Sunday 18 July 2010

DIRECTOR DA REMAX SIMULA SEQUESTRO

Paulo Nunes, 39 anos, participou em falso sequestro e roubo a uma carrinha da empresa de transportes TNT, que acabou em Chelas

Motorista de empresa de transporte de dinheiro chamou dois amigos, entre os quais Paulo Nunes, que fingiram o seu roubo e desviaram 33 mil euros.

Cansado da vida de estafeta, o brasileiro foi tentado pelo dinheiro dos clientes. Dezenas de milhares de euros que transportava diariamente, entre empresas de Lisboa, em carrinhas da TNT. Decidiu dar um golpe, mas, para escapar sem ser apanhado, em vez de roubar tinha de ser roubado. Combinou com dois amigos que o ‘sequestraram’ anteontem à tarde – ameaçado de morte com um revólver, agredido e manietado com braçadeiras de plástico, numa rua de Chelas. Levaram mais de 33 mil euros, entre cheques e dinheiro, só que o teatro foi mal encenado. A Secção de Roubos da Polícia Judiciária desmascarou o motorista e chegou aos cúmplices. Um deles é Paulo Nunes, 39 anos, director da imobiliária Remax em Alfornelos.

‘Bruno’, 31 anos, foi seguido por um carro até à zona do Parque das Nações, onde um dos dois ocupantes o surpreendeu de revólver em punho, entrou na carrinha da empresa TNT e o obrigou a conduzir até Chelas.

Aí, conforme a ‘vítima’ descreveu depois à PSP local, dois assaltantes agrediram-no com murros na face e manietaram-no com braçadeiras de plástico, deixando-o fechado na parte de trás da carrinha, mas só no trinco. Fugiram com um saco – só em notas havia cerca de onze mil euros – e ‘Bruno’ começou então a gritar por socorro, desesperado a bater nas portas da viatura. Rapidamente apareceram populares, à hora de almoço, que o libertaram.

A ‘vítima’ foi apresentar queixa à PSP local, que entregou o caso à Polícia Judiciária, com competência para investigar os crimes com armas de fogo. Só que os investigadores, mal ouviram ‘Bruno’ e testemunhas no local, em Chelas, rapidamente desmontaram a mentira do primeiro. Os assaltantes deixaram-no ficar com o telemóvel – o que seria quase inédito num roubo com estas características – e encenaram mal a fuga. ‘Bruno’ confessou a simulação de assalto e, numa casa em Alfornelos, a PJ foi no próprio dia buscar os dois cúmplices e recuperar 33 mil euros roubados.

PAULO NUNES LEVA FUNCIONÁRIO PARA O 'ASSALTO'

O empresário Paulo Nunes, 39 anos, que detém o franchising da Remax de Alfornelos, na Amadora, agência onde é director, alinhou no esquema pelas dificuldades que desde há muito está a atravessar no negócio imobiliário – não vende casas e acumulam-se as dívidas. Ao seu lado, no assalto encenado aos 33 mil euros, seguiu precisamente um dos seus funcionários, brasileiro de 29 anos, que seria conhecido do motorista da TNT que se fez de vítima. E para este, seria o crime perfeito, caso a Polícia Judiciária nunca descobrisse a sua ligação aos dois falsos assaltantes. Bastava fingir-se de vítima e ninguém poderia provar o contrário. E, ao fim de algum tempo, só tinha de ir pedir aos amigos a sua parte no dinheiro roubado – 11 mil euros em dinheiro, uma vez que os cheques seriam difíceis de levantar. Foram todos apanhados.

PJ SUSPEITA DE EMPRESÁRIO DE MAKUKULA

No ano passado, a PJ constituiu arguido o empresário de Makukula, jogador do Benfica, por suspeitas de ter fingido um assalto para ficar com 200 mil euros do atleta. Atado de pés e pulsos, estendido numa valeta junto à estação de Alhos Vedros, Ricardo Rodrigues tinha escoriações no corpo quando a GNR o encontrou, em Fevereiro de 2008. Falou em 12 horas de terror às mãos dos 'quatro negros' que o sequestraram em Lisboa, mal saiu do banco onde levantou 200 mil euros da conta de Makukula. O dinheiro seria para a compra de uma casa parao futebolista do Benfica, mas nunca mais foi recuperado.

PORMENORES

CADEIA ATÉ OITO ANOS

Estão indiciados por abuso de confiança qualificado – uma vez que a quantia desviada é superior a 20 400 euros –, punível até oito anos de cadeia.

PRESENTES HOJE AO JUIZ

Serão hoje presentes ao juiz de instrução criminal, no Campus da Justiça, para aplicação das respectivas medidas de coacção.

ILEGAL NO PAÍS

O empresário já foi investigado por burla, e o funcionário que participou no crime tem furtos e está ilegal no País.
CORREIO DA MANHÃ 25 JUNHO 2010

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