Monday 8 November 2010

SALAZAR CONTRIBUIU PARA TRAVAR A MONARQUIA

«Se a I República não marcou um novo começo para Portugal e se o Estado Novo guardou muito da I República, parece-me lógico partir do princípio que o corte entre Estado Novo e o regime atual não foi total. »
Filipe Ribeiro de menezes

A restauração da monarquia em Portugal durante o Estado Novo foi travada pela divisão dos monárquicos, pelas “muitas correntes ideológicas” a que o regime tinha de atender mas também pelo próprio Salazar, que “não podia admitir tal coisa”. A tese é defendida, em declarações à agência Lusa, pelo historiador português Filipe Ribeiro de Meneses, autor da obra “Salazar”, a mais recente biografia do político português António Oliveira Salazar, cuja edição portuguesa chegará às livrarias na próxima semana. Para o investigador da University of Ireland, a tese de que foi Salazar quem comprometeu a possibilidade de restauração da monarquia é alimentada pela ideia de “que Portugal poderia ter seguido o exemplo espanhol”. “Em Espanha, Francisco Franco pôde – muito lentamente, e controlando de perto o ritmo dos acontecimentos – restaurar a monarquia. Fê-lo, porém, após a guerra civil de Espanha, durante a qual o republicanismo espanhol foi destroçado.






Historiador português Filipe Ribeiro de Meneses, autor da obra “Salazar”





Franco tinha apenas de gerir a oposição de certos elementos falangistas à ideia monárquica e controlar o desejo de protagonismo do herdeiro ao trono, o príncipe D. Juan”, disse. No caso de Portugal, porém, “a situação era bem diferente”. “O Estado Novo, saído da Ditadura Militar iniciada em 1926, con- tinha – como a própria Ditadura – muitas correntes ideológicas. Os monárquicos (também eles divididos) eram uma fação importante, mas minoritária. Salazar precisava de manter a ilusão da possibilidade do regresso da monarquia, através de gestos simbólicos”, referiu. O regresso dos restos mortais de D. Manuel II e, mais tarde, de D. Miguel, a importância prestada à família de D. Duarte Nuno a partir dos Centenários de 1940 foram gestos destinados a “garantir o apoio” da fação monárquica. Mas Salazar “não podia ferir diretamente a opinião republicana maioritária” – “em Espanha o Exército era monárquico; em Portugal não o era”, observou.




A urna com os restos mortais de D. Manuel II em Lisboa, a passar á frente da comitiva oficial (onde se pode ver Salazar), a 2 de Agosto de 1933





“Por outras palavras, a restauração da monarquia não estava ao alcance de Salazar, mesmo se a quisesse efetuar – mas ele não podia admitir tal coisa”, comentou.

«O interesse em Salazar e no Estado Novo, que é enorme, não deve ser confundido com saudade do regime; é sobretudo o desejo natural de entender as especificidades do caso português, de tentar entender por que somos como somos (embora me pareça, após ter escrito o livro, que temos a tendência de exagerar o papel de Salazar neste processo: as nossas qualidades e os nossos defeitos, assim como alguns dos problemas que se nos atravessam pela frente são bem anteriores ao Estado Novo). Porém, nem todos os que tentam ir ao encontro deste interesse sobre o passado o fazem isentos de fins políticos. Quero dizer com isto que a memória de Salazar e algumas das suas características pessoais (o cuidado com os dinheiros públicos, por exemplo) são usadas como armas de arremesso ideológicas contra a "situação" atual. Quarenta anos depois da sua morte, pouco parece restar da obra de Salazar, porque Portugal seguiu um caminho bem diferente do por ele desejado. Mas se a I República não marcou um novo começo para Portugal e se o Estado Novo guardou muito da I República, parece-me lógico partir do princípio que o corte entre Estado Novo e o regime atual não foi total. »

Ao longo de cerca de 800 páginas, o historiador português retrata outros aspetos da vida do homem cuja figura se confunde com o próprio Estado Novo. Da investigação, que foi lançada no final do ano passado nos Estados Unidos em primeira mão, resulta ainda a não existência da “menor indicação de que Salazar tenha hesitado quanto ao caminho a seguir em relação ao Ultramar”. “Houve reformas administrativas, claro está, abriram-se as colónias ao investimento estrangeiro e deu-se a criação do Espaço Económico Português: mas a palavra de ordem era resistir. Havia condições, julgou Salazar, para isso: podia-se incluir a guerra colonial no contexto da Guerra Fria, desenvolvendo-se assim um discurso de defesa do Mundo Ocidental, mesmo que contra a vontade deste”, argumentou o historiador. A “posição de força” em que o regime estava foi, no entanto, sobrestimada por Salazar, “ignorando as consequências de um possível (ou provável, no entender do resto do mundo) fracasso”. O investigador português considerou ainda que Salazar se absteve de apontar um sucessor porque a escolha “de um favorito” apontaria “o fim da sua carreira política”. “Mesmo assim o Estado Novo resiste, e tem estabilidade suficiente para resolver o problema da sucessão, escolhendo-se alguém tido como o mais capaz de todos os candidatos”, apontou Filipe de Meneses, considerando que nenhum sucessor teria conseguido fazer evoluir um regime que perdeu a capacidade de se adaptar e “cristalizou” - vulnerabilizando-se - com a guerra colonial.

Fonte (parcial):

Diário Cidade de 4 de Setembro de 2010

http://monarquia.webnode.pt/news/salazar-contribuiu-para-travar-a-monarquia/


PAIVA COUCEIRO EXILADO POR SALAZAR


Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado (mais tarde P.I.D.E.) – “Certificado de viagem” com que Henrique Paiva Couceiro saíu de Portugal para o seu último exílio em Espanha. Ia fazer 77 anos! Mesmo assim foi tratado por Salazar como o pior dos criminosos…

Exilado pelo salazarismo a 16 de Setembro de 1935, por seis meses, por ter criticado publicamente a política colonial do regime.

A carta que escreveu a Salazar a 31/10/1937 e que lhe valeu esse derradeiro exílio pode ser lida no link seguinte:

http://www.angelfire.com/pq/unica/ultramar_1937_paiva_couceiro_ultramar.htm

Fonte : Miguel Paiva Couceiro
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Publicada por Rui Monteiro em Quinta-feira, Junho 24, 2010

Rui Monteiro disse...
Salazar Monárquico ? P... que o pariu !

24 de Junho de 2010 01:36
Tenente Figueira disse...

Muitos gabarolas fazem questão de impor aos outros a aplicação de títulos antes do nome, tais como: Dr., Doutor, Prof., Eng., Arq., Dom, etc.

No caso de Henrique Mitchell de Paiva Couceiro, e dado o seu testemunho de vida, são os outros (i.e. todos nós) que estamos obrigados a colocar-lhe O título antes do seu nome. A partícula é a que sempre uso para me reportar a este grande português e exemplo para todos: O HERÓI.

Bem lembrado aqui no CR!
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24 de Junho de 2010 10:47

Comandante Couceiro disse...

O nosso Tenente por cá?

O que tem feito deste o nosso último encontro no 31?

Caro Tenente: essa sua espada ainda está para combates? Então volte mais vezes.

O seu lugar é aqui, a fazer a guarda ao Rei.
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24 de Junho de 2010 11:06

bicho disse...

Paiva Couceiro foi a imagem de marca do Integralismo Lusitano.

O que Paiva Couceiro tinha em excesso de patriotismo turvou-lhe, na minha humilde opinião, o raciocínio estratégico para uma possível restauração, o episódio da monarquia do norte é por mim entendido como isso mesmo, um erro quem tem tanto de heróico como precipitado, em particular em pleno golpe ao sidonismo.

Paiva Couceiro e as juntas militares condenaram a monarquia ao divisionismo nos últimos anos da I república o que levou ao aparecimento de Salazar como alternativa única.

Reconheço patriotismo e coragem ao heroi do ultramar condecorado que foi Henrique Paiva Couceiro, mas entendo que deveria ter escutado D Manuel, talvez a história de Portugal tivesse sido bem diferente.

Reconheço-lhe também, a ele e aos outros integralistas, a vontade de lutar contra o Salazarismo, pagaram por isso, foram condenados ao ostracismo mas mantiveram-se fieis às suas convicções.

Sempre tive Paiva Couceiro por um D Quixote, por todas as razões boas e más (se é que existe mal na figura de D Quixote), mesmo com 77 anos continuou a sua luta como se ainda fosse jovem, não necessitava disso, é uma figura incontornável da nossa história e deveria ser recordado; Pulido Valente deixou um registo honesto (na minha opinião) do que foi este homem, merece ser lido.

Eu, que sou republicano, presto-lhe a minha homenagem.
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25 de Junho de 2010 01:01

Jerónimo Eleutério disse...

Rua/Largo/Praça Paiva Couceiro...a própria República não o deixou esquecido!

25 de Junho de 2010 07:40

Quinta-feira, 24 de Junho de 2010

http://centenario-republica.blogspot.com/2010/06/paiva-couceiro-exilado-por-salazar.html