Friday 6 August 2010

BPN: MONTEPIO NA CORRIDA

Privatização

Montepio na corrida ao BPN

por PAULA CORDEIRO

DN NEGÓCIOS


Governo coloca activos 'tóxicos' em 3 entidades. Instituição mutualista vai levantar caderno de encargos.

São, no mínimo, 180 milhões de euros o encaixe que o Estado pretende obter com a privatização do Banco Português de Negócios (BPN), apesar de a instituição ter sido avaliada em 380 milhões de euros. Tomás Correia, presidente do Montepio, revelou ao DN que a sua instituição vai levantar o caderno de encargos e "analisar em detalhe" as condições. Quanto ao preço, diz que "é relativo, tudo depende do que estiver em causa".

A venda do BPN vai finalmente avançar, estando apenas sobre a mesa a sua rede de retalho, numa lógica de separação dos activos dos banco, ficando o Estado encarregue de gerir o restante património (e imparidades), criando para o efeito três sociedades.

As condições de privatização do BPN foram ontem aprovadas em Conselho de Ministros e anunciadas pelo secretário de Estado do Tesouro e Finanças, Carlos Costa Pina. O Estado vai alienar 95% do capital do BPN, correspondente a 72,2 milhões de acções com o valor nominal de cinco euros, em concurso público destinado a instituições financeiras, com os restantes 5% reservados a trabalhadores. Estes beneficiarão de um desconto de 5% face ao preço que vier a ser fixado para as restantes acções.

De acordo com analistas ouvidos pelo DN, o preço mínimo definido para o BPN está em linha com o valor esperado pelo mercado.

"Com esta privatização, devolve--se ao mercado o BPN", referiu Costa Pina, na conferência de imprensa após a reunião ministerial. O governante revelou que as propostas a apresentar pelos candidatos terão de ter um valor mínimo de 180 milhões de euros. Se esta condição não foi preenchida, o Estado não venderá, reservando-se igualmente "o direito de não adjudicar, mesmo por um valor superior".

Mas existem outros factores além do preço, que o Estado terá em consideração na hora de decidir a quem vende o BPN. A estratégia de crescimento, as garantias de preservação dos postos de trabalho e de apoio à concessão de crédito à economia são ainda critérios inscritos nas condições de privatização.

O secretário de Estado lembrou que "a capacidade, dimensão, idoneidade e identidade do comprador" serão também tidos em conta.

O Governo aceitará propostas nos 45 dias posteriores à publicação das condições da operação em Diário da República e espera concluir a venda do banco até final do ano.

Com este modelo, o Governo deixa de fora o "buraco" do BPN, que irá tentar recuperar. "Objectivo é resolver as imparidades, através da segregação dos activos patrimoniais do BPN, para se fazer uma gestão numa lógica de mais longo prazo", referiu o governante. Assim, as imparidades do BPN - que Costa Pina acredita que acabarão por ser "bastante inferiores" a 1,9 mil milhões de euros - vão ser separadas, em resultado da segregação de activos da instituição. Para cada área resultante desse desmembramento será criada uma entidade gestora dos respectivos activos.

Assim, será constituída uma empresa para gerir os direitos de crédito, outra para a gestão do património imobiliário e uma terceira para as participações societárias. "Com o tempo, é possível recuperar as imparidades e reduzir os capitais próprios do BPN", previu Costa Pina.

O Governo admite ainda, caso existam interessados na aquisição destes activos que ficam fora do perímetro de venda, poder vir a analisar eventuais propostas, ainda que em processos distintos da actual privatização do BPN.

Quanto às garantias prestadas pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) de cerca de quatro mil milhões de euros ( no âmbito dos financiamentos obtidos pelo BPN ao longo dos quase dois anos em que foi nacionalizado e a sua gestão entregue ao banco público), Costa Pina apenas referiu que a situação da Caixa "será acautelada".

BANCOS: APERTO HISTÓRICO NO CRÉDITO


Aperto histórico no crédito

Bancos estão a emprestar ao ritmo mais baixo das últimas três décadas. Nas empresas, há mesmo uma queda.

João Silvestre (www.expresso.pt)
20:12 Quarta feira, 4 de Agosto de 2010

Os bons resultados do BCP nos testes lançaram o banco para uma subida de 4.26% em bolsa, até quinta-feira

Na semana passada, numa análise à economia da zona euro, o Fundo Monetário Internacional avisava que países como Portugal, Grécia, Itália e Espanha, onde as pequenas emédias empresas têm um enorme peso na atividade económica e no emprego, poderiam perder o comboio da recuperação por causa do aperto no crédito bancário.

Um alerta, aliás, deixado pelo economista Silva Lopes que, em entrevista ao Expresso em conjunto com Jacinto Nunes publicada a 10 de julho, avisava que a quebra no crédito terá um impacto na economia portuguesa maior do que as medidas de austeridade do Governo e pode originar uma nova recessão.

A verdade é que os bancos portugueses estão de boa saúde, melhor até que muitos dos seus pares europeus, a julgar pelos testes de esforço conhecidos no final da semana passada, mas não estão a emprestar ao ritmo que seria desejável para alimentar a retoma económica.

Se, por um lado, o recurso a empréstimos bancários também é menor por causa da crise, uma parte deste travão no crédito é resultado da política dos bancos, que estão mais exigentes na hora de passar o dinheiro para a mão dos clientes. Seja pela exigência de maiores garantias, a imposição de taxas de juro superiores ou prazos mais curtos.

De acordo com o inquérito trimestral do Banco de Portugal (BdP) junto dos bancos, divulgado quarta-feira, as exigências para concessão de empréstimos a empresas não-financeiras aumentaram entre abril e junho e devem continuar a apertar no terceiro trimestre. Para os particulares, os bancos revelam que mantiveram os critérios, embora tivesse havido um agravamento ao longo do ano passado.

As consequências estão à vista. Famílias e empresas estão a recorrer a empréstimos a um nível anormalmente baixo para o que tem sido habitual nos últimos anos. O crédito a particulares está a crescer este ano ao ritmo mais baixo desde, pelo menos, 1980 quando começam as estatísticas do BdP.

Entre janeiro e maio, o crescimento nos particulares foi de apenas 1,34%, muito longe das taxas de dois dígitos entre 2005 e 2007. Mesmo nos últimos dois anos, em que a crise do subprime (crédito hipotecário de alto risco) já se fazia sentir e o endividamento dos portugueses pesava nas contas, os empréstimos às famílias cresceram na ordem dos 4%.

No caso das empresas, o cenário é ainda mais desolador. Nos primeiros cinco meses deste ano, o stock de crédito a sociedades não financeiras diminuiu 0,4%, ou seja, cerca de ¤440 milhões amenos do que no final do ano passado.

Primeira quebra desde 1994

É preciso recuar até 1994 para encontrar outra situação de quebra no crédito às empresas não financeiras, o que significa que muitas empresas não só não estão a conseguir novos créditos como, emmuitos casos, não conseguem sequer renovar os antigos. Há também muitas que estão a cortar no investimento, à espera de melhores perspetivas económicas.

Nas empresas financeiras não monetárias, como seguradoras, gestoras de fundos, entre outras, o trambolhão é de 1,1%.

No conjunto, excluindo o sector público, que é o único a ver o crédito bancário crescer este ano, os empréstimos estão a crescer apenas 0,5% naquele que é o pior ano dos últimos 30.

Ao nível da zona euro, segundo dados do Banco Central Europeu (BCE), o crédito hipotecário voltou a acelerar em Junho mas, para as empresas, a torneira continua bastante fechada com uma queda de 1,9% em termos anuais. Entre os países da zona euro com maiores apertos no crédito estão algumas das economias mais afetadas pela crise, como Irlanda, Grécia ou Espanha.

Depois do stresse, a euforia nos mercados

Apesar de algumas críticas aos testes de esforço, por não terem sido suficientemente exigentes ou por apenas terem chumbado bancos que, à partida, já se esperava que chumbassem, os mercados financeiros ficaram bastante satisfeitos com os resultados, ao ponto das ações do sector terem disparado em toda a Europa. Na terça-feira, vários bancos do Velho Continente viram a sua cotação disparar mais de 10%. Em Portugal, o mais valorizado entre segunda e quarta-feira foi o BCP, com um ganho acumulado superior a 9%.

O banco liderado por Carlos Santo Ferreira tinha sido recentemente alvo de um rumor sob uma suposta falência iminente e o resultado no teste de esforço, que colocou a instituição em melhor situação que a Caixa Geral de Depósitos, animou os investidores. Acabou por ter a maior queda do índice PSI-20 na quinta-feira, depois dos resultados terem ficado abaixo do esperado nos mercados.

A onda de confiança não se ficou apenas pelo sector bancário nem pelo mercado acionista. Na dívida pública, foi também uma semana de euforia. Os juros da Obrigações do Tesouro portuguesas a 10 anos caíram para 5,155% na quinta-feira, o valor mais baixo desde o início de junho. O Instituto de Gestão do Crédito Público colocou duas emissões de Obrigações do Tesouro, num total de ¤1281 milhões, com maturidades de 2014 e 2023 às taxas de, respetivamente, 3,621% e 5,377%.

Publicado no Expresso de 31 de julho de 2010

PORTUGUESE DAY EM WALL STREET

O dia estava longe de ser a feira de vaidades que se especulara. Naquele 26 de Maio, há apenas dois meses, a comitiva de luxo de grandes empresas portuguesas e do Governo a Wall Street era marcada por um único assunto: o ataque hostil da Telefónica sobre a PT. O centro de poder estava em jogo. E, mal se sabia então, o do Estado Português também.

Naquela manhã, Ricardo Salgado fazia manchete no Negócios afirmando que "tudo tem um preço", incluindo a Vivo. E no "Financial Times" o administrador da Telefónica Santiago Valbuena ameaçava uma OPA hostil sobre a PT. À porta da bolsa de Nova Iorque, Zeinal Bava pedia a demissão de Valbuena; lá dentro, Ricardo Salgado convocava a "golden share" em caso de OPA; já no "floor", José Maria Ricciardi mandava os espanhóis pentear macacos; e às cadeias de televisão americanas, Fernando Teixeira dos Santos serenava os ânimos sobre Portugal e repetia a frase que mais se ouviu naquela viagem: não somos a Grécia.

Por um dia, o centro dos mercados financeiros mundiais foi também o centro de poder português. Dificilmente se encontraria tanto poder reunido e em acção num só dia e espaço. O Estado. O sistema financeiro. As grandes empresas. Os "outros" CEO, não envolvidos na "questão da Vivo" não disfarçavam aliás a surpresa da desconsideração: tantos jornalistas e nenhum lhes perguntava nada. Só dava PT.

O caso resultou no que se sabe. E culminou um ano de intensas lutas de poder em empresas e na economia. A PT foi a empresa mais "assaltada", de fora, entre accionistas, pelo próprio Governo, mesmo de dentro, entre administradores. Mas não foi a única. A Cimpor recebeu a investida de uma grande empresa brasileira e acabou comprada por outras duas, desalojando franceses e pagando caro à Teixeira Duarte, num processo ademais que estará por concluir e tem latente uma disputa entre a Caixa Geral de Depósitos e Manuel Fino.

Estes são apenas dois dos negócios que mudaram os equilíbrios de poder em Portugal. E é sobre isso mesmo que o Negócios lança hoje uma iniciativa editorial inédita em Portugal: o "ranking" das 50 pessoas mais poderosas na economia portuguesa. Uma lista a publicar anualmente a partir desta primeira edição, com critérios definidos e transparentes, "escavando" para lá das aparências, dos mediatismos e das hierarquias formais. Hoje, apresentamos o projecto e falamos de algumas mudanças de poder. A partir de amanhã, e todos os dias, revelamos um a um quem são os mais poderosos de Portugal. E os menos. E porquê.

JORNAL DE NEGÓCIOS 6-08-2010

O Negócios lança hoje a primeira lista anual em Portugal sobre os mais poderosos na economia. Hoje: os casos. Amanhã: o 25º mais poderoso. E todos os dias do seu Verão.
Bolsas



JP Morgan desliza 2%, Wall Street fecha no vermelho


Jamie Dimon, CEO do JP Morgan


Os receios em torno da recuperação da maior economia do mundo penalizaram os índices dos EUA na última sessão da semana.

As financeiras foram dos títulos que mais penalizaram os mercados em Nova Iorque, hoje, com o JP Morgan a cair 2,01%, e o Citigroup a perder 0,98%.

É que o governo norte-americano divulgou hoje que houve uma quebra de 131 mil postos de trabalho em Julho, no país, e que o sector privado criou apenas 71 mil novos empregos. Os economistas consultados pela Bloomberg apontavam para a criação de 91 mil novos empregos durante o último mês.

Os números reforçaram os receios dos investidores em torno da recuperação do mercado laboral, que se adivinha lenta, com a taxa de desemprego a manter-se nos 9,5%, me Julho, e que consequentemente terá efeitos negativos a nível do consumo interno.

Ontem os mercados norte-americanos já tinham sido castigados com o anúncio de que os pedidos de subsídio de desemprego aumentaram em 19 mil durante a semana passada.

"Aquilo que estamos a ver é uma economia que está a tentar crescer, lentamente, mas sem conseguir criar muitos postos de trabalho", disse um especialista à Reuters.

"Estes dados sinalizam que o abrandamento do crescimento económico pode manter-se durante mais dois ou três meses, ou até mais", concluiu.

Foi neste cenário que Dow Jones e o S&P recuaram 0,2% e 0,37%, respectivamente, tendo estado durante grande parte da negociação a perder mais de 1%. O Nasdaq não escapou às quedas e deslizou também 0,2%.

Bolsas registam ganhos semanais

Nas contas semanais o saldo é, porém, positivo para os três índices, que beneficiam das boas sessões do início da primeira semana do mês.

Na segunda-feira o Departamento de Comércio norte-americano anunciou ainda um aumento de 0,1% nos gastos com a construção, em Julho, quando a estimativa dos analistas apontava para uma quebra de 0,7%.

Também o índice que mede a actividade industrial dos EUA teve um desempenho acima do esperado, e caiu para 55,5 pontos em Julho, face aos 54,7 pontos esperados. Apesar da quebra, o índice manteve-se acima dos 50 pontos, o que significa que o sector continua a crescer.

Assim, nos últimos cinco dias o Dow Jones apreciou 1,79%, enquanto o S&P 500 ganhou 1,81%. O Nasdaq também conseguiu avançar 1,49% na semana.



Margarida Vaqueiro Lopes
06/08/10 21:03

DIÁRIO ECONÓMICO

VISITA DO PAPA AO REINO UNIDO: A POLÉMICA


Igreja Católica britânica cobra entre 6 a 30 euros para assistir a missas e eventos papais





A Igreja Católica britânica vai pedir aos católicos que paguem entre 12 e 30 euros para assistir às missas papais e outros atos públicos de Bento XVI, na sua visita ao Reino Unido em setembro.

Os donativos, que a igreja classifica de “contribuições do peregrino”, são necessários para suportar parte dos custos da visita pastoral e de Estado do papa.

De acordo com o jornal “The Times”, o evento mais caro, que vai custar 25 libras (30 euros) por pessoa, será a missa do papa em Birmingham a 19 de setembro, durante a qual vai ser beatificado o cardeal John Henry Newman.

A missa de Glasgow, a 16 de setembro, custará 24 euros e inclui a atuação de Susan Boyle, a cantora britânica que ganhou protagonismo num programa televisivo de talentos.

O evento mais barato será a vigília de oração no londrino Hyde Park, a 17 de setembro, que custará o equivalente a seis euros.

Em troca da sua contribuição financeira, cada assistente vai receber um “kit do peregrino” com um passaporte, um CD comemorativo e um postal.

“Trata-se de uma contribuição e não é o que se escreveu a dizer que cobramos às pessoas para assistir à missa. O objetivo é cobrir os gastos de transporte e de gestão do trânsito”, afirmou Andrew Summersgill, organizador da visita papal.

Segundo a igreja católica britânica, foi pedido às 22 dioceses de Inglaterra e de Gales e às oito da Escócia que contribuam com determinado valor para os custos da visita.

A visita papal serve de pretexto para a venda de todo o tipo de presentes e produtos relacionados com o evento histórico.

Bonés de beisebol, t-shirts e capas de chuvas com a frase “Team Benedict” (Equipa Bento), lanternas com o logótipo correspondente, chaveiros, bolsas, jarros e taças, além dos tradicionais crucifixos e terços são alguns dos artigos que se encontram à venda.

Em contra corrente, também a Sociedade Nacional Secular, que é contra a visita papal, está a vender o seu próprio material com a inscrição “Pope Nope” (Papa não).


por Agência Lusa, Publicado em 06 de Agosto de 2001

I ONLINE

BPN PRIVATIZADO

Trabalhadores ficam com 5%

Governo vende 95% do BPN a partir de 180 milhões de euros


05.08.2010 - 13:24 Por Luís Villalobos, Ana Brito

PÚBLICO

Conselho de Ministros aprovou também a oitava fase de reprivatização da EDP e a quinta fase da venda da Galp Energia. Os restantes 5 por cento do capital serão alienados a trabalhadores da instituição financeira.

Os 95 por cento a vender por concurso público a grupos financeiros estão avaliados pelo Estado em 361 milhões de euros, colocando que o valor total do BPN era de 380 milhões de euros, tendo em conta o preço nominal das acções (cinco euros). No entanto, foi considerado que esse não era o valor real de mercado, optando assim por aceitar o mínimo de 180 milhões de euros. Abaixo desse valor, o concurso deverá ser anulado. Os restantes cinco pr cento do capital do BPN serão alienados a trabalhadores da instituição.

O Conselho de Ministros deliberou ainda avançar com a oitava fase de reprivatização da EDP e a quinta fase da venda de capital estatal da Galp Energia. No casos destas duas empresas energéticas, o Governo já tinha avançado que iria optar pela emissão de obrigações convertíveis em acções. Assim, poderá manter influência e receber os respectivos dividendos por mais alguns anos.

É na EDP que a participação pública é maior: no total, são mais de 25 por cento repartidos entre a Parpública (20,05 por cento) e a Caixa Geral de Depósitos (5,66 por cento).

Quanto à Galp, a Parpública detém sete por cento do capital da petrolífera, enquanto um por cento cabe à CGD.No caso desta empresa já tinha sido dado o primeiro passo para a venda de parte da posição do Estado através de obrigações convertíveis em acções, mas depois, no final de 2008, o facto de não existirem na altura condições de mercado levou o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, a desistir do processo.

LOUIS XX - HEIR TO THE THRONE OF FRANCE

O CASAMENTO DA DUQUESA DE CADAVAL

AFINAL PROCURADORES PEDIRAM PARA OUVIR SÓCRATES

Freeport
Afinal, procuradores pediram para ouvir sócrates

Económico
06/08/10 08:59


Cândida Almeida pode ser a responsável por José Sócrates não ter respondido às perguntas dos investigadores do caso Freeport.

O Procurador-geral tem respetido que os investigadores "ouviram quem quiseram, como quiseram e onde quiseram" mas os autos mostram que não foi exactamente isso que se passou.

De acordo com o jornal Público, o pedido para ouvir o primeiro-ministro foi feito duas semanas antes de terminar o segredo de justiça. Mas a autorização da directora do DCIAP não chegou a tempo.

Vítor Magalhães e Paes de Faria, os procuradores responsáveis pela investigação do caso Freeport desde Outubro de 2008, pediram formalmente, no dia 12 de Julho, para ouvir o primeiro-ministro e o ministro da Presidência por escrito.

O pedido foi dirigido à sua superior imediata, a directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Cândida Almeida, e foi acompanhado dos questionários dirigidos a Sócrates e Pedro Silva Pereira, bem como dos respectivos anexos documentais.

A resposta não consta dos autos, mas, como se sabe, os procuradores escreveram no despacho final que a fixação do prazo de 25 de Julho, para concluir o inquérito, inviabilizou a realização daquelas e doutras diligências.

Cândida Almeida, a directora do DCIAP de Lisboa, não terá dado resposta a tempo a este pedido dos procuradores responsáveis pelo caso.

O Diário de Notícias lembra ainda que a magistrada já arquivou por duas vezes as suspeitas de corrupção no licenciamento do centro comercial de Alcochete. A primeira foi em 2003. Na altura foi aberta uma averiguação preventiva a partir de uma carta anónima que foi entregue na PJ de Setúbal. Cândida Almeida concluiu que não havia ilícitos no licenciamento. A mesma carta anónima foi usada para abrir nova averiguação preventiva em 2004. No ano seguinte surgiu o processo crime. De novo, as suspeitas de corrupção foram arquivadas.

O MAIOR AVIÃO COMERCIAL DO MUNDO

DIÁRIO ECONÓMICO

Viagem no avião que é grande demais para a Portela

Hermínia Saraiva em Munique
06/08/10 00:05

Embarcamos no maior avião comercial do mundo, tão grande que não aterra no aeroporto de Lisboa.

Nunca a expressão ‘elefante branco' terá sido tão bem aplicada em termos literais. O novo avião da Lufthansa, o gigante Airbus A380, tem qualquer coisa de avassalador. Na pista do aeroporto de Munique, a minutos de entrar a bordo, o avião de mais de 560 toneladas é o único alvo da atenção e cobiça dos funcionários da placa, mas também dos passageiros que do lado de dentro do vidro esperam ser chamados para os seus voos nas mangas mais próximas.

São 16h00 de uma tarde do fim de Julho e lá em baixo, à volta do avião, os funcionários do aeroporto parecem formigas. Não há funcionário de ‘handling' ou da segurança que não tenha registado o momento único no telemóvel. É que apesar do A380 ter sido baptizado naquela manhã de ‘München', não será visita frequente do aeroporto. Tal como o primeiro A380 da Lufthansa também este será usado na rota Frankfurt - Tóquio.

Mas o impacto que o avião tem quando visto de fora, conduz a uma sensação de desilusão no momento em que metemos os pés lá dentro. É um avião igual aos outros, pelo menos no piso inferior. Uma fila de cadeiras com três lugares do lado direito, quatro lugares no meio, mais três depois do corredor da esquerda. "Fiquei muito impressionada quando passei pela porta de embarque", diz Martina Elsenbogo, gestora de contas de 35 anos. Tínhamo-nos cruzado com ela a meio da manga de acesso ao avião, os olhos brilhantes de deslumbre - os dela como os dos mais 500 passageiros prestes a embarcar -, de quem cumpre um sonho.

O fascínio de Martina, que pagou 99 euros pela viagem de hora e meia sobre os Alpes, parece ter ficado à entrada e a desilusão sente-se no discurso, na pausa quase imperceptível que dá a entender que há um ‘mas'... "Não é assim tão diferente dos outros aviões quando se está aqui, sentada junto ao corredor, sabemos que este é o maior avião do mundo, mas cá dentro é só mais um avião."

Esta é, de facto, a sensação que passa, mas são as diferenças quase imperceptíveis que fazem do A380 a coqueluche da aviação mundial e da Lufthansa em particular. A classe económica tem 44 filas desde o ‘cockpit' até à cauda, e um pé direito ligeiramente maior que a concorrência. Na prática significa que é mais fácil estar em pé mesmo com os compartimentos de bagagens por cima da cabeça. Mas uma vez sentados, os passageiros não terão muito mais espaço do que em qualquer outra classe económica. As características técnicas distribuídas pela Lufthansa dizem que a distância entre assentos é de 79 centímetros. Uma diferença praticamente imperceptível face aos 78,74 centímetros de intervalo num 747-400, o maior avião da frota da empresa até agora, que transporta menos 200 passageiros. Maior é a largura de cada assento: 52 centímetros contra apenas 44,45 no Boeing.

Apesar da aparente desilusão de Martina, a excitação sentida na sala de embarque, ou na placa em redor do avião, está mais exacerbada lá dentro. Há famílias inteiras, pessoas sozinhas, miúdos, adolescentes, avós. E as conversas e os comentários são ininterruptos.

Faltam 20 minutos para as 17 horas e as hospedeiras percorrem os corredores para garantir que as costas das cadeiras estão direitas, as mesas levantadas, a bagagem de mão acomodada por baixo do assento da frente. Seis minutos depois, o A380 dá o primeiro solavanco e faz-se à pista. Lentamente, em ritmo de passeio, para que possa ser visto, fotografado, admirado, pelas dezenas de pessoas que se colam às redes do aeroporto, de chapéu de chuva na mão para ver passar o maior avião comercial do mundo. Em menos de nada, suavemente, está a sobrevoar Munique. Lá dentro demora-se algum tempo a perceber se o balanço do avião é turbulência ou se é o comandante Werner Knorr a mostrar aos passageiros que as 560 toneladas do A380 não são um problema. Asa esquerda, asa direita e o avião sobe e desce, numa espécie de ‘looping' controlado. Manobras que lembram festivais de acrobacia aérea e que arrancam aplausos aos passageiros.

No andar de cima, na zona VIP - primeira classe e executiva - a excitação não é diferente. O que muda é o espaço disponível por passageiro e o tratamento da tripulação. Na primeira classe, onde só há lugar para oito pessoas, a expressão luxo asiático aplica-se na perfeição. Nas viagens mais longas a cadeira reclina-se 180 graus, as cortinas são corridas e cada passageiro terá sempre o que desejar numa espécie de quarto privativo. E depois há pequenos luxos em que ninguém repara. "O ar é 25% mais húmido que o normal num avião. A comida sabe logo melhor", revela Roberto Steiner, um italiano com sotaque brasileiro que devia estar reformado há três anos. Mas depois de saber que a Lufthansa iria comprar 15 A380, Steiner soube onde queria acabar a sua carreira de 34 anos de assistente de bordo.

A privacidade na classe executiva começa logo que se sobem as escadas por detrás do ‘cockpit'. A tapar duas barras metálicas, ali colocadas para prevenir que ninguém cai, está uma cortina azul insonorizada. De um momento para o outro o burburinho que subia da económica desaparece. Mas hoje a excitação e conversas constantes estão também lá em cima. Quem pagou 999 euros por uma viagem de hora e meia para sobrevoar os Alpes está tão excitado como uma criança em dia de abrir os presentes de Natal.

Para que a experiência esteja completa, e ao fim de cerca de 45 minutos de voo, Werner Knorr cumprirá a manobra mais aplaudida. Um voo rasante sobre o Wolfgang Amadeus Mozart Airport, em Salzburgo. As casas ao nível das janelas, o chão ali tão perto, não mais de 40 metros, e de novo o A380 se eleva no ar, a 300 quilómetros por hora, e faz uma curva apertada à esquerda para regressar à sua casa emprestada.

A jornalista viajou a convite da Lufthansa