Friday 8 October 2010

ENTREVISTA COM A DUQUESA DE CADAVAL

Gente

Diana de Cadaval:

"Gosto que me chamem princesa"

É casada com um príncipe francês, vive num palácio e é visita assídua das famílias reais europeias. Vai às compras a Paris e, em Évora, dá asas ao seu gosto pela cultura. Eis Diana de Cadaval, em entrevista.

É princesa e vive num conto de fadas. A sua vida é um sonho. Viaja por todo o mundo, em lazer ou em ações humanitárias, e é visita frequente das mais importantes famílias reais europeias. Casada há dois anos com Charles-Philippe d'Orléans, Diana Mariana Vitória Alves Pereira de Melo Cadaval, 31 anos, ganhou com o casamento o título de princesa de Paris e duquesa d'Anjou. Perde-se por sapatos Louboutin, joias e vestidos e vai às compras a Paris. Mas para esta entrevista surpreende-nos com uma simples túnica branca e pés descalços. Não foi por acaso. Diana de Cadaval quis passar a imagem de uma mulher como as outras: "Também visto roupa casual e vou ao hipermercado." Descontraída, recebeu-nos nos seus salões como quem recebe uma amiga. Colocou os pés sobre os sofás, reclinou-se e sorriu muito. Numa postura oposta ao estilo formal, rígido, com o rigor protocolar que habitualmente usa. Foi ela a abrir-nos a porta, na companhia dos seus três cães, que permaneceram deitados a seu lado até ao final da entrevista. Diana de Cadaval não se esquivou à polémica existente entre si e a sua meia-irmã, com quem não fala, por causa do conflito pelo uso do título de duquesa. Uma controvérsia que alimentou as conversas de salões e que até levou Duarte de Bragança, pretendente ao trono português, a extinguir o Conselho da Nobreza, uma instituição que zelava e validava os títulos que se mantêm em Portugal. Esta é uma mulher do topo do jet set português.

Acabou de publicar o seu primeiro livro, "Eu, Maria Pia". Interessou-lhe a vida desta rainha?

É o meu primeiro romance histórico, muito simples. Quis explorar o lado íntimo da rainha, as suas desilusões, tristezas, alegrias, a sua relação com o marido e com os filhos. Escrevi-o na primeira pessoa, pois poderia tornar-se mais intimista para o leitor.

A sugestão foi sua?

A minha editora, a Esfera dos Livros, propôs-me este projeto. Sempre adorei literatura, mas nunca pensei publicar. De entre as muitas rainhas, escolhi Maria Pia. Ainda pensei em Dona Amélia, filha dos condes de Paris. Mas por haver ligações entre a família do meu marido e Dona Amélia, pensei que não era a escolha adequada. Maria Pia tinha uma personalidade muito forte, amada por muitos e odiada por outros. Tinha todos os elementos para uma boa história: tragédia, drama, amor, aventura. Era uma mulher muito inovadora e muito piedosa. Adorava moda e ia às compras a Paris, o que indignava o reino.

Dedicou o livro a seu pai. Lembra-se do primeiro que ele lhe ofereceu?

Era muito criança, lembro-me de me ter oferecido um sobre Dom Nuno Álvares Pereira. O pai era uma pessoa de muita cultura. Adorava literatura e política. Foi o primeiro duque de Cadaval a regressar a Portugal. Porque nós, os Cadavais, partimos com D. Miguel e nunca mais regressámos ao país. Fizemos a nossa vida lá fora, casando com estrangeiros.

Ele contava-lhe as histórias da família?

Contava, mas também histórias da Europa e das famílias reais europeias.

Explicou-lhe as razões pelas quais a família Cadaval saiu de Portugal?

Contou. A família da mãe dele, Diana de Gramon, era francesa, o pai tinha uma cultura muito francesa. Falávamos francês em casa.

Com o seu marido fala em francês?

Sim. Ele é neto dos condes de Paris. Foi educado na cultura francesa, mas já vai falando português. O facto de ter vivido uns anos em Espanha fez com que o português se apresentasse mais fácil. Adora Portugal, ficou encantado com as pessoas, com a cultura. Os seus avós viveram cá na altura em que residiam no Estoril, Cascais e Sintra famílias nobres, reis e rainhas de vários países, como os de Espanha, Bulgária, Itália. O Charles-Philippe tem memórias dessa época, vinha para o verão.

Nessa altura não chegou a cruzar-se com ele. Só se conheceram na idade adulta, no tal baile da gala da Ordem de Malta, em Lisboa?

Conhecemo-nos nesse jantar.

Foi amor à primeira vista?

Não. Eu vivia em Londres, ele vivia em França mas trabalhava muito com países africanos e viajava imenso para essas zonas. O Charles-Philippe tem formação militar, esteve no exército francês 15 anos. Mantivemo-nos em contacto. Depois fomo-nos encontrando em Londres e em Paris. Foi assim que nos fomos descobrindo.

Foi educada para ser duquesa?

Fui educada como qualquer outra criança do meu meio social. Mas como o pai sabia que seria a herdeira do título, preparou-me para ter sensibilidade para a nossa História, para o que representávamos, para o conhecimento e valorização do nosso património. Foi-me preparando para a função e para os deveres que mais tarde teria de assumir.

Que deveres, que funções são essas?

Manter todo o património que herdámos, sobretudo o palácio Cadaval - o ninho da família há mais de 600 anos -, preservá-lo e divulgá-lo. A igreja esteve fechada 120 anos ao público. Não fazia sentido. É linda. C'est un petit bijou. Há 100 anos era impossível a uma família como a nossa abrir os seus espaços. Hoje, quem quiser pode entrar no palácio, visitar os salões, a igreja. No século XXI não temos outras opções. É uma casa com muitas despesas. Quando acabamos um restauro numa ponta é necessário iniciá-lo noutra. A nossa geração precisa de encontrar maneiras rentáveis de preservar o seu património. Até abrimos um restaurante no jardim.

Teve uma infância com muitas regras?

Foi muito formal, mas também muito preenchida e feliz. As outras crianças quando saíam da escola iam brincar, eu acompanhava os pais em atos oficiais, comemorações ligadas a D. Nuno, atividades em Évora. Ensinaram-me desde pequena a saber comportar-me em público, a conhecer o protocolo.

Quem a ensinava?
A mãe e o pai.

Era uma menina obediente, bem comportada. Nem quando chegou à adolescência quebrou a louça?

Não. (risos) Embora tivesse esse lado de maior formalismo, tinha também uns pais muito liberais. Tive uma grande liberdade. Sempre pude fazer o que queria. Nunca tive necessidade de revolta. O pai era uma pessoa muito aberta de espírito, muito excêntrica e adorava a juventude.

Trazia os amigos para casa?

Sim, e o pai, em vez de se afastar, convivia com eles. Apesar de ter sido um pai tardio, tinha uma cabeça muito fresca e jovem.

Casou com um príncipe francês. No seu casamento, em Évora, estiveram representantes de várias famílias reais. Lembra-se quem foram as mais importantes?


Veio o irmão do rei de Marrocos, o atual conde de Paris, a infanta Pilar, irmã do rei de Espanha, com os seus filhos, a família real búlgara. Foi Dom Duarte quem me levou ao altar em substituição de meu pai, pois é ele o meu padrinho de batismo. Também esteve a irmã da condessa de Paris, a princesa Teresa d'Orleans de Bragança, entre muitos outros.

Se a monarquia fosse restaurada em França, o seu marido teria pretensões ao trono?


Está na lista. Não me pergunte em que lugar, mas está.

Que idade tinha quando os seus pais decidiram voltar para Portugal?


Tinha nove anos. Os pais inscreveram-me na Escola Americana. Sempre vivemos entre Paris, Nova Iorque e a Suíça. Viemos para o Estoril. Como o pai era muito excêntrico e moderno decidiu construir uma casa de estilo contemporâneo, avant garde. Escolheu um arquiteto americano. A decoração foi feita por Jacques Granje, que decorou as casas do Yves Saint Laurent e que tem uma casa na Comporta.

Vive nesta casa enorme onde nos encontramos?

Não. Esta é a casa da mãe. Como o terreno é muito grande - tem três hectares - nós ocupamos outra casa. De resto, vivemos grande parte do tempo em Évora. Sou responsável, com a mãe, pelo Festival de Música Clássica e pela parte cultural do palácio. Recuperámos apenas uma das alas para viver.

O festival que se realiza nos jardins do seu palácio existe há quantos anos?


Há 16. Quando a mãe começou com o projeto de música foi um acontecimento importante para a cidade. Havia pouca atividade cultural. A mãe achou fundamental, tanto para o palácio, onde se tinham feito grandes recuperações, como para a cidade, existir uma atividade cultural. O nosso diretor artístico é o Alan Weber. Viaja pelo mundo e descobre vozes raras e traz a Évora vozes de todo o mundo.

Quando é que começou a ajudar a sua mãe na organização?


Há seis ou sete anos. Estive fora durante muitos anos, fiz a universidade em Paris, onde me formei em Relações Internacionais, vivi e trabalhei em Londres, na leiloeira Christie's. Era o braço-direito do presidente, no Reino Unido.

O que fazia?

Trabalhando com o chairman, lidava com os clientes mais importantes. Organizava eventos para apresentar as obras. Tinha a responsabilidade de supervisionar as transações. Apresentava e explicava um pouco aquilo que estava à venda. No início fiz um estágio de seis meses no departamento de avaliações, o que foi muito interessante.

Faz entrevistas para a "Caras". Como se vê nesse papel?

Vieram ter comigo e propuseram-me a ideia. Adoro conversar, conhecer pessoas novas, de diferentes meios sociais e viajar. Para aceitar o desafio coloquei como exigência entrevistar só quem eu quero, como eu quero e quando eu quero. Foi aceite.

Além de apoiar a sua mãe e das entrevistas, tem algum emprego?


Vou fazendo diversas coisas. Escrevo. Trato da parte cultural do palácio. Participo na organização dos eventos que lá se realizam e também colaboro no escritório em Lisboa, que gere o património da Casa Cadaval. Temos muita cortiça e gado. Eu e a minha irmã Alexandra temos a obrigação de preservar - e se possível ampliar - aquilo que herdámos. Somos apenas mais uma geração Cadaval.

A sua mãe foi modelo e ficou amiga de várias figuras da moda internacional...


A mãe sempre esteve ligada ao mundo da moda. Fez diversas produções para a "Vogue" americana e outras grandes publicações da altura. Seria hoje o equivalente a uma grande manequim da alta-costura. As revistas escolhiam as senhoras bonitas da alta sociedade, e escolheram a mãe diversas vezes.

Para que casas?

Para a Givenchy, Balenciaga, Chanel, Yves Saint Laurent. Hoje o Hubert de Givenchy ainda é um dos seus grandes amigos. Ela conviveu imenso com o Valentino e com o Laurent.

Também entrou nesse universo?


A mãe recebia-os muito em casa, ia com frequência a eventos de moda e por vezes levava-nos. Teve lojas de moda em Nova Iorque. Foi a mãe que levou para o mercado americano o Giorgio Armani. Ninguém conhecia aquele pequeno costureiro italiano. A mãe achou que havia ali algo de novo, de inovador. Também foi a mãe que trouxe para Portugal o Yves Saint Laurent e o Valentino.

Escolheu Carolina Herrera para fazer o seu vestido de noiva.


A Carolina e o seu marido, Renaldo Herrera, são grandes amigos da mãe. Foi a minha primeira escolha. Fui a Nova Iorque três vezes para a prova do vestido. A sua equipa foi fantástica. A Carolina só não veio ao casamento porque a filha se casava no mesmo dia. O manto era lindíssimo, tinha bordado as armas de Cadaval. A ideia era eu entrar na catedral como duquesa, tirar o manto, ficar com a flor de liz que tinha no vestido, e sair como princesa d'Orleans.

Pelo que diz, e pelo que se lê de si, a sua vida é um autêntico conto de fadas. Casou com um príncipe, foi pedida em casamento no deserto. Mais romântico não podia ser.


É verdade. O pedido de casamento foi uma viagem surpresa que o Charles-Philippe organizou para os meus anos. Fomos para o Egito. Pediu-me em casamento ao pôr-do-sol, em pleno deserto. Foi super-romântico.

Sente-se uma privilegiada?
Sou uma privilegiada pela vida que tenho, pelas coisas que faço, pela liberdade de poder escolher aquilo que quero fazer. Isso é um grande luxo.

Foi com o casamento que passou a dedicar-se ao trabalho humanitário?


Desde pequenina, e isso também o devo ao sistema americano onde estudei, fui ensinada nesse sentido. Fui presidente do centro de serviço comunitário na Escola Americana. Com o Charles-Philippe descobri projetos e missões de outra dimensão. Já estivemos na Etiópia com as Nações Unidas, num acampamento de refugiados onde havia um grave problema com a água. Quando regressámos tivemos um jantar onde falei sobre o trabalho que tínhamos feito e os problemas que subsistiam. Uma das pessoas interessou-se, era um suíço, e um mês depois já tínhamos as verbas necessárias para fazer a distribuição da água. Mudou-se a vida de 60 mil refugiados. Estivemos também no Camboja com uma equipa de médicos franceses. Fui responsável pela distribuição de medicamentos. Só para ter uma ideia, o dentista arrancava 170 dentes por dia.

Tem alguma nova missão prevista?


Ainda não sei o que virá. Mas já estivemos também na Sérvia e no Egito. Hoje dedico-me à Ordem de Malta em Portugal e ajudo um padre em Évora que apoia mais de 100 crianças.

Nessas viagens encontrou uma realidade muito diferente da sua. Foi um choque?
Qualquer missão é dura e difícil. Quando entro no avião sei que estou a deixar para trás todo o conforto que conheço e que vou encontrar um universo diferente do meu. Temos que ser muito pragmáticos. Durante as missões não telefono a ninguém. É como se cumprisse serviço militar.

Não se sente impotente?

Milagres não se fazem. Para nos defendermos e não nos sentirmos frustrados não se pode pensar que se consegue tirar todas as crianças da rua, das lixeiras e levá-las para a escola.

Aparece muito nas revistas cor de rosa, não só cá como no estrangeiro. Como é que lida com essa exposição?

Não ligo nenhuma.

Não?!


Sabe, aprendi desde pequenina a conviver e a lidar com a imprensa. Aceito alguns pedidos, dou algumas entrevistas, apareço em alguns eventos. Mas depois não digo "acabei de dar uma entrevista para a 'Point de Vue', para a 'La Espanhola' e para a belga 'Royalty' ou para a 'Caras'". Possuo esse lado glamoroso, mas depois tenho uma vida como qualquer outra mulher. Vou ao hipermercado quando é necessário.

Gosta de cozinhar?

Adoro a vida que há à volta da cozinha. Gosto de lá estar, ir recebendo os amigos, falando com eles. Herdei o gosto pelo universo da cozinha da mãe, que gosta de cozinhar, receber e ensinar as receitas que sabe às nossas equipas.

Dizem que se for preciso fica satisfeita com uma fatia de piza.

É verdade. Como fiz a escola no sistema americano gosto da comida deles, ou seja, piza, hambúrgueres, junk food. Sou uma pessoa muito simples. (risos)

Tão simples que nos recebe em casa de pés descalços.

As pessoas é que criam ideias sobre os outros. Dizem: "ai a princesa, ai a duquesa", sou muito natural no dia-a-dia.

Como é que as pessoas a tratam?


Sempre me trataram por duquesa, mas desde que casei chamam-me princesa. Princesa Diana. E gosto que me tratem assim. É um mimo.

Vivemos numa República. Faz sentido tratarem-na assim?

Faz parte de quem eu sou. Fui educada assim. O meu nome também tem ajudado nos projetos humanitários, dá-lhes visibilidade.

Casou com um príncipe francês. Quais são as suas funções oficiais?


Tenho diversos compromissos no estrangeiro, atividades de caridade e convívios com várias famílias reais.

Divide-se entre Paris, Évora e o Estoril. Como é viver entre três mundos tão diferentes?


Viajo desde pequena. É o meu estilo de vida. Nasci na Suíça, a minha irmã nasceu em Nova Iorque, vivemos em Paris, o pai regressou... sempre me habituei a ter a vida na mala.

A passagem do título para si não foi pacífica. Tem duas irmãs do primeiro casamento do seu pai e a mais velha reclamava o título. Foi um assunto que alimentou a imprensa e as conversas de salão.

A história é simples: tenho duas meias-irmãs mais velhas, do primeiro casamento do pai, feito pelo civil, dado que a senhora já era casada. Quando o pai conheceu a mãe, casou pela igreja. Em termos de títulos, os casamentos que são válidos, reconhecidos, são os que se fazem pela igreja. Para o pai, nunca houve dúvidas. Sou a filha mais velha de um casamento religioso e por isso tenho direito natural ao título.

Mas em 1995 o seu pai chegou a ameaçar deserdar as filhas com o argumento de 'indignidade sucessória'...


Repita. Foi? Devia ser muito nova. Se isso aconteceu deve ter sido em relação às minhas duas meias-irmãs. Não me lembro desse assunto. O pai era uma pessoa muito generosa, deu casas, bens, mas a dada altura houve uns problemas entre o pai e essas duas filhas, que tiveram comportamentos muito feios com ele.

Fala com as suas duas meias-irmãs?

Não. Parece que ambas as partes tinham argumentos jurídicos válidos. Dado que o primeiro casamento da primeira mulher do seu pai foi anulado... Houve uma confusão. A Roseline, é assim que se chama, quis o título, meteu advogados e os pais fizeram o mesmo.

Porque é que para si fazia sentido herdar o título de duquesa de Cadaval, quando podia herdar outros - mais antigos e por isso mais importantes -, como marquês de Ferreira, conde de Tentúgal?

Era importante ser o chefe de família da Casa de Cadaval. Nas outras gerações, já são 11, todos herdaram, com o título, os títulos de marquês de Ferreira e conde de Tentúgal. Vinha tudo junto. Nunca em tantos séculos isto aconteceu, nem se pegou numa casa e se dividiram os títulos.

Toda esta polémica fez com que Duarte de Bragança extinguisse o Conselho de Nobreza, o organismo que confirmava e validava os títulos.

Sei que foi extinto, mas não sei se foi por esse motivo.

É verdade que em família chegou a um acordo com a sua irmã mais velha e decidiram que os descendentes titulares serão os seus sobrinhos, ou seja, os filhos da sua irmã?

Aonde é que ouviu isso? Estou a descobrir muita coisa consigo. Muita coisa. Que loucura! De maneira alguma. Deve ser uma piada. Se ler a resposta que o senhor Dom Duarte deu na 'Point de Vieu' verá que ele responde, preto no branco, que a situação está resolvida. Na altura dos filhos se verá, mas segundo ele deverão ser os meus. O que faz todo o sentido. Não estamos a inventar nada, seguimos uma tradição secular. Sou oficialmente a duquesa de Cadaval, a chefe da família, ponto final.

Esta questão dos títulos beliscou a sua relação com os duques de Bragança?

Não. O senhor Dom Duarte foi meu padrinho de batismo, de casamento, acompanhou-me sempre. Tenho um grande respeito por ele.

Vive num meio muito privilegiado? Tem noção do país real, das dificuldades das pessoas, da falta de emprego?

Tenho essa noção. Portugal vive num estado dramático. A percentagem do desemprego é elevadíssima. Faço parte daquela geração que teve vidas fantásticas, graças ao crédito e à possibilidade de arranjar emprego. As gerações anteriores tiveram uma vida bem mais difícil. Mas agora, devido à situação económica, há famílias que não podem pagar os créditos. Surgem os novos pobres, bem vestidos, bem arranjados, mas a quem o dinheiro não chega para pagar todos os compromissos. Não existem pobres só nos países africanos, também existem cá.

Sabe qual é o ordenado mínimo nacional?

450 euros. Admiro as pessoas que conseguem sobreviver com isso.

As revistas cor de rosa perguntam-lhe quando é que tem filhos. Não lhe faço essa maldade. Mas gostaria de saber quantos quer ter.


Desde que venham com saúde, fico feliz com os que vierem.

Vai educá-los como príncipes?


Serão principezinhos! Quero que sejam crianças felizes, mas cientes dos seus compromissos.

Quando vai às compras perde-se em quê?


Adoro sapatos, vestidos, joias. Não faço das compras um passeio. Quando vou às compras já sei onde quero ir.

Faz as compras em Lisboa ou no estrangeiro?

Olhe, sou como Maria Pia. Vou muito às compras a Paris.



Publicada na Revista Única do expresso de 14 de Agosto de 2010

http://aeiou.expresso.pt/diana-de-cadaval-gosto-que-me-chamem-princesa=f599797


Entrevista de Cândida Santos Silva (http://www.expresso.pt/)
12:23 Quinta feira, 19 de Agosto de 2010

Fotografias: José Ventura


NÃO É OLHAR PARA TRÁS, É ANDAR PARA A FRENTE!

É impossível saber quantos são os portugueses que defendem a restauração da monarquia, mas a verdade é que os ideais monárquicos têm vindo a ganhar visibilidade, quer na Internet quer em acções de rua. Dizem que, por precisar do apoio dos partidos políticos, o Presidente da República nunca pode ser completamente independente, e defendem que o rei não só é o representante natural e de todos os portugueses, mas também um garante da unidade nacional e da estabilidade do País. Num momento de crise - não só económica mas, sobretudo, de valores - os ideais monárquicos podem ganhar cada vez mais terreno. No dia 5 de Outubro, um grupo de monárquicos vai reunir-se em Guimarães para uma declaração de lealdade a D. Duarte.

No telemóvel de Hélio Loureiro está a imagem da bandeira azul e branca, símbolo da monarquia portuguesa. O chef do Porto Palácio Hotel, conhecido por ser também o responsável pelas refeições da selecção nacional de futebol ou pelas receitas económicas que aconselha na televisão, preparou as ementas da apresentação de Afonso, o primeiro filho de D. Duarte, e do baptizado de Dinis, o filho mais novo. Podia ter sido só trabalho, mas foi mais do que isso. Hélio Loureiro usa o brasão da Casa Real na lapela e não esconde as suas ideias: "Sou monárquico convicto, não por tradição familiar mas pela certeza de que a restauração monárquica traria uma nova esperança para Portugal."

Descobriu-se monárquico aos 15 anos. "A minha geração é muito politizada, a conversa à mesa do jantar passava sempre pela política, o meu irmão era da esquerda radical. A mim não me deu para isso", recorda. Leu o Capital, de Marx, os pensamentos de Engels, o Livro Vermelho de Mao, mas depois continuou as leituras até encontrar resposta para as suas dúvidas políticas. Foi através de Gonçalo Ribeiro Telles que chegou ao pensamento monárquico, num momento em que dizer em Portugal que se defendia a monarquia era quase o mesmo do que defender o fascismo. Nada que o intimidasse: "Ser católico dá trabalho. Ser muçulmano dá trabalho. Ser judeu dá trabalho. Ser monárquico dá trabalho. Quando se é alguma coisa na vida é preciso trabalho. O mais fácil é não ser nada e não tomar posição, dizer que não se sabe. Quando se toma posição tem de se ter os pés bem assentes na terra e saber o que estamos a dizer. Com consciência." E que implica uma acção pública, como diz Hélio Loureiro: "Faz parte da minha missão enquanto português mostrar que há outro regime para além deste, que há outra verdade para além desta verdade, que isto não é o fim de uma etapa de Portugal, se calhar é uma transição."

Por tudo isto, a sua ausência será notada. Hélio Loureiro não vai estar esta terça-feira em Guimarães na declaração de lealdade a D. Duarte. "Gostaria muito de ir, mas marquei férias para esta semana. Não queria estar em Portugal nesta altura. Para não me enervar." Afinal, não deve ser fácil para alguém que defende profunda e publicamente a monarquia estar rodeado de celebrações do centenário da República - celebrar o quê?, perguntam os monárquicos, o regicídio?, a mudança de regime contra a vontade do povo português?, uma primeira República caótica, com retrocessos nos direitos fundamentais?, a ditadura que se lhe seguiu?, o PREC? Celebrar o quê? Este é o primeiro argumento de quem defende a monarquia: os monárquicos não falam da implantação da República mas antes da sua "imposição", contestam a legitimidade do novo regime e não perdoam a tirania.

"Sempre associei a monarquia à liberdade, devido à história não só do nosso país mas dos outros países da Europa. Na Alemanha e Espanha, as ditaduras aconteceram após o fim da monarquia", explica João Braga, 65 anos, monárquico desde sempre. "Era muito miúdo e lembro-me de chorar a ouvir, na rádio, a cerimónia do enterro da rainha D. Amélia", recorda. A influência da família foi determinante mas, apaixonado por história, o fadista aprofundou o tema e tornou-se um dos principais rostos da defesa da monarquia - "Existe aquele cliché: eu sou monárquico porque sou português. Não é que os republicanos sejam menos patriotas do que os monárquicos. Mas, quando Portugal foi grande, como nós entendemos uma nação grande, foi durante a monarquia. Portugal nunca foi tão pequeno como está ser nestes cem anos de república."

Isto é algo que preocupa Mariana Filippe, que herdou do pai o gosto pela pintura e a lealdade ao rei. Uma dos nove filhos de João D. Filipe, pintor especialista em arte sacra, lembra-se de como, lá em casa, as conversas sobre política eram também conversas sobre a responsabilidade social e os valores que regem a nossa vida. "Comecei a pensar no que é que significa ser português e como é que nos revemos no país onde vivemos", conta na sua voz pausada e tímida. Quando tinha 16 anos, a idade do "despertar da consciência política", já era claro na sua cabeça que não se identificava com o regime republicano nem com a figura do presidente. "Aos 18 anos entrei para a Real Associação e comecei a estar mais envolvida. Depois escolheram-me como representante da juventude na direcção. É a minha forma de participação cívica."

No atelier que partilha com o pai, mesmo em frente à Faculdade de Belas Artes, em Lisboa, onde já se licenciou em pintura e espera em breve começar o mestrado, Mariana, 22 anos, passa o tempo em tentativas e erros pintando retratos. "A arte figurativa está muito malvista nos dias de hoje, mas eu não me importo. É um desafio enorme. E gosto de retratar momentos de pausa, de reflexão, quase de suspensão do tempo, contrariando a agitação do quotidiano", explica, entre sorrisos. Na política, como na arte, Mariana não se importa de ir contra a corrente. "Quando digo que sou monárquica, algumas pessoas desatam a rir. Mas ficam curiosas. E já aconteceu, em conversas, despertar o interesse de alguns amigos. Pô-los a pensar." Não anda a tentar convencer ninguém, mas tem as suas explicações: "O rei é o símbolo de união, representa todo o País, enquanto o presidente só representa aqueles que votaram nele. Além de desagregação, isto provoca uma enorme instabilidade."

Este é outro argumento para defender a monarquia: "Dizer que qualquer pessoa pode ser presidente da República é uma utopia. Estão a enganar-nos. Para se ser presidente tem de se ter o apoio de um partido e, logo, não se é independente. O presidente, por muito que queira, nunca está acima dos interesses partidários. Já com um rei isso não aconteceria", afirma Francisco Franco de Sousa, de 22 anos, que, com o amigo Pedro Rodrigues Castro, está empenhado em animar o núcleo monárquico de Cascais. "Ser preparado desde o berço para a função faz toda a diferença", acrescenta João Braga, que não esconde a sua admiração "pelo sacrifício que implica a dedicação à causa monárquica, há um dramatismo na sina de quem nasce para esta função. Não é um privilégio, é uma missão." Uma missão para a vida inteira e que se prolonga nos seus filhos. "Isto é um garante da estabilidade, sabemos que o País não vai mudar o rumo de cinco em cinco anos, mesmo que mude o Governo, porque há algo que se mantém", acrescenta Mariana Filippe.

Se há assim tantas vantagens, por que motivo não há mais monárquicos (pelo menos a assumirem publicamente as suas convicções)? "As pessoas continuam a achar que os monárquicos têm grandes bigodes e anel no dedo. Ou que são todos duques e barões. Há um estigma. É um preconceito que temos de mudar e cabe aos jovens fazê-lo", afirma Pedro Castro. E são cada vez mais os jovens interessados pela causa monárquica, garantem. No ano passado, um grupo de monárquicos ligados ao blogue 31 da Armada - entre os quais Rodrigo Moita Deus, Henrique Burnay e Nuno Miguel Guedes - subiu à varanda do edifício da Câmara Municipal de Lisboa e hasteou a bandeira monárquica. Colocado online, o vídeo da "Restauração da Monarquia" causou enorme polémica e algum mal-estar entre os republicanos, mas teve o mérito de pôr toda a gente a falar do assunto. "Nas semanas seguintes houve imensas bandeiras hasteadas pelo País e até no estrangeiro", conta Pedro. "Isto prova que existe muita gente descontente com o regime e que está disponível para agir."

"Se esta celebração do centenário serve para alguma coisa, é também para pôr as pessoas a falar da monarquia", diz Francisco. E a verdade é que, no último ano, os monárquicos têm estado cada vez mais visíveis. Já não se reúnem só no tradicional jantar dos Conjurados, a 30 de Novembro. Hoje mesmo, um grupo vai sair para as ruas de Lisboa em mais uma "arruada monárquica", exibindo T-shirts azuis onde se lê "Eu quero um rei. E tu?", agitando bandeiras, distribuindo folhetos, gritando "O rei é fixe, a república que se lixe." David Garcia, 31 anos, é um dos que habitualmente participam nestas arruadas. "Acho que tem de haver uma maior abertura, uma aproximação à população", defende, acrescentando: "Muita gente pensa que ser monárquico é pertencer a uma família rica e ser conservador ou de extrema-direita não é nada disso", diz David, que não cresceu num meio monárquico nem pertence a qualquer elite. "Não tenho nenhuma tradição na família, sou um monárquico de consciência."

Foi em 1995, quando assistiu ao casamento de D. Duarte com D. Isabel de Herédia, que se fez um clique na sua cabeça de 16 anos. "Fiquei muito interessado em perceber quem era este homem e comecei a estudar não só a nossa história como as outras monarquias que existem na Europa." Foi o princípio de um caminho que o levou a ler livros como O Passado de Portugal no Seu Futuro, de Manuela Gonzaga, e a tirar o curso de História da Arte. Em 1999, associou-se à Real Associação de Lisboa. "Foi então que comecei a doutrinar-me, a perceber o vazio da República e a rever-me no princípio político defendido por D. Duarte", conta. Além disso, "basta olhar para o nosso país hoje para percebermos que algo está mal", diz. Ou como afirma Mariana Filippe: "Cada vez mais as pessoas estão descontentes e desanimadas. É nestes momentos que mais precisamos de um rei."

Mais um argumento para defender a monarquia: os países europeus que vivem neste regime (Reino Unido, Suécia, Dinamarca, Luxemburgo, Noruega, Espanha) parecem ter uma sociedade muito mais estável e harmoniosa e estar mais preparados para enfrentar a crise - se não em termos económicos, pelo menos em termos anímicos. A auto-estima de um povo e o "sentimento de pertença a uma comunidade que tem no representante histórico um garante da estabilidade" podem ser determinantes para a evolução d e um país, dizem os monárquicos.

"Claro que não iríamos ter uma monarquia absoluta, todas as monarquias actuais são democracias onde os ideais da igualdade, liberdade e fraternidade estão muito mais presentes, talvez, do que na nossa república", diz David Garcia. Ou, nas palavras de Hélio Loureiro: "Incutiram-nos a ideia de que os reis são uma coisa medieval e que eram todos tiranos. Tem-se a ideia de que a monarquia é uma coisa de direita quando o pensamento monárquico é mais à esquerda do que o pensamento republicano. Quando se descobre petróleo na Noruega, enriquecem todos, não só alguns. Por isso, quando as pessoas são questionadas seriamente sobre isto acabam por perceber. Não é voltar atrás, é andar para a frente."

Nas arruadas, distribuindo folhetos e respondendo às perguntas dos transeuntes, David sente que está a cumprir a sua missão: "Vamos para a rua para dar alguma esperança aos portugueses, dizer-lhe que há um outro caminho e que Portugal tem muita potencialidade." Da mesma forma, há quatro anos, decidiu iniciar um blogue a que chamou Projecto Democracia & Rei, onde publica notícias, vídeos, textos seus e de outros defendendo os ideais monárquicos. Mais recente, a página no Facebook já tem mais de mil membros. E este apenas um dos muitos sites e blogues associados à causa, desde as páginas oficiais da Casa Real ou da reais associações, passando por blogues simpatizantes - como o 31 da Armada (embora tenha também uma "ala marimbista"), o Pensar Portugal (de Ricardo d'Abranches), o Grupo dos Amigos de Olivença, o Livre e Leal (de Luís Aguiar Santos), o blogue de Pedro Quartin Graça, o Movimento 1128, e muitos outros. "Hoje é muito mais fácil encontrar outras pessoas que pensam como nós", reconhece David Garcia. É mais fácil comunicar, organizar acções e passar a mensagem. "Na Internet usamos uma linguagem simples, apelativa, moderna", explica. "Mostramos que a monarquia não tem nada a ver com privilégios."

É comum falar da despesa e do fausto associados às casas reais, mas os monárquicos alegam que a maioria das monarquias custa menos que a nossa república: "Nem que seja porque não teríamos de pagar as reformas e os privilégios dos anteriores presidentes", argumenta Pedro Castro. "As famílias reais têm o seu património. Dom Duarte não recebe qualquer pensão do Estado", explica Hélio Loureiro. E não há ilusões quanto a cortes e a bailes. "Todos os Estados têm as suas elites e as suas despesas de representação. A república também tem uma elite económica, social, cultural", explica Francisco Franco de Sousa.

Essa é também uma das lutas da duquesa Diana de Cadaval. "Ter um título significa, antes demais, ser portuguesa e honrar a tradição. A minha missão é inspirar-me no passado da minha família para tentar fazer melhor na construção do meu presente", diz a duquesa, que é uma das figuras da nobreza portuguesa mais populares, sobretudo desde que se casou com o príncipe Charles Philippe. As fotografias da família são publicadas nas revistas cor-de-rosa ao lados das imagens das famílias reais europeias. Mas Diana de Cadaval insiste em dizer, em todas as entrevistas, que é uma mulher como as outras. "Sou uma mulher que trabalha e que, como tantas outras, luta pelos seus objectivos. Tenho muitos projectos e faço por realizá-los o melhor que sei e posso. Temos uma vida cheia - de preocupações mas também de pequenos prazeres. Não temos preconceitos, por isso tento tirar o maior proveito de uma ida ao mercado como de umas horas de jardinagem ou de um baile em que encontramos os nossos primos, duques, príncipes, reis..." Autora do livro Eu, Maria Pia e colaboradora da revista Caras, Diana de Cadaval recusa-se a ser meramente duquesa. Mas não esconde uma esperança: "Acredito que o povo é soberano, e respeito a vontade da maioria, assim ela tenha oportunidade de manifestar. Estamos numa democracia, não estamos? Então ao povo português deve lhe ser dada a oportunidade de escolher."

Fonte: DN

Publicada por Real Associação Beira Litoral


http://realbeiralitoral.blogspot.com/2010/10/nao-e-olhar-para-tras-e-andar-para.html



QUEIXA-CRIME CONTRA PINTO MONTEIRO

Sociedade

Denúncia por crimes de abuso de poder, denegação de justiça e usurpaçao de funções

Carlos Santos Monteiro acusa o PGR denão ter dado seguimento a uma queixa sua

Queixa-crime contra procurador-geral no Supremo

O presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Noronha Nascimento, recebeu esta semana uma queixa-crime contra o procurador-geral da República, Fernando Pinto Monteiro, o vice-procurador-geral, Mário Gomes Dias, e o secretário da procuradoria-geral, Carlos Sousa Mendes. São denunciados pela prática dos crimes de denegação de justiça, abuso de poder, usurpação de funções e peculato de uso pelo procurador-geral adjunto Carlos Santos Monteiro.

Noronha Nascimento remeteu já a denúncia para a secção criminal do STJ que, por lei, está incumbida de dirigir os inquéritos contra o procurador-geral da República ou magistrados dos tribunais superiores. O sorteio, a realizar na próxima semana, é que irá determinar o titular do inquérito de entre os conselheiros que compõem aquela secção.

No essencial, o conteúdo da denúncia está relacionado com o exercício das funções do vice-PGR por Mário Gomes Dias. Santos Monteiro, além de considerar ilegal a nomeação de Mário Gomes Dias, sustenta que este exerceu ilegalmente poderes delegados durante cerca de ano e meio. Invoca que a obrigatória delegação de poderes por parte de Pinto Monteiro só ocorreu em 23 de Maio de 2008, quando Gomes Dias já estava em funções desde 3 de Janeiro de 2007.

Invocando o seu “dever de denúncia obrigatória”, Santos Monteiro tinha já antes apresentado a Pinto Monteiro uma queixa-crime contra Mário Gomes Dias, pelo alegado exercício ilegal de funções. Na queixa agora dirigida ao STJ, refere que o PGR não só não deu sequência à sua queixa, como o ameaçou com procedimento disciplinar.

Na queixa apresentada, Santos Monteiro refere que foi alvo de dois processos disciplinares, instaurados por decisão de Gomes Dias. Além de considerar que o vice-PGR exerceu funções de forma ilegal e para as quais não estava mandatado, a denúncia sublinha também que continua em funções, apesar de saber que tal lhe é proibido “por já ter atingido o limite de idade em 15 de Junho e cessado a respectiva relação jurídica de emprego público”. É por isto que também o secretário-geral da PGR é denunciado, por lhe continuar a processar o vencimento, de forma alegadamente ilegal , desviando “fundos do orçamento”.

08.10.2010 - 19:41 Por António Arnaldo Mesquita

http://www.publico.pt/Sociedade/queixacrime-contra-procuradorgeral-no-supremo_1460149

D. DUARTE NA MADEIRA

MADEIRA: OS MONÁRQUICOS AINDA NÃO "DIGERIRAM" O REGIME ACTUAL E QUE NADA DE BOM TROUXE AO PAÍS .

Dom Duarte durante uma visita à Madeira


Pergunta: Como festeja um monárquico convicto a Instauração da R.?
Resposta: Não festeja, claro."O actual regime foi-nos imposto pela violência das armas e com métodos que hoje chamaríamos de terroristas, assassinando à traição o Rei D. Carlos e seu filho o Príncipe Luís Filipe", defende João Paredes, presidente da Real Associação da Madeira, que prefere lembrar o 5 de Outubro, como dia em que D. Afonso Henriques e D. Afonso VII de Leão e Castela assinaram o Tratado de Zamora, que marcou a Independência de Portugal.
Estas comemorações, continua João Paredes, podiam ter sido um grande momento de reflexão nacional sobre a representação do Estado Português. "Infelizmente, perduram os complexos e os medos relativamente à Monarquia", lamenta, ironizando: "é verdade que apesar dos seus curtos 100 anos o actual regime sente necessidade de justificar a sua existência, insistindo nos erros históricos que alicerçam a sua difícil sobrevivência". O responsável pela Real Associação da Madeira, uma das 24 espalhadas pelo país, admite que mesmo passados 102 anos sobre a morte de D. Carlos persiste ainda um "grande desconforto", até porque o povo português não beneficiou nem nada desse "assassinato". Crime, frisa, que não era necessário nem conveniente à defesa e democratização do país. "Pelo contrário, mesmo hoje a actual Constituição da R., apesar de múltiplas revisões e com desconhecimento de muitos Portugueses, impede o pleno exercício da democracia, ao proibir no seu artigo 288 b) a livre escolha entre Rei e PR", acusa o monárquico madeirense dizendo que as actuais comemorações deveriam ser aproveitadas não só para a introdução de um "debate saudável" sobre a possibilidade de escolha do regime, como também analisar o papel do PR. "Devemos analisar se temos suficiente Presidente da "Coisa publica" ou se se devem reforçar as suas competências para que seja verdadeiro árbitro da governação, com mais poder interventivo e não mero papel representativo", defende João Paredes, lembrando que nos últimos anos da Monarquia Constitucional os poderes do Rei estavam bastante limitados, mas ele continuava a ter voz activa na governação e nas decisões mais importantes do país. "Actualmente, o PR está de mãos atadas e pouco mais pode que dar 'recados' ao país", observa, insistindo na necessidade de Portugal ter um representante preparado para o cargo e com uma perspectiva de continuidade. A diferença entre um Presidente e um Rei, é que o segundo fica em funções tempo suficiente para garantir não só a estabilidade social e económica, como para estabelecer uma relação efectiva e duradoura com a comunidade nacional. E o problema económico, acrescenta, nem se coloca, porque está provado que os países de regime monárquico gastam menos com a Casa Real do que as repúblicas com a Casa Civil dos respectivos presidentes. "Na generalidade dos países europeus mais desenvolvidos, com maior estabilidade governativa e melhor protecção social, existem monarquias democráticas", afirma, explicando que os custos do actual regime incluem as despesas eleitorais e as "mordomias" dos ex-titulares da Presidência da R. "Na generalidade dos países europeus mais desenvolvidos, com maior estabilidade governativa e melhor protecção social, existem monarquias democráticas", garante João Paredes, dizendo que "ao contrário do que é voz corrente" os monárquicos não pretendem restaurar a monarquia, mas sim instaurar um regime monárquico democrático. "Agora, urge sim Restaurar a R., uma vez que esta não está a dar resposta às reais necessidades do país", defende João Paredes, justificando que ao longo do último século, Portugal teve três repúblicas e nenhuma funcionou. A 1ª R. "dividiu e destroçou" o país, retirou direitos adquiridos às pessoas como o voto das mulheres e a liberdade de culto. A 2ª R., "imposta pelas armas e com sacrifício das liberdades individuais", afastou o país da Europa, mas ainda teve o condão de desenvolver o Portugal Ultramarino, que hoje, no caso de Angola, está a funcionar a nosso favor. "A 3ª R., ora vigente, inaugurada pela Revolução de 25 de Abril de 1974, implantou-se de forma pacífica apenas na Metrópole e à custa da tragédia de uma 'descolonização' do Ultramar Português desorientada e antipatriótica na sua essência", afirma, reconhecendo que a aproximação ao modelo democrático europeu foi positiva, embora Marcelo Caetano já a tivesse esboçado. "A tentativa antipatriótica de colagem ao modelo soviético resultou em nacionalizações e em instabilidade social e económica: destruído ou fragilizado o sistema produtivo nacional, Portugal entrou em pré-falência", recorda, dizendo que só a entrada na então Comunidade Económica Europeia permitiu ao país recuperar economicamente, mas à custa de humilhações. "Portugal foi o "bom aluno" da Europa, distinção que mais humilha do que honra quem realizou os Descobrimentos e dialogou em pé de igualdade com as potências mundiais aquando da II Grande Guerra", frisa o monárquico, que traça um quadro negro do futuro a curto prazo do país. "O governo está a prazo e a oposição quer ser alternativa de governo a prazo, e o PR, por mais isento que queira ser, está hipotecado ao seu eleitorado e ao partido que o apoia eleitoralmente", acusa, dizendo que a população está "divorciada" da vida política: "apenas 60% dos eleitores votam, e o Presidente é eleito por pouco mais de 30% dos eleitores". Perante isto, João Paredes pergunta: "Onde está o 'Presidente de Todos os Portugueses', para que é que ele serve e a quem serve ele, de facto?". E o monárquico madeirense 'desmonta' um dos argumentos mais utilizados pelos republicanos. [Dizem] que o sucessor directo do soberano reinante pode não ser a pessoa mais dotada e com a personalidade adequada ao exercício do cargo, mas em casos de dúvida sobre a sucessão, cabe ao Parlamento, enquanto órgão de soberania, seleccionar o membro da Família Real com melhor perfil e proceder à sua aclamação por voto democrático", explica, dizendo que um Rei em Portugal seria benéfico para o país, principalmente no actual contexto de crise económico financeira. "A estabilidade e continuidade da Representação Real dão confiança aos investidores nacionais e estrangeiros, gerando maior abertura para a concessão de financiamentos a longo prazo e com condições mais favoráveis, mesmo num contexto de crise e de risco", diz João Paredes, lembrando que em política tudo pode mudar de um dia para o outro, mas só um Rei pode dar a referência de um rumo histórico e a segurança de continuidade e futuro da Nação. Em teoria, qualquer cidadão de pleno direito pode candidatar-se à Presidência da R., mas na prática para ter reais hipóteses de ser eleito é necessário ter feito carreira numa qualquer estrutura partidária, gerir apoios e fazer muitas promessas", afirma, contrapondo com a "legitimidade histórica e dinástica" de um Rei, que lhe dá autêntica "independência e autoridade moral e política" para exigir o "entendimento das forças políticas" e "impor moralidade" nas contas públicas em nome do bem o comum. "A população entenderia melhor os sacrifícios a que está a ser sujeita nesta época de crise se sentisse que o exemplo de sacrifício e de moralização vinha dos principais responsáveis políticos, se soubesse que os jogos de interesses particulares não tinham eco junto do mais alto Representante da Nação". Por tudo isto, defende João Paredes, é necessário "restaurar" a R. e se possível com um Rei.

PR vs Dom Duarte aos olhos de um monárquico.

"O PR tem um percurso de ilustre professor de economia, que depois segue para a área política e que, honra lhe seja feita, foi o autor da primeira maioria governativa da III República. Como Primeiro-Ministro de Portugal, lançou as bases do desenvolvimento tecnocrático que estabilizou a nossa economia e absorveu grande parte dos fundos comunitários. A sua candidatura à P.R. foi estruturada com grande sentido de Estado e muita expectativa por parte dos Portugueses que tiveram a ilusão de que a sua honestidade e os seus conhecimentos de macroeconomia bastariam para por ordem na política e na gestão do nosso país e assegurar o êxito da nossa integração na Comunidade Europeia, o que a realidade veio a desmentir, infelizmente. Já o Senhor Dom Duarte não exerce nenhum cargo oficial, muito menos remunerado. Não só nada custa ao Erário Público, como pertence a uma família que a Revolução despojou dos seus bens. Os poucos bens da Família Bragança que não foram nacionalizados estão consolidados na Fundação da Casa de Bragança, gerida pelo Estado Português e que apoia intervenções de cariz patrimonial, cultural e educacional utilizando os bens que constituíam o morgadio da Casa de Bragança e que eram destinados ao sustento e à educação dos Infantes de Portugal. O Senhor Dom Duarte tem-nos representado em todo o universo das suas relações familiares em eventos sociais e culturais, sem quaisquer custos para o país, sempre com uma presença digna e distinta, acompanhado por sua mulher e às vezes seus filhos, utilizando estas ocasiões para promover no mundo a imagem e a história de Portugal. É apoiado politicamente por 24 Reais Associações espalhadas pelo país e também na Europa, nos Estados Unidos e no Oriente; reunidas na Causa Real, estas Associações defendem e promovem o debate político sobre a representação do Estado".

Diário de Notícias da Madeira - de 04-10-2010

http://realfamiliaportuguesa.blogspot.com/2010/10/os-monarquicos-ainda-nao-digeriram-o.html

Sexta-feira, 8 de Outubro de 2010

CONSTITUCIONALISTAS DEFENDEM LEGALIDADE DE CORTE NAS PENSÕES

Especialistas defendem que medida se enquadra na Lei Fundamental.

Segundo especialistas em Direito Constitucional, uma decisão destas tomada pelo Governo não padece de qualquer vício face à CRP. Ao “princípio de proibição do retrocesso em matéria de direitos sociais”, explica o constitucionalista Paulo Otero, sobrepõe-se o “princípio de necessidade, em que estejam em causa situações que permitam justificar ou fundamentar um retrocesso”. Esse “princípio de necessidade”, continua o jurista, justifica-se pela situação dramática que o País atravessa, “em que cortar salários, ou mesmo pensões, é um mal menor face às necessidades financeiras e à perspectiva de, em última análise, não haver sequer dinheiro para pagar nada”.

Em causa poderá no entanto estar, segundo Bacelar Gouveia, “a aplicação do princípio da igualdade”, uma vez que, havendo cortes, estes deveriam dirigir-se “a todos”. “O Governo”, conclui o especialista, “deve apenas obedecer a critérios de igualdade e proporcionalidade”.

Fonte: Jornal de Negócios

http://www.advocatus.pt/content/view/2819/11/

07-Out-2010

RELAÇÃO DÁ RAZÃO A MARINHO PINTO

Relação dá razão a Marinho e Pinto

O Tribunal da Relação deu razão ao bastonário no caso de uma sanção aplicada a um advogado.

Após a decisão do Conselho de Deontologia da Ordem dos Advogados, de suspender de funções um advogado que está a ser alvo de um inquérito disciplinar, considerando que houve uma violação da lei, foi instaurado um inquérito que o suspendeu preventivamente do exercício das suas funções durante seis meses.

Marinho Pinto discordou da decisão do Conselho de Deontologia da Ordem dos Advogados, não concordando que o advogado ficasse inibido de trabalhar enquanto o processo estivesse a decorrer, recorrendo para o Conselho Superior da Ordem, decidindo levantar a suspensão. Após a reacção de Noronha Nascimento, de ter distribuído uma nota pelos tribunais que considerava a decisão do bastonário sem valor jurídico, o Tribunal da Relação deu razão a Marinho Pinto, considerando que o Conselho Deontológico da OA “violou a lei”.

http://www.advocatus.pt/content/view/2837/9/

ADVOCATUS 08-Out-2010