Friday, 14 January 2011

JOSÉ ANTÓNIO BARREIROS FALA SOBRE MARINHO PINTO


ENSAIO

A cavalo marinho

por José António Barreiros, Publicado em 11 de Janeiro de 2011

Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados

Foto Filipe Casaca

Os que estranharam eu ter abandonado a sala de actos da Ordem dos Advogados quando discursava o bastonário, insultando-me, estranhariam se soubessem que o autor da façanha me havia impedido de usar da palavra?

Estranhariam se soubessem que o autor da proeza havia escrito, no Verão, um livro de auto-elogio e promessas, em que me considerou, e ao conselho superior a que presidi, "uma página de ignomínia na história da Ordem dos Advogados" e impediu depois a divulgação da carta na qual eu rebatia as acusações, cuja publicação no portal da Ordem censurou?

Estranhariam quanto silêncio, quanta contenção, quanta paciência tive, ao longo de um triénio, suportando desconsiderações, vendo propalar mentiras, assistindo a um despautério verbal feio e acintoso?

Estranhariam se soubessem que é o bastonário que me acusa de lhe ter instaurado processos disciplinares quem omite que o fiz pelo mero cumprimento de um dever, porque havia queixas contra ele e ninguém está acima da lei?

Estranhariam se soubessem que, ao chegar ao fim do mandato, o bastonário viu três processos disciplinares contra si arquivados e nenhum outro teve andamento, pois deduziu suspeição contra mim e contra o conselho superior para impedir que o julgássemos?

Estranhariam se soubessem que o único processo que o conselho superior instaurou a partir de certidão da sua conselheira-secretária foi porque ele, depois de propalar indeterminadamente que havia "regabofe financeiro na Ordem dos Advogados", "despesismo", "negociatas na formação" e torpezas quejandas, sujando tudo e todos, atirando a pedra e escondendo a mão sob a alegação de que não tinha de dizer de quem falava, após notificação, se recusou intencionalmente a informar o conselho - que é o supremo órgão jurisdicional da OA -, transformando a Ordem, ante a opinião pública, numa corja de bandidos?

Estranhariam se soubessem que, mais de uma vez, me ofereci para dar seguimento legal, assim ele as individualizasse, às ilicitudes e crimes que denunciava, porque a Ordem é uma associação pública que gere dinheiros públicos, passível da fiscalização do Tribunal de Contas, assim este órgão o entenda e queira?

Estranhariam se lembrassem que o mesmo bastonário, à sorrelfa, meteu nas mãos do ministro da Justiça, Alberto Costa, um projecto de alteração do estatuto da Ordem, secreto, feito por si à revelia de todos os órgãos e com desconhecimento da classe, em que alterava as competências do conselho superior, apoucando-o para seu benefício, o que nos levou a tentar uma assembleia-geral que desse voz à classe, ante o que ele nos "meteu em tribunal", coisa nunca antes vista - um órgão da Ordem a accionar judicialmente outro?

Estranhariam se soubessem que deliberadamente negou ao conselho superior meios humanos e de serviço para trabalhar em condições de eficácia, escravizando os funcionários e fazendo-os viver o medo do despedimento, enquanto ele se rodeava de assessores de imprensa e de todos os meios de propaganda, cujo efeito está à vista, e fizesse aumentar os gastos do conselho geral, escondendo o acesso às contas a membros desse conselho, que por isso se demitiram?

Estranhariam se soubessem que durante todo o mandato, apesar do protesto público, o correio dirigido ao conselho superior e a mim próprio foi aberto e esventrado pelos seus serviços, convivendo-se com a vergonha de o expediente chegar ao conselho superior com o carimbo de entrada do conselho geral?

Estranhariam se soubessem que as receitas com que o conselho superior contribuiu para o funcionamento da Ordem se disfarçavam no orçamento e as suas magríssimas despesas de funcionamento não estavam autonomizadas, para que assim fôssemos também nós maculados com os gastos, alegadamente despropositados, dos vários órgãos da Ordem (ele que mostre quanto gastou, a começar com o seu ordenado e demais alcavalas, a mim que nunca um tostão recebi da Ordem como remuneração ou sequer despesa)?

Estranhariam se soubessem que coexistimos com um bastonário que viu todos os orçamentos e contas de gerência serem reprovadas em assembleia-geral por maiorias mais que qualificadas, apesar de ter andado a arregimentar votos para com eles tentar ganhar aplauso, vituperando depois, já que perdia, o voto por procuração, insultando os que assim votavam?

Estranhariam se soubessem que, em homenagem à dignidade do cargo que desempenhei, anunciei ser alheio a qualquer lógica de poder, não ser candidato a qualquer cargo na Ordem, recusando pedidos reiterados de que me candidatasse a bastonário, repudiei sugestões públicas no sentido de o conselho superior usar a via disciplinar para afastar o bastonário, nunca participei em reunião alguma que tivesse a ver com temas eleitorais ou de antagonismo à sua política?

Estranhariam se soubessem que aos 61 anos de idade, tendo exercido a profissão com a decência que vi naqueles que me deram a mão para que nela ingressasse, os meus patronos Francisco Salgado Zenha e Xencora Camotim, tendo servido bastonários dignos e que são exemplo, tendo-me afoitado a fazer eleger, pela primeira vez na história da Ordem, um conselho superior em eleições directas autónomas, e a preservar-lhe a unidade e a dignidade, me vi, a mim e a eles, conselheiros e no final amigos, apodados vilmente pelo bastonário como "uma página de ignomínia"? A reacção humana natural, fossem quais fossem as consequências, seria não o ter saído da sala em acto de protesto, como fiz, mas, de cavalo marinho nas unhas, impor a força da razão àquele que a tanto se atrevia, por rancor, por demagogia pura, por autoritarismo, que me prodigalizou abraços cínicos e manifestações hipócritas de amizade, quando já na campanha eleitoral que o levou a bastonário me insultara, regurgitando que eu não era candidato nem pessoa séria.

Estranhariam, pergunto enfim, estar farto de ficar calado por causa de um cargo que me obrigou à contenção?

Na noite da posse, pois que sou, no dizer do bastonário eleito e por isso o bastonário legal, "página de ignomínia na história da Ordem dos Advogados", abdiquei de conservar a insígnia correspondente ao cargo de presidente do conselho superior. Está entregue ao meu sucessor, dr. Óscar Ferreira Gomes.

Compareci ao acto solene com a minha toga, sem qualquer decoração. Está velha e rota, porque fui advogado a vida toda. Orgulho-me dela tanto quanto me envergonhei naquela noite.

http://www.ionline.pt/conteudo/97870-a-cavalo-marinho

Wednesday, 12 January 2011

CONDE RODRIGUES NA PROLEGAL


Prolegal contrata Pizarro Beleza

O ex-assessor do secretário de Estado da Justiça, José Conde Rodrigues (na foto), é o novo reforço da sociedade. O jurista integrou, já em 2011, o escritório de Henrique Moser e de Filipe Lobo d'Ávila com o estatuto de associado sénior. José Luís Pizarro Beleza seré agora o responsável da firma pelos departamentos de Contencioso e Laboral. O novo associado da Prolegal colaborou anteriormente com os escritórios Pena Machete & Associados e Alves Mendes & Jardim Gonçalves, antes de desempenhar funções de assessor para a área da justiça nos dois governos anteriores.

Fonte: JdNeg

12-Jan-2011

http://www.advocatus.pt/content/view/3558/35/

CONSELHO DE DEONTOLOGIA ILIBA SÁ FERNANDES


Sá Fernandes não infringiu a lei

O Conselho de Deontologia de Lisboa da Ordem dos Advogados concluiu pela "inexistência de qualquer infracção disciplinar".
A participação reporta-se ao comportamento do advogado no caso Domingos Névoa/Bragaparques. Em causa, estava a alegada violação de deveres deontológicos do causídico, por supostamente ter actuado como agente encoberto do Ministério Público.

Fonte: DN

12-Jan-2011

http://www.advocatus.pt/content/view/3565/11/

BASTONÁRIO ANUNCIA MUDANÇA NO EOA

O Estatuto da Ordem dos Advogados (EOA) vai ser sujeito a alterações ainda este mês.
O objectivo é introduzir uma regra que interdite a frequência do estágio de advocacia aos licenciados pós-Bolonha que não disponham de um mestrado em Direito. O anúncio foi feito pelo bastonário António Marinho e Pinto, em reacção à decisão do Tribunal Constitucional, que "chumbou" o exame pré-estágio, criado pelo anterior Conselho Geral da Ordem.

Em declarações aos jornalistas, admitindo que vai respeitar a decisão do tribunal, Marinho e Pinto fez saber que ainda este mês pretende apresentar ao Governo uma proposta de alteração aos estatutos, para que só os mestres em Direito ou os licenciados pós-Bolonha (com cinco anos de curso) possam aceder à profissão.

A inconstitucionalidade do exame foi conhecida na última quinta-feira, dia em que foi tornado público o acórdão do TC. A decisão foi tomada na sequência da apreciação pedida pelo provedor de Justiça, Alfredo José de Sousa, ao texto que impunha aos licenciados do regime pós-Bolonha a realização de um exame prévio de acesso ao estágio de advocacia.

Fonte: JdNeg

12-Jan-2011
http://www.advocatus.pt/content/view/3559/9/

Tuesday, 11 January 2011

CRIMINALIZAÇÃO DO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO


Justiça: Procuradora do combate ao crime violento

Cândida Vilar apoia Petição CM

Cândida Vilar e José Ramos, procuradora da República e procurador adjunto na 11ª secção do DIAP de Lisboa, são mais dois magistrados que não têm dúvidas em subscrever a petição do CM, pela criminalização do enriquecimento ilícito.

"É um instrumento essencial no combate à corrupção e ao branqueamento de capitais que grassam em Portugal", considera a procuradora do Ministério Público, que coordena o combate à criminalidade mais violenta.

"Actualmente, são crimes de que dificilmente se consegue fazer prova", diz Cândida Vilar, sendo que a punição de titulares de cargos políticos ou equiparados por enriquecimento não justificado "é fundamental", reforça José Ramos. "Prova disso", diz ao nosso jornal o magistrado do MP, é "o facto de já muitos terem adoptado este instrumento na luta contra a corrupção, que é uma das matérias mais difíceis de provar e de investigar".

De resto, segundo o procurador, a criminalização do enriquecimento ilícito "não viola qualquer princípio constitucional, no que releva para o Direito penal e processual penal. Ao contrário do que se tem dito [a propósito de um risco de inversão do ónus da prova], no Direito penal não há ónus da prova. A questão que se coloca é sobre qual o bem jurídico tutelado, sendo que, aqui, o que está em causa é a transparência na gestão da coisa pública", diz José Ramos.

Assim sendo, conclui, "é perfeitamente admissível em termos constitucionais a punição do enriquecimento temporalmente súbito, sem uma causa conhecida que o legitime".

Com as adesões destes magistrados, cresce a onda no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, coordenado por Maria José Morgado. Esta magistrada foi a primeira a aderir à petição CM e, no seu departamento, há já vários subscritores. O procurador Carlos Figueira é um deles. Euclides Dâmaso, coordenador do Departamento de Investigação e Acção Penal de Coimbra, e Maria Clara Oliveira, do DIAP do Porto, são outros magistrados do Ministério Público que aderiram à iniciativa a favor da criminalização do enriquecimento ilícito.

Por:Henrique Machado

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/peticao-cm/candida-vilar-apoia-peticao-cm

S.A.R. D. AFONSO EM FÉRIAS

JUÍZOS OUVIDOS PELO PARLAMENTO

Magistrados/Estatuto: Associação dos Juízes ouvida na Comissão Parlamentar dos Assuntos Constitucionais

A Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASPP) é ouvida hoje na Comissão Parlamentar dos Assuntos Constitucionais sobre o novo estatuto da classe, que está em debate na especialidade.

A ASJP, presidida por António Martins, tem sido muito crítica da proposta de lei de alteração do Estatuto dos Magistrados Judiciais, considerando que "o Governo não atuou de boa-fé e procura aproveitar a crise económica para alcançar finalmente o objetivo, que persegue há quase seis anos, de funcionalizar os juízes e subverter a independência judicial, agora através da revisão apressada do Estatuto".

"Esta proposta é inaceitável, pois dá aos ministros das Finanças e da Justiça o poder de alterar discricionariamente a remuneração dos juízes, por simples despacho ou portaria, garantindo ao Governo um controlo direto sobre o estatuto remuneratório dos juízes e indireto sobre a independência dos tribunais, violando ostensivamente as recomendações do Conselho da Europa", considera a ASJP.

Segundo a associação, os juízes não podem aceitar esta proposta, considerando que coloca a sua independência "nas mãos e na discricionariedade de qualquer Governo ou partido político", e repudiam o "tratamento discriminatório de que estão a ser alvo, que os penaliza mais do que outras profissões do sector público".

A ASJP questiona ainda se a "nova redução remuneratória específica para juízes", por revisão do seu Estatuto, que o Governo afirma ser necessária por razões orçamentais, significa que houve "suborçamentação nas verbas atribuídas ao Ministério da Justiça, no Orçamento do Estado" para 2011.

FC/TQ

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

Lusa/fim

11-Jan-2011

http://www.advocatus.pt/content/view/3540/20/

JOSÉ ANTÓNIO BARREIROS JUSTIFICA ABANDONO DA SALA NO DIA DA TOMADA DE POSSE DO BASTONÁRIO

Num artigo de opinião publicado no jornal "i", o ex-presidente do Conselho Superior da Ordem dos Advogados explica o que o levou a não assistir à cerimónia completa do empossamento de Marinho e Pinto.

Intitulado "A cavalo marinho", o ensaio assinado por José António Barreiros começa por escrever: "Os que estranharam eu ter abandonado a sala dos actos da Ordem dos Advogados quando discursava o bastonário, insultando-me, estranhariam se soubessem que o autor da façanha me havia impedido de usar da palavra?".

E prossegue: "Estranhariam se soubessem que o autor da proeza havia escrito, no verão, um livro de auto-elogio e promessas, em que me considerou, e ao Conselho Superior a que presidi, 'uma página de ignomínia na história da Ordem dos Advogados' e impediu depois a divulgação da carta na qual eu rebatia as acusações, cuaj publicação no portal a Ordem censurou?".

É neste tom que José António Barreiros prossegue a sua prosa, elencando um conjunto de motivos que, na sua opinião, justificam o acto de ter abandonado a sala no dia em que o recém reeleito líder dos advogados tomou posse do cargo por mais um mandato.

Fonte: "i"

11-Jan-2011

http://www.advocatus.pt/content/view/3543/1/