balança de poderes foi obedecendo à lei da natureza das coisas até ao desastre chamado paz, que haveria de ser completado pela guerra de 1939-1945. O Império Austro-Húngaro foi desfeito, dando origem a quatro novos Estados, avaliando-se as perdas de vidas em 10 milhões de pessoas, cabendo à Áustria-Hungria 1 100 000. A família imperial abandonou o poder com honra e sem fortuna, recebeu acolhimento em Portugal, tendo o antigo imperador Carlos morrido na ilha da Madeira, onde se encontra e ficará o seu túmulo. O então pequeno Otão teria para sempre uma devoção total por Portugal, cuja língua falava, e, doutorando-se em Lovaina, transformou a tragédia familiar em sabedoria, e assumiu uma luta intelectual, e política, pela unidade europeia, uma decisão reforçada, e não desanimada, pela segunda guerra mundial, muitíssimo mais destruidora de vidas e bens do que a primeira, real ponto final na supremacia mundial europeia, e por isso mais exigente do regresso à regularmente pregada política da unidade. O seu instrumento institucional de intervenção foi principalmente o Centro Europeu de Informação e Documentação, a par da doutrinação em jornais, em conferências e congressos internacionais, em livros doutrinais, tendo criado uma rede de centros na Europa ocidental, incluindo Lisboa, e participado na campanha radiofónica para o Leste europeu no sentido de animar a libertação dos satélites. Muito inspirado pela doutrina social da Igreja, não pode compreender-se totalmente o papel da democracia-cristã, no movimento da unidade europeia, sem ter em conta a sua incansável pregação. Na crise do Império Euromundista, em cujo final se inscreve a retirada portuguesa, ainda neste caso o seu interesse activo se manifestou, quer internacionalmente quer em visitas aos territórios do então ultramar português, inquirindo e sugerindo soluções políticas que abrissem caminho a uma nova solidariedade em paz e cooperação. Nesta cruzada, a sua intervenção não pode ser desassociada da intervenção notável de Richard de Coudenhove-Kalergi, um dos maiores europeístas do século XX, e cuja Fundação ainda se encontra activa, embora sem a visibilidade dos tempos difíceis que o chamaram ao interesse mundial com o 1.º Congresso Pan-Europeu que se reuniu em Viena de 3 a 6 de Outubro de 1926. Uma das afirmações de Otão de Habsburgo, feita no Liechtenstein em 1958, é talvez a síntese da tarefa a que dedicou a longa vida: “O nosso trabalho para o futuro do nosso continente é portanto lutar em favor da Confederação Europeia.” A Europa reconheceu o seu contributo, entre outras consagrações, mantendo-o como deputado, no Parlamento Europeu, durante duas décadas. A sua Pátria de origem prestou-lhe tributo com as homenagens fúnebres, para as quais fui convidado e não tive, com tristeza, oportunidade de assistir, para prestar tributo ao amigo de tantos anos. Na sua última visita a Portugal, prestou ele homenagem de gratidão ao povo que o acolheu, declarando, em discurso na Universidade Católica, que o corpo de seu Pai, então beatificado pela Igreja Católica, ficaria para sempre na Madeira. A gratidão também tem lugar no projecto europeu.



Friday 15 July 2011

MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINO: A REBELDE DA DIREITA


Aos 53 anos, Maria José Nogueira Pinto foi reconduzida à frente da Santa Casa, um império com 500 anos, que factura, anualmente, 24% das receitas dos jogos sociais e possui mais de 1 300 prédios urbanos e mais de 1 200 hectares de prédios rústicos.

Figura de relevo da Direita, é militante do CDS-PP, dirigiu a Maternidade Alfredo da Costa e foi subsecretária de Estado da Cultura mas também viveu num campo de refugiados, na África do Sul, de onde fugiu com o marido, depois de se ter feito passar por doente...

VISÃO: "A Thatcher, ao lado dela, é de chocolate", disse, num depoimento à VISÃO, há sete anos, a sua irmã Maria João Avillez. Assenta-lhe bem, esta definição?

MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO: Sou uma pessoa determinada e gosto de autoridade.

Já era assim "mandona", em pequenina, em família e com as suas irmãs?

Nasci numa família com muitas mulheres. Além das minhas duas irmãs e da minha mãe, havia a minha tia, a minha avó (uma mulher com uma fé muito grande em Deus, que vivia o Evangelho até às últimas consequências) e o meu pai. Era um microcosmos onde a mulher nunca esteve num plano de desigualdade. O clima sempre foi, todo ele, no sentido de estimular estas personalidades fortes.

São as mulheres que mandam no casarão do Campo Grande, onde reside, com a sua família?

Exactamente, embora a figura masculina seja muito respeitada nisso somos muito conservadoras. Hoje, ainda assistimos a essa discussão caricata sobre se as mulheres têm importância intelectual...

Ainda se assiste?

Sim, veja o debate sobre as quotas, o acesso das mulheres aos centros de decisão, as mulheres nos partidos políticos. Nada disso fez parte da minha formação as mulheres eram preponderantes, no sentido de preservarem a sua personalidade, as suas escolhas profissionais. Por exemplo, lembro-me de a minha tia ir vender cortiça para a Uniao Soviética e sapatos para os Estados Unidos. A minha bisavó, que já não conheci, teve o primeiro side-car que existiu em Lisboa! Sendo eu uma mulher de Direita e de uma família conservadora, tive essa parte toda que normalmente, por cliché, não se associa à Direita: muita fantasia, muita imaginação, um sentido muito lúdico da vida, muita discussão.

Quando foi construída, aquela casa?

É anterior ao terramoto. Foi uma casa que nos deu muito sentido estético e ético. As coisas não estão lá por acaso, estão lá porque cada geração lutou para as manter. Esta ideia de que somos elos de uma cadeia, talvez seja a coisa mais interessante de uma família antiga.

Esse espírito mantém-se?

Sim, e a ideia de que passamos um testemunho de alguma coisa, um testemunho ético, estético e social.

Como era aquela casa, quando era garota?

Tudo o que estava à volta era completamente diferente. Telheiras era campo, tudo à volta era campo...

Foi mais uma menina do campo do que da cidade?

Sim. Brincávamos na rua e no jardim da nossa casa, que, na altura, era enorme. Passava um eléctrico e algum trânsito, muito pouco. Era um bairro com palace-tes mas também com alguma habitação social, que começava a aparecer na Avenida da Igreja. Na altura, havia convívio interclassista. A casa era labiríntica, muito grande, tinha tudo, sótãos, alçapões, subterrâneos e ainda bocados de túneis que a ligavam ao Convento da Luz.

Então não foi uma menina-da-mamã?

Não, não! Como o meu pai não teve filhos, deu-nos uma educação muito mas culina. Só nos cansamos quando nos podemos cansar, só temos sono quando podemos dormir, só comemos quando podemos comer, só temos frio quando nos podemos aquecer... E havia também o espírito do desporto: eu fiz equitação e vela e ia à caça com o meu pai.

Saía muito à noite, na adolescência?

Comecei a sair muito cedo, para ir a festas. Tivemos uma educação muito liberal.

Que idade tinha?

Uns 14 anos. Só tinha de dizer à minha mãe com quem ia não era preciso men-tir, porque éramos muito livres.

Tinha horas para chegar a casa?

Não. O Miguel Sousa Tavares é meu primo e, naquela altura, éramos muito próximos. Quando saía com ele, era indiferente a hora. Lembro-me tinha para aí uns 15 anos de virmos a pé, porque nós não tínhamos muito dinheiro...

Não? Então a família não é rica?

Fui educada a dizer que era feio falar de dinheiro...Não é preciso discutir quando se tem.Não se podia falar de dinheiro nem em ter, nem em não ter, nem em quem tinha mais do que nós... E, depois, não se tinha tudo quanto se podia ter. O facto de poder comprar 20 coisas não quer dizer que as deva comprar. A gestão do dinheiro sempre teve uma componente ética muito forte. Aí, foi muito importante a figura da minha avó, porque nós tínhamos uma "sopa dos pobres" dentro de casa.

Como é que funcionava?

A minha avó mandava fazer um almoço para vinte ou trinta. Eles chegavam cerca do meio-dia, na altura em que eu também vinha da escola. Os pratos e os talheres daqueles que tinham tuberculose eram mantidos à parte. Quando vi aparecer a sida e toda a gente com muito medo, achei extraordinário, porque nós fomos educados a lidar com essas situações. Era como se a minha avó quisesse que nós tivéssemos um permanente complexo de culpa por não termos fome.

Ainda sente hoje culpa por ser socialmente privilegiada?

Culpa não, mas necessidade de justificar. Acho que todas sentimos que não trabalhar é horrível, que não ser útil é horrível, que gastar dinheiro a mais é horrível...

Porque foi estudar Direito?

Fascinava-me a ideia do advogado de barra. Devorava, ainda hoje o faço, os filmes todos com advogados. A coisa mais extraordinária foi a greve, durante a crise académica de 1969...

Já tinha preocupações políticas na altura?

Nós fomos muito politizadas. O meu pai era salazarista, aliás trabalhou com o doutor Salazar. Mas naquela casa cruzavam-se muitas tendências diferentes. A minha mãe, por exemplo, não se pode dizer que seja uma pessoa de Direita. Estávamos habituados a discutir à mesa, às refeições...

Mas não "mandavam vir" com o seu pai?

Lembro-me bem de a minha irmã discutir com ele a guerra colonial, aos gritos. O meu pai, a coisa de que mais gostava, era do princípio do contraditório, inteligentemente conduzido. Uma pessoa que não é nada como nós, é, em princípio, uma pessoa que nos interessa. Mesmo as nossas escolhas de amizades e de cumplicidades foram feitas fora do círculo político, contando muito mais a sedução intelectual. Mas a chegada à faculdade foi um grande choque, porque ali reinava claramente a esquerda, em todas as suas facções: maoístas, leninistas, trotskistas.

Esse perfume de rebelião esquerdista nunca a intoxicou?

Intoxicou-me, no sentido em que percebi que não era de Esquerda. Mas percebi, não por ter vindo daquela família... Percebi, quando ficou claro que ia furar aquela greve por causa de um "camarada", de cujo nome já não me lembro, ter comido os óculos...

Ter comido os óculos?

Foi preso e comeu os óculos.

Era vosso colega?

Eu não o conhecia, era de um ano mais avançado. Quem quiser, come os óculos, quem não quiser, não come. Para mim, o raciocínio era tão simples como isso.

A falta de liberdade, a polícia política, a guerra colonial não era sensível a isso?

Com 12 anos, fui dar a volta às colónias. Já sabia que era falsa a ideia que as pessoas davam da guerra d'África. Toda aquela linguagem e toda aquela construção marxista eu já a conhecia. Por isso, não podia ser facilmente seduzida. Era uma activista das coisas em que acreditava mas não estava fechada.

Conheceu, na Faculdade de Direito, Jaime Nogueira Pinto, o seu marido. Como foi esse encontro?

Ele era do último ano. Conheci-o no seguimento do abaixo-assinado para reabrir a universidade. Ele foi a minha casa para que eu assinasse...

Foi tiro e queda?

Eu percebi que foi tiro e queda, ele não, graça a Deus, porque teria sido humilhante para mim. Eu tinha um namoro muito pegado mas ele apareceu e desarrumou tudo... Lá está, o fascínio intelectual é uma coisa muito importante. Casámo-nos em Lisboa, tinha eu 19 anos.

E como é que foram para Angola?

O meu marido ofereceu-se como voluntário. A guerra estava perdida precisa-mente porque os melhores estavam cá. Iam as pessoas que não tinham qualquer entendimento do que se estava a passar ali. Partimos logo a seguir ao 25 de Abril.

Já tinha nascido o seu primeiro filho?

Sim, mas ele ficou em Lisboa.

Porque não ficou cá?

Primeiro, está-se com o marido, acho eu. Quando o Jaime foi para África, percebi que era muito importante estar com ele, que iam acontecer coisas...

Foram para o Uíge?

Primeiro, estivemos em Luanda. Quando o Rosa Coutinho foi colocado em Luanda, o meu marido passou para o Uíge.

De onde fugiram, num Mercedes, até à Namíbia.

Não, não... Nós não sabemos guiar, nem ele, nem eu.

Mas por que é que tiveram de sair?

Porque cercaram a nossa casa do Campo Grande, para nos prender, com mandados de captura. Julgavam que estávamos em Portugal. Foi a seguir ao 28 de Setembro. Nesse dia, a rádio, em Angola, já estava tomada pelo Rosa Coutinho, e as notícias só falavam de pessoas presas em Lisboa praticamente todas as que conhecíamos. Fui ao posto dos Correios para falar com a minha família, em Lisboa. Só consegui apanhar a minha tia de madrugada e ela disse-me: "Era bom que o pai do Eduardo fosse de férias." Era o sinal para sairmos. Então fui a Luanda para me encontrar com um amigo do meu marido. Disse-lhe que tínhamos de sair de Angola e que não sabíamos guiar. Ele ficou a olhar para mim, durante uns segundos, e pensei: "Vais dizer que não, estás com medo!". Então, pegou em mim, levou-me para o carro e fez-me perguntas. Depois, foi buscar outra pessoa, porque não podia guiar durante todo o trajecto até à fronteira. E deu-nos uma boleia de mil e tal quilómetros...

Mas ainda foram buscar o seu marido?

Ele saiu na camioneta dos sacos do café do senhor Esteves... Está a ver, eu não sou de lado nenhum, sou de todos estes lados. É a minha rede. Não vejo o senhor Esteves com muita regularidade, está em Carrazeda de Ansiães, mas o senhor Esteves é que é importante na minha vida.

Numa das regiões que tínhamos de atravessar, era comandante um grande amigo nosso, que foi à frente para o caso de haver barreiras na estrada. E assim chegámos ao Cátequero, onde estava uma prima do Esteves, por sua vez prima do senhor Banana, que tinha uma plantação e gado e as portas abertas para o Sudeste, por onde podíamos passar a salto. E assim atravessámos a pé a fronteira. Quando lá chegámos, o meu marido disse-me para eu avançar, porque era mulher e seria mais fácil. A polícia sul-africana disse-me: "Sigam. Sigam". Mas nós não tínhamos carro.

E depois, o que aconteceu?

Passados quatro dias, disseram que nos iam colocar num campo. Eu, como sou uma romântica, julgava que nos iam mesmo colocar no campo, talvez a apanhar laranjas ou morangos. Percebi mais tarde que era um campo de refugiados. Só nos davam pão, manteiga de amendoim e uma sopa. No primeiro dia, deram-me uma lata de fiambre vazia para a comida. Ao fundo, estavam três senhoras da Cruz Vermelha, loiras, com as batas muito engomadas e eu tinha ao pescoço... Eu levei as minhas jóias, para as vender parte delas já tinham ido para Angola a pensar nessa possibilidade. Mas, na altura, a única coisa que levava ao pescoço era um fiozinho de prata que tinha a Fé, Esperança e Caridade, portanto, a Cruz, a Âncora e o Coração. Quando lá cheguei, com a minha lata, elas puxaram-me o fio do pescoço, para verem melhor, como se eu fosse um bezerro. Foi aí, claramente, que percebi a nossa situação.

Quanto tempo ficou no campo?

Uma semana, porque eu, depois, organizei a saída. Percebi que a enfermaria era fora do campo e que se simulasse sentir-me mal seria levada. Fingi ter dores de estômago e uma enfermeira levou-me. Quando estava quase a chegar ao posto de enfermagem, comecei a correr, com a mulher atrás de mim. Entrei de supetão, no pré-fabricado onde estava um funcionário, e comecei a falar com ele. Foi aí que aprendi que era muito importante ter os olhos azuis e ser louro e naquela terra, então... Expliquei-lhe que tínhamos capacidade para sair dali e arranjarmos trabalho. Puseram-nos fora.

E o que fizeram?

O meu marido ficou como tradutor de contratos.

E você?

Candidatei-me para o coffee shop do Carlton, mas nunca lá cheguei a trabalhar.

Quanto tempo ficou no África do Sul?

Cerca de um ano.

Entretanto, veio à Europa buscar o seu filho, que tinha ficado com a sua família.

Ah, essa é que foi a grande aventura. Fui vender as minhas jóias. A entrada no Cartier foi qualquer coisa! Pensavam que as tinha roubado, porque nada provava que fossem minhas. Mas, ao mesmo tempo, o olho azul... Era o dinheiro de que nós precisávamos, para vivermos, até o meu marido ganhar o primeiro ordenado, e para vir buscar o menino.

E o seu filho?

Para a criança sair, era preciso autorização do pai, a lei ainda não tinha mudado. A mãe não mandava nada. O cônsul tinha sido saneado e era um empregado do Partido Comunista quem tomava conta do consulado. Portanto, não aceitou as assinaturas do meu marido. Então, eu precisava de ir a Madrid, para falar com a minha mãe. Encontrei-me com a minha mãe e depois foi necessário organizar a saída do meu filho, que teve de deixar Portugal como se fosse meu sobrinho. De seguida, fomos para o Brasil, para o Rio de Janeiro.

Onde vendeu enciclopédias?

Sim. E fui tão bem sucedida que me puseram a fazer um curso de vendas.

Porque não podiam regressar a Portugal?

O meu marido era desertor e queria ser julgado por isso. Portanto, só regressámos quando lhe foi marcado o julgamento.

Em Portugal, trabalhou com António Barreto, com quem fez investigação, e terminou o seu curso de Direito. Mas tornou-se conhecida quando, como subsecretária de Estado da Cultura, interditou o antigo Estádio de Alvalade. O que aconteceu?

Um dia, tive uma reunião de trabalho com um director-geral, que me disse que tinha um "assunto na gaveta". Era a pala, com um relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Eu falei com o Pedro Santana Lopes, então secretário de Estado da Cultura, e disse-lhe que se o assunto ficasse comigo interditaria a pala. Ele disse que ficava eu interditei-a.

E depois?

Cumprimentos do professor Cavaco Silva, e tal... Parto para férias e vejo na televisão, três dias depois, o doutor Santana Lopes e o Sousa Cintra a passearem... Santana Lopes desinterditara o estádio!

Ficou zangada?

Não mas percebi, antes de todos, quem era Pedro Santana Lopes. E também quem era o professor Cavaco Silva.

O que se passou com Cavaco Silva?

Chamou-me para falar com ele, no Algarve, onde estava de férias. Eu disse-lhe que tinha de sair, porque fora desautorizada. Ele disse-me que não, que ia confirmar o meu despacho. E pediu-me 48 horas. Passado esse período, sem nenhuma alteração da situação, chamei as rádios e anunciei a minha saída.

Ficou magoada com o poder político?

Não. Durante quatro dias, recebi telegramas das pessoas que me apoiaram muito nesta história.

Durante o Governo de Durão Barroso, acabou por ser apontada várias vezes como ministeriável...

A vontade de me ministeriar era do PSD, não era do meu partido.

Porque é o que o povo português, maioritariarmente conservador, não vota mais no CDS-PP?

Porque o discurso da Direita partidária não é consistente. Quer Manuel Monteiro quer Paulo Portas partiram muito do eleitorado para as ideias. Os descamisados da integração europeia, os pensionistas, os ex-combatentes, os pobrezinhos... Isso não tem consistência nenhuma.

Concorda que se resolva por via legislativa os julgamentos de mulheres por causa do aborto, enquanto não existe novo referendo sobre o assunto?

Isso é a ponta do iceberg. As prisões não estão cheias de mulheres que abortaram. Os juízes levam em conta as chamadas circunstâncias atenuantes não é preciso uma lei que atenue. Eu trabalhei numa maternidade [Alfredo da Costa], que foi, aliás, pioneira da fertilização in vitro, e a minha familiaridade com a vida embrionária foi muito grande. Acredito que a vida humana embrionária é importantíssima e, portanto, aqui não posso ceder absolutamente nada.

Uma ligação entre homossexuais é para si uma família?

Não. É uma união de facto.

E podem criar filhos, por exemplo de uma ligação anterior?

Nos casos em que mãe que tenha um filho e viva com uma companheira que seja uma boa presença para a criança, não fazendo de conta que é pai, sim. Um homem tem todo o direito de viver em união de facto com outro, ou uma mulher com uma mulher, e se já forem pais naturais, isso não tem mal nenhum. Mas ir buscar uma criança e ficar com ela como uma experiência... Isso não uma criança não é uma coisa, é um ser humano.

Se o seu partido precisar de um candidato para a Câmara Municipal de Lisboa, avançará?

Enquanto for provedora, não serei candidata.

O "caso dos sobreiros" vai manchar o CDS?

Mais uma vez houve aqui uma violação do segredo de Justiça. Temos de presumir a inocência dos visados, mas era bom que isto se esclarecesse depressa seria o melhor para o partido.

http://aeiou.visao.pt/a-rebelde-da-direita=f611551