Entrevista a SAR D. Isabel de Herédia, ao magazine cultural de Sintra, em Março de 2003
"Sintra é um estado de alma"
A mulher do Duque de Bragança não se sente uma notável em Sintra e confessa a sua admiração pela capacidade da Vila em resistir à invasão do betão Isabel Herédia assume-se como sintrense e tradicionalista. Vive os problemas da comunidade em obras de caridade em que participa activamente e apela à utilização dos transportes públicos para resolver o problema das acessibilidades. Monárquica "racional", não hesita em falar das grandes questões nacionais. Considera que Portugal viveu acima das suas possibilidades e aponta a Educação como a prioridade.
-Gosta de viver em Sintra ou sente saudades de Lisboa? E as crianças?
SAR-Os meus filhos são claramente saloios, todos eles. E eu já me sinto muito sintrense. Sintra proporciona uma qualidade de vida que já não é possível encontrar em Lisboa porque manteve as características de vivência de uma vila. Uma vida que se caracteriza pela vizinhança afável e por uma proximidade maior entre as pessoas.
-O que mais a atrai em Sintra?
SAR-Sintra é um estado de alma, não é? Aprecio muito o facto de aqui se ter preservado uma certa tradição, nomeadamente a nível arquitectónico, que já se perdeu noutras terras de Portugal, infelizmente. As pessoas também são fantásticas, muito simpáticas e naturais. As relações humanas são mais intensas porque há menos pressa. Sempre que posso evito sair de cá e até instalei o escritório em casa...
-A que actividades se dedica neste momento?
SAR-Fundamentalmente estou a ajudar o meu marido a desenvolver a rendibilidade do seu património. Uma tarefa muito absorvente e que me motiva bastante. Depois, continuo a ajudar em várias obras de caridade, através da Congregação de São Vicente de Paulo, que tento não descurar.
-O que faz falta a Sintra?
SAR-Acima de tudo tem de ser resolvido o problema dos acessos rodoviários e incentivar as pessoas a usar os transportes públicos. Não devemos ser "escravos" do carro. Sempre que tenho de ir a Lisboa sozinha vou de comboio e só quando vou com as crianças é que uso o automóvel.Outro problema que detecto em Sintra é o da pobreza envergonhada. Há muita gente a passar necessidades, sem dinheiro para comer ou para medicamentos. Mas houve também grandes avanços nos últimos anos. O Centro Olga Cadaval veio trazer uma dinâmica muito grande à vida cultural de Sintra.
-E a Portugal?
SAR-Nos últimos tempos vivemos acima das nossas possibilidades. Perdurou uma espécie de novo riquismo que só podia dar mau resultado. Mas se tivesse poder para mudar alguma coisa era na Educação que eu apostava.
-É monárquica por convicção ou por casamento?
SAR-(risos) Sabe, os meus pais são monárquicos "racionais" e cresci a pensar que a figura de um monarca, enquanto entidade acima dos partidos, só poderia aumentar a coesão nacional, como acontece noutros países europeus, por exemplo. Mantenho essa ideia, até porque o facto de pertencer à família real implica mais deveres e obrigações do que benesses.
-Por que é que o seu marido não tem uma maior participação política?
SAR-Penso que o meu marido sofre de preconceitos anti-monárquicos primários que muita gente, infelizmente, ainda gosta de ostentar em alguns sectores da sociedade. Mas é o país que perde por ele não ter um papel mais activo. O meu marido é um apaixonado por Portugal e poderia ter um papel importante na divulgação do nosso país. Pouca gente sabe mas ele foi determinante para a criação de uma biblioteca portuguesa na Índia, por exemplo.
"Sintra é um estado de alma"
A mulher do Duque de Bragança não se sente uma notável em Sintra e confessa a sua admiração pela capacidade da Vila em resistir à invasão do betão Isabel Herédia assume-se como sintrense e tradicionalista. Vive os problemas da comunidade em obras de caridade em que participa activamente e apela à utilização dos transportes públicos para resolver o problema das acessibilidades. Monárquica "racional", não hesita em falar das grandes questões nacionais. Considera que Portugal viveu acima das suas possibilidades e aponta a Educação como a prioridade.
-Gosta de viver em Sintra ou sente saudades de Lisboa? E as crianças?
SAR-Os meus filhos são claramente saloios, todos eles. E eu já me sinto muito sintrense. Sintra proporciona uma qualidade de vida que já não é possível encontrar em Lisboa porque manteve as características de vivência de uma vila. Uma vida que se caracteriza pela vizinhança afável e por uma proximidade maior entre as pessoas.
-O que mais a atrai em Sintra?
SAR-Sintra é um estado de alma, não é? Aprecio muito o facto de aqui se ter preservado uma certa tradição, nomeadamente a nível arquitectónico, que já se perdeu noutras terras de Portugal, infelizmente. As pessoas também são fantásticas, muito simpáticas e naturais. As relações humanas são mais intensas porque há menos pressa. Sempre que posso evito sair de cá e até instalei o escritório em casa...
-A que actividades se dedica neste momento?
SAR-Fundamentalmente estou a ajudar o meu marido a desenvolver a rendibilidade do seu património. Uma tarefa muito absorvente e que me motiva bastante. Depois, continuo a ajudar em várias obras de caridade, através da Congregação de São Vicente de Paulo, que tento não descurar.
-O que faz falta a Sintra?
SAR-Acima de tudo tem de ser resolvido o problema dos acessos rodoviários e incentivar as pessoas a usar os transportes públicos. Não devemos ser "escravos" do carro. Sempre que tenho de ir a Lisboa sozinha vou de comboio e só quando vou com as crianças é que uso o automóvel.Outro problema que detecto em Sintra é o da pobreza envergonhada. Há muita gente a passar necessidades, sem dinheiro para comer ou para medicamentos. Mas houve também grandes avanços nos últimos anos. O Centro Olga Cadaval veio trazer uma dinâmica muito grande à vida cultural de Sintra.
-E a Portugal?
SAR-Nos últimos tempos vivemos acima das nossas possibilidades. Perdurou uma espécie de novo riquismo que só podia dar mau resultado. Mas se tivesse poder para mudar alguma coisa era na Educação que eu apostava.
-É monárquica por convicção ou por casamento?
SAR-(risos) Sabe, os meus pais são monárquicos "racionais" e cresci a pensar que a figura de um monarca, enquanto entidade acima dos partidos, só poderia aumentar a coesão nacional, como acontece noutros países europeus, por exemplo. Mantenho essa ideia, até porque o facto de pertencer à família real implica mais deveres e obrigações do que benesses.
-Por que é que o seu marido não tem uma maior participação política?
SAR-Penso que o meu marido sofre de preconceitos anti-monárquicos primários que muita gente, infelizmente, ainda gosta de ostentar em alguns sectores da sociedade. Mas é o país que perde por ele não ter um papel mais activo. O meu marido é um apaixonado por Portugal e poderia ter um papel importante na divulgação do nosso país. Pouca gente sabe mas ele foi determinante para a criação de uma biblioteca portuguesa na Índia, por exemplo.
Real Associação do Médio Tejo 1-08-2010
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