Saturday 14 August 2010

DUARTE LIMA NÃO DECLAROU CONTA NA SUIÇA

Entre 1999 e 2002, o histórico do PSD Duarte Lima auferiu oficialmente 394 mil euros. Na sua declaração de património não há referência a 5,2 milhões de euros que, em 2001, foram transferidos para as suas contas pela cliente milionária assassinada no Brasil.

De acordo com documentos consultados pelo JN no Tribunal Constitucional, o ex-líder parlamentar do PSD e advogado agora alvo das atenções da Polícia brasileira por causa da morte de Rosalina Ribeiro, a 7 de Dezembro do ano passado, declarou ter obtido, durante quatro anos, rendimentos de 347 mil euros em trabalho independente e muito perto de 47 mil euros em trabalho dependente, quando era deputado na Assembleia da República.

Conforme o JN já noticiou, foi em 2001 que pelo menos uma conta de Duarte Lima foi o destino - ou pelo menos ponto de passagem - de avultadas transferências de dinheiro oriundo de uma conta, na Suíça, em nome do então já falecido magnata Lúcio Thomé Feiteira e da secretária e companheira de 30 anos, Rosalina Ribeiro. Não se sabe a que título foram feitas as transferências: se honorários ou eventual via de passagem para outro destino. Sobre este pormenor, Duarte Lima também tem mantido silêncio. Apenas se pronuncia sobre o caso da morte, cuja investigação decorre no Brasil.

Segundo Olímpia Feteira, filha de Lúcio, a conta de Duarte Lima estaria também sediada no estrangeiro, como se apurou no âmbito do processo movido por Olímpia contra Rosalina, por burla e abuso de confiança, que acabou arquivado.

"Tivemos conhecimento das transferências em Agosto do ano passado quando chegaram da Suíça as respostas a cartas rogatórias sobre as referidas contas", disse Olímpia ao JN. A conta de Duarte Lima, acrescentou, "era de um banco suíço", cujo nome a herdeira considerou ser inoportuno revelar neste momento.

Certo é que, de acordo com a declaração de património e rendimento de titulares de cargo político, referente ao período de 1999 a 2002, Duarte Lima não fez referência à existência de qualquer conta, em seu nome, na Suíça. Também não são referidas contas a prazo ou aplicações financeiras.

Mas é declarada a propriedade de três prédios urbanos: um em Miranda do Douro, distrito de Bragança (com empréstimo de 7500 euros do Montepio Geral) e duas fracções em Lisboa, na Avenida Visconde Valmor, com empréstimos de 200 mil euros do BIC e 50 mil euros do Banco Santander.

No que se refere à última declaração apresentada, respeitante ao período entre 2005 e 2009, Duarte Lima referiu ter ganho 232 mil euros em trabalho dependente. Não apontou rendimentos como trabalhador independente - advocacia eventualmente.

Já quanto a poupanças, a situação parece ter melhorado relativamente a 2002: declarou ter um Plano Poupança Reforma no Banco Espírito Santo, desde 2007, no valor de 207 mil euros.

ANTÓNIO SOARES E NUNO MIGUEL MAIA com SUSANA OTÃO

JORNAL DE NOTÍCIAS 14-08-2010

MAIS UM FILHO DE JARDIM GONÇALVES COM PROCESSOS NA JUSTIÇA

Empresas

Falência. Mais um filho de Jardim Gonçalves com processos na justiça

A empresa esteve no centro do furacão BCP e foi considerada insolvente

Trabalhadores da Pasto Real não receberam subsídio de Natal

Com mais de 18 milhões de passivo e 25 acções judiciais de fornecedores em tribunal, a empresa Pasto Real avançou no final de Maio com um pedido de insolvência no Tribunal do Comércio de Lisboa. Conhecida pela venda de carne biológica e fornecedora da Jerónimo Martins, da Sonae e do El Corte Inglés, a Pasto Real tem hoje como administrador e accionista Jorge Alberto Jardim Gonçalves. O filho do ex-presidente do Millennium bcp detém 25,4% do capital através da Olaf Holdings.

Logo após o caso BCP ter vindo a público, esta empresa saltou para os jornais por estar entre as companhias lideradas por Filipe Jardim Gonçalves, filho do fundador do BCP, com elevadas dívidas dadas como incobráveis pela instituição bancária. Em Novembro de 2007, o "Diário Económico" noticiava que a empresa - na altura designada Corte Fino - teria "uma dívida de cerca de 13 milhões de euros no BCP" e que Jorge Alberto Jardim Gonçalves, o filho mais velho, teria tomado "a delicada posição do irmão mais novo" depois de o escândalo ter rebentado.

A mudança de nome da empresa também se deu em 2007, na sequência do fogo cruzado do BCP, optando a administração por efectuar alterações ao contrato de sociedade e passar a chamar Pasto Real - uma das principais marcas da empresa - à até então Corte Fino. Uma forma de contornar o desgaste já associado ao antigo nome.

Acumulando processos em tribunal, a Pasto Real conta com 25 acções judiciais de execução de dívida nos últimos cinco anos, a maioria no Tribunal Judicial do Montijo. Ao todo, estas 25 acções representam uma dívida a fornecedores de mais de meio milhão de euros.

Mas a empresa está também em falta perante os cerca de 60 funcionários. Um dos trabalhadores disse ao i que "não foram pagos pela administração os subsídios de Natal do ano passado", tendo a notícia da falta de pagamento sido dada "pelo próprio dr. Jorge Jardim Gonçalves aos funcionários". Desde aí a administração comprometeu-se a pagar o valor em atraso pelo Carnaval e pela Páscoa, mas os meses passaram e do dinheiro não houve sinal. Os ordenados do mês de Abril também foram pagos em duas tranches, chegando a última transferência depois de dia 15, e dos salários de Maio, ainda em falta, nada se sabe.

A publicação em Diário da República da insolvência da Pasto Real aconteceu a 25 de Junho, tendo sido marcada para 5 de Agosto último a realização da reunião de assembleia de credores de apreciação do relatório.

Fundos Públicos na empresa "Se mantivéssemos este nível de crescimento seríamos a empresa mais rentável do país em seis anos", disse em 2007 o então director-geral da empresa, José Roque Martins, ao "Diário Económico". Menos de três anos após estas declarações, a Pasto Real entra em insolvência.

O certo é que - pelo menos até 2007 - o Estado, através de sociedades de capital de risco públicas, tinha investido mais de três milhões de euros na empresa de processamento de carnes. Isto porque, além de Jorge Jardim Gonçalves, são também accionistas da Pasto Real quatro fundos de capital de risco com 12,3% cada - a InovCapital, que sucedeu à PME Capital; o Fundo de Sindicação de Capital de Risco do IAPMEI; o BCP Capital e um fundo do banco Efisa com 40% de comparticipação de capitais públicos.

por Filipa Martins, Publicado em 14 de Agosto de 2010
I ONLINE



DINHEIRO DE TOMÉ FETEIRA TAMBÉM FOI TRANSFERIDO PARA ADVOGADO BRASILEIRO

Desapareceram os registos de centenas de propriedades negociadas quando o empresário era vivo

Dinheiro de Tomé Feteira também foi transferido para advogado brasileiro

Os polícias brasileiros que estão a investigar a morte de Rosalina Ribeiro, a antiga secretária do milionário português Lúcio Tomé Feteira e que, após a sua morte, se envolveu em diversas disputas judiciais pela posse da herança de centenas de milhões de dólares (o valor apontado é de 700 milhões), descobriram mais uma presumível transferência fraudulenta de dinheiro. A importância, superior a um milhão de euros, saiu de uma conta na Suíça, propriedade do magnata, e foi parar à conta, também naquele país europeu, de um advogado brasileiro. Uma vez mais, foi a antiga secretária e ex-amante de Tomé Feteira quem deu a ordem.

"Sim, sei que Rosalina fez algumas transferências do dinheiro do meu pai para outras contas. Essas transferências podem ser facilmente comprovadas documentalmente. Sei que uma dessas transferências foi feita para a conta de um advogado brasileiro", disse ontem ao PÚBLICO Olímpia Feteira, filha de Tomé Feteira. Para além deste advogado brasileiro, segundo Olímpia, também o advogado português Duarte Lima terá recebido mais de cinco milhões de euros. A principal herdeira do empresário, falecido em Dezembro de 2000, garante que há, no entanto, outras transferências, para outros portugueses, que só terão sido possíveis de efectuar após a falsificação de uma procuração apresentada aos diversos bancos. O advogado brasileiro já identificado não deverá, no entanto, estar ligado à morte de Rosalina Ribeiro, a qual foi abatida com três tiros de revólver na noite de 7 de Dezembro do ano passado, a cerca de 90 quilómetros do Rio de Janeiro e alguns minutos depois de se ter reunido com o advogado Duarte Lima e antigo dirigente do PSD.

Sem que sejam adiantados suspeitos, os investigadores da secção de homicídios da polícia do Rio de Janeiro estão também a analisar o máximo de documentação referente à posse de centenas de lotes urbanizados compreendidos entre Angra dos Reis e Búzios. Esses terrenos eram propriedade de Feteira e, após a sua morte, muitos deles terão sido negociados através da SEAI - Sociedade de Empreendimentos Agrícolas e Imobiliários. A venda destes lotes nem sempre foi pacífica, uma vez que, devido a diversos incumprimentos (falta de pagamento das prestações), muitos deles voltaram à posse da SEAI, empresa da qual Rosalina Ribeiro possuía um por cento (dado por Tomé Feteira) e onde chegou a exercer tarefas de administradora, até ser despedida pela família directa do empresário. A secretária, na noite em que foi assassinada, transportaria uma pasta contendo documentação relativa a propriedades. Quem a matou, não levou dinheiro ou jóias, mas a documentação desapareceu.

Os factos que alegadamente relacionam Rosalina com o desaparecimento de diversos documentos remontam à época da morte de Tomé Feteira. Nos dois meses após o seu funeral, período em que a secretária passou a administrar a empresa, terão desaparecido centenas de escrituras de casas e terrenos. Olímpia Feteira diz que foram retirados por Rosalina e por um enfermeiro conhecido desta. Cerca de um ano mais tarde, na sequência de uma acção judicial por causa da herança, a secretária terá recusado revelar o paradeiro da documentação.

PÚBLICO

14.08.2010 - 08:36 Por José Bento Amaro

Friday 13 August 2010

PJ PODERÁ INVESTIGAR MORTE DE ROSALINA

Polícia Judiciária poderá investigar morte de Rosalina

As autoridades pediram informações sobre o caso aos brasileiros. Se houver indícios contra Duarte Lima, pode haver inquérito.

A Polícia Judiciária pondera investigar a morte de Rosalina Ribeiro, a amante do milionário Lúcio Tomé Feteira, caso as informações das autoridades brasileiras indiciem o seu advogado e ex-deputado Duarte Lima como suspeito do homicídio.

"Foram solicitadas ao oficial de ligação brasileiro, em Portugal, informações sobre a investigação ao homicídio ocorrido em Dezembro no Brasil", disse ao DN uma fonte da Polícia Judiciária. A decisão foi tomada após a divulgação, por vários meios de comunicação social, de que a polícia brasileira teria levantado suspeitas sobre o ex--líder parlamentar do PSD Duarte Lima.

Ainda de acordo com a PJ, se as informações já recolhidas pela delegacia de homicídios do Rio de Janeiro "constituírem indícios suficientes" poderá ser aberto um inquérito ao caso. De acordo com o código penal, a lei portuguesa pode ser aplicada a crimes cometidos fora do território nacional, desde que os envolvidos sejam cidadãos portugueses e o suspeito esteja em território nacional.

Segundo a imprensa brasileira, a delegacia de homicídios enviou 14 perguntas ao advogado de Rosalina, Duarte Lima, mas permaneceram as dúvidas quanto ao objectivo da sua viagem. Rosalina Ribeiro, 72 anos, tinha já viagem de regresso a Portugal marcada para 12 de Dezembro e Duarte Lima deslocou-se ao Rio de Janeiro por três dias, partindo a dia 5.

O advogado já explicou, segunda-feira, que, cinco dias após o encontro com a cliente, avisou voluntariamente a polícia brasileira do seu desaparecimento através de e-mail. Na carta, que foi remetida à 9.ª Delegacia da Polícia do Rio de Janeiro, o ex-deputado afirmava que Rosalina Ribeiro lhe pediu para a deixar "junto do Hotel Jangada". Aí, Rosalina tinha à espera, "junto de uma viatura Honda de cor cinzenta", uma senhora que lhe foi apresentada como D. Gisele: "Era uma senhora de cabelos loiros, com óculos de aro escuro, com idade entre 45 e 50 anos e estatura mediana." Cerca de 45 minutos depois, a portuguesa era assassinada com dois tiros.

Segundo a revista Sábado, que falou com Cláudia, responsável pelo Hotel Jangada, a polícia brasileira analisou as imagens das câmaras de vigilância. "Viram tudo e ela [Rosalina Ribeiro] não esteve aqui nem nas redondezas." O advogado também não foi visto. "Nós temos várias câmaras lá fora e guardamos tudo. A polícia viu os vídeos e não encontrou nada. Nem lá fora nem esteve ninguém aqui hospedado", continua.

Esta terá sido uma das contradições encontradas pela polícia brasileira no depoimento enviado por Duarte Lima a 12 de Dezembro de 2009 e as investigações no local. Em Fevereiro, o advogado terá pedido o levantamento do sigilo profissional. Ao DN disse, segunda-feira, não ter sido mais contactado para nenhuma diligência e estar disposto a colaborar na descoberta da verdade.

Esta não é a primeira vez que o Ministério Público português abre um inquérito para investigar um crime cometido no estrangeiro. Em 2001, seis portugueses, entre os quais duas crianças, foram abatidos em Angola. Os corpos vieram para Portugal e as identidades chegaram a ser trocadas. Na altura suspeitava-se que os elementos da UNITA - os principais suspeitos do atentado que ficou conhecido como o Massacre de Ambriz - estariam em Portugal. Nada foi provado. Quatro anos depois, um antigo comandante da UNITA, José Pontes, confessou ser o responsável pelo massacre.

DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Sónia Simões 13-08-2010

ESTADO PODE FICAR COM 15% DA HERANÇA DE FETEIRA

Estado pode ficar com os 15% da herança que eram de Rosalina



Feteira quando era presidente da Junta de Vieira de Leiria


Ex-secretária fez dois testamentos mas em nenhum é mencionada a herança de Lúcio Tomé Feteira

O Estado português poderá vir a ficar com a herança que Lúcio Tomé Feteira deixou a Rosalina Ribeiro. Antes de morrer, a ex-secretária do empresário deixou dois testamentos. Um em Portugal e outro no Brasil. A história do assassínio da portuguesa de 74 anos, em Dezembro do ano passado, no Brasil, ganha agora um novo capítulo com os beneficiários dos documentos a reclamarem a suas partes.

A advogada Glória Amaral, representante de dois sobrinhos do ex-marido de Rosalina, confirma que a ex-secretária mandou escrever "dois testamentos". Contudo, nenhum deles faz referência aos 15% da herança deixada por Lúcio Tomé Feteira à portuguesa com quem manteve um relacionamento por mais de três décadas.

Uma vez que Rosalina não terá deixado familiares directos e a Justiça só lhe atribuiu a sua parte da herança em Março deste ano - três meses depois de ser assassinada - , o dinheiro poderá reverter para o Estado. Independentemente do seu destino, a filha do empresário de Vieira de Leiria, Olímpia Feteira de Menezes, sublinha que "quem assumir a herança terá igualmente de assumir as dívidas". Isto porque Rosalina Ribeiro ter--se-á "apoderado" de dinheiro proveniente de contas bancárias de que era co-titular com Lúcio Tomé Feteira - pelo menos de nove milhões de euros depositados na Suíça, dos quais cinco milhões terão sido transferidos, segundo Olímpia, para o advogado de Rosalina e ex-deputado do PSD, Duarte Lima.

Cinco anos antes de morrer, Lúcio terá deixado um documento em que autorizava a ex--secretária a movimentar algumas contas. "Mas apenas para acorrer a uma situação de doença dele ou da esposa, Adelaide", acusa a filha do empresário. Comprovando-se que Rosalina movimentou "indevidamente" o dinheiro, a quantia terá de ser reposta. "Já para não falar dos prejuízos que tivemos e das custas judiciais, por exemplo, do pedido de união estável [que Rosalina requereu no Brasil e que lhe indeferido pela Justiça]", sublinha a engenheira.

Os dois testamentos têm beneficiários diferentes. Em jogo estarão bens como uma quinta no Algarve, dinheiro e apartamentos no Brasil e na Europa. Um dos herdeiros é afilhado de Rosalina, Armando de Carvalho, 55 anos, que, em declarações ao jornal brasileiro "Extra", garante ter sido "substituído" no testamento dias antes de a ex-secretária ter embarcado para o Brasil pela última vez, em Setembro do ano passado. "Fez um novo testamento, mas sempre me disse que eu era um filho para ela. Mudou tudo de repente e não sei porquê", revelou.

Os restantes beneficiários são os sobrinhos do ex-marido de Rosalina, Luís Ribeiro, também originário de Vieira de Leiria e com quem casou muito nova. "Começou como empregada em casa dele, depois tirou um curso de dactilografia e mais tarde de secretariado", recorda ao i Albano Feteira, sobrinho de Lúcio. Luís era mais velho e, antes de morrer, terá pedido ao empresário e amigo Tomé Feteira, para "dar trabalho a Rosalina", acrescenta. No entanto, "devido à pressão da família de Luís", o casal acabaria por se "separar judicialmente, apesar de continuarem a viver juntos" até à morte do ex-marido, como adiantou ao i Olímpia Feteira de Menezes. Agora, os sobrinhos de Luís Ribeiro poderão herdar, entre outros bens, uma quinta de 22 mil metros quadrados no Algarve, avaliada em três milhões de euros e apelidada de "Vivenda Brisamar".

Rosa Ramos, Publicado em 13 de Agosto de 2010
I ONLINE

FORTUNA DE TOMÉ FETEIRA HÁ DEZ ANOS NA RODA DOS ADVOGADOS

Há dezenas de processos judiciais em curso há anos

Meses antes de morrer, o empresário partiu uma perna e a secretária começou a gerir os negócios.

Quase dez anos passados sobre a morte do empresário Lúcio Tomé Feteira, que no final da década de 1960 foi considerado um dos dez homens mais ricos do mundo, ainda nenhum dos herdeiros recebeu qualquer importância. A fortuna, que muitos dizem ser impossível de quantificar, tem sido gerida pela filha e, sobretudo, por dezenas de advogados em Portugal e no Brasil. Há dezenas de processos judiciais em curso há anos que visam a obtenção de parcelas da fortuna, mas ninguém consegue apontar uma data para a sua resolução.

A mais mediática das disputas é a que opõe Olímpia Menezes, filha de Tomé Feteira, e Rosalina Ribeiro, ex-secretária e amante do magnata. Ambas surgiram contempladas no processo de herança, embora, naturalmente, com percentagens diferentes. A Olímpia cabiam 16,6 por cento de metade da fortuna. A Rosalina foi determinada a doação de 15 por cento de uma outra fatia de 16,6 por cento. A terceira parcela deste quinhão era destinada à esposa, que, por lei, tinha de imediato direito a metade do total.

Alguns meses antes da morte de Tomé Feteira, em Dezembro de 2000, Rosalina terá subido na gestão de uma das principais firmas do empresário, a Sociedade de Empreendimentos Agrícolas e Imobiliários. A secretária tinha um por cento das acções desta empresa e, numa altura em que Tomé Feteira partiu uma perna, terá sido ela quem tomou as rédeas do negócio. Pouco tempo depois, o empresário morreu e a secretária continuou a gerir.

"Só dois meses após a morte é que foi facultado à filha de Tomé Feteira o acesso aos documentos de todos os negócios. Mas muitos deles já tinham desaparecido e Rosalina acabou por ser afastada", contou ao PÚBLICO fonte conhecedora do processo.

Os documentos - comprovativos de posse de terrenos, empresas, títulos e dinheiro - terão sido levados por Rosalina, que, entretanto, havia conseguido uma autorização para movimentar as contas do empresário. Olímpia Menezes diz que essa autorização foi forjada. Rosalina, cuja actividade suspeita já havia sido comunicada à polícia portuguesa, acabou por ser assassinada no dia 7 de Dezembro do ano passado, a cerca de 90 quilómetros do Rio de Janeiro, minutos depois de um encontro com o seu advogado, o ex-deputado do PSD Domingos Duarte Lima.

A intervenção de Duarte Lima no processo ainda está por esclarecer. O advogado nega qualquer conhecimento relativo à morte de Rosalina, afirmando que só muitos dias depois soube da mesma. Afirma ainda que respondeu, por escrito, a um inquérito da polícia brasileira. A sua versão dos acontecimentos deixa, no entanto, algumas dúvidas e admite-se que, em breve, depois de todos os elementos serem comunicados a um procurador brasileiro, seja notificado para vir a prestar mais esclarecimentos.

Duarte Lima, enquanto advogado de Rosalina, terá recebido, em 2001 e em cinco tranches, mais de 5,2 milhões de euros. Esse dinheiro estava numa conta de Tomé Feteira na Suíça. Terá sido a antiga secretária quem fez as transferências para a conta do advogado, o qual, por sua vez, nada refere sobre este negócio, alegando que o caso está em segredo de justiça. A filha de Tomé Feteira diz que estas transferências de dinheiro, assim como outras detectadas noutros bancos do Brasil, foram ilegais, uma vez que terão sido autorizadas mediante a falsificação de assinaturas.

Defesa de Lima reage

Germano Marques da Silva, o advogado de Duarte Lima, disse ontem que o seu cliente já prestou esclarecimentos às autoridades brasileiras por três vezes sobre o seu último encontro com Rosalina Ribeiro e considerou "intolerável" estabelecer qualquer relação entre Duarte Lima e a morte da sua cliente. O advogado diz que o seu cliente "não pode, nem deve falar publicamente".

PÚBLICO 13-08-2010

José Bento Amaro

Thursday 12 August 2010

PJ APANHA INCENDIÁRIOS

Incendiário apanhado a pegar fogo em Estarreja

Dois homens foram detidos pela PJ nas últimas 24 horas

Um homem de 35 anos foi detido em flagrante delito pela presumível prática do crime de incêndio florestal ocorrido na localidade de Canelas, Estarreja. Estava alcoolizado.

A Polícia Judiciária, em comunicado, refere que teve a ajuda de populares na detenção, que ocorreu na madrugada desta quinta-feira.

«A detenção ocorreu logo após ter iniciado um incêndio em zona de pinheiro e eucalipto, que só não atingiu elevadas proporções graças à rápida detecção do mesmo e ao pronto combate efectuado por populares e bombeiros, tendo ainda assim ardido uma área próxima dos 5.000 metros quadrados», diz a nota.

O detido vai ser sujeito a primeiro interrogatório judicial para aplicação das medidas de coacção tidas por adequadas.

Esta quarta-feira, um outro homem, de 31 anos, foi detido como presumível autor de crime de incêndio florestal, ocorrido no fim de 2009, sendo também suspeito de atear outros incêndios na região, incluindo este ano.

«No incêndio em causa, as chamas consumiram aproximadamente 160 de floresta composta de pinheiros bravos e mato, tendo ainda colocado em perigo uma vasta área florestal superior a mil hectares bem como a aldeia de Casas Novas, nas proximidades de Chaves, mobilizando para o seu combate, além de várias corporações de bombeiros, os serviços florestais, militares, população civil e meios aéreos», lê-se no comunicado.

O detido foi presente a primeiro interrogatório judicial para aplicação das medidas de coacção adequadas.

Mais homens à procura de incendiários

A Polícia Judiciária reforçou as equipas de investigação aos incendiários com mais de 60 elementos de outros departamentos, disse à agência Lusa fonte da direcção nacional.

Inspectores que habitualmente investigam assaltos violentos, homicídios, tráfico de droga ou crimes económicos foram desviados para auxiliar a investigação aos suspeitos de fogo posto.

Depois do reforço das equipas de prevenção de incêndios, em Junho, e dada a quantidade de fogos que deflagraram nos últimos dias, nomeadamente no norte e centro do país, a PJ sentiu necessidade de aumentar ainda mais as equipas que estão no terreno.

«Todos os departamentos receberam instruções para formarem equipas de combate aos incendiários», disse Almeida Rodrigues, lembrando que dos 12 detidos por fogo posto em floresta «quase metade é reincidente».

Por agora, o reforço de pessoal no combate aos criminosos ronda os 60 elementos, mas o número pode sofrer alterações consoante uma «monitorização diária das necessidades» que está a ser feita, adiantou.

Juntamente com o reforço de pessoal, foi também decidido contactar todos os incendiários referenciados pela PJ e que já cumpriram pena de prisão por fogo posto, até porque a reincidência é algo que preocupa a polícia.

«O gabinete de psicologia da PJ traçou o perfil do incendiário e é com base nisso que estamos a trabalhar», adiantou Almeida Rodrigues, lembrando que quem ateia incêndios florestais é «muitas vezes impulsionado pelo espectáculo».

PORTUGAL DIÁRIO 12-08-2010
Vaticano quer primeira comunhão aos 7 anos

O Vaticano quer que os católicos passem a receber a primeira comunhão aos sete anos. O debate foi aberto pelo cardeal Cañizares, da Congregação para o Culto Divino, que escreveu um artigo do diário da Santa Sé.

"Não fechamos os ouvidos à palavra de Jesus, que disse: 'deixai que as crianças venham a mim'". A citação do Evangelho termina a reflexão de Cañizares, informa a edição online de hoje do diário espanhol El País.

O cardeal propôs, no L'Osservatore Romano de domingo, que se dê a primeira comunhão aos sete anos, como estabeleceu o papa Pio X, num decreto de 08 de Agosto de 1910.

Há um século, considerou-se que os sete anos eram a idade para a confissão e para a comunhão, porque a partir daí já se é capaz de fazer uso da razão.

Cañizares considera que o centenário daquela norma é "uma ocasião providencial para recordar e insistir que se administre a primeira comunhão quando as crianças já fazem uso da razão, [idade] que hoje parece ter-se adiantado".

O cardeal manifestou-se desgostoso com a idade elevada com que as crianças recebem a primeira comunhão: "Tendo em conta o que está a acontecer aos pequenos e ao ambiente tão adverso em que crescem, não podemos privá-los do dom de Deus. As crianças vivem submersas em mil dificuldades, rodeadas por um ambiente difícil, que não os anima a ser o que Deus quer deles, muitos vítimas da família."

A primeira comunhão é dada entre os nove e os dez anos, com uma preparação prévia (a catequese) que costuma ser de dois ou três anos, uma vez por semana.


DIÁRIO DE NOTÍCIAS 12-08-2010