Juiz assume ameaças sofridas no processo dos submarinos
Carlos Alexandre responde ao advogado Godinho de Matos dizendo que não bebe cicuta
A compra dos submarinos Tridente e Arpão já deu lugar a dois processos criminais. Um deles vai agora a julgamento
Foto Filipe Casaca
"É a minha decisão. Sei ao que me arrisco por decidir nestes termos", foi exactamente o que disse o juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal (Ticão) logo após ter anunciado que decidira mandar para julgamento todos os acusados no processo-crime das contrapartidas dos submarinos.
Os dez acusados serão julgados por crimes de burla qualificada e de falsificação de documentos no âmbito das contrapartidas prometidas pelo German Submarin Consortium (GSC), que venceu o concurso para vender ao Estado português dois submarinos.
O despacho que o juiz Carlos Alexandre ontem entregou aos advogados e jornalistas acaba por ser mais importante que a própria decisão de pronunciar os arguidos. Isto porque a decisão instrutória, acutilante, não só responde aos vários requerimentos dos acusados como responde às alegações dos seus advogados no debate instrutório, que teve lugar a 22 de Dezembro. E é nas respostas às alegações do advogado Nuno Godinho de Matos que o juiz do Ticão dá a entender que se sentiu ameaçado e responde às questões levantadas.
Além de várias passagens em que reponde directamente às alegações do advogado dos acusados alemães, Carlos Alexandre escreve mesmo o seguinte: "Ao adicionar à leitura de milhares de páginas de processos vários, de suportes técnicos de gravações, esta leitura da obra de Eva Joly ["É este o mundo em que queremos viver?"], meditámos na cicuta que, quem nos precede na hierarquia social, avisadamente nos disse que equivaleria a bebermos se deixássemos passar esta acusação do Ministério Público."
Ora foi justamente o advogado Nuno Godinho de Matos que afirmou no debate instrutório que, se o juiz "deixasse passar a acusação, beberia um cálice de cicuta que arrastaria consigo a probidade da judicatura".
Uma das vencedoras de ontem foi a directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Cândida Almeida, porque a direcção do inquérito fora posta em causa, com a revelação pelos media do romance entre a procuradora-adjunta Carla Dias e o presidente da Inteli - Inteligência em Inovação, que forneceu os peritos ao DCIAP. A Inteli é a outra vencedora deste round, vendo reconhecida pelo juiz a sua credibilidade e imparcialidade.
por Inês Serra Lopes , Publicado em 26 de Janeiro de 2011
http://www.ionline.pt/conteudo/100633-juiz-assume-ameacas-sofridas-no-processo-dos-submarinos
Carlos Alexandre responde ao advogado Godinho de Matos dizendo que não bebe cicuta
A compra dos submarinos Tridente e Arpão já deu lugar a dois processos criminais. Um deles vai agora a julgamento
Foto Filipe Casaca
"É a minha decisão. Sei ao que me arrisco por decidir nestes termos", foi exactamente o que disse o juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal (Ticão) logo após ter anunciado que decidira mandar para julgamento todos os acusados no processo-crime das contrapartidas dos submarinos.
Os dez acusados serão julgados por crimes de burla qualificada e de falsificação de documentos no âmbito das contrapartidas prometidas pelo German Submarin Consortium (GSC), que venceu o concurso para vender ao Estado português dois submarinos.
O despacho que o juiz Carlos Alexandre ontem entregou aos advogados e jornalistas acaba por ser mais importante que a própria decisão de pronunciar os arguidos. Isto porque a decisão instrutória, acutilante, não só responde aos vários requerimentos dos acusados como responde às alegações dos seus advogados no debate instrutório, que teve lugar a 22 de Dezembro. E é nas respostas às alegações do advogado Nuno Godinho de Matos que o juiz do Ticão dá a entender que se sentiu ameaçado e responde às questões levantadas.
Além de várias passagens em que reponde directamente às alegações do advogado dos acusados alemães, Carlos Alexandre escreve mesmo o seguinte: "Ao adicionar à leitura de milhares de páginas de processos vários, de suportes técnicos de gravações, esta leitura da obra de Eva Joly ["É este o mundo em que queremos viver?"], meditámos na cicuta que, quem nos precede na hierarquia social, avisadamente nos disse que equivaleria a bebermos se deixássemos passar esta acusação do Ministério Público."
Ora foi justamente o advogado Nuno Godinho de Matos que afirmou no debate instrutório que, se o juiz "deixasse passar a acusação, beberia um cálice de cicuta que arrastaria consigo a probidade da judicatura".
Uma das vencedoras de ontem foi a directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Cândida Almeida, porque a direcção do inquérito fora posta em causa, com a revelação pelos media do romance entre a procuradora-adjunta Carla Dias e o presidente da Inteli - Inteligência em Inovação, que forneceu os peritos ao DCIAP. A Inteli é a outra vencedora deste round, vendo reconhecida pelo juiz a sua credibilidade e imparcialidade.
por Inês Serra Lopes , Publicado em 26 de Janeiro de 2011
http://www.ionline.pt/conteudo/100633-juiz-assume-ameacas-sofridas-no-processo-dos-submarinos
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