Saturday 13 November 2010

ENTREVISTA AO DR. VARELA DE MATOS


Varela de Matos – Lista D

Varela de Matos em entrevista exclusiva ao Director da Revista “Raia Diplomática”

Que opinião tem sobre os outros candidatos ao Conselho Distrital de Lisboa?

A melhor!

Dr. Vasco Marques Correia?

É um Advogado que sempre participou nos órgãos da Ordem. É conhecidíssimo. É um dos mais conhecidos Advogados da maior empresa, desculpe, queria dizer da maior sociedade de Advogados de Lisboa, da Av. da Liberdade. Há quem diga que a sociedade não ficará pior representada através dele, do que ficou quando o principal sócio foi Bastonário … mas eu não acho …

O Dr. V.M.C., candidata-se manifestamente (é o que resulta dos seus textos) para “corrigir a Ordem”, “voltar a prestigiá-la”, “para a Ordem readquirir credibilidade”, porque entende que o Bastonário Marinho Pinto, “desprestigiou-a”,”descredibilizou-a”, “desviou-a”. Ora, isto é, um disparate sem qualquer nexo. As pessoas fazem o melhor que sabem e podem, com o seu próprio estilo. Uns fazem mais e melhor porque têm mais imaginação, mais iniciativa, mais experiência, mais vida. O resto é retórica pura ….

Dr. Pedro Raposo?

É um jovem Advogado, tem 2 Bastonários a apoiá-lo, um do século passado e outro que estará arrependido de o ter sido tão cedo…

Presidiu ao Conselho de Deontologia de Lisboa, e ao que dizem os relatórios (da Ordem) gastou dois milhões de euros a “disciplinar” os Advogados de Lisboa, no seu mandato… Se ganhar, dispõe seguramente de muito mais (atenta a regra de repartição de receitas na Ordem, estabelecida no EOA). O que importa afirmar (e isso está a discutir-se, nesta campanha), é se os 2 milhões de euros gastos a “disciplinar” não seriam mais bem empregues a “ajudar” os Advogados, porque como diz o Zeca Afonso, “o que faz falta é ajudar a malta”.

Dr. Jerónimo Martins?

É um Advogado com mais de 30 anos de profissão. Conheço a sua intervenção cívica em vários fóruns, desde o tribunal Cívico Humberto Delgado (que foi uma iniciativa da sociedade civil, para “julgar” os crimes da PIDE e lembrar às novas gerações que esse regime hediondo existiu). Foi o número dois da actual Direcção da Ordem dos Advogados. É responsável pelas coisas boas (e foram muitas que foram feitas) e também pelo que de mau foi feito (e também houve).

É um candidato “enviado” pelo actual Bastonário, para tentar “conquistar” Lisboa, porque o Dr. Marinho Pinto percebeu que quem “dominar” Lisboa, é que “manda”.

Quais foram os principais motivos para o lançamento desta candidatura a Presidente do Conselho Distrital da Ordem dos Advogados (OA)?

Um grupo de Advogadas e Advogados decidiram voltar intervir na Ordem para dizerem o que pensam. Criticar o que está mal. Elogiar o que merece elogio.

Quais são as principais ideias desta candidatura?

Aproximar a Ordem aos Advogados. Fazer da Ordem dos Advogados uma estrutura que exista exclusivamente para servir os Advogados, para proteger os Advogados, para facilitar a vida aos Advogados, para obter vantagens e benefícios para os Advogados.

Como classifica o desempenho do actual Bastonário Marinho Pinto?

Tem tido uma actuação globalmente positiva.

Criticou no jornal Advocatus os salários avultados dos colaboradores da OA, que ascendem aos 11.000 € por mês. Frequentemente ouvimos a instituição e o seu Bastonário a queixarem-se de não ter verbas para o seu regular funcionamento.

Como é possível pôr a OA na ordem?

Nós não queremos pôr a Ordem na ordem. Queremos pôr o Conselho Distrital de Lisboa exclusivamente ao serviço dos Advogados.

Como vê o ensino do direito em Portugal?

O ensino do Direito não nos merece reparo na generalidade. Existem boas Escolas, bons Professores, bons Curso, boas Pós-graduações. Eu fui Patrono nos últimos 15 anos de 45 Advogados estagiários, de todas as escolas sem excepção. Tive estagiários excelentes, bons e outros com mais dificuldades, de todas as escolas. Sete são, actualmente, Magistrados que se licenciaram em diversas escolas.

E como vê a intenção do Bastonário Marinho Pinto em dificultar o acesso à profissão aos jovens licenciados?

Não concordo consigo. Não se trata de dificultar o acesso à profissão. Concordo que exista um exame de acesso ao estágio na Ordem dos Advogados, para os licenciados pelo sistema de Bolonha (3 anos), não devemos criar expectativas às pessoas e decorridos 3 ou 4 anos, dizer-lhes que não preenchem os requisitos mínimos.

O Dr. Varela de Matos é reconhecidamente um defensor de causas sociais. Numa conferência realizada em Vialonga, em 2004, defendeu que o actual apoio judiciário não protegia os requerentes pois a sua defesa estava a cargo de jovens advogados que nem sequer sabem de que lado estar na sala de audiências. O que se pode fazer para melhorar este apoio?

O problema não era serem jovens Advogados. O problema era serem estagiários. Muito foi feito. Hoje o sistema melhorou substancialmente. O sistema de Apoio Judiciário é gerido pela Ordem dos Advogados, através de um sistema que funciona bem e que só nomeia Advogados, para efectuar as defesas oficiosas. Melhora a qualidade das defesas.

O Decreto-Lei nº 229/2004 de 10 de Dezembro que disciplina as Sociedades de Advogados não distingue as grandes das pequenas sociedades. Está de acordo com essa regulamentação?

Não, não estou. O Código do Trabalho estabelece a distinção entre grandes e pequenas sociedades. O Código das Sociedades Comerciais distingue as sociedades em vários tipos, consoante o número de sócios, o capital social, etc., ou seja, existem regulamentações diferenciadas consoante a envergadura dos projectos societários, o volume de negócios, o número de pessoas envolvidas, etc.

Não faz sentido estabelecer um regime jurídico para as sociedades “quase unipessoais” e para as sociedades de Advogados com centenas de profissionais “assalariados”. É um Absurdo e um contrasenso. Quem delineou esta ideia, pensou na advocacia como projecto empresarial. Mas a advocacia é muito mais do que isso.

Os recentes escândalos mediáticos como seja o Freeport ou o caso da Face Oculta só para citar os mais recentes estão a denegrir ainda mais as instituições. Sendo a corrupção um dos maiores flagelos da nossa sociedade, o que se pode fazer para credibilizar a justiça perante os cidadãos?

A “crise da justiça” é mais mediática do que real.

O que pensa dos candidatos a Bastonário?

São três homens sérios e ao que dizem, bons Advogados. Têm ambição, o que é legítimo e não tem mal nenhum.

O Dr. Marinho Pinto?

Fez-se eleger (e bem), há três anos, através dos órgãos da comunicação social. Era da casa (jornalista) e ajudaram-nos bem, levaram-no ao colo. Concordo com quase tudo o que disse ou escreveu ao longo do seu mandato. Quer quebrar uma tradição de um único mandato, (o Dr. Castro Caldas também já a quebrara ao recandidatar-se e saiu logo de seguida para Ministro da Defesa do Eng. Guterres. Dizia-se que sabia pouco de TROPA, que até confundia os postos, porque nunca fora … à TROPA… Mas eu pessoalmente estou-lhe grato. Reactivou a especialidade Comando “Guerra”, pela qual eu me bati durante anos através da Associação de Comandos).

Do Dr. Fragoso Marques?

Tenho também a melhor das impressões. Disputei com ele as eleições de 1998, para o Conselho Distrital de Lisboa. Ganhou ele. Perdi eu e o Dr. Rogério Alves. Acompanhei o seu trabalho como Presidente do Conselho Distrital de Lisboa. Fez um bom trabalho. É um Advogado respeitado e leal com os Colegas. Foi patrono de duas alunas minhas, que lhe tecem rasgados louvores como Patrono. Começou cedo (ao que dizem engajado na política). Ao que dizem na campanha, foi escolhido (ou empurrado) por todos os que nunca se conformaram com a estrondosa derrota que tiveram em 2008.

O Dr. Magalhães e Silva, o Dr. Luis Menezes Leitão, o Dr. Carlos Pinto de Abreu e por outros que acham que é o candidato ideal e ao que se diz, pelas grandes sociedades que não se conformam que o Bastonário da ordem dos Advogados possa ser um outsider que veio, viu e ganhou.

E o Dr. Luis Filipe Carvalho?

Conheço-o mal. Dizem-me que é comentador residente na televisão em canal fechado, mas eu só vejo canais em sinal aberto… O Dr. Fernando Fragoso Marques diz que é o Advogado “do Capital”

É bem falante, dizem-me que é sócio de uma Grande Sociedade de Advogados com um ex-Bastonário. Diz (apregoa) que está a preparar a tempo inteiro a campanha para Bastonário há quase dois anos. Eu tenho inveja … dizem que contratou expressamente uma Agência de Comunicação para o assessorar na campanha (o Dr. Marinho Pinto, di-lo publicamente). Eu não sei se é verdade …. mas não lhe elogio a estratégia.

Fiquei com boa impressão dele. Cruzei-me com ele no sorteio das Listas para as eleições. Todos pretendiam reservar as letras “A”, “B” e “C”, para os candidatos a Bastonário. Opus-me! Sozinho. O Dr. L. F. C. pediu a “suspensão da instância” e um “Estatuto da O.A”, por um minuto. “Retomada” a instância disse: “O Dr. Varela de Matos tem razão e é o único que está a defender o que está no estatuto.” Devo-lhe esse gesto de Lealdade. E o sorteio fez-se em condições de igualdade e as “letras” foram repartidas sem “privilégio”.

Mas no debate entre os três candidatos o Dr. Varela de Matos “atacou” os três candidatos.

Eu não consegui conter a minha indignação.

Os três realizaram um debate, no Auditório do C.D.L.. Convidaram o Dr. Sousa Macedo para moderador, que parece que tinha o relógio avariado e dava 25 minutos ao Dr. Luis Filipe Carvalho e 15 minutos ao Dr. Marinho Pinto, o que motivou aceso protesto deste, mais a mais, depois de no início do debate, ter dito que atribuíra ao Dr. Sousa Macedo a medalha de mérito da Ordem dos Advogados. Teve portanto boa recompensa …

Nesse debate, todos disseram o mesmo, todos proclamaram a sua fidelidade inabalável aos Direitos do Homem, à Liberdade, ao livre exercício da crítica, ao respeito do contraditório …

Porém, a meio do debate, para estupefacção geral, o Dr. Sousa Macedo comunicou à assembleia, (que esgotava o Auditório), que os 3 candidatos a Bastonário da O.A., tinham combinado entre si (sem avisarem ninguém) que não admitiam perguntas dos Advogados, o que motivou protestos da assembleia. Ouviram-se vozes de protesto e outras coisas ainda mais “feias”.

Nesse debate, pedi autorização ao Moderador (que me concedeu) e perguntei como é que o Senhor Dr. aceitou presidir e moderar um debato no qual os Advogados não podem questionar os candidatos? – Respondeu-me com voz tremida: “Foram eles que combinaram assim …”

Ora, eu entendo que não se pode ser democrata nas Proclamações, nos Manifestos, nos Discursos, e depois, no quotidiano, nos pequenos gestos, na prática, cercear-se a liberdade de crítica, e aceitar-se fazer debates sem perguntas. É uma questão de Princípio!

Porque é que acha que seria capaz de fazer melhor do que os outros 3 candidatos?

Porque tenho uma experiência que nenhum deles tem.

Tenho 50 anos de idade. Trabalho há 38 anos. Desempenhei as mais variadas funções profissionais.

Nenhum deles foi Patrono de tantos estagiários como eu fui: 45 Estagiários.

Nenhum deles dirigiu tanto estagiário com sucesso. Nunca nenhum estagiário reprovou no exame final da Ordem.

Realizei mais de uma centena de exames orais na Ordem, como membro dos júris.

Participação activa em três actos eleitorais. Dois deles como cabeça de lista. Tenho ideias, espírito de iniciativa.

Tenho uma intervenção cívica em várias áreas (Associações de apoio à infância desvalida, Associações de apoio à terceira idade, Associações de apoio aos antigos Combatentes). Nenhum dos outros candidatos tem uma experiência que se aproxime. E depois, ainda tenho uma vantagem acrescida: Nunca integrei nenhum órgão da O.A..

O Conselho Distrital de Lisboa possui uma estrutura profissional com mais de sessenta funcionários, magnificas instalações, com actividade intensa em curso, mérito da equipa do Dr. Carlos Pinto de Abreu, do Dr. Raposo Subtil, do Dr. Rogério Alves e do Dr. Fragoso Marques.

Há que dizer isto sem rodeios, sem medo, sem pudores.

Dizem que a sua candidatura é a candidatura das “questões concretas”?

Isso é um elogio? – Sim muitos Colegas me têm feito chegar mensagens e dito isso.

Nós dissemos. A Biblioteca não pode fechar à hora de almoço, nem ao sábado. E tem de ter um serviço de entregas ao domicílio.

Uma certidão custa 00€ na Caixa de Previdência, 05€ no Conselho Distrital e 12€ no Conselho Geral. Isto tem de acabar.

Uma consulta médica na Caixa não pode demorar 2 meses. Ponto Final.

Um Processo Disciplinar, de lana caprina, não pode arrastar-se 5 anos.

Há que acabar com isto. JÁ!

Os Funcionários da Ordem não podem trabalhar 35 horas por semana. É incompatível para os cofres da O.A.

A Ordem não é dos Funcionários é dos Advogados.

A Ordem tem de ter representantes nos principais Tribunais para trabalharem em cooperação com os Juízes Presidentes dos Tribunais.

Isto é que é resolver os problemas. Isto é que é representar os Advogados. Isto é que é a vocação e o exercício das competências de um órgão como o Conselho Distrital.

Os meus Colegas elaboraram e apresentaram manifestos de banalidades, generalidades, coisas vagas, com as quais todos estamos e não poderíamos deixar de estar.

Prestigiar a Advocacia!

Combater a morosidade da Justiça!

Combater a Procuradoria ilícita!

Dar Formação, fazer campanhas Pedagógicas etc. etc. etc.

O Dr. Vasco Marques Correia até quer acabar com “os sobressaltos dos Advogados” SIC! Página 1 do seu manifesto (linha 12), valha-nos Deus!

Eu gosto de andar sempre em sobressalto.

Disse-me um colega que o Dr. V.M.C. diz isso a propósito dos velhos Advogados… mas eu assusto-me na mesma… é que eu já dobrei a barreira dos 50 anos…

Portanto e concluindo, sim, nós temos propostas concretas. Deixamos aos nossos Adversários a elaboração de um manifesto eleitoral das generalidades e das abstracções.

Podem fazer um único. Nós prometemos que assinamos “de cruz”.

Dinheiros? Uma campanha eleitoral destas é muito cara…

Já foi mais… Agora a O.A. (e bem) distribui as comunicações das candidaturas através do servidor da Ordem. Cada candidatura pode enviar duas comunicações por mês.

Se quiser envia mais alguma mas terá de pagar mais ou menos € 500,00.

No passado era diferente…

Havia candidaturas que enviavam vários “cadernos” em papel couché para milhares de Advogados. Só em correios era uma fortuna. Eu conto-lhe. Em 1998 quando me candidatei a Presidente do C. D. L. fizemos um único folheto A4, para os Advogados do C.D.L.. Gastamos 1.000 contos. Andei durante 2 anos a pagar a dívida aos correios e à gráfica.

Nesse ano houve candidaturas que efectuaram quatro e cinco comunicações, cada uma com mais de 10 folhas em papel couché e a cores.

Dizia-se que os fins justificavam os meios…

Era. Agora ou pela crise, porque as novas tecnologias permitem comunicações mais baratas, ou porque há candidatos confiados que a sua presença permanente na T.V. é suficiente “a coisa pia mais fino”... Até à data 10.11.2010, só o Dr. Fernando Fragoso Marques enviou (em magnífico papel couché uma carta a todos os Advogados (30 mil)…

A nossa candidatura tem um orçamento: € 5.000,00. Não saímos daqui nem iremos mais além. Pedimos empréstimos a várias pessoas e emitimos as declarações de reembolso a 3 anos sem juros.

O valor restante foi obtido com donativos solicitados a todos os subscritores da candidatura (€ 10,00 a cada um).

Está disponível para apresentar as contas da campanha na semana seguinte às eleições?

SIM e fá-lo-emos e aproveitamos para fazer um repto aos outros candidatos para que o façam.

A transparência e a clareza desse gesto prestigiariam mais os Advogados Portugueses, do que mil campanhas pedagógicas para “restaurar a dignidade perdida”, “restituir o prestígio”, “recuperar a confiança”. etc. etc. etc. Como já referi é com pequenos gestos que se fazem grandes obras e com pequenos passos que se fazem grandes caminhadas.

Está lançado o desafio?

SIM, Sim…

Nós não temos “agências de comunicação”, nem estruturas profissionais a trabalhar na campanha, nem papel couché, mas temos ideias, determinação, entusiasmo e divertimo-nos … muito…

Se as candidaturas para os diversos órgãos da Ordem dos Advogados são autónomas, porque é que há candidatos a Bastonários que concorrem com a mesma letra que candidaturas ao Conselho Distrital e de Deontologia?

Puro oportunismo. Nós votamos contra no sorteio das listas.

E fizemos declaração de voto para a acta.

Um candidato a Bastonário deve apresentar-se sozinho.

Não precisa de muletas, nem deve ser muleta de ninguém. Ponto final. Ora, o Dr. V.M.C. e o Dr. J. M. que concorrem em absoluta comunhão de interesses e em harmonia com os candidatos Dr. Fragoso Marques e Dr. Marinho Pinto, aproveitam-se da publicidade e do prestigio dos candidatos a Bastonário, albergando-se sob a mesma divisa (letra). Isto é abusivo e ilegítimo, de duvidosa legalidade e é censurável.

Cada candidatura deve pedalar a sua própria bicicleta e não andar à boleia dos outros. Só precisa de se agarrar aos outros que nem tem “pés” para correr por si próprio.

Isto devia ser revisto. Nós vamos apresentar uma proposta de revisão do regulamento eleitoral, que impeça este, desvirtuamento da verdade eleitoral e da livre escolha dos Advogados. Somos vanguardistas nalguns aspectos. Por exemplo o voto obrigatório. Somos retrógrados e corporativistas no que convém aos interesses instalados.

Há um ano, realizaram-se dois actos eleitorais, no prazo de quinze dias. Para a Assembleia da República e para as Autarquias Locais. Porque não se fizeram nos mesmos dias com “ganhos de eficiência” e “poupança de recursos?” Porque não era justo nem legitimo censurar ou premiar do mesmo modo, por raciocínio indutivo, os que pedalavam na mesma bicicleta…embora tivessem exercido cargos diferentes ou se candidatassem a diferentes funções… cada um deve concorrer per si.

Eu sei que os demais candidatos não gostam de ouvir isto, mas eu não o calarei. E digo mais, a nossa candidatura é claramente prejudicada por este sistema…

Porque é que só agora doze anos depois em que voltaram a intervir?

Isso é uma longa história…

Mas eu conto-a brevemente. Em 2002 candidatámo-nos. Estávamos a preparar as eleições, listas elaboradas, assinaturas recolhidas, quase em campanha eleitoral. Em pleno mês de Agosto (férias) foi publicada uma alteração ao Estatuto da Ordem dos Advogados, que quadruplicou o número de assinaturas necessárias para apresentar uma candidatura.

Era Bastonário o Dr. Pires de Lima. Eram candidatos, o Dr. Júdice e o saudoso Dr. Carlos Candal.

Protestei. Mas, todos se calaram perante esta iniquidade: alterar as regras a meio do jogo.

Escrevi aos outros candidatos.

E o que responderam eles?

O Dr. Júdice, Dr. Rogério Alves… encolheram os ombros. Só o Dr. Carlos Candal me disse: - Varela de Matos isso que não se faz a ninguém, impugne as eleições que eu subscrevo…

O Dr. Varela de Matos escreve em várias revistas, mas não tem escrito no Boletim nem na Revista da Ordem?

Claro. Na Revista da ordem só escrevem “os de sempre” e os assistentes do Prof. Meneses Cordeiro, que possui uma espécie o monopólio régio…

Conto-lhe: Quando era Bastonário o Dr. Castro Caldas, enviei para publicação um textozito. Um modestíssimo escritozito sem pretensões (era apenas um relatório de mestrado que merecera a aprovação com quinze valores, do Professor Gomes Canotilho).

Solicitei humildemente a publicação. Foi devolvido dias depois na volta do correio com um cartão assinado pela funcionária da Revista, Isabel Cambezes. Solicitei informações. Mandaram-me um papel, que era uma pretensa “acta” da comissão de redacção, na qual não estavam presentes mais de metade dos membros… e em que um dos membros, (Dr. Robin de Andrade) escrevera sobre o meu despretensioso texto: “Este não”.

No mesmo número da Revista foram publicados dez artigos. Oito eram do Dr. Meneses Cordeiro e dos seus assistentes…

Protestei (sou um protestador profissional). Respondeu-me já o novo Bastonário Dr. Pires de Lima, com uma simpática carta que conservo… “que quer que eu faça? Isso passou-se com o anterior Bastonário! Enfim…”

VOLTEMOS À ACTUALIDADE,

O que acha da Acção Disciplinar exercida na Ordem?

Eu quero fazer uma Declaração de interesses: Eu sou Arguido num processo disciplinar no Conselho de Deontologia. Eu narro em poucas palavras: Há cerca de cinco anos um Advogado escreveu uma carta a um amigo meu (deficiente das Forças Armadas). O Advogado representava uma dessas “meritórias instituições” que prodigalizam créditos pessoais e que cobram juros que arrancam a pele… aos incautos.

A carta era medonha. A gramática saía maltratada. E eu respondi isso mesmo. Que a gramática fora maltratada. E fora. Que as “ameaças” me provocaram uma “hilaridade incontinente”. E provocaram. Enfim… umas graçolas. Mas o Advogado (com o qual eu já guerreara asperamente anos antes), logo remeteu a minha carta ao Conselho de Deontologia de Lisboa.

E o Conselho o que fez?

O que fez! Aquela carta foi a mãe de um gordo processo que lá anda pelo Conselho e que já deu azo a múltiplas diligências de inquirição e tem cartas precatórias várias e um destes dias sobre o mesmo, há-de ser lavrado sisudo acórdão e quiçá conterá severa punição (quem sabe mesmo se a esta hora não terá já sido proferido) e se eu não terei já sido “irradiado” da Ordem… e porventura já nem poderei ir a votos a 26 de Novembro. E é assim, com coisas destas que se gastam algumas centenas de milhares de euros, dos dois milhões de euros que o Dr. Raposo gastou … no seu mandato.

Tudo isto é risível, eu sei…

É verdade que o senhor, recentemente, foi penhorar o escritório de um dos seus adversários?

- Recuso-me a responder a essa pergunta.

Mas até há um parecer do Conselho Geral sobre isso…

- Recuso-me a responder.

Mas o parecer está no site da Ordem …

- Não digo nem uma palavra.

O senhor não é apoiado por nenhum Bastonário.

E eu que saiba que algum o pretenda fazer. Retiro logo a candidatura …

Eu já escrevi um artigo sobre isso no Advocatus sobre o título, “Como deve agir um Bastonário” e que mudaram … para “Varela de Matos faz apelo ao Bastonário”.

E o que é ser advogado em Portugal?

É viver com a convicção de que somos úteis à sociedade, lutando e sobrevivendo.

Pergunta clássica, o que levou a ser advogado?

O sonho de ser um Homem Livre. Senhor do meu tempo e do meu destino.


Bruno Caldeira

http://raiadiplomatica.blogspot.com/2010/11/dia-16-leia-entrevista-exclusiva-de.html

Friday 12 November 2010

MORREU O SENHOR DO ADEUS

João Manuel Serra morreu aos 79 anos. Ficou conhecido por cumprimentar toda a gente que passava na zona do Saldanha

João Manuel Serra, o "Senhor do Adeus", morreu ontem aos 79 anos. João ficou conhecido dos lisboetas por todas as noites acenar aos carros e às pessoas que passavam perto da zona do Saldanha, sempre com um sorriso estampado na cara e impecavelmente vestido.

Esta era a fórmula do "Senhor do Adeus" para afugentar a solidão. "Essa senhora é uma malvada, que me persegue por entre as paredes vazias da casa. Para lhe escapar, venho para aqui. Acenar é a minha forma de comunicar, de sentir gente", disse numa entrevista à revista "Única", do Expresso.

"Venho para a Praça Duque de Saldanha desde que fiquei nas mãos de não ter ninguém. Nasci aqui perto, na casa da minha avó. Um palacete bonito que o Calouste Gulbenkian quis comprá-lo. A vida dá estranhas voltas, o meu destino é acenar a quem me cumprimenta. Estou sujeito a que me chamem maluco, mas não me importo. Da minha solidão sei eu", acrescentou.

João Manuel Serra era um amante de cinema. E todos os domingos ia ao El Corte Inglés assistir a um filme na companhia de Filipe Melo, músico de jazz e realizador, e Tiago Carvalho. Posteriormente, João Serra fazia um comentário do filme no blogue "O Senhor do Adeus".


"Soube agora que o meu grande amigo João Serra, o famoso Senhor do Adeus, faleceu. Conheci-o há cerca de 7 anos e desde então fomos todos os domingos ao cinema - O João, o Tiago Carvalho e eu. Ficámos todos muito próximos e os domingos à noite eram o oásis da nossa semana", escreveu o realizador no seu blogue.

"Todos os dias, o João dizia adeus às pessoas. Era assim que assim fazia as pessoas felizes e que as pessoas lhe retribuíam essa felicidade. Era um dos meus melhores amigos, e terei muitas saudades das nossas idas ao cinema e de o ver a sorrir e a trazer alegria a todos os que o rodeavam. Como dizia o João: 'Até sempre!'", acrescentou Filipe Melo.

No cinema, João Manuel Serra participou no filme "I'll See You In My Dreams", projecto de Filipe Melo, e na televisão na série "Mundo Catita". A figura do 'Senhor do Adeus' esteve igualmente presente na banda desenhada, nas "Aventuras de dog Mendonça e pizzaboy", de Filipe Melo e Juan Cavia.

O 'Senhor do Adeus' inspirou uma música do mais recente disco do fadista Marcos Rodrigues, 'Tantas Lisboas', chamada "O Homem do Saldanha", com letra de Boss Ac, música de Tiago Machado e interpretada por Carlos do Carmo e Marco Rodrigues (ver vídeo em baixo).

O último filme que viu foi 'A Rede Social', de David Fincher, no passado domingo.


Para aceder ao blogue do "Senhor do Adeus" clique aqui.


Veja os vídeos:







DN ENTREVISTA O HOMEM DO ADEUS EM 2003


Em 21 de Setembro de 2003, o DN entrevistou João Manuel Serra,na altura com 72 anos. Conheça a reportagem inserida na rúbrica " Histórias com gente lá dentro" e fique a conhecer melhor a vida do "Senhor do Adeus", um homem fascinante.

Devolve acenos para combater a solidão. Faça chuva ou sol, a rua é o seu palco, mas garante que "não representa" e o sorriso que o caracteriza é sincero. Embora sentindo-se já velho, não se lembra da última vez que esteve doente. Em vez disso, recorda com saudade e muitos gestos a vida boémia que levou, viajando pelo mundo fora. Divertido e ternurento, o tempo voa quando se conversa com ele.

É ele o homem que noite após noite acena aos carros que passam na Avenida Fontes Pereira de Melo, em Lisboa. É por ele que tocam as buzinas, que se atiram beijos e sorrisos, que se gritam "boas noites!" e "adeus!", numa "onda de comunicação" que já dura há três anos e que nem sequer ele sabe explicar muito bem como começou. Numa cidade de estranhos em mundos fechados, este é o seu "milagre". E é também o seu remédio. Há quem lhe chame o "senhor do adeus". Mas "senhor" é coisa que detesta que lhe chamem.

Aos 72 anos, João Paulo Serra tem a inocência de uma criança, o espírito de um jovem, mas o olhar nostálgico de um ancião que sente "ter aprendido com a vida tarde de mais". A sua roupa clássica e a ondulação do cabelo grisalho disfarçada com gel, dão-lhe um ar meio aristocrático, que já faz parte da paisagem do Saldanha.Todos o conhecem e quem trabalha nas redondezas sabe o seu percurso de cor. "Chega por volta das onze, meia-noite...Começa pela zona do Monumental, vai descendo a rua até ao Marquês e depois sobe, parando sempre em pontos estratégicos. Nunca falha." Arménio é chefe de mesa na marisqueira Maracanã e já lhe serviu alguns jantares. "É muito simpático. Quando passa aqui, acenamos-lhe pela janela. Só não sei: por que é que faz isto?"

João começa por dizer que não sabe bem, mas, a pouco e pouco, interrompendo sempre para acenar, vai desvendando o mistério. Tudo começou há três anos e meio, depois da morte da mãe, com quem vivia. Precisava de se distrair, incomodava-o a ideia de estar sozinho em casa. Um dia, aconteceu. Já reparara que as pessoas o cumprimentavam sem razão, nos centros comerciais e, sem saber como nem porquê, surgiu o primeiro aceno na estrada. Depois veio outro e outro, e o acaso virou fenómeno. "No início era só rapaziada nova, mas depois contagiei todo o tipo de gente", explica sem esconder um certo orgulho. Graças ao seu "milagre", já deu entrevistas para a televisão e para os jornais, apareceu em dois filmes e até num teledisco. "Sempre quis ser actor, mas nunca me deixaram...". Ou nunca teve coragem de tentar.

Algumas dezenas de acenos mais tarde, já não é um João risonho e despreocupado, "com imensos amigos" com quem vai "ao teatro e ao cinema", que fala por detrás dos óculos de massa negra. Nos olhos cinzentos, estão duas lágrimas contidas. Pelo passado, pelo presente e por um futuro que não chega. Com um raciocínio de fazer inveja aos mais novos, o louco, o excêntrico, transforma-se lentamente num avô contador de histórias, que lê Agatha Christie para combater o medo ao andar de avião, que não tem telemóvel porque detesta máquinas e que não vê televisão.

João nasceu no seio de uma família muito rica.Até aos dez anos, viveu num enorme palacete daTomás Ribeiro, cobiçado mesmo pelo próprio Gulbenkian. "Que saudades tenho desse tempo... A casa estava sempre cheia de família e amigos...". Mimado desde bebé, fez a instrução primária toda em casa, com um professor particular, pois no primeiro dia de aulas no Colégio Parisiense chorou tanto, que os pais não tiveram coragem de o mandar de volta. "Fui criado numa redoma de vidro", confessa, explicando: "Naquela época era tudo muito diferente, havia muitos tabus."

Depois do divórcio dos seus progenitores, quando tinha 13 anos, João foi morar para o Restelo com o pai. Por ele, inscreveu-se em Direito, mas depressa desistiu, "era muito chato". Depois de uma igualmente curta passagem pelo curso de Histórico-Filosóficas, o pai, "que não sabia o que fazer" com ele, mandou-o para Londres, com o irmão. "Foram três anos fantásticos. Tinha um grupo de amigos fabuloso, com quem viajei imenso.Teria lá ficado, se não fosse tão agarrado à família..."

Sem quase pôr os pés nas aulas, regressou a Portugal e, depois da morte do pai, pouco tempo depois, foi morar com a mãe, de quem não se separou até ao último dia da sua vida. "Viajámos muito os dois. Todos os anos íamos a Paris e Madrid. Conheço a Europa inteira, excepto a Grécia..." E o olhar perde-se num momento só dele, como se pensasse alto. Quando a mãe morreu, "ficou desasado".

E talvez por isso esteja todas as noites a "comunicar". Admite que o que faz "não é muito normal", mas não passa sem isso. É o remédio que lhe permite disfarçar a solidão que o consome e o faz olhar para o passado com arrependimento, por não ter ousado viver a sua vida em vez da dos outros. "Às vezes penso que foi tudo inútil..." No baú dos sonhos perdidos, jaz o curso que não tirou, o trabalho que nunca fez, os filhos que não teve e, pior, o grande amor que nunca conheceu. "Sinto-me só. Incompleto. Como se algo estivesse a falhar."

E assim lacrimeja quando vê um casal idoso de mãos dadas, ou quando dois rapazes, que diz "reconhecer do subconsciente", param o jipe para tirar uma fotografia com ele. "Encontramo-nos no céu", repete, aludindo ao que um diplomata ucraniano lhe disse uma vez.

O homem do lixo atira-lhe o derradeiro aceno da noite.

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1708341&seccao=Sul

O FADO DO HOMEM DO SALDANHA


Com direito a fado cantado por Carlos do Carmo

Carlos do Carmo fez um dueto com Marco Rodrigues no disco 'Tantas Lisboas'. O tema chama-se 'O Homem do Saldanha'.

João Manuel Serra, conhecido como 'Senhor do Adeus', inspirou uma música do mais recente disco do fadista Marco Rodrigues, 'Tantas Lisboas', chamada "O Homem do Saldanha", com letra de Boss AC, música de Tiago Machado e interpretada por Carlos do Carmo e Marco Rodrigues.

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1708599


LISBOA FOI DESPEDIR-SE DO SENHOR DO ADEUS


No Saldanha

Lisboa foi despedir-se do "Senhor do Adeus"


por Isaltina Padrão

Figuras públicas como Rui Zink, Ricardo Sá Fernandes e Leonor Poeiras juntaram-se às cerca de duas centenas de pessoas que se concentraram no Saldanha (Lisboa) para se despedirem do "Senhor do Adeus".

Aquele acenar de mão bem como aquele sorriso pelo qual ficou conhecido João Manuel Serra, baptizado pelo povo como o "Senhor do Adeus" e que faleceu na quarta-feira, aos 79 anos, levou os lisboetas a prestar-lhe uma sentida homenagem na qual, tal como ele, disseram adeus aos inúmeros carros que por eles passavam. O objectivo final foi despedirem-se do autor desse adeus e desse sorriso gratuitos que a tantos fazia felizes. "Este está a ser o mais bonito velório a que assisti nos últimos tempos e que, provavelmente, irei assistir nos próximos", frisou, em declarações ao DN o escritor Rui Zink, que conhecia João Manuel Serra das inúmeras passagens que fazia a pé pelo Saldanha.

É de lágrimas nos olhos e num incessante adeus aos automobilistas que o advogado Ricardo Sá Fernandes reconhece que "são gestos simples como os deste homem que dão alma à cidade". Uma opinião partilhada pela multidão que se concentrou a partir das 22.00 horas e que só começou a dispersar cerca de duas horas depois. Ao adeus e ao sorriso, um dos muitos jovens não se cansou de enviar beijinhos, um outro gesto que lembrou ao amigos que o "Senhor do Adeus" também fazia. "Ele dava tudo sem pedir nada em troca, por isso merece que lhe retribuamos tudo também", dizia emocionado com a multidão inesperada.

Agradavelmente surpreendida ficou também a apresentadora de televisão Leonor Poeiras, que num curto intervalo no trabalho deu um salto ao local onde tantas vezes retribuiu os gestos "com que o senhor João alegrava os finais do dia". Da parte dos automobilistas as reacções foram as mesmas de quando João Manuel Serra era vivo. Buzinhadelas e acenos, mas agora mais intensos do que nunca. Foi mesmo o derradeiro adeus aquele a quem sempre os saudou mesmo sem os conhecer. Tal como sem o conhecer, muitos se juntaram no mega velório levado a cabo por rostos anónimos que garantem que, para já Lisboa ficou a perder, mas poderá vir a ganhar novos "Senhores do Adeus" por afinal "não custa dar um sorriso e dizer um adeus".

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1708900&seccao=Sul


O SENHOR DO ADEUS


Encontro no Saldanha

Dezenas homenageiam ‘Senhor do Adeus’

Dezenas de lisboetas decidiram na noite desta quinta-feira homenagear o ‘Senhor do Adeus’, figura carismática de Lisboa que morreu na quarta-feira aos 80 anos.

Além de um aceno de vários minutos, houve quem tenha trazido para o local um cartaz de homenagem a João Manuel Serra.

Proveniente de uma família abastada, que lhe deixou rendimentos suficientes para não necessitar de trabalhar, Serra optou por andar na rua a acenar aos automobilistas.

A sua morte mexeu de tal maneira com os lisboetas que foi criado um movimento no Facebook em sua memória, que reuniu mais de sete mil fãs ao longo desta quinta-feira.

CORREIO DA MANHÃ 12-11-2010

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/dezenas-homenageiam-senhor-do-adeus



RECORDANDO D. MIGUEL I



GOSTO SEMPRE DE RELEMBRAR POR QUEM ERA O POVO...

«Dom Miguel era um homem de ideais católicos e tradicionalistas, os quais defendia com frontalidade. Era pouco popular entre a burguesia, mais aberta à influência do ideário liberal, mas gozava de grande popularidade entre o povo, que, caído na miséria após as guerras contra Espanha e França, via num rei forte a figura de um salvador. A isto acresce que era a Igreja quem muitas vezes matava a fome do elevadíssimo número de mendigos e deserdados de mais de 30 anos de guerras, pelo que a inimizade dos liberais face a esta instituição terá levado a que o povo se colocasse ainda mais do lado miguelista. Dom Miguel era também um admirador do chanceler Metternich da Áustria, embora afirmasse não ser adepto de uma Monarquia Absoluta mas apenas pretender libertar Portugal das influências estrangeiras, principalmente das ideias da Maçonaria, que considerava nefastas.»

Sexta-feira, 12 de Novembro de 2010

http://realfamiliaportuguesa.blogspot.com/2010/11/gosto-sempre-de-relembrar-por-quem-era.html


JUIZ DE ALENQUER VAI PASSAR A TRABALHAR MENOS

Juiz passa a ganhar menos... e decide trabalhar menos

Medidas de austeridade retiram-lhe 600 euros por mês da carteira, por isso decidiu passar a trabalhar menos quatro dias e meio por mês

É uma medida radical de contestação e já está a causar polémica. O juiz presidente do tribunal de Alenquer decidiu trabalhar menos, porque vai passar a ganhar menos.

Afonso Dinis Nunes fez as contas e percebeu que as medidas de austeridade lhe vão retirar 600 euros por mês da carteira. E se vai ter menos salário, vai apresentar menos trabalho.

O juiz decidiu trabalhar menos duas horas por dia, menos 44 horas por semana, menos quatro dias e meio por mês. Em suma, menos 46 dias de trabalho por ano.

«O signatário terá forçosamente de reduzir (de modo a possibilitar que o seu agregado familiar honre os compromissos financeiros anteriormente assumidos) o seu horário de trabalho (extraordinário e não remunerado) em cerca de duas horas diárias», pode ler-se nos despachos que enviou aos advogados.

O juiz explica que a redução do horário impede a marcação dos julgamentos nos prazos mínimos previstos na lei e já levou ao adiamento de várias audiências para meados de 2011. Ainda assim, garante que não se trata de uma vingança.

«A decisão não traduz qualquer represália, mas apenas um caso de necessidade imperiosa de redução do horário de trabalho por motivos financeiros», justifica no despacho.

Confrontado com estes despachos, o presidente da associação sindical dos juízes, António martins, defende a posição do juiz de Alenquer.

«Nos momentos de crise, desde logo ética e também económica e social, os tribunais e os juízes ainda podem ser a última réstia de esperança para os cidadãos atropelados pelo estado nos seus direitos», afirma António Martins.

Entretanto, o Conselho Superior de Magistratura determinou esta quinta-feira a recolha de elementos sobre o caso e a audição do juiz Afonso Dinis Nunes para uma eventual acção disciplinar.

Cláudia Rosenbusch

http://diario.iol.pt/sociedade/juiz-tribunal-juiz-alenquer-alenquer-justica-tvi24/1207833-4071.html