Saturday 14 August 2010

DINHEIRO DE TOMÉ FETEIRA TAMBÉM FOI TRANSFERIDO PARA ADVOGADO BRASILEIRO

Desapareceram os registos de centenas de propriedades negociadas quando o empresário era vivo

Dinheiro de Tomé Feteira também foi transferido para advogado brasileiro

Os polícias brasileiros que estão a investigar a morte de Rosalina Ribeiro, a antiga secretária do milionário português Lúcio Tomé Feteira e que, após a sua morte, se envolveu em diversas disputas judiciais pela posse da herança de centenas de milhões de dólares (o valor apontado é de 700 milhões), descobriram mais uma presumível transferência fraudulenta de dinheiro. A importância, superior a um milhão de euros, saiu de uma conta na Suíça, propriedade do magnata, e foi parar à conta, também naquele país europeu, de um advogado brasileiro. Uma vez mais, foi a antiga secretária e ex-amante de Tomé Feteira quem deu a ordem.

"Sim, sei que Rosalina fez algumas transferências do dinheiro do meu pai para outras contas. Essas transferências podem ser facilmente comprovadas documentalmente. Sei que uma dessas transferências foi feita para a conta de um advogado brasileiro", disse ontem ao PÚBLICO Olímpia Feteira, filha de Tomé Feteira. Para além deste advogado brasileiro, segundo Olímpia, também o advogado português Duarte Lima terá recebido mais de cinco milhões de euros. A principal herdeira do empresário, falecido em Dezembro de 2000, garante que há, no entanto, outras transferências, para outros portugueses, que só terão sido possíveis de efectuar após a falsificação de uma procuração apresentada aos diversos bancos. O advogado brasileiro já identificado não deverá, no entanto, estar ligado à morte de Rosalina Ribeiro, a qual foi abatida com três tiros de revólver na noite de 7 de Dezembro do ano passado, a cerca de 90 quilómetros do Rio de Janeiro e alguns minutos depois de se ter reunido com o advogado Duarte Lima e antigo dirigente do PSD.

Sem que sejam adiantados suspeitos, os investigadores da secção de homicídios da polícia do Rio de Janeiro estão também a analisar o máximo de documentação referente à posse de centenas de lotes urbanizados compreendidos entre Angra dos Reis e Búzios. Esses terrenos eram propriedade de Feteira e, após a sua morte, muitos deles terão sido negociados através da SEAI - Sociedade de Empreendimentos Agrícolas e Imobiliários. A venda destes lotes nem sempre foi pacífica, uma vez que, devido a diversos incumprimentos (falta de pagamento das prestações), muitos deles voltaram à posse da SEAI, empresa da qual Rosalina Ribeiro possuía um por cento (dado por Tomé Feteira) e onde chegou a exercer tarefas de administradora, até ser despedida pela família directa do empresário. A secretária, na noite em que foi assassinada, transportaria uma pasta contendo documentação relativa a propriedades. Quem a matou, não levou dinheiro ou jóias, mas a documentação desapareceu.

Os factos que alegadamente relacionam Rosalina com o desaparecimento de diversos documentos remontam à época da morte de Tomé Feteira. Nos dois meses após o seu funeral, período em que a secretária passou a administrar a empresa, terão desaparecido centenas de escrituras de casas e terrenos. Olímpia Feteira diz que foram retirados por Rosalina e por um enfermeiro conhecido desta. Cerca de um ano mais tarde, na sequência de uma acção judicial por causa da herança, a secretária terá recusado revelar o paradeiro da documentação.

PÚBLICO

14.08.2010 - 08:36 Por José Bento Amaro

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