Tuesday 15 February 2011

MARINHO PINTO: "UM PAÍS INSUPORTÁVEL"

Marinho e Pinto pronuncia-se sobre a falta de bom senso na justiça

O representante dos advogados portugueses escreveu uma opinião intitulada "Um país insuportável".

A falta de bom-senso e humildade constitui uma das principais causas da degenerescência da justiça portuguesa. Tudo seria simples se houvesse uma coisa que falta cada vez mais aos nossos magistrados: bom senso.

Uma mulher com 88 anos de idade morreu no seu apartamento em Rio de Mouro, Sintra, mas o corpo só foi encontrado mais de oito anos depois, juntamente com os restos mortais de alguns animais de companhia (um cão e dois pássaros).

Este caso, cujos pormenores têm sido abundantemente relatados na comunicação social, interpela-nos a todos não só pela sua desumanidade mas também pela chocante contradição entre os discursos públicos dominantes e a dura realidade da nossa vida social. Contradição entre promessas e garantias de bem-estar, de solidariedade e de confiança nas instituições públicas e uma realidade feita de solidão, de abandono e de impessoalidade nas relações das instituições com os cidadãos.

Apenas duas ou três pessoas se interessaram pelo desaparecimento daquela mulher, fazendo, aliás, o que lhes competia. Com efeito, uma vizinha e um familiar comunicaram o desaparecimento às autoridades policiais e judiciais mas ninguém na PSP, na GNR, na Polícia Judiciária e no tribunal de Sintra se incomodou o suficiente para ordenar as providências adequadas. Em face da participação do desaparecimento de uma idosa a diligência mais elementar que se impunha era ir à sua residência habitual recolher todos os indícios sobre o seu desaparecimento. É isto que num sistema judicial de um país minimamente civilizado se espera das autoridades policiais e judiciais, até porque o caso era susceptível de constituir um crime. O assalto e até assassínio de idosos nas suas residências não são, infelizmente, casos assim tão raros em Portugal. Mas, sintomaticamente, as autoridades judiciais não só não se deram ao trabalho de se deslocar à residência como, inclusivamente, recusaram-se a autorizar os familiares a procederem ao arrombamento da porta de entrada.

E tudo seria tão simples se houvesse uma coisa que falta cada vez mais aos nossos magistrados: bom senso. Mas não. Dava muito trabalho ir à uma residência procurar pistas sobre o desaparecimento de uma pessoa. Dava muito trabalho oficiar outras instituições para prestar informações sobre esse desaparecimento. Sublinhe-se que um primo da idosa se deslocou treze vezes ao tribunal de Sintra para que este autorizasse o arrombamento da porta da sua residência. Mas, em vez disso, o tribunal, lá do alto da sua soberba, decretou que a desaparecida não estava morta em casa, pois, se estivesse, teria provocado mau cheiro no prédio. É esta falta de bom-senso e humildade perante a realidade que constitui uma das principais causas da degenerescência da justiça portuguesa. Os nossos investigadores (magistrados e polícias) não investigam para encontrar a verdade, mas sim para confirmarem as verdades que previamente decretam. E, como algumas dessas verdades são axiomáticas, não carecem de demonstração.

Mas há mais entidades cujo comportamento revela que a pessoa humana não constitui motivo suficientemente forte para as obrigar a alterar as rotinas burocráticas e impessoais.

A luz da cozinha daquele apartamento esteve permanentemente acesa durante um ano, ao fim do qual a EDP cortou o fornecimento de energia eléctrica, sem se interessar em averiguar o motivo pelo qual um consumidor deixou de cumprir o contrato celebrado entre ambos.

Os vales da pensão de reforma deixaram de ser levantados pela destinatária, mas a segurança social nada se preocupou com isso. Ninguém nessa instituição estranhou que a pensão de reforma deixasse de ser recebida, ou seja, que passasse a haver uma receita extraordinária sem uma causa. E isto é tanto mais insólito quanto os reformados são periodicamente obrigados a fazerem prova de vida. Mas isso é só quando estão vivos e recebem a pensão.

Os CTT atulharam a caixa de correio daquela habitação de correspondência que não era recebida sem que nenhum alerta alterasse as suas rotinas.

Finalmente, as finanças penhoraram uma casa e venderam-na sem que o respectivo proprietário fosse citado. Como é que é possível num país civilizado penhorar e vender a habitação de uma pessoa, aliás, por uma dívida insignificante, sem que essa pessoa seja citada para contestar? Sem que ninguém se certifique de que o visado tomou conhecimento desse processo? Como é possível comprar uma casa sem a avaliar, sem sequer a ver por dentro? Quem avaliou a casa? Quem fixou o seu preço?

Claro que agora aparecem todos a dizer que cumpriram a lei e, portanto, ninguém poderá ser responsabilizado porque a culpa, na nossa justiça, é sempre das leis. É esta generalizada irresponsabilidade (ninguém responde por nada) que está a tornar este país cada vez mais insuportável.

Fonte: JN

14-Fev-2011

http://www.advocatus.pt/content/view/3885/11/

Monday 14 February 2011

DOM LUIZ FILIPE:O PRÍNCIPE ASSASSINADO

O PRÍNCIPE ASSASSINADO (1887-1908)

O auto de nascimento regista o dia 21 de Março de 1887 como aquele em que foi dado à luz, no Palácio de Belém, em Lisboa, o primeiro filho de Dona Amélia, Duquesa de Bragança e futura Rainha de Portugal. Seu pai, o Duque de Bragança, subiria ao trono com o título de Rei Dom Carlos. O nome completo do Príncipe da Beira, título atribuído ao filho primogénito, era Luiz Filipe Maria Carlos Amelio Fernando Victor Manoel António Lourenço Miguel Raphael Gabriel Xavier Francisco d’Assis Bento de Bragança, Orleans, Saboya e Saxe Coburgo Gotha. Todas as fontes indicam que a atitude da então Princesa Amélia, face aos seus filhos (Dom Manuel nasceria em 1889) era sempre extremamente atenciosa e carinhosa. Foi, sem dúvida, uma mãe que desfrutava a função maternal com grande prazer e que se ocupava muito directamente dos seus filhos, quer na primeira infância quer durante os anos da adolescência, desejando que em adultos fosses apreciados pelo seu carácter e não pelo seu nascimento. Garantiu assim a ambos um desenvolvimento emocional equilibrado. Escrevendo a sua irmã que se encontrava em Paris, Dona Amélia descreveu o seu bebé como sendo ‘um amor’ e muito inteligente.

A educação do Príncipe Real foi muito cuidadosa e nela se empenhou D. Amélia no quotidiano. Segundo um servidor do paço, citado pela revista Brasil-Portugal, a Rainha queria que seus filhos se levantassem às 6. Os seus preceptores, todos do sexo masculino, deslocavam-se ao Palácio para aí instruírem os ilustres alunos. Os príncipes estudavam até ao meio dia, almoçavam, recebiam de novo os seus professores e cerca das 15 horas saíam em passeio, geralmente a pé. Ao fim da tarde faziam os deveres escolares e jantavam por volta das 19.30.

A partir dos 13 anos de idade, o principal educador de Dom Luiz Filipe foi Mouzinho de Albuquerque, uma figura militar lendária, algo exaltada, com uma perspectiva muito pessimista da situação política que o país vivia. Numa carta aberta dirigida ao seu pupilo declarava que entendia como seu principal dever fazer dele um soldado. Em 1901 Mouzinho acompanhou o Príncipe a visitar o norte do país, com o intuito declarado de o levar a conhecer o seu povo. O escritor Rocha Martins, no seu estilo exuberante, refere assim o herdeiro: “um gentil adolescente, branco, mimoso, de cabelo cortado à militar, sorridente e tomado de todas as curiosidades” e que teria sido acolhido com o maior carinho no Porto, passando por Leixões. Deslocou-se ainda a Vila Nova de Gaia, Viana do Castelo, Penafiel, Grijó, Granja, Braga (incluindo o Bom Jesus), Ponte de Lima, Ponte da Barca, Monção e Caminha. A visita foi muito comentada e também criticada em alguma imprensa, pois os jornais republicanos, que tinham toda a liberdade em escreverem o que bem entendessem, encontravam defeito em toda e qualquer actividade realizada pelos membros da família real, realizando assim uma propaganda persistente e permanente que acirrava a opinião pública contra o regime monárquico.

Durante a adolescência, o Príncipe esteve, em várias ocasiões, integrado nas visitas oficiais que diversos monarcas ou dignitários estrangeiros realizaram a Portugal. Eduardo VII de Inglaterra visitou Portugal em Abril de 1902, Afonso XIII de Espanha em 1903, o Presidente da República francês Loubet e a Rainha Alexandra de Inglaterra estiveram no país em 1905. Nesse mesmo ano o imperador da Alemanha Guilherme II passou por Lisboa, em visita privada. Em 1902 Dom Luiz Filipe foi a Londres para representar seu pai na coroação do Rei Eduardo VII, mas esta foi adiada devido a doença do monarca. Também esteve em Madrid em 1906 para assistir ao casamento do Rei D. Afonso XIII com a princesa Victoria de Battenberg, que ficou marcado pelo violento atentado à bomba contra os noivos, por parte de um anarquista. Morreram 20 pessoas e houve cerca de 100 feridos.

O Príncipe Real prestou juramento à constituição política em 20 de Maio de 1901, em conformidade com a Carta Constitucional.

Entre Fevereiro e Maio de 1903 a Rainha D. Amélia achou por bem levar os filhos a fazer um cruzeiro no Mediterrâneo, não só pelo prazer da viagem mas também com intuitos educativos. Dom Luiz Filipe tinha sempre a sua máquina fotográfica à mão e os clichés foram colados num Álbum, relatando esta feliz excursão. O iate Amélia tocou em Cádiz, Gibraltar, Oran, Argel, Tunis, Malta, Alexandria. Também visitaram o Cairo e Jerusalém e diversos portos de Itália.

O evento político de maior destaque protagonizado pelo Príncipe foi a viagem que empreendeu a África entre 1 de Julho e 27 de Setembro de 1907. Visitou S. Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, as colónias inglesas da Rodésia e da África do Sul (estas últimas para fomentar as boas relações com a velha aliada) e já no regresso, Cabo Verde. Esta viagem ocorreu num momento particularmente significativo das querelas internacionais que, anos antes, tinham eclodido, relacionadas com a tutela portuguesa no imenso território de uma África então cobiçada e considerada necessária ao progresso europeu. Era ainda necessário refutar as acusações de esclavagismo em S. Tomé e Príncipe e em Angola, as quais, segundo o governo português, eram motivadas por rivalidades comerciais. Até aquela data jamais algum membro da família real se tinha deslocado às colónias portuguesas em África.

A imprensa republicana foi muito crítica face a esta viagem, enquanto outros periódicos favoráveis à dinastia dos Braganças, davam conta de todos os pormenores das visitas, sublinhando a autenticidade do caracter do Príncipe e a boa recepção de que era alvo em todo o lado. Evidentemente que os muitos problemas que existiam nos territórios que à data se apelidavam quer de ‘Colónias’ quer de ‘Ultramar’, foram de alguma forma torneados ou ignorados publicamente. Por exemplo, na ilha do Príncipe, poucos dias antes da chegada, tinha rebentado uma revolta grave pelo que o África, nome do navio que transportava a delegação oficial, não se deslocou aí. Também havia revoltas no sul de Angola, que preocupavam o governo.

O regresso foi de novo comentado sob dois pontos de vista opostos. Com virulência da parte dos republicanos e com palavras admirativas da parte dos monárquicos.

Poucos meses depois, a 1 de Fevereiro de 1908, Dom Luiz Filipe era assassinado, juntamente com seu pai, o Rei D. Carlos, no Terreiro do Paço, em Lisboa, na carruagem em que seguia juntamente com sua mãe, a Rainha D. Amélia e seu irmão, Dom Manuel. Este descreveu a cena num relato doloroso e detalhado de que se citam as seguintes palavras: “Quando vi o tal homem das barbas que tinha uma cara de meter medo, apontar sobre a carruagem, percebi bem, infelizmente o que era. Meu Deus que horror. O que então se passou. Só Deus, minha Mãe e eu sabemos; porque mesmo o meu querido e chorado Irmão presenceou poucos segundos, porque instantes depois também era varado pelas balas. Que saudades meu Deus!” Qualquer acto deste cariz violento poderá ter muitas explicações mas jamais qualquer justificação.

Os traços de carácter e a cuidadosa educação que tinha desfrutado, permitem sugerir que o Príncipe Real, Dom Luiz Filipe de Bragança, poderia ter vindo a servir o país de forma hábil e correcta, modernizando as instituições e o estilo da monarquia.

A instabilidade política, a não realização das grandes esperanças depositadas no regime republicano, que se instaurou em 5 de Outubro de 1910, levou, por sua vez, à implantação de uma Ditadura que perdurou 48 anos.

Títulos usados pelo Príncipe D.Luiz Filipe:

•1887-1889: Sua Alteza Real, o Príncipe da Beira D. Luís Filipe, Duque de Barcelos.
•1889-1908: Sua Alteza Real, o Príncipe Real D. Luís Filipe, Duque de Bragança.

Fontes:

"O Príncipe Real Luiz Filipe de Bragança" de Ana Vicente e António Pedro Vicente
Comissão D. Carlos - 100 Anos

Fundação D. Manuel II

Segunda-feira, 14 de Fevereiro de 2011

http://realbeiralitoral.blogspot.com/2011/02/o-principe-assassinado-1887-1908.html

JUÍZA PERMITE ESCUTAS NO PROCESSO PORTUCALE

A juíza presidente do processo Portucale permitiu que fossem lidas transcrições de algumas escutas, pela procuradora do MP, apesar da oposição de Godinho de Matos, defensor de Luís Horta e Costa.

A procuradora Brites Reis confrontou Abel Pinheiro, ex-dirigente do CDS, com escutas de 22 de fevereiro de 2005, de conversas entre ele e José Manuel Sousa, do Grupo Espírito Santo (GES), no mesmo mês em que foi assinado o despacho dos três ministros que permitia o corte de cerca de dois mil sobreiros, na herdade da Vargem Fresca, em Benavente.

Para o advogado de Abel Pinheiro, José António Barreiros, as escutas não deveriam ser utilizadas em julgamento, já que foi suscitada judicialmente a sua validade e a decisão ainda não transitou, lembrando também que essas podem envolver outros arguidos, pelo que os seus advogados deveriam tomar posição primeiro.

A defesa de Luís Horta e Costa, administrador da ESCOM – Grupo Espírito Santo, opôs-se à leitura e audição das escutas, alegando que estas não são meios de prova admissíveis.

Porém, o tribunal permitiu que a procuradora confrontasse os arguidos com o conteúdo das escutas, mas lembrou que a prova que daí resultar fica condicionada às decisões de recurso.

Em relação ao arguido Abel Pinheiro, o seu advogado disse que ele “admitiu sempre a possibilidade de ser confrontado com todo o conteúdo das escutas”.

Uma das escutas com que Abel Pinheiro foi confrontado tratava-se de uma conversa entre ele e Horta e Costa sobre o último Conselho de Ministros do Governo PSD/CDS, em fevereiro de 2005.

A sessão da manhã começou com Abel Pinheiro, ex-membro da comissão política do CDS, a explicar as suas funções no partido e que este tinha imenso passivo e que era necessário reduzir custos operacionais.

Sobre o seu relacionamento com o então ministro do Ambiente, Nobre Guedes, Abel Pinheiro disse que ele era um “chato de galochas” e que se não fosse isso “não havia julgamento”, lembrando que apenas lhe fez um pedido para acelerar o processo para a construção do empreendimento na Herdade da Vargem Fresca e que nunca teve a acesso à minuta do despacho.

Mais uma vez Abel Pinheiro afirmou que não se arrepende de nada, que “voltaria a fazer tudo igual” e que lamenta que em Portugal seja preciso pedir favores para tratar das coisas com legalidade.

Abel Pinheiro, administrador do grupo Grão Pará, está acusado de tráfico de influências e falsificação de documentos, no âmbito deste processo relacionado com o corte mais de dois mil sobreiros na herdade da Vargem Fresca, em Benevente, para a construção de um projecto turístico-imobiliário da empresa Portucale, do GES.

Os 11 arguidos neste processo em julgamento na 6.ª Vara Criminal de Lisboa são: Abel Pinheiro, Carlos Calvário, José Manuel de Sousa e Luís Horta e Costa (estes três ligados ao GES), António de Sousa Macedo (ex-diretor geral das Florestas), Manuel Rebelo (ex-membro da Direção-Geral das Florestas), António Ferreira Gonçalves (ex-chefe do Núcleo Florestal do Ribatejo), João Carvalho, Teresa Godinho, Eunice Tinta e José António Valadas (funcionários do CDS).

Abel Pinheiro e os administradores do GES são acusados de tráfico de influências, enquanto os funcionários do CDS-PP respondem pela acusação de falsificação de documentos.

CC.

Lusa/fim

10-Fev-2011

http://www.advocatus.pt/content/view/3871/11/

CHINA TORNOU-SE A SEGUNDA ECONOMIA MUNDIAL

Economia

China tornou-se a segunda economia mundial

Economia chinesa superou a do Japão em 2010 e só está atrás dos Estados Unidos

A China tornou-se a segunda economia mundial, superando o Japão em 2010, com o seu Produto Interno Bruto (PIB) a ultrapassar o do arquipélago nipónico no conjunto do ano, anunciou esta segunda-feira o Governo japonês.

O PIB do Japão, em termos nominais, ascendeu aos 5.474,2 mil milhões de dólares, segundo as estatísticas publicadas em Tóquio. Na mesma comunicação, o Governo nipónico salientou que o PIB da China atingiu o equivalente a 5.878,6 mil milhões de dólares, cita a Lusa.

Com estes resultados, a economia chinesa ultrapassou a do seu vizinho em 2010 e tornou-se a segunda mais forte do mundo, atrás dos Estados Unidos, um lugar ocupado pela economia japonesa desde 1968.

A China consegue há anos uma taxa de crescimento que se aproxima ou ultrapassa os 10%. O PIB chinês aumentou 10,3% o ano passado.

Duramente atingida pela recessão económica mundial em 2008 e 2009, a economia do Japão recuperou em 2010, com o seu crescimento a atingir os 3,9%, mas isso não foi suficiente para o arquipélago conservar a sua segunda posição à frente da China

http://www.agenciafinanceira.iol.pt/economia/china-economia-japao-agencia-financeira/1232920-1730.html

Friday 11 February 2011

INCÊNDIO NAS CALDAS

Caldas da Rainha: Dono do prédio teve alta mas recusa dar explicações

“Velas não eram para poupar”

A mulher que ocupava o quarto onde deflagrou o fogo que atingiu na madrugada de segunda-feira um prédio nas Caldas da Rainha, provocando três mortos e sete feridos, saiu ontem em liberdade, após interrogatório judicial. Ficou com termo de identidade e residência. À saída do tribunal, declarou: "Estou livre e um dia falamos".

Diana Kabanchuk, ucraniana, de 32 anos, que ficou com marcas de queimaduras na face e com o cabelo queimado, entrou acompanhada por inspectores da PJ – indiciada pelos crimes de incêndio e homicídio negligente – mas saiu sozinha. Ao CM contou que estava na cama a ver televisão e tinha uma vela acesa.

"Gosto de velas, mais nada, não era para poupar electricidade. Estava a descansar e meio a dormir e o incêndio começou quando a vela caiu sem querer. Como havia plástico e esponja, as chamas apareceram num instante", descreveu.

"Eu moro ali sozinha e chamei a vizinha de quarto, ao mesmo tempo que comecei a mandar água para o fogo. Não nos lembrámos dos extintores. Chamámos as pessoas e elas saíram dos quartos", relatou, considerando que "foi tudo muito rápido ". A ucraniana está "há pouco tempo" no nosso País, é casada com um português e encontra-se em situação legal. Questionada sobre as condições de habitabilidade do imóvel, que funcionava como uma espécie de pensão, mas que era pequeno demais para os cerca de quinze ocupantes e estava ilegal por não ter licença de utilização, Diana Kabanchuk disse achar que a casa "tinha condições".

O proprietário do prédio, Monteiro Duarte, residente nas proximidades, saiu ontem do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde foi assistido às queimaduras de segundo e terceiro grau numa das mãos, que sofreu ao tentar dar o alarme de fogo porta a porta.

Não se mostrou disponível para prestar declarações ao CM, por se encontrar "muito abalado".

PROPRIETÁRIO VAI SER FISCALIZADO PELA AUTARQUIA

O proprietário do prédio onde deflagrou o incêndio, António José Pinto Monteiro Duarte, 45 anos, é descrito por quem o conhece como uma pessoa "aberta a ajudar quem necessita e por isso é que tinha estes quartos a baixo preço para quem não tem posses económicas". Pedindo para não ser identificada, uma amiga contou que "aparecem na casa dele algumas pessoas a chorar por não terem muito dinheiro para alugar um quarto e outras ele até deixa pagar mais tarde do que estava previsto".

O presidente da Câmara das Caldas, Fernando Costa, disse, entretanto, ao CM, que "faz sentido averiguar" se outros imóveis de Monteiro Duarte na cidade estão a ser ocupados indevidamente. O autarca indicou que o proprietário incorre numa coima que varia entre os 500 e os cem mil euros.

CASAL PERDEU FILHA POR FALTA DE CONDIÇÕES

Francisco Mafra, irmão de uma das vítimas mortais, João Monteiro, de 51 anos, é quem está a tratar dos funerais e já contactou com os pais da cunhada , Maria Sameiro, que se deslocam hoje de França para Portugal. "Nem sabia que eles estavam juntos de novo, porque estavam sempre em desavenças", disse Francisco Mafra, recordando que o casal "tinha uma filha que lhes foi retirada pela Segurança Social por eles não terem condições de vida". "A minha sobrinha tem 17 anos e está num colégio interno em Leiria. Fui buscá--la para o funeral, mas depois volta para a instituição", revelou.

09 Fevereiro 2011

Por:Francisco Gomes

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/velas-nao-eram-para-poupar

MULHER UCRANIANA INDICIADA COMO AUTORA DO INCÊNDIO

O Tribunal Judicial das Caldas decretou hoje termo de identidade e residência para a mulher indiciada como autora do incêndio que provocou ontem a morte a três pessoas nas Caldas da Rainha.

A mulher, de 32 anos e nacionalidade ucraniana, foi ontem detida pelo Departamento de Investigação Criminal de Leiria e foi hoje ouvida ao longo da tarde, depois de ter sido acusada do crime de fogo urbano e homicídio por negligência.

À saída do tribunal, explicou que o incêndio terá começado “com uma vela que tombou em cima do sofá” e propagou-se rapidamente, "porque havia muito plástico e esponja” espalhados pelo chão e que ela própria tentou apagá-lo de imediato e alertar os vizinhos para o sucedido.

Além das três vítimas mortais, o incêndio provocou ainda mais sete feridos, cinco dos quais tiveram de receber tratamento hospitalar.

http://www.rr.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=92&did=141252

INCÊNDIO NAS CALDAS: VEREADORES DO PS MANIFESTAM-SE

Incêndio mata familia

Caldas da Rainha: PS condena aluguer de casas sem licença e BE quer investigação
Os vereadores socialistas na câmara das Caldas condenaram o aluguer de espaços sem licença e condições de habitabilidade, que dizem ter amplificado as consequências trágicas do incêndio que causou na segunda-feira três vítimas mortais.

"Repudiamos vigorosamente toda a utilização de espaços sem licença e condenamos os proprietários que se dispõem a facultar para habitação espaços sem licença e sem as mais elementares condições de habitabilidade" afirmam os vereadores socialistas Delfim Azevedo e Rui Correia em comunicado.

A posição dos socialistas surge na sequência do incêndio que na madrugada de segunda-feira vitimou mortalmente três moradores de um prédio na zona histórica das Caldas da Rainha e causou ferimentos em outros sete.

O prédio, onde há uma década foram efectuadas obras de remodelação para a criação de escritórios, estava a ser alugado para habitação e, segundo o presidente da câmara, Fernando Costa, não dispunha de licença de utilização.

"Existiu por parte de privados uma situação de aproveitamento ilegal de um espaço que não dispunha de licença de utilização e onde foram realizadas obras à margem da lei e que, de acordo com os técnicos, terão amplificado os contornos trágicos deste incêndio" sustentam os vereadores.

Em declarações à Lusa, Delfim Azevedo remeteu para a próxima sessão de câmara, na segunda-feira, "uma tomada de decisão conjunta de todo o executivo para evitar este tipo de práticas".

Num requerimento entregue à autarquia, o Bloco de Esquerda questionou igualmente o licenciamento do imóvel em relação ao qual exige "um rigoroso e célere inquérito para o apuramento de todas as responsabilidades" das quais não excluem a câmara que questionam por que não procedeu "como era seu direito e obrigação" à vistoria final da obra.

08 Fevereiro 2011

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/caldas-da-rainha-ps-condena-aluguer-de-casas-sem-licenca-e-be-quer-investigacao

INCÊNDIO NAS CALDAS: DONO DO PRÉDIO ÑÃO FOI OUVIDO

Caldas da Rainha: Autarquia abre inquérito a pensão ilegal

A Câmara Municipal das Caldas da Rainha já abriu um inquérito para averiguar como foi possível o prédio onde se verificou um incêndio que matou três moradores e provocou ferimentos em sete pessoas ter quartos em vez de escritórios – função para o qual teve licença de construção.

O proprietário do imóvel, que tinha seguro, ainda não foi ouvido na autarquia, apesar de já ter falado com o presidente da câmara.

António José Pinto Monteiro Duarte, 54 anos, encontra-se combalido e em repouso em casa, depois de ter ficado ferido na mão direita, quando tentava pegar num extintor de incêndio para apagar o fogo.

O proprietário acolhe uma das moradoras que também ficou ferida nos pés, depois de ter saltado do prédio em chamas para outro em frente, a três metros de distância. Os outros feridos que receberam tratamento hospitalar estão alojados em casa de amigos e familiares, assim como Diana Kabanchuck, de 32 anos, a ucraniana que provocou o incêndio ao deixar cair uma vela acesa, e outra compatriota, Lloba.

Hoje vão a enterrar os corpos das três vítimas mortais: João Francisco Mafra Monteiro, 51 anos, Maria Sameiro Pires Costa, 41, e João Dinis Costa Monteiro, 19 anos. O funeral está marcado para as 16 horas, em Olho Marinho, Óbidos, de onde é natural João Francisco.

Por:Francisco Gomes

10 Fevereiro 2011

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/dono-do-predio-nao-foi-ouvido