Saturday 28 August 2010

HERDEIROS DE LÚCIO TOMÉ FETEIRA PROCURAM 80 MILHÕES NOS ESTADOS UNIDOS

Polícia

Herdeiros de Lúcio Feteira procuram 80 milhões nos Estados Unidos

Os herdeiros de Lúcio Thomé Feteira dizem que há cerca de 80 milhões de dólares depositados em contas nos EUA resultantes da venda de empresas de Lúcio Thomé Feteira. Cartas rogatórias enviadas pelas autoridades portuguesas ainda não tiveram resposta.

A cabeça de casal da herança, Olímpia Feteira, filha de Lúcio Thomé Feteira, resultante de uma relação fora do casamento, diz ter chegado a este número através de anotações que descobriu em agendas de Rosalina, a secretária e amante do magnata que foi assassinada, em Dezembro do ano passado, a tiro, nos arredores do Rio de Janeiro, depois de se ter encontrado com o seu advogado, Domingos Duarte Lima.

Os 100 milhões de dólares (cerca de 80 milhões de euros), resultaram, segundo a herdeira, da venda de três empresas do ramo do fabrico de vidro e de chapa de vidro, que eram o núcleo dos negócios de Lúcio Thomé Feteira, juntamente com o imobiliário.

As vendas aconteceram na década de 60 do século passado, altura em que o magnata decidiu desfazer-se de grande parte das suas empresas – várias dezenas, espalhadas por vários pontos da Europa, África e América do Sul. “Três dessas empresas foram compradas pela multinacional francesa Saint-Gobain e pelos americanos da Pittsburg Plate Glass”, disse, ao JN, Olímpia Feteira. A duas empresas são ainda hoje gigantes mundiais da indústria de fabrico de materiais para construção civil.

Segundo a mesma fonte, o dinheiro estará em contas de vários bancos nos Estados Unidos da América, sobretudo no Chase Manhattan Bank, e faz parte do património que os herdeiros de Lúcio Thomé querem ver restituído à herança, por temerem que tenha sido também transferido por Rosalina Ribeiro após a morte de Lúcio Thomé Feteira, com 98 anos, no ano 2000, na casa de Lisboa onde vivia com Rosalina.

Na sequência de uma queixa crime apresentada por Olímpia Feteira e por outros herdeiros, existe já a certeza de que Rosalina Ribeiro transferiu, em 2001, dezenas de milhões de euros de uma conta na Union de Banques Suisses, na Suíça, para uma conta sua, também na Suíça. Cerca de seis milhões de euros foram depois transferidos, em várias tranches, para uma conta titulada por Duarte Lima. As movimentações foram confirmadas pelo próprio banco, numa resposta a cartas rogatórias enviadas pela Justiça portuguesa.

O advogado de Olímpia Feteira no Brasil, Paulo Freitas, confirmou, à Agência Lusa, que foram feitas mais transferências para “ outras pessoas que ainda estão a ser investigadas”, declarou.

Segundo o advogado, tinha chegado o momento de Rosalina dar explicações às autoridades. “Acabou nunca fazendo [declarações] porque logo após a vinda dessas informações, veio ao Brasil e foi morta”, complementou.

A morte “encomendada” de Rosalina, segundo Paulo Freitas, prejudicou os herdeiros e pode trazer ainda dificuldade para o desenrolar do inventário”.

O processo crime tinha já sido arquivado em 2008 e acabou por ser reaberto em Agosto de 2009, com a chegada da resposta do banco suíço à carta rogatória, mas acabaria por ser de novo arquivado após a morte de Rosalina Ribeiro Cartas rogatórias para outros países em que existiam contas bancárias não tiveram resultados.


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JORNAL DE NOTÍCIAS 28-08-2010

Por António Soares

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