Herdou um negócio de navegação quando sempre quis ter um banco
Não fosse a determinação e ambição de Duarte d"Orey e quase se poderia dizer que a sua entrada na empresa da família, em 2003, mais parecia um erro de "casting". Aos 32 anos, o jovem gestor assumiu as rédeas de um negócio secular, fundado pelo seu bisavô em 1886 e que cresceu em torno da navegação marítima.
Não fosse a determinação e ambição de Duarte d'Orey e quase se poderia dizer que a sua entrada na empresa da família, em 2003, mais parecia um erro de "casting". Aos 32 anos, o jovem gestor assumiu as rédeas de um negócio secular, fundado pelo seu bisavô em 1886 e que cresceu em torno da navegação marítima.
Duarte herdava um negócio de barcos quando, na realidade, o que sempre quis foi ter um banco. O percurso já vinha a ser feito e a afinidade com a área financeira era, por demais, evidente.
Começou a estagiar na sala de mercados do Citibank era ainda estudante de Gestão na Católica. Aí, fez de tudo, "desde servir cafés a ir a leilões do Banco de Portugal e a experimentar os carros da rapaziada que lá trabalhava", recordou numa entrevista ao Negócios em Novembro de 2005.
Recém licenciado, entra na União de Bancos Portugueses em 1994, instituição que viria a ser comprada pelo Banco Mello para o qual Duarte d'Orey transita ficando como responsável pela área de mercados e, posteriormente, da tesouraria. Foi aí que se cruzou com Luís Pereira Coutinho, o seu "melhor chefe de sempre" e uma figura "fundamental" na carreira.
Em 99, decide lançar-se em voos mais altos e cria o First Portuguese Opportunity Fund, introduzindo novas classes de activos e investimentos alternativos no mercado português. Entre estes, os fundos de futebol que viriam a ajudar a projectar a notoriedade do grupo Orey. Em especial quando, no âmbito de um acordo com o Sporting Clube de Portugal, o fundo passa a deter percentagens de relevo dos passes de vários jogadores, entre os quais Cristiano Ronaldo, que estava na sua carteira quando se concretizou a transferência para o Manchester. Um negócio proveitoso.
O negócio corria bem a Duarte d'Orey. Tão bem que foi no seu músculo financeiro que a família encontrou solução para garantir que o negócio, em risco de ser adquirido por terceiros, pudesse continuar em mãos d'Orey. Mesmo assim, a questão não terá sido pacífica. Mas ao adquirir 12,5% do grupo, que pouco depois crescem para 60% através de uma operação de "leverage buy out", Duarte d'Orey assegura os comandos da empresa. No papel, o grupo Orey compra o First Portuguese Group. Mas na prática, foi como se este tivesse adquirido o grupo. Duarte d'Orey estava longe de ser o tal erro de "casting".
Desde então, a aposta do grupo na área financeira tem sido crescente. E num recente auto-balanço sobre os seus 10 anos de empreendedorismo, Duarte d'Orey voltou a frisar que o foco é claro: "transformar a Orey numa empresa de investimentos". Na última assembleia-geral do grupo, no passado dia 1 de Junho, a Orey aprovou já a venda das suas actividades tradicionais a um fundo de "private equity", constituído pelo próprio grupo. Sob a gestão do Orey Capital Partners ficarão todas as actividades não financeiras.
Bom gestor de passivos
Hoje com 38 anos, casado e pai de cinco filhos, Duarte d'Orey propõe ser a solução para o Banco Privado Português. Se o negócio se concretizar, a troco de um euro, o grupo Orey ficará com um banco que tem a sua credibilidade afectada, um grupo de clientes com investimentos furados e um buraco financeiro que exigiu uma injecção de 450 milhões de euros protagonizada por um consórcio de bancos e com garantia estatal. A missão soa difícil. Mas há quem diga que Duarte d'Orey gosta mesmo de um bom desafio. E mesmo entre aqueles que não morrem de amores por ele, há quem lhe reconheça "brilhantismo técnico" e uma vulgar aptidão para o risco. É um empresário "com uma coragem acima da média, que faz acontecer e que ganha mais do que perde", descreve uma fonte.
A gestão de passivos parece ser um dos seus fortes. E a auto-estima um dos seus grandes activos. Duarte d'Orey é conhecido no mercado como pessoa de grande ego, "muito vaidoso" e esta é uma faceta que gera anticorpos. Por parte de um amigo, a resposta surge pronta: "Dizem mal dele, mas o que têm é inveja!".
13 Julho 2009
Jornal de Negócios
Não fosse a determinação e ambição de Duarte d"Orey e quase se poderia dizer que a sua entrada na empresa da família, em 2003, mais parecia um erro de "casting". Aos 32 anos, o jovem gestor assumiu as rédeas de um negócio secular, fundado pelo seu bisavô em 1886 e que cresceu em torno da navegação marítima.
Não fosse a determinação e ambição de Duarte d'Orey e quase se poderia dizer que a sua entrada na empresa da família, em 2003, mais parecia um erro de "casting". Aos 32 anos, o jovem gestor assumiu as rédeas de um negócio secular, fundado pelo seu bisavô em 1886 e que cresceu em torno da navegação marítima.
Duarte herdava um negócio de barcos quando, na realidade, o que sempre quis foi ter um banco. O percurso já vinha a ser feito e a afinidade com a área financeira era, por demais, evidente.
Começou a estagiar na sala de mercados do Citibank era ainda estudante de Gestão na Católica. Aí, fez de tudo, "desde servir cafés a ir a leilões do Banco de Portugal e a experimentar os carros da rapaziada que lá trabalhava", recordou numa entrevista ao Negócios em Novembro de 2005.
Recém licenciado, entra na União de Bancos Portugueses em 1994, instituição que viria a ser comprada pelo Banco Mello para o qual Duarte d'Orey transita ficando como responsável pela área de mercados e, posteriormente, da tesouraria. Foi aí que se cruzou com Luís Pereira Coutinho, o seu "melhor chefe de sempre" e uma figura "fundamental" na carreira.
Em 99, decide lançar-se em voos mais altos e cria o First Portuguese Opportunity Fund, introduzindo novas classes de activos e investimentos alternativos no mercado português. Entre estes, os fundos de futebol que viriam a ajudar a projectar a notoriedade do grupo Orey. Em especial quando, no âmbito de um acordo com o Sporting Clube de Portugal, o fundo passa a deter percentagens de relevo dos passes de vários jogadores, entre os quais Cristiano Ronaldo, que estava na sua carteira quando se concretizou a transferência para o Manchester. Um negócio proveitoso.
O negócio corria bem a Duarte d'Orey. Tão bem que foi no seu músculo financeiro que a família encontrou solução para garantir que o negócio, em risco de ser adquirido por terceiros, pudesse continuar em mãos d'Orey. Mesmo assim, a questão não terá sido pacífica. Mas ao adquirir 12,5% do grupo, que pouco depois crescem para 60% através de uma operação de "leverage buy out", Duarte d'Orey assegura os comandos da empresa. No papel, o grupo Orey compra o First Portuguese Group. Mas na prática, foi como se este tivesse adquirido o grupo. Duarte d'Orey estava longe de ser o tal erro de "casting".
Desde então, a aposta do grupo na área financeira tem sido crescente. E num recente auto-balanço sobre os seus 10 anos de empreendedorismo, Duarte d'Orey voltou a frisar que o foco é claro: "transformar a Orey numa empresa de investimentos". Na última assembleia-geral do grupo, no passado dia 1 de Junho, a Orey aprovou já a venda das suas actividades tradicionais a um fundo de "private equity", constituído pelo próprio grupo. Sob a gestão do Orey Capital Partners ficarão todas as actividades não financeiras.
Bom gestor de passivos
Hoje com 38 anos, casado e pai de cinco filhos, Duarte d'Orey propõe ser a solução para o Banco Privado Português. Se o negócio se concretizar, a troco de um euro, o grupo Orey ficará com um banco que tem a sua credibilidade afectada, um grupo de clientes com investimentos furados e um buraco financeiro que exigiu uma injecção de 450 milhões de euros protagonizada por um consórcio de bancos e com garantia estatal. A missão soa difícil. Mas há quem diga que Duarte d'Orey gosta mesmo de um bom desafio. E mesmo entre aqueles que não morrem de amores por ele, há quem lhe reconheça "brilhantismo técnico" e uma vulgar aptidão para o risco. É um empresário "com uma coragem acima da média, que faz acontecer e que ganha mais do que perde", descreve uma fonte.
A gestão de passivos parece ser um dos seus fortes. E a auto-estima um dos seus grandes activos. Duarte d'Orey é conhecido no mercado como pessoa de grande ego, "muito vaidoso" e esta é uma faceta que gera anticorpos. Por parte de um amigo, a resposta surge pronta: "Dizem mal dele, mas o que têm é inveja!".
13 Julho 2009
Jornal de Negócios
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