Risco da dívida
FMI demarca-se da análise dos mercados
FMI distancia-se do sentimento de "algumas análises do mercado" que apontam para o incumprimento "quase certo" do país. Mas reconhece que existe "uma situação que está dada, de que Portugal, entre outros países, está sob pressão".
"Se não forem ajudados, vão ficar numa situação insustentável. Não digo que a ajuda será fácil. Será difícil", afirmou o responsável do FMI (Philippe Merle).
Portugal está a ser pressionado de forma inédita pelos "mercados" o que, na opinião de analistas citados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no estudo "Fiscal Monitor", ontem divulgado, está a empurrar o país para um cenário "quase certo" de falência, isto é, para um ponto em que a economia entrará em incumprimento perante o exterior.
Numa nota enviada ao i, na sequência da manchete na edição em papel de hoje, o FMI demarca-se dessas leituras, mas reitera que "algumas análises de mercado consideram quase certa a ocorrência de eventos de crédito em algumas economias avançadas" e que isto "é basicamente reconhecer uma situação que está dada, de que Portugal, entre outros países, está sob pressão".
Depois acrescenta que "daí a inferir que o Fundo está a lamentar um facto consumado vai uma enorme distância", afastando-se dessas análises de mercado - citadas pelo próprio Fundo no estudo - que dão como "quase certa" a falência do país. Ontem, o i questionou o FMI sobre o teor do estudo, mas não obteve qualquer resposta. Apesar da nota hoje enviada, as questões enviadas continuam sem réplica.
A notícia publicada nunca refere que o FMI estar a dar o default do país como “um facto consumado”, como acusa a instituição. Diz sim que o FMI reconhece que "o risco de materialização destes eventos [de crédito, como o default] permanece elevado em termos históricos no que respeita às economias avançadas - especialmente aquelas que já estão sob pressão dos mercados". Este grupo está identificado no relatório: Grécia, Irlanda e Portugal.
O Fundo lamenta que os mercados estejam a "sobrestimar" o risco de incumprimento (default) dos países mais problemáticos, mas ao mesmo tempo concorda que a probabilidade de ocorrerem estes eventos é actualmente “elevada em termos históricos”.
Tal como o i escreve, Portugal está a ser empurrado para o abismo pelos mercados onde operam investidores e especuladores de dívida pública. Na nota hoje enviada e no próprio estudo, o FMI reconhece essa "pressão" inédita.
Se as análises citadas pelo Fundo estiverem correctas – que apontam para uma falência "quase certa" do país, significa que Portugal será obrigado a recorrer ao fundo de apoio do FMI e da União Europeia (UE), à imagem do que aconteceu com a Grécia.
Hoje, a pressão dos mercados continua a ser inédita: a taxa de juro das Obrigações do Tesouro a dez anos está a negociar acima de 6,7% depois de ontem ter tocado os 6,8%, um máximo desde que Portugal aderiu ao euro. Fernando Teixeira dos Santos, o ministro das Finanças, já disse que quando esta taxa superar os 7%, começa a colocar-se a hipótese do país recorrer ao fundo do FMI/UE. Assim é, pois, chegado a essa situação, não haverá nem interesse do Tesouro em endividar-se com uns juros tão altos ou, simplesmente, não haverá quem queira emprestar dinheiro ao país a um preço mais baixo e razoável.
por Luís Reis Ribeiro, Publicado em 05 de Novembro de 2010
http://www.ionline.pt/conteudo/87114-fmi-demarca-se-da-analise-dos-mercados
FMI demarca-se da análise dos mercados
FMI distancia-se do sentimento de "algumas análises do mercado" que apontam para o incumprimento "quase certo" do país. Mas reconhece que existe "uma situação que está dada, de que Portugal, entre outros países, está sob pressão".
"Se não forem ajudados, vão ficar numa situação insustentável. Não digo que a ajuda será fácil. Será difícil", afirmou o responsável do FMI (Philippe Merle).
Portugal está a ser pressionado de forma inédita pelos "mercados" o que, na opinião de analistas citados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no estudo "Fiscal Monitor", ontem divulgado, está a empurrar o país para um cenário "quase certo" de falência, isto é, para um ponto em que a economia entrará em incumprimento perante o exterior.
Numa nota enviada ao i, na sequência da manchete na edição em papel de hoje, o FMI demarca-se dessas leituras, mas reitera que "algumas análises de mercado consideram quase certa a ocorrência de eventos de crédito em algumas economias avançadas" e que isto "é basicamente reconhecer uma situação que está dada, de que Portugal, entre outros países, está sob pressão".
Depois acrescenta que "daí a inferir que o Fundo está a lamentar um facto consumado vai uma enorme distância", afastando-se dessas análises de mercado - citadas pelo próprio Fundo no estudo - que dão como "quase certa" a falência do país. Ontem, o i questionou o FMI sobre o teor do estudo, mas não obteve qualquer resposta. Apesar da nota hoje enviada, as questões enviadas continuam sem réplica.
A notícia publicada nunca refere que o FMI estar a dar o default do país como “um facto consumado”, como acusa a instituição. Diz sim que o FMI reconhece que "o risco de materialização destes eventos [de crédito, como o default] permanece elevado em termos históricos no que respeita às economias avançadas - especialmente aquelas que já estão sob pressão dos mercados". Este grupo está identificado no relatório: Grécia, Irlanda e Portugal.
O Fundo lamenta que os mercados estejam a "sobrestimar" o risco de incumprimento (default) dos países mais problemáticos, mas ao mesmo tempo concorda que a probabilidade de ocorrerem estes eventos é actualmente “elevada em termos históricos”.
Tal como o i escreve, Portugal está a ser empurrado para o abismo pelos mercados onde operam investidores e especuladores de dívida pública. Na nota hoje enviada e no próprio estudo, o FMI reconhece essa "pressão" inédita.
Se as análises citadas pelo Fundo estiverem correctas – que apontam para uma falência "quase certa" do país, significa que Portugal será obrigado a recorrer ao fundo de apoio do FMI e da União Europeia (UE), à imagem do que aconteceu com a Grécia.
Hoje, a pressão dos mercados continua a ser inédita: a taxa de juro das Obrigações do Tesouro a dez anos está a negociar acima de 6,7% depois de ontem ter tocado os 6,8%, um máximo desde que Portugal aderiu ao euro. Fernando Teixeira dos Santos, o ministro das Finanças, já disse que quando esta taxa superar os 7%, começa a colocar-se a hipótese do país recorrer ao fundo do FMI/UE. Assim é, pois, chegado a essa situação, não haverá nem interesse do Tesouro em endividar-se com uns juros tão altos ou, simplesmente, não haverá quem queira emprestar dinheiro ao país a um preço mais baixo e razoável.
por Luís Reis Ribeiro, Publicado em 05 de Novembro de 2010
http://www.ionline.pt/conteudo/87114-fmi-demarca-se-da-analise-dos-mercados