Wednesday 21 July 2010

BISPO CRITICA MURO DE BETÃO QUE ISOLOU CIGANOS EM BEJA

Ministério promete mais atenção

Bispo critica muro de betão que isolou ciganos em Beja

D. Vitalino Dantas diz que muro não é único problema dos ciganos. Ministra da Solidariedade desconhece a situação, mas promete ficar atenta a partir de agora.
A ministra da Solidariedade Social, Helena André, diz desconhecer o que se passa na comunidade cigana de Beja apesar da queixa apresentada em Bruxelas por causa do muro construído no Bairro das Pedreiras, e das várias notícias nos media. Já o bispo de Beja critica a construção do muro, que "não faz sentido".

A posição da governante foi assumida anteontem, durante uma deslocação a Beja, onde foi questionada sobre o muro de betão construído junto ao Bairro das Pedreiras e que isola este aglomerado habitado por famílias ciganas que se queixam de segregação e da má qualidade das habitações.

Helena André respondeu que o seu ministério, a partir de agora, "vai estar atento" aos problemas denunciados nas instâncias comunitárias, e frisou que Portugal é dos países da União Europeia que mais se têm preocupado com a integração das minorias.

Quem não desconhece este grave problema social é o bispo de Beja, D. Vitalino Dantas, um opositor da solução adoptada para realojar a comunidade cigana, que classifica de "muito primária e feita a correr, com os resultados que se conhecem" para "urbanizar rapidamente" o lote de terreno onde se erguia o bairro de lata que acolhia as 53 famílias, algumas delas há dezenas de anos. D. Vitalino Dantas esclarece que já visitou "várias vezes" o bairro onde vive aquela comunidade e conclui que, apesar da "etnia ter problemas de integração", as autoridades "têm de ter muita paciência até que a minoria esteja integrada". Está convicto de que há "soluções mais baratas e mais dignas" para substituir o muro, que considera não ser "o único problema" a afectar a comunidade cigana.

Maria Manuel Coelho ex-vereadora na Câmara de Beja e que esteve envolvida no processo de construção do bairro onde foi realojada, em 2006, a comunidade cigana que vivia em condições muito precárias, num bairro de lata, alegou, em carta enviada ao PÚBLICO, que o muro foi erguido para segurança dos residentes, protegendo-os "da circulação intensa de camiões" na estrada passava junto às casas".

Contudo, a construção desta estrutura, com cerca de uma centena de metros de comprimento, foi sempre contestado pela comunidade cigana, que tudo tem feito no sentido do seu desaparecimento, mas a autarquia não parece disposta a responder aos apelos que lhe têm sido feitos nesse sentido. A União Romani, que representa a comunidade cigana, já afirmou que está disposta a fazer uma concentração nacional às portas de Beja, caso a autarquia não resolva os problemas daquelas famílias que estão descontentes com o muro e com as precárias condições de vida que lhe foram oferecidas.

21.07.2010 - 08:47 Por Carlos Dias
PÚBLICO 21-07-2010

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