Monday 26 July 2010

CREDIT DEFAULT SWAPS EM TRIBUNAL

Luigi Zingales

A acção judicial apresentada pela Securities and Exchange Commission (SEC) contra o Goldman Sachs por fraude de obrigações, acusando o banco de interpretar de forma errada a forma como uma obrigação de dívida colaterizada (CDO, sigla em inglês) tinha sido criada, reavivou o mal-estar público com os credit default swaps (CDS), o instrumento utilizado para apostar contra estes CDO.

Antes da crise financeira de 2008, os CDS eram um produto esotérico, conhecido apenas por um número restrito de investidores sofisticados e académicos especializados. Actualmente, são um nome muito familiar, sinónimo de especulação descontrolada, ganância ilimitada e instabilidade sistémica. Na verdade, os CDS são acusados de serem uma das principais causas da crise financeira. A legalidade do comportamento do Goldman Sachs vai ser determinada pelo tribunal de justiça mas a péssima reputação dos CDS está a colocar em perigo a sobrevivência deste instrumento no tribunal da opinião pública.

Aproveitando a onda populista, alguns políticos propuseram a proibição dos CDS. A recente crise grega galvanizou ainda mais o sector anti-CDS. Afinal não é culpa dos avarentos especuladores do mercado de CDS que colocou a Grécia à beira do incumprimento e os funcionários públicos gregos a sofrerem profundos cortes salariais? Numa palavra, não. Longe de serem a semente do diabo, os CDS são um instrumento financeiro útil que pode melhorar não apenas a estabilidade financeira mas também a forma como as empresas e os países são geridos. Proibi-los será mais prejudicial do que benéfico. Qualquer tentativa nesse sentido seria nociva, porque desviaria a atenção do objectivo útil de disciplinar o mercado de CDS e torná-lo mais transparente, estável e eficiente.

Uma das principais vantagens (se não a principal vantagem) do capitalismo face ao planeamento central é a informação proporcionada pelos preços do mercado. Quando a procura por batatas ao preço actual excede a oferta, o preço das batatas sobe, assinalando escassez. Os agricultores individuais não precisam de nenhuma directiva burocrática para decidir se plantam mais baratas: um aumento nos preços cria um incentivo para plantar mais batatas; uma queda nos preços é um sinal para plantar menos.

O mesmo é verdade para os preços das acções. Um aumento no preço das acções dos produtores de aço sugere um aumento da procura de aço, que leva os empresários a abrir mais fábricas e os investidores a concederem-lhes mais dinheiro. Pelo contrário, uma queda no preço das acções dos produtores de aço leva os empresários a liquidar as fábricas existentes e dissuade os investidores de darem mais recursos para o sector.

Infelizmente, por vezes os preços não cumprem correctamente esta função de indicadores, como aconteceu com as recentes bolhas tecnológicas e imobiliárias. Durante a bolha tecnológica, os preços assinalaram uma elevada procura no sector da Internet. Por esta razão, milhões de dólares foram usados para publicitar empresas improváveis na televisão e construir uma capacidade de rede muito além das necessidades. Durante a bolha imobiliária, os preços assinalaram uma severa escassez de casas. Milhões de dólares foram gastos em novas casas situadas em locais remotos onde ninguém queria viver.

Dada a elevada afectação errada de recursos nos dois casos, é vital perceber o porque é que os preços não conseguiram enviar um sinal preciso aos investidores. Porque é que os Estados Unidos, com o mercado financeiro mais desenvolvido do mundo, viveu duas grandes bolhas em menos de uma década? Parte da culpa pode ser atribuída a uma política monetária expansionista, mas o verdadeiro problema é um ambiente institucional que favorece um sentimento "bullish".

Os fundos de pensões, os fundos mútuos e os bancos de investimento estão todos eles no mercado accionista. Ter uma posição curta numa acção é difícil e arriscado: é difícil por pedir acções emprestadas é difícil e é arriscado porque ter uma posição curta tem um potencial de subida limitado e de descida ilimitado. Por outras palavras, os títulos tradicionais disponíveis para os investidores tornam mais fácil apostar a favor de uma empresa do que contra ela, levando a que os preços sejam mais afectados por exuberância irracional do que pelo pânico.

A este respeito, os CDS são únicos. Dado que funcionam como um seguro sobre a capacidade de quem pede emprestado cumprir as suas obrigações, tornam mais fácil expressar uma opinião negativa sobre uma empresa ou título. Para expressar uma opinião negativa através dos mercados de CDS, os investidores não precisam de localizar os títulos para pedir emprestado (um pré-requisito do "short-selling") e apenas arriscam um prémio limitado, enquanto têm a oportunidade de ganhar muitas vezes esse valor. Foi o mercado de CDS que permitiu que a opinião negativa - e correcta - de John Paulson e outros se incorporasse, finalmente, nos preços de mercado. Elas fizeram a bolha estalar. Apesar de ser doloroso para o resto da sociedade, isto é saudável. Quanto mais tempo durar uma bolha mas danos causa.

O mesmo raciocínio aplica-se à crise grega. Os CDS sobre a Grécia ofereceram um sinal útil da situação financeira do país. Foi graças ao aumento repentino no mercado de CDS que o governo grego ajustou o seu orçamento e melhorou a sua situação orçamental. Os testes médicos também têm muitas vezes más notícias mas aboli-los não resolve os problemas, apenas os esconde, agravando-os.

A razão porque os políticos e os empresários odeiam os CDS é precisamente porque as taxas de CDS são muito úteis e imediatas a expor os seus erros. Ninguém gosta que descubram que estão errados. Por esta razão, os políticos e os empresários poderosos seduzem a imprensa, as agências de "rating" e mesmo os analistas para que mostrem o lado positivo das suas acções. Como é a fonte principal de informação negativa que não é sensível ao poder, o mercado de CDS é temido e os políticos querem eliminá-lo. Claro que o mercado de CDS não é perfeito. De facto, nem sequer é um mercado organizado mas apenas um mercado virtual informal. As regras existentes não estão a destinadas a torná-lo transparente ou resiliente mas sim mais rentável para grandes instituições como o Goldman Sachs e JP Morgan.

É necessária intervenção para formalizar o mercado de CDS e forçar uma colaterização apropriada, para que nenhum governo tenha que intervir para realizar um resgate. Mas regular o mercado de CDS não significa bani-lo. Fazê-lo não faria mais do que semear a sementes da próxima bolha.

JORNAL DE NEGÓCIOS 14-07-2010

LUIGI ZINGALES

Transportes

Governo admite que TAP não resistirá a uma nova crise


A TAP fechou 2009 com um prejuízo de 3,5 milhões de euros

Seja por causa do preço dos combustíveis, ou por uma quebra na procura, o executivo diz que nova crise "arrasta TAP para a ruptura". É "urgente" a privatização

É o governo que o diz. Numa carta datada de 20 de Julho, o ministério das Obras Públicas explica a urgência em privatizar a transportadora aérea TAP não com o défice, até porque não faz ideia de quanto irá encaixar com a venda, mas com a "necessidade urgente" de recapitalizar a empresa antes que surja uma nova crise - seja na procura, como em 2009, ou no preço do petróleo, como em 2008. Se a TAP voltar a passar por qualquer uma dessas situações não sobreviverá, considera o governo. E, segundo as Obras Públicas, nem o doloroso caminho de "melhoria dos resultados operacionais" que tem sido seguido a salva: "Este é o caminho que tem sido seguido pela TAP. Mostrando--se, contudo, ainda insuficiente, deverão ser consideradas todas as alternativas", revela o gabinete do ministro.

"A recapitalização do grupo TAP é uma necessidade urgente e sem ela a empresa encontra-se numa situação fragilizada, correndo riscos de, em face de uma nova crise de mercado ou de aumento dos preços dos combustíveis, a empresa ser arrastada para uma situação de ruptura financeira e de impossibilidade de, por si só, solver compromissos", lê-se na carta enviada pelo gabinete do ministro António Mendonça em resposta a questões colocadas pelo Bloco de Esquerda a propósito da privatização da transportadora aérea.

O governo constituiu em 2009 uma comissão para a reestruturação financeira da TAP, logo após terem sido conhecidos os 285 milhões de euros de prejuízos da empresa e a sua situação de falência técnica: no final do ano passado, os capitais próprios negativos chegavam a 200 milhões. Porém, e apesar de a comissão já ter entregado ao governo o seu plano para a TAP - como o i noticiou em Março -, nas respostas dadas ao deputado do Bloco de Esquerda, as Obras Públicas salientam que nos trabalhos "desta comissão têm vindo a ser desenvolvidos estudos sobre a matéria em apreço [privatização]" e que as recomendações do Comité de Reestruturação ainda não serviram para tomar qualquer decisão.

Encaixe e empregos Sobre o impacto de venda da TAP no abate do défice, o governo salienta que, sem decisão sobre o que será vendido a privados, ainda não consegue prever um encaixe. "Uma vez que, como se refere, não há ainda uma decisão final sobre o modelo a adoptar sobre a questão da privatização da TAP, não é ainda conhecido o impacto esperado do ponto de vista da evolução do défice", lê-se na carta do ministério das Obras Públicas.

Contudo, sobre se o Estado vai garantir "os postos de trabalho associados às empresas a alienar", acabam-se as incertezas. Mesmo com a própria TAP a admitir que precisa de reduzir a mão-de-obra, o governo assegura que "garantirá os direitos dos trabalhadores" e que, "independentemente de quem seja o dono das acções" da TAP, "há condições para a empresa continuar a oferecer excelentes oportunidades de trabalho".

I ONLINE 26-07-2010

por Filipe Paiva Cardoso

Sunday 25 July 2010

O ESCÂNDALO DA PANORAMA: VIDAS DUPLAS DOS PADRES GAY

Vidas duplas. As noites romanas dos padres gay

Revista italiana publica reportagem sobre vidas duplas que envolve padres da Igreja Católica com relacionamentos homossexuais.

Nomes e moradas foram incluídos no relato sobre a vida dupla dos padres

A capa da "Panorama" D. R. 2/2 + fotogalería .Vinte dias, uma câmara oculta e filmagens dos locais de maior concentração de homossexuais na capital italiana. Roma serviu de cenário à reportagem "As noites loucas dos padres gay", publicada na revista "Panorama", que está a causar polémica por envolver a Igreja Católica em novo escândalo sexual.

O jornalista Carmelo Abbate - acompanhado por um cúmplice gay que o aconselhava a cada passo - percorreu locais habitualmente frequentados por homossexuais na capital italiana, infiltrando-se em ambientes e registando com uma câmara oculta tudo o que viu. O resultado foi a exposição de sacerdotes com uma vida dupla: de dia padres, de noite homens perfeitamente integrados no ambiente homossexual da capital italiana.

"Não pretendemos escandalizar, mas queremos demonstrar que não se trata de um caso isolado: existe uma comunidade de sacerdotes que se sujeita a determinados comportamentos", explicou o director da revista "Panorama", Giorgio Mulé. Além da reportagem, o responsável da revista escreveu o editorial com o título "A dupla vida dos padres gay: temos nomes, apelidos e moradas".

Ao pormenor A reportagem inclui as histórias de três padres. Paul, 35 anos, francês, é o que mais dá nas vistas: no momento do encontro com Carmelo Abbate estava a dançar seminu num bar gay no bairro de Testaccio. As fotografias da festa são publicadas na revista e o encontro com o jornalista contado ao pormenor. À saída do bar, o padre Paul convida o jornalista da "Panorama" para o acompanhar até casa; Abbate aceita.

Apesar da polémica, o Vaticano ainda não comentou o conteúdo da reportagem, mas as regras da Igreja Católica proíbem que os homossexuais activos entrem nos seminários e aí estudem.

Sem surpresa A capa da revista é clara: "Por quase um mês documentou vícios e perversões de sacerdotes insuspeitos numa vida dupla."

Mas a revelação não apanhou desprevenidas as associações que representam as comunidades homossexuais. A realidade, segundo referem, já era conhecida por todos. "Que muitos padres sejam homossexuais à procura de sexo, incluindo sexo pago, com outros homens, não é nenhuma novidade", reagiu Aurelio Mancuso, da associação Arcigay, acrescentando que ele próprio já teve experiências. "Eu mesmo, há uns 15 anos, tive uma história com um bispo."

A revista "Panorama" é de publicação semanal e pertence ao grupo Mondadori, propriedade do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi.


I ONLINE

por Mariana de Araújo Barbosa, Publicado em 24 de Julho de 2010

LOVE PARADE: NEVER AGAIN


Depois da tragédia, organização anuncia fim da "Love Parade"

Não há portugueses entre as vítimas
Saída do túnel de acesso à Love Parade .


Os organizadores da "Love Parade“ na Alemanha anunciaram hoje o fim definitivo deste evento, depois de o pânico num túnel de acesso ao festival, que decorreu no sábado, em Duisburgo, ter provocado 19 mortos e 342 feridos.

As informações sobre o estado dos feridos, internados em hospitais da região, eram ainda contraditórias, mas várias fontes falaram de, pelo menos, 40 feridos com gravidade.

“Isto foi o fim da Love Parade”, disse em conferência de imprensa na Câmara Municipal de Duisburgo Rainer Schaller, organizador da "Love Parade" e gerente do principal patrocinador, a cadeia de centros de ginástica McFitt.

Schaller garantiu que iria “fazer tudo” para esclarecer como se deu a tragédia, junto ao recinto de uma antiga estação de comboios de mercadorias que só tinha acesso por um túnel, onde uma grande multidão se comprimia, a meio da tarde, altura em que os acontecimentos se precipitaram. O vice-presidente do Sindicato da Polícia Alemã, Wolfgang Orschechek, afirmou que as autoridades “tinham grandes reservas” sobre a segurança da “Love parade”, porque o recinto “era muito pequeno”.

Pelo menos sete estrangeiros estão entre os 19 mortos durante o festival de música techno “Love Parade”, que decorria na cidade de Duisburgo, na Alemanha, no sábado, indicaram as autoridades policiais locais.

Um holandês, um italiano, um australiano, um chinês e duas espanholas, que faziam Erasmus em Duisburgo, são as vítimas estrangeiras reconhecidas, que acabaram por morrer devido ao pânico e tumulto que se gerou entre a multidão num túnel que dava acesso à “Love Parade”, informaram as autoridades policiais alemãs.

Até ao momento, as autoridades só identificaram 16 dos 19 mortos, que tinham entre 20 e 40 anos, e outras 342 pessoas ficaram feridas.

A “Love Parade”, que é o maior espetáculo de música techno do mundo, reuniu no sábado cerca de 1,4 milhões de pessoas.

O presidente da câmara de Duisburgo, Adolf Sauerland, rejeitou acusações de falha no sistema de segurança.

O autarca garantiu que “só foi permitido o acesso ao túnel de um número de pessoas que a passagem comportava, mas as pessoas morreram quando tentaram trepar as vedações de segurança e caíram de grande altura”.

Testemunhas oculares disseram a repórteres presentes no local que houve “cenas horrorosas”, com uma multidão concentrada junto ao túnel.

“As pessoas caíam, mas a polícia enviava cada vez mais gente para o túnel, de um lado e do outro, e quem caía era espezinhado”, disse um dos entrevistados pela televisão pública ARD.

Os primeiros socorristas a chegar ao local não conseguiam chegar às vítimas, devido à multidão.

Em conferência de imprensa, o responsável pela segurança da autarquia local, Wolfgang Rabe, desmentiu os relatos de que terá havido pânico no interior do túnel, que tem duas faixas de rodagem de cada lado e passeios para peões, atribuindo a tragédia ao facto de várias pessoas terem subido as vedações.

O ministro do Interior da Renânia, Ralf Jaeger, anunciou que a polícia já iniciou as investigações no local, esperando que as causas do incidente estejam esclarecidas nos próximos dias, em linha com o apelo do presidente alemão, Christian Wulff, ao completo esclarecimento do ocorrido.

A chanceler alemã, Angela Merkel, já expressou a sua profunda consternação pelo ocorrido através de um comunicado.

Mais de 1200 polícias foram enviados para a zona, para tentar controlar a situação, que se tratou do primeiro acidente mortal na história da “Love Parade”, que acontece anualmente desde 1989, depois de os organizadores terem decidido não interromper a “Love Parade” para evitar que a multidão abandonasse precipitadamente o recinto.


I ONLINE

por Agência Lusa, Publicado em 25 de Julho de 2010

THE PANORAMA SCANDAL

Church denounces gay priests after magazine revelations

Panorama said it recorded sexual encounters, including in a church building An Italian Catholic diocese has denounced homosexual priests for their "double life" and said they should not be in the priesthood.

The Diocese of Rome was responding to a magazine article on three homosexual priests that gave details of alleged sexual encounters and trips to clubs.

The diocese said "the honour of all the others" was sullied by their behaviour.

The Church holds that all sexual activity outside marriage is sinful and regards homosexual acts as unnatural.

'Saddened and troubled'

The article in the conservative magazine Panorama, entitled Gay Priests' Nights on the Town, carried pictures and interviews with the men.

The research was carried out over a month using hidden cameras.

It recorded sexual encounters, including one in a church building.

The diocese said of the priests: "We don't wish any ill-will against them, but we cannot accept that because of their behaviour the honour of all the others is sullied."

It said it was "saddened and troubled" by the article and vowed to pursue "with rigour any behaviour that is unworthy of the priestly life".

Pope Benedict XVI instructed in 2005 that actively gay priests should be barred from seminaries.

The Pope has said gay marriage is an "insidious and dangerous threat to the common good".

BBC NEWS 23-07-2010

BANCA PORTUGUESA TEM A MELHOR NOTA DO SUL DA EUROPA

O BPI surge na 17ª posição no ranking dos 91 bancos avaliados, à frente de grandes bancos europeus. Os quatro grupos bancários portugueses submetidos aos testes de stress realizados no quadro do Banco Central Europeu (BCE) passaram no exame e não têm necessidade de adoptarem "medidas de recapitalização".

Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, tem razões para sorrir

O mais resistente aos cenários macro económicos adversos é o Banco Português de Investimento (BPI), que consegue a 17ª posição no ranking dos 91 bancos avaliados, ao lado do inglês HSBC, e à frente do Santander, do BBVA, do Royal Bank of Scotland, do Deutsche Bank ou da Societé General.

Fernando Ulrich, do BPI, Carlos Santos Ferreira, do Banco Comercial Português (BCP), Faria de Oliveira, da Caixa Geral de Depósitos (CGD), e Ricardo Salgado, da ESAF, holding que consolida o Banco Espírito Santo (BES), congratularam-se ontem "com o elevado grau de resistência" do sistema financeiro nacional a cenários adversos.

No ranking europeu dos bancos mais sólidos, o BCP surge na 44ª posição, a CGD no 49º lugar, enquanto a ESAF (que não tem clientes, nem recebe depósitos) posicionou-se na 67ª. Os responsáveis do BES, cujas contas serão conhecidas no dia 6 de Agosto, já garantiram que os resultados serão mais favoráveis.

Os testes de stress medem os níveis de capitalização e de solvência das instituições, quando colocadas perante um conjunto de pressupostos adversos simulados pelas autoridades europeias. Os cenários mais severos levam em linha de conta condições macroeconómicas desfavoráveis, como a reentrada da economia em recessão, variações nas taxas de juro e default de parcelas de divida soberana de países sob pressão devido aos elevados défices públicos. Um quadro rigoroso considerado pelo BCE como "improvável" já que as probabilidades de ocorrência são apenas de cinco por cento [nos testes realizados pelo EUA eram de 15 por cento]. Dos 91 bancos analisados, 82 aguentam um choque financeiro forte (Tier1 acima do valor de referência de seis por cento). Mas sete instituições (cinco espanholas, uma grega e uma alemã) derraparam por ausência de capitais suficientes, necessitando de injecção de fundos.

O pressuposto extremo do fecho dos mercados de liquidez não constou dos cenários do BCE e, no limite, se o fizesse, teria de concluir que a banca europeia, que tem dívida a rolar e compromissos assumidos por cumprir entraria em colapso. Este é um dos bloqueios sentido sobretudo pelos países do sul da Europa.

A CGD, BCP, BES e BPI, os quatro sobreviventes aos testes de stress, representam mais de metade do sistema financeiro nacional, condição exigida pelo BCE para aferir da solidez do sistema financeiro de cada país. Todos eles apresentaram rácios de resistência superiores a seis por cento. O BPI revelou-se como o mais resistente, com um Tier 1 de 10,2 por cento, mesmo em contexto severo, e destronando o Santander que se considerava o banco mais forte da Europa. O BCP, que este mês foi alvo de boatos sobre a sua solidez, posicionou-se em segundo lugar, com um Tier 1 de 8,4 por cento, enquanto a CGD resistiria com um rácio de 8,2 por cento, e a ESAF de 6,9 por cento.

Os bons resultados dos quatro bancos não são alheios às especificidades do sistema financeiro nacional. Num cenário de subida das taxas de juro, as margens dos bancos portugueses que têm os créditos hipotecários indexados à euribor acabam por subir, compensando o aumento do crédito malparado. Uma situação que não se regista com tanta intensidade noutros países.

A 31 de Março deste ano, a CGD, o BCP, o BPI e o ESFG possuíam uma exposição líquida à divida pública da Zona Euro de 2,96 mil milhões de euros, sendo a grega responsável por 1,74 mil milhões de euros. O BCP que consolida o banco grego, NovaBank, tem na sua carteira 718 milhões de euros, seguido do BPI, com 501 milhões de euros, do ESFG com 464 milhões e da CGD, com 56 milhões.

A análise aos indicadores de solvabilidade dos sistemas financeiros dos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), países com problemas macro económicos graves, permite tirar uma conclusão favorável aos bancos nacionais que, em termos médios, surgem melhores posicionados com um Tier 1 de 8,425 por cento. Por contrapartida os bancos espanhóis analisados apresentam um rácio médio de capital médio de 7,2 por cento, abaixo dos gregos, 7,375, e italianos, 7,3 por cento, mas acima dos irlandeses (na sua maioria estatizados já este ano), 6,8 por cento.

O Ministério das Finanças não perdeu tempo a reagir, considerando que os resultados demonstram que os bancos portugueses "são sólidos e bem supervisionados

Banca portuguesa passa nos testes e com a melhor nota do sul da Europa
24.07.2010 - 09:00 Por Cristina Ferreira
PÚBLICO

TRAGÉDIA NA LOVE PARADE


Tragédia na Love Parade - Fotogaleria
por Liliana Valente, Publicado em 25 de Julho de 2010


O recinto da Love Parade encheu às primeiras horas da tarde










Saída do túnel de acesso à Love Parade












Mulher é retirada pela polícia alemã









Dentro do túnel de acesso ao maior festival de música do mundo. Polícia marcou posição final das vítimas.





Pessoas em fuga durante o pânico em massa no túnel de acesso. O pânico provocou a morte a 19 pessoas. A alegria da música deu lugar ao silêncio da morte.










Pânico aconteceu no túnel de acesso ao recinto






Autocolante no chão à saída do túnel

Pelo menos 19 mortos na Love Parade

Pânico aconteceu no túnel de acesso ao recinto

Pelo menos 19 pessoas morreram e 342 ficaram feridas devido ao pânico que se gerou hoje entre a multidão que procurava chegar à “Love Parade”, em Duisburgo, de acordo com o último balanço da polícia alemã.

“É uma das maiores tragédias da nossa cidade”, afirmou um porta-voz da autarquia, Kopatscek, já ao fim da noite, e depois de os socorristas terem conseguido fazer um balanço do que tinha acontecido junto a um túnel que dava acesso àquele que é o maior espetáculo de música «techno» do mundo, que atraiu 1,4 milhões de pessoas.

De acordo com a polícia, 16 pessoas morreram no local, enquanto que as restantes três acabaram por falecer devido a ferimentos, mas as autoridades não quiseram, para já, avançar com mais pormenores sobre o grau de gravidade dos 342 feridos.

Durante a noite, quando o número de feridos ascendia a 100, a polícia indicou que 45 estavam em situação muito grave.

A maioria das vítimas tentou subir pelas barreiras de segurança junto ao túnel, para tentar atalhar caminho para o recinto da “Love Parade” e caiu de uma altura de oito a nove metros.

O presidente da câmara de Duisburgo, Adolf Sauerland, rejeitou acusações de falha no sistema de segurança.

O autarca garantiu que “só foi permitido o acesso ao túnel de um número de pessoas que a passagem comportava, mas as pessoas morreram quando tentaram trepar as vedações de segurança e caíram de grande altura”.

Testemunhas oculares disseram a repórteres presentes no local que houve “cenas horrorosas”, com uma multidão concentrada junto ao túnel.

“As pessoas caíam, mas a polícia enviava cada vez mais gente para o túnel, de um lado e do outro, e quem caía era espezinhado”, disse um dos entrevistados pela televisão pública ARD.

Os primeiros socorristas a chegar ao local não conseguiam chegar às vítimas, devido à multidão.

Em conferência de imprensa, o responsável pela segurança da autarquia local, Wolfgang Rabe, desmentiu os relatos de que terá havido pânico no interior do túnel, que tem duas faixas de rodagem de cada lado e passeios para peões, atribuindo a tragédia ao facto de várias pessoas terem subido as vedações.

O ministro do Interior da Renânia, Ralf Jaeger, anunciou que a polícia já iniciou as investigações no local, esperando que as causas do incidente estejam esclarecidas nos próximos dias, em linha com o apelo do presidente alemão, Christian Wulff, ao completo esclarecimento do ocorrido.

A chanceler alemã, Angela Merkel, também já expressou, através de um comunicado, a sua profunda consternação pelo ocorrido.

Mais de 1200 polícias foram enviados para a zona, para tentar controlar a situação, que se tratou do primeiro acidente mortal na história da “Love Parade”, que acontece anualmente desde 1989, depois de os organizadores terem decidido não interromper a “Love Parade”, para evitar que a multidão abandonasse precipitadamente o recinto.
I ONLINE 25-07-2010