Thursday 18 November 2010

CHINATOWN IN PORTUGAL



Soares Franco constrói Chinatown em Portugal

O grupo Opway está a desenvolver um projeto imobiliário em Sesimbra com e para empresários chineses.

Nos próximos dois a três anos deverá nascer no concelho de Sesimbra, junto à A2 e à estação ferroviária de Coina, um projeto imobiliário que muito provavelmente ficará conhecido como a Chinatown portuguesa.

Com um custo estimado de €150 milhões, o China International People's Square visa funcionar como um ponto de encontro para a comunidade chinesa em Portugal e pode representar uma oportunidade de exportação dos produtos portugueses para a China. "Pretende mostrar o que de melhor se faz na China e captar investimento chinês", afirma Manuel de Noronha e Andrade, administrador da empresa que está a desenvolver o projeto, a Quinta da Areia (grupo Opway, liderado por Filipe Soares Franco).

Está prevista a construção de mais de oito mil metros quadrados de comércio, acima de 86 mil metros quadrados de habitação, um aparthotel com capacidade para entre 60 a 100 camas, restaurantes, spa, escolas de línguas e de desportos orientais e um centro de negócios.

Com uma área de exposição de 2500 metros quadrados e espaço para a realização de conferências, fóruns, feiras e encontros de empresários portugueses e chineses, o centro de negócios tem o objetivo de ser um espaço para discutir parcerias e oportunidades de investimento.

Facilitar o contacto

"Queremos também criar uma empresa de consultoria que estabeleça e facilite contactos entre portugueses e chineses. Uma empresa de mármores, por exemplo, pode, através da consultora, fazer chegar amostras dos seus produtos a uma série de companhias chinesas", diz Manuel de Noronha e Andrade.

Para já, "contratámos as consultoras KPMG e Broadway Malyan, que têm escritórios em Pequim e Xangai, para termos um contacto mais próximo com os empresários chineses. É importante contarmos com aliados locais", avança o gestor.A apresentação da iniciativa a potenciais investidores arrancará no início de 2011. Só depois é que o projeto ficará concluído, já adaptado aos gostos dos investidores, e pronto para ser licenciado. Ou seja, "temos o conceito desenvolvido, mas só o detalharemos a partir do momento em que entrarem os investidores", explica Manuel de Noronha e Andrade.

Até lá, "estamos em conversações com a Câmara Municipal de Sesimbra no sentido de desenhar e modelar o conceito ao que a lei exige", adianta. Ainda sem um pedido formal de viabilidade, o presidente da Câmara Municipal de Sesimbra escreveu uma carta, a pedido da Opway, sobre a importância desta iniciativa para o concelho, admitindo que o projeto é viável e se enquadra no plano urbanístico da freguesia de Quinta do Conde, onde o empreendimento será implantado. Para legitimar o projeto aos olhos dos potenciais investidores chineses, a Opway traduziu o documento para mandarim e irá anexá-lo às apresentações. "É uma espécie de selo de confiança", afirma o administrador do grupo Opway.

Câmara apoia projeto

O autarca Augusto Pólvora confirma que, "apesar de o projeto não ter sido objeto de deliberação da Câmara, já transmitimos ao promotor que a solução apresentada tem pernas para andar e que pode avançar para o projeto de loteamento que dará origem às obras de urbanização". E garante: "Este será o maior empreendimento do concelho em termos de área comercial". Ao mesmo tempo, poderá apresentar soluções rodoviárias e ferroviárias para Coina. Segundo o presidente da Câmara, pressupõe uma nova ligação à via que liga aquela freguesia a Marco do Grilo e um acesso entre a estação de comboio de Coina ao lado sul do empreendimento.

Também confrontado com esta iniciativa, Y Ping Chow, presidente da Liga dos Chineses em Portugal, refere que o projeto "é bom para a comunidade chinesa. Tem o nosso total apoio. A Liga vai esforçar-se por divulgá-lo junto da comunidade e tenho a certeza de que haverá muitos empresários interessados". O representante revela que, num registo informal, já alguns comerciantes com atividade em Portugal mostraram querer estar presentes no China Square, mas que também seria importante trazer marcas próprias chinesas de elevada qualidade para o mercado português.

Y Ping Chow estima que o número de cidadãos de nacionalidade e de ascendência chinesa em Portugal chegue aos 20 mil, que trabalham, sobretudo, em cerca de 300 restaurantes, quase 500 armazéns e entre 4 mil e 5 mil lojas. E há cerca de 30 milhões de empresas na China. O potencial de negócios existe, portanto, e é bilateral.

Artigo publicado na edição do caderno de economia do Expresso de 13/11/10

Margarida Fiúza (www.expresso.pt)
10:56 Quarta feira, 17 de Novembro de 2010

http://aeiou.expresso.pt/soares-franco-constroi-chinatown-em-portugal=f615691

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