Saturday 3 July 2010

ANTÓNIO DE SOUSA: "EMPRESAS VÃO TER DE SE HABITUAR AO FIM DO CRÉDITO BARATO"

APB: «Empresas têm de se habituar ao fim do crédito barato»

António de Sousa, presidente da APB, alerta para que as empresas se preparem para tempos de crédito mais difícil

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), António de Sousa, alertou as empresas para que se preparem para tempos com crédito mais difícil e mais demorado, dizendo também que a baixa rentabilidade dos bancos portugueses os tornam presas das instituições estrangeiras.

«O que as empresas vão ter de se habituar é a que acabou o crédito fácil e barato. Não fazem sentidos aqueles spreads de 0,25 ou 0,35 por cento. Só são possíveis porque o mercado está distorcido», avisou António de Sousa, em entrevista à agência Lusa.

«Portanto essa situação de crédito fácil e barato vai desaparecer», frisou o responsável, prevendo que «as empresas vão ter de voltar àquilo que sempre existiu», quando o mercado era «normal» e antes de se ter tornado «irracional».

O presidente da APB defendeu assim a necessidade de as empresas portuguesas reforçarem capitais próprios, uma vez que têm, disse, «os níveis de capitalização mais baixos em todo o panorama europeu».

António de Sousa justificou as dificuldades dos bancos transferirem financiamento à economia real com o aumento do custo do dinheiro para as instituições financeiras, aliado às baixas taxas de juro, bem como ao aumento do crédito mal parado.

Pedir financiamento era situação «inevitável»

Ainda assim, o líder dos banqueiros desvalorizou o facto dos bancos portugueses serem dos que mais aproveitam o financiamento do Banco Central Europeu (BCE) para compensar a dificuldade em encontrar financiamento no mercado, afirmando que «era uma situação inevitável e que toda a gente conhecia».

«Fala-se muito de Portugal mas isso não é, neste momento, uma situação específica de Portugal. O montante que Portugal está a ir buscar ao BCE, em percentagem do produto interno bruto, é inferior aos de vários outros países. É uma situação que não é desejável, mas não é muito extraordinária», afirmou.


AGENDA FINANCEIRA 3-07-2010

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