O dia estava longe de ser a feira de vaidades que se especulara. Naquele 26 de Maio, há apenas dois meses, a comitiva de luxo de grandes empresas portuguesas e do Governo a Wall Street era marcada por um único assunto: o ataque hostil da Telefónica sobre a PT. O centro de poder estava em jogo. E, mal se sabia então, o do Estado Português também.
Naquela manhã, Ricardo Salgado fazia manchete no Negócios afirmando que "tudo tem um preço", incluindo a Vivo. E no "Financial Times" o administrador da Telefónica Santiago Valbuena ameaçava uma OPA hostil sobre a PT. À porta da bolsa de Nova Iorque, Zeinal Bava pedia a demissão de Valbuena; lá dentro, Ricardo Salgado convocava a "golden share" em caso de OPA; já no "floor", José Maria Ricciardi mandava os espanhóis pentear macacos; e às cadeias de televisão americanas, Fernando Teixeira dos Santos serenava os ânimos sobre Portugal e repetia a frase que mais se ouviu naquela viagem: não somos a Grécia.
Por um dia, o centro dos mercados financeiros mundiais foi também o centro de poder português. Dificilmente se encontraria tanto poder reunido e em acção num só dia e espaço. O Estado. O sistema financeiro. As grandes empresas. Os "outros" CEO, não envolvidos na "questão da Vivo" não disfarçavam aliás a surpresa da desconsideração: tantos jornalistas e nenhum lhes perguntava nada. Só dava PT.
O caso resultou no que se sabe. E culminou um ano de intensas lutas de poder em empresas e na economia. A PT foi a empresa mais "assaltada", de fora, entre accionistas, pelo próprio Governo, mesmo de dentro, entre administradores. Mas não foi a única. A Cimpor recebeu a investida de uma grande empresa brasileira e acabou comprada por outras duas, desalojando franceses e pagando caro à Teixeira Duarte, num processo ademais que estará por concluir e tem latente uma disputa entre a Caixa Geral de Depósitos e Manuel Fino.
Estes são apenas dois dos negócios que mudaram os equilíbrios de poder em Portugal. E é sobre isso mesmo que o Negócios lança hoje uma iniciativa editorial inédita em Portugal: o "ranking" das 50 pessoas mais poderosas na economia portuguesa. Uma lista a publicar anualmente a partir desta primeira edição, com critérios definidos e transparentes, "escavando" para lá das aparências, dos mediatismos e das hierarquias formais. Hoje, apresentamos o projecto e falamos de algumas mudanças de poder. A partir de amanhã, e todos os dias, revelamos um a um quem são os mais poderosos de Portugal. E os menos. E porquê.
Naquela manhã, Ricardo Salgado fazia manchete no Negócios afirmando que "tudo tem um preço", incluindo a Vivo. E no "Financial Times" o administrador da Telefónica Santiago Valbuena ameaçava uma OPA hostil sobre a PT. À porta da bolsa de Nova Iorque, Zeinal Bava pedia a demissão de Valbuena; lá dentro, Ricardo Salgado convocava a "golden share" em caso de OPA; já no "floor", José Maria Ricciardi mandava os espanhóis pentear macacos; e às cadeias de televisão americanas, Fernando Teixeira dos Santos serenava os ânimos sobre Portugal e repetia a frase que mais se ouviu naquela viagem: não somos a Grécia.
Por um dia, o centro dos mercados financeiros mundiais foi também o centro de poder português. Dificilmente se encontraria tanto poder reunido e em acção num só dia e espaço. O Estado. O sistema financeiro. As grandes empresas. Os "outros" CEO, não envolvidos na "questão da Vivo" não disfarçavam aliás a surpresa da desconsideração: tantos jornalistas e nenhum lhes perguntava nada. Só dava PT.
O caso resultou no que se sabe. E culminou um ano de intensas lutas de poder em empresas e na economia. A PT foi a empresa mais "assaltada", de fora, entre accionistas, pelo próprio Governo, mesmo de dentro, entre administradores. Mas não foi a única. A Cimpor recebeu a investida de uma grande empresa brasileira e acabou comprada por outras duas, desalojando franceses e pagando caro à Teixeira Duarte, num processo ademais que estará por concluir e tem latente uma disputa entre a Caixa Geral de Depósitos e Manuel Fino.
Estes são apenas dois dos negócios que mudaram os equilíbrios de poder em Portugal. E é sobre isso mesmo que o Negócios lança hoje uma iniciativa editorial inédita em Portugal: o "ranking" das 50 pessoas mais poderosas na economia portuguesa. Uma lista a publicar anualmente a partir desta primeira edição, com critérios definidos e transparentes, "escavando" para lá das aparências, dos mediatismos e das hierarquias formais. Hoje, apresentamos o projecto e falamos de algumas mudanças de poder. A partir de amanhã, e todos os dias, revelamos um a um quem são os mais poderosos de Portugal. E os menos. E porquê.
JORNAL DE NEGÓCIOS 6-08-2010
O Negócios lança hoje a primeira lista anual em Portugal sobre os mais poderosos na economia. Hoje: os casos. Amanhã: o 25º mais poderoso. E todos os dias do seu Verão.
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