Monday 25 October 2010

RELATÓRIO EUROPEU SOBRE A EFICÁCA DA JUSTIÇA: O CASO PORTUGUÊS

Comissão Europeia para a Eficácia da Justiça

Relatório europeu diz que Portugal é dos piores a fechar casos pendentes nos tribunais

Os juízes em final de carreira (no Supremo Tribunal) ganham 4,2 vezes mais do que o salário médio bruto nacional, revela documento do Conselho da Europa.

Anualmente, o número de processos abertos e os que são resolvidos é praticamente igual (taxa de resolução de 99,1 por cento), mas o peso dos casos antigos que se arrastam nos tribunais é grande. Neste último indicador, entre todos os membros do Conselho da Europa, Portugal tem o segundo pior "tempo de disposição" - o indicador da capacidade de encerramento de casos pendentes, medido pela estimativa de número de dias necessários para resolver todos os casos existentes.

Estas conclusões constam do quarto relatório da Comissão Europeia para a Eficácia da Justiça (CEPEJ), um organismo do Conselho da Europa, que é divulgado em Ljubljana, na Eslovénia, hoje, nas celebrações do Dia Europeu da Justiça Civil.

Este documento, que avalia a evolução dos sistemas de Justiça europeus entre 2006 e 2008, é feito a partir de mais de dois milhões de dados recolhidos em 45 países do Conselho da Europa. De fora ficaram a Alemanha e o Liechtenstein, por falta de dados.

Jean-Paul Jean, magistrado e presidente do grupo de trabalho para a avaliação dos sistemas judiciais, explicou que, para Portugal, um dos factores para a divergência aparente entre tempo de disposição e taxa de resolução é "o grande peso de casos muito antigos, sobretudo em torno de heranças e conflitos de direitos reais, por exemplo de imobiliário, que estão por resolver durante anos".

Portugal regista também uma grande discrepância entre o número de casos recebidos por procurador (406,2) e o número de casos concluídos (56,3). Para aquele responsável, "esta diferença não surpreende e é a mesma que noutros países".

Sistema similar ao polaco

Ao dividir países segundo o PIB, o orçamento investido na Justiça e também segundo o sistema de organização, o relatório da CEPEJ coloca Portugal e a Polónia num grupo de "países pobres mas com sistema comparável". Num outro grupo estão países com PIB per capita superior ao português, entre 24.000 e 34.800 euros, incluindo-se nele Espanha, Itália, Suécia, Bélgica, França, Áustria, Holanda e Finlândia. Um terceiro grupo de países comparáveis entre si é o da Noruega, Dinamarca e Suíça. E, por último, a CEPEJ considera ainda o grupo dos países de sistema judicial de common law, como o Reino Unido. O estudo pretende assim manter o rigor ao "comparar o comparável", ressalvando que "comparar não é classificar", dada a diversidade de sistemas, conceitos e situações históricas e políticas.

Outros dados dizem respeito à situação actual do sistema judicial. Portugal é um dos países europeus onde a remuneração dos juízes em fim de carreira tem um nível bastante superior à média salarial nacional. Os juízes em final de carreira (no Supremo Tribunal) ganham 4,2 vezes mais do que o salário médio bruto nacional. Um rácio confortável no cômputo geral, à frente de países como a Bélgica, França, Finlândia, Noruega, Suécia, Áustria, Holanda, Dinamarca ou Alemanha (com um rácio de apenas 2,1). Em 2008, havia no país 1906 juízes profissionais e a remuneração em final de carreira, no tribunal de última instância, era de 83.401 euros brutos anuais, revela o relatório.

Muitos advogados

Portugal é um dos países com rácio mais elevado de profissionais de Justiça em relação à população (294,9 por 100 mil habitantes, apenas superado pela Itália).

Este rácio, que inclui juízes profissionais, advogados, procuradores e notários, é confirmado pelos dados das carreiras de Justiça.

Assim, Portugal é o país da Europa com mais advogados por juiz (rácio maior do que o da Dinamarca, Noruega e Bélgica) e o terceiro com mais procuradores (atrás da Noruega e da Polónia).

Portugal está também entre os três Estados com rácio mais elevado de juízes e procuradores.

25.10.2010 - 08:32 Por Lusa, Carlos Pessoa

http://www.publico.pt/Sociedade/relatorio-europeu-diz-que-portugal-e-dos-piores-a-fechar-casos-pendentes-nos-tribunais_1462599

MAGISTRADOS PORTUGUESES DOS MAIS BEM PAGOS

Atualidade

Um relatório do Conselho da Europa indica que Portugal é um dos países europeus com rácio mais elevado de profissionais de Justiça e a remuneração dos juízes em fim de carreira tem um nível bastante superior à média salarial nacional.

Portugal é um dos países europeus com rácio mais elevado de profissionais de Justiça e a remuneração dos juízes em fim de carreira tem um nível bastante superior à média salarial nacional, indica um relatório do Conselho da Europa.

O quarto relatório da Comissão Europeia para a Eficácia da Justiça (CEPEJ), um organismo do Conselho da Europa, aponta diversos indicadores que confirmam Portugal entre os países onde "a função reguladora da Justiça é tradicionalmente importante" e indica haver um nível favorável de salários dos juízes em relação à remuneração média do país.

O relatório da CEPEJ será divulgado oficialmente hoje, em Ljubljana (Eslovénia), no quadro do Dia Europeu da Justiça Civil, tendo sido apresentado à imprensa internacional em Paris, no dia 22 de outubro, pelo presidente do grupo de trabalho para a avaliação dos sistemas judiciais, o magistrado francês Jean-Paul Jean.

http://aeiou.expresso.pt/magistrados-portugueses-sao-dos-mais-bem-pagos=f611246

Segunda feira, 25 de Outubro de 2010

CHÁVEZ EM PORTUGAL

Visita

Como Chávez conduziu negócios em Portugal

O 'velho amigo' veio disposto a dar não um, mas os dois braços ao primeiro-ministro português. Foi ao volante para Viana, pediu mais barcos e entrou em directo para Caracas

Hugo Chávez mostrou bem a sua presença, ontem, em Viana do Castelo - desde a chegada, quando soltou uma buzinadela ao seu "velho amigo" José Sócrates. Fê-lo ainda ao volante de uma carrinha de oito lugares entre o Porto e Viana, que fez questão de conduzir sozinho.

Na deslocação,o Presidente da Venezuela ainda cumprimentou os protestantes, que tentavam perguntar a Sócrates se "viajou pela EN13 ou se pagou portagem na A28". O líder português não viu a pergunta, mas Chávez viu, riu, saudou e seguiu, sem perceber muito bem o que se passava.

Dentro dos estaleiros, Chávez fez questão de cumprimentar os elementos da Comissão de Trabalhadores, saudando-os "do fundo do coração". O mesmo com que saudou, antes, José Sócrates, a quem deixou uma mensagem assim que aterrou em Lisboa: "Viemos aqui a pedido do meu amigo José Sócrates, um bom homem. Num momento difícil para Portugal, viemos dar-lhe as duas mãos".

Assim foi. Chávez foi aos Estaleiros ver o contrato de 130 milhões de euros para a construção de dois navios asfalteiros ser rubricado - e sobretudo o financiamento através do BES garantindo -, não resistindo a brincar com o seu ministro do sector: "Só dois? Mas nós precisamos de muitos! São dos grandes, pelo menos?"

Sempre acompanhado por um Sócrates em versão castelhano, Chávez foi logo alertado por todos para "um ferry" que está pronto a seguir para a Venezuela. Assim, Chávez o queira, e parece querer. Até quer mais do que um. "Temos algumas ilhas e precisamos de ferries. Dois ou três. Desde que os vossos sejam bons, bonitos e baratos", respondeu a Sócrates. O líder venezuelano conheceu o interior do ferry Atlântida, parado na doca da empresa há um ano, mas não avançou mais qualquer garantia. Sabe o DN que tudo estará dependente da visita de técnicos daquele país ao navio para estudar as adaptações a fazer, antes de se concretizar o negócio.

Falando sempre entre as relações de "dois países irmãos" e perante a insistência sobre os ferries lá garantiu estar a "estudar uma linha de ferries" para o turismo. "Podem ser três, quatro ou cinco. Vamos ver", e nada mais concretizou sobre o assunto.

Sempre num tom informal, a conversa entre os dois líderes manteve-se bem-disposta, mesmo quando Hugo Chávez o questiona sobre onde estarão os dois dentro de 20 anos: "Não sei se tens planos para te retirares da política entretanto", disse, rindo-se. "Tenho, tenho", respondeu, entre sorrisos, Sócrates.

Sorrisos que se tornaram mais abertos na altura de assinar os acordos e convénios, envolvendo a Galp, o Governo Regional dos Açores (exportação de produtos agrícolas), ENVC, Grupo Lena (acordo para a construção de 12 515 habitações sociais e três fábricas) e com a JP Sá Couto (fornecimento nos próximos três anos de mais 1,5 milhões de computadores Magalhães). Sobre os computadores, projecto português mas que envolve software desenvolvido na Venezuela e que localmente foi baptizado de Canaima, Chávez não resistiu a falar da "revolução socialista pacífica" no seu país.

"Alguns, lá na Venezuela, dizem que ao dar um computador destes a cada criança estamos a deitar dinheiro fora. Mas eu digo que com estes computadores estamos a dar ferramentas para as nossas crianças estudarem e ao estudarem cumprimos um dos objectivos da revolução socialista: a Educação", afirmou Chávez, num discurso transmitido desde Viana em directo para a Venezuela. "Fica aqui o Aló, Presidente [programa de TV que Chávez apresenta] a partir de Viana do Castelo. Mas ainda vamos a tempo de, logo, ir para o estúdio fazer um programa a explicar estas duas semanas de viagem", avisou. Ao fim de mais de trinta minutos de discurso, improvisado mas repleto de mensagens ideológicas, a comitiva de Chávez partia deixando para trás Viana, cidade onde a presença de um dos mais mediáticos líderes mundiais passou quase despercebida aos populares.

por PAULO JULIÃO

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1694321

CHAVEZ VEM AJUDAR PORTUGAL

Chávez compra barcos e habitações prefabricadas

Contrato de construção de prefabricados, no valor de cerca de mil milhões de dólares, fechado com o grupo Lena

Hugo Chávez e José Sócrates: 100 mil milhões vendidos à Venezuela

A visita-relâmpago de Hugo Chávez a Portugal saldou-se na compra de dois barcos asfalteiros aos Estaleiros de Viana do Castelo num valor de 130 milhões de euros - financiado pelo Banco Espírito Santo - e na assinatura com o grupo Lena do contrato definitivo para a construção de 12 512 habitações sociais, e de três fábricas para a produção de material prefabricado de tecnologia nacional. Existe a perspectiva de que possam existir novos contratos de construção, confirmou ao i o secretário de Estado do Comércio e da Defesa do Consumidor, Fernando Serrasqueiro. O contrato com o grupo Lena, proprietário do i, tem o valor de cerca de mil milhões de dólares (cerca de 715 milhões de euros), segundo revelou o secretário de Estado.

Foram assinados vários outros protocolos, com vista à concretização futura de novos negócios. Um ferry está em obras de remodelação com vista a ser vendido à Venezuela para fazer o transporte entre o continente e ilhas, como a Margarita, mas Chávez mostrou interesse em adquirir um segundo ferry aos Estaleiros de Viana.

Um outro protoloco foi assinado com o governo regional dos Açores com vista à contratualização de compra de produtos alimentares regionais - já foram encomendadas 1000 toneladas de atum à COFACO, empresa de conservas açorianas.

A Galp renovou o acordo para a exploração de gás e assinou um protocolo com vista à concretização futura de um contrato de armazenamento e distribuição de gás, nomeadamente a sua futura injecção na Europa, confirmou o secretário de Estado.

Foi também assinado um protocolo para a venda à Venezuela de 1,5 milhões de computadores Magalhães em três anos, um acordo que prolonga o inicial contrato de um milhão de computadores da firma J.P. Sá Couto já entregues.

Duas mãos O presidente venezuelano, afirmou ontem que vinha a Portugal par dar "as duas mãos" a José Sócrates num momento "difícil" da vida nacional. "Estou muito contente por estar em Portugal. Estamos à procura de oportunidades em todo o mundo e viemos aqui a pedido do meu amigo José Sócrates,um bom homem. Num momento difícil para Portugal, viemos dar-lhe as duas mãos", afirmou Chávez à chegada ao Porto, citado pela Lusa.

O avião do presidente venezuelano chegou às 11h00. Chávez veio acompanhado por nove ministros e foi recebido pelo secretário de Estado do Comércio e da Defesa do Consumidor e pelo embaixador da Venezuela. Nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), que visitou na companhia do presidente da Venezuela, José Sócrates, afirmou que a visita de Chávez constitui "um contributo para a economia e o emprego". "É um grande dia para as relações entre os dois países", afirmou o primeiro-ministro, elogiando a relação "muito intensa" entre os dois países e uma cooperação bilateral que "evoluiu muito nos últimos anos". "Em 2007, as exportações portuguesas para a Venezuela eram de 17 milhões de euros, praticamente inexistentes. Em 2009 eram já de 122 milhões de euros. Este ano, de Janeiro a Agosto, já vendemos para a Venezuela cerca de 100 milhões de euros", disse o primeiro-ministro.

Depois de assinar os acordos em Viana do Castelo, Hugo Chávez partiu para Matosinhos, onde visitou a fábrica de computadores Magalhães da JP Sá Couto. Em Viana do Castelo, Chávez visitou também a fábrica de torres eólicas da Enercom e elogiou o "grande contributo de Portugal para o desenvolvimento do mundo" por estar a investir em energias renováveis. "Este tipo de energia é o futuro", disse Chávez. "Algum dia há-de acabar o petróleo neste planeta, esperemos que em 3500, mas algum dia há-de acabar".

À chegada aos Estaleiros de Viana, o primeiro-ministro tinha à espera uma manifestação contra a introdução de portagens na A28. O protesto foi organizado pelo movimento Naturalmente Não às Portagens - dezenas de manifestantes levantaram cartazes onde se interrogavam se o primeiro-ministro e o presidente venezuelano se tinham deslocado pela Estrada Nacional 13. com Lusa


I ONLINE

Sunday 24 October 2010

SUBORNOS NA FIFA

Michel Zen-Ruffinen apanhado a vender votos

Subornos na disputa da organização dos Mundiais de 2018 e 2022

O jornal britânico 'The Sunday Times' divulga este domingo uma gravação em que Michel Zen-Ruffinen, antigo secretário-geral da FIFA, se oferece como mediador de um esquema que visa comprar votos de funcionários da FIFA, de forma a favorecer uma candidatura à organização dos Mundiais de 2018 (disputada por Portugal-Espanha, Holanda-Bélgica, Rússia e Inglaterra) e de 2022.

Na gravação, conseguida na Suíça, o ex-braço direito de Joseph Blatter oferece os seus 'serviços' por mais de 239 mil euros, referindo-se aos alegados subornáveis como "o maior gang que se pode encontrar à face da Terra".

Saturday 23 October 2010

IGREJA CATÓLICA MANTÉM BENEFICIOS FISCAIS

Orçamento

Novas regras na área da fiscalidade

Governo revoga benefícios às instituições religiosas mas não os tira à Igreja Católica

Economia

O Governo quer retirar os benefícios fiscais concedidos em 2001 às instituições religiosas não católicas e às instituições particulares de solidariedade social (IPSS), mas mantendo os apoios concedidos desde 1990 à Igreja Católica.

A iniciativa não foi comunicada às diversas comunidades e aparece sem qualquer referência, como uma revogação de benefícios fiscais, em três linhas da proposta de Orçamento do Estado (OE) de 2011 – a votar pelo Parlamento na generalidade a 3 de Novembro próximo. Apesar de questionado anteontem, o Ministério das Finanças não deu qualquer explicação sobre o carácter discriminatório da medida nem sobre a poupança esperada.

Entre membros de comunidades religiosas não católicas, colocados a par da decisão governamental, a primeira impressão foi de incredulidade e a segunda de espanto. A mesma reacção encontrou-se na comissão da liberdade religiosa, órgão independente de consulta da Assembleia da República e do Governo, prevista na Lei de Liberdade Religiosa (Lei 16/2001) e com “funções de estudo, informação, parecer e proposta em todas as matérias relacionadas com a aplicação da Lei de Liberdade Religiosa”.

O seu vice-presidente, Manuel Soares Loja, defende que, caso venha a ser aprovado esse artigo do OE de 2011, trata-se de “um retrocesso” e de uma violação de dois princípios constitucionais – o da igualdade e o da separação entre o Estado e a religião. “A intenção já em si é uma má notícia, mas se for aprovado é um retrocesso ao princípio da igualdade”, afirma Manuel Soares Loja. “Perceberíamos, se todas as igrejas fossem afectadas.” Assim sendo, parece que passa a haver “cidadãos de primeira e cidadãos de segunda”.

Em 1990, o Governo Cavaco Silva concedeu, na prática, a isenção de IVA à Igreja Católica, conferência episcopal, dioceses, seminários e outros centros de formação destinados à preparação de sacerdotes e religiosos, fábricas da Igreja, ordens, congregações e institutos religiosos. Essa isenção incidiu sobre objectos, bem como a construção, manutenção e conservação de imóveis destinados “ao culto, à habitação e formação de sacerdotes e religiosos, ao apostolado e ao exercício da caridade”. As IPSS foram incluídas no rol das entidades beneficiárias.

Na altura, a forma encontrada entre o Governo e a Comissão Europeia, de maneira a não contrariar as regras comunitárias, foi a de cobrar o IVA às actividades económicas da Igreja Católica, mas conceder-lhes um subsídio igual ao reembolso do IVA suportado. Mas essa prática fiscal em benefício unicamente da Igreja Católica seria mais tarde alargada.

Em 2001, a lei de liberdade religiosa estendeu o benefício às outras religiões radicadas no país, como forma de respeitar o princípio constitucional de não discriminação. Ora, passados nem dez anos, o Governo pretende revogar parte dessa própria lei.

O OE de 2011 prevê, no seu artigo 127.º, a revogação, primeiro, do artigo 2.º do Decreto-Lei 20/90 que consagrou a isenção de IVA na aquisição de bens e serviços relacionados com a actividade desenvolvida pelas IPSS.

Depois, propõe-se ainda a revogação do artigo 65.º da Lei de Liberdade Religiosa. Esse é o artigo que veio, precisamente, conceder às “igrejas e comunidades religiosas radicadas no país, bem como os institutos de vida consagrada e outros institutos”, o direito de opção pelos benefícios concedidos à Igreja Católica no Decreto-Lei 20/90.

http://economia.publico.pt/Noticia/governo-revoga-beneficios-as-instituicoes-religiosas-mas-nao-os-tira-a-igreja-catolica_1462414

PÚBLICO 23-10-2010

23.10.2010 - 09:20 Por João Ramos de Almeida

CHÁVEZ EM PORTUGAL

Chávez vem a Portugal «buscar» mais 1,5 milhões de Magalhães

Presidente venezuelano vem para uma visita de dois dias e deve assinar também acordos na área da construção naval

O presidente da Venezuela chega este sábado a Portugal para uma visita de dois dias, que vai culminar com a assinatura de acordos nas áreas da construção naval e do fornecimento de 1,5 milhões de computadores Magalhães. Hugo Chávez chega ao fim da tarde ao Porto, onde vai pernoitar, deslocando-se no domingo de manhã aos Estaleiros de Viana do Castelo (ENVC).

Numa cerimónia em que Chávez vai estar acompanhado por nove ministros do seu Executivo, Portugal recuperará também um anterior compromisso para que o Grupo Lena construa na Venezuela 2500 vivendas pré-fabricadas (negócio de 950 milhões de dólares) e um acordo na área das energias renováveis.

Na área da construção naval, a Venezuela assinará um conjunto de acordos com os ENVC, sendo um dos mais emblemáticos o da adaptação do ferry «Atlântida» para o transporte de passageiros e viaturas - uma encomenda avaliada em 35 milhões de euros. Ainda na área da construção naval, dar-se-á início ao processo de construção de um segundo ferry de transporte, o «Anticiclone». Os ENVC vão também receber da Venezuela a encomenda para a construção de dois navios asfalteiros, no valor de 130 milhões de euros.

Após a assinatura de acordos em Viana do Castelo ¿ em que o primeiro-ministro, José Sócrates, estará acompanhado pelo ministro das Obras Públicas, António Mendonça, e pelos secretários de Estado Paulo Campos e Fernando Serrasqueiro -, o chefe de Estado da Venezuela desloca-se, ao início da tarde, à fábrica dos computadores Magalhães, da JP Só Couto, em Matosinhos. Neste domínio, estão em execução dois contratos para o fornecimento de 850 mil computadores à Venezuela.

Na sequência desta visita de Hugo Chávez a Portugal, deverá ser assinado um terceiro contrato para o fornecimento de 1,5 milhões de computadores nos próximos três anos. De acordo com fonte diplomática citada pela Lusa, os 1,5 milhões de computadores deverão ser entregues na Venezuela à média de 500 mil por ano.

http://www.agenciafinanceira.iol.pt/politica/chavez-magalhaes-naval-construcao-venezuela-tvi24/1201867-4072.html
AGÊNCIA FINANCEIRA 23-10-2010

Friday 22 October 2010

ENTREVISTA COM MARIANA REY MONTEIRO

14 de Janeiro de 2003

Entrevista de Adelino Gomes: A actriz que tinha um conservatório em casa

21.10.2010

Tem saudades de tudo. Dos ensaios, das noites da estreia, da representação, das palmas, das críticas. Sobretudo das que magoavam e que a fizeram crescer. Mariana Rey Colaço Robles Monteiro, actriz, filha do mais famoso casal do teatro português do século XX, numa entrevista que assinala os seus 80 anos de vida

Os achaques da idade levam-na a cortar com as persianas a adorada luz de Lisboa. Na semipenumbra do salão, sobressai uma fotografia da mãe. Outra do marido, falecido quando ela tinha 35 anos. Sobre uma mesinha, no recanto onde recebe o PÚBLICO, no último andar de um alto prédio da Avenida Infante Santo, em Lisboa, um pequeno livro encadernado a verde com uma placa evocativa: Debute de Marianinha 20 de Abril de 1946 lembrança de Sara e Salomão.

PÚBLICO - Esta entrevista era para ser publicada sábado passado. Mas a sua agenda carregadíssüna não permitiu o encontro. Apesar de ter abandonado o teatro, ainda mantém actividades correlacionadas?

MARIANA REY MONTEIRO - Não. Estava é nos preparativos da quadra. Tive cá em casa a família mais chegada toda: com três filhos, dez netos e quatro bisnetos e meio (vem a caminho mais um), ao todo somos já 24.

Cessou toda a actividade profissional?

Sim. Infelizmente sofro muito de reumático e tenho crises horríveis. Tem sorte em apanharme agora numa fase relativamente calma nesse aspecto. Saio muito pouco.

Nasceu no palco. Mas a sua estreia só aconteceu aos 24 anos. Antes só tinha pisado o palco aos 12 anos para uma participação num coro, na peça "A Castro", de António Ferreira, no Mosteiro de Alcobaça, não foi?

Foi e não foi. Nasci num ambiente em que não se falava de outra coisa senão de teatro e também de música. O meu avô Alexandre Rey Colaço era compositor. Por vezes também se falava em pintura, porque tinha uma tia muito talentosa, Alice Rey Colaço. A mistura dos sangues dos meus avós deu a vários membros da família sensibilidade artística: o meu avô, que era filho de um francês e de uma espanhola, nasceu em Tânger, estudou música em Madrid, casou com uma filha de uma francesa e de um alemão e foi viver para Berlim! Muitas vezes ponho-me a ver até onde vai a minha memória desses tempos... Mas ainda bem que fala nesse espectáculo ao ar livre em Alcobaça - as pessoas esquecem-se muito depressa das coisas importantes que houve, e os meus pais [Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro, donos da empresa que explorou, a partir de 1929, o Teatro Nacional D. Maria II] fizeram coisas muito importantes no campo teatral. Essa foi uma delas. A minha mãe achou que era uma maneira útil para a minha educação fazer parte daquele coro. Quando houve a repetição, tinha eu 18 anos, já não entrei porque os meus pais tinham pavor que eu fosse para o teatro.

Porquê, se a vida deles era essa?

Porque viveram sempre com muitas dificuldades financeiras.

Queriam que a senhora fosse o quê?

Queriam que eu fosse casar com um rei ou com um príncipe, não sei. Adoravam-me. E sofriam muito com a profissão. Tiveram muitas dificuldades em todos os aspectos - as "tournées" pelo país inteiro em instalações precárias e primárias; despesas com o elenco e com a montagem das peças que incluíam Shakespeare, Molière, Schüler, os modernos americanos, a quase totalidade dos modernos portugueses - tudo isto com um subsídio anual de dois mil contos.

Aos 24 anos estreia-se, então.

Mas até lá fiz muitas outras coisas...

... Até chegou a ser secretária na Emissora Nacional (EN)...

... Do [capitão] Henrique Galvão [primeiro presidente da EN], os meus pais eram muito amigos dele. Mesmo depois do corte com Salazar [que levaria Galvão ao comando da "operação Dulcineia", de desvio do paquete "Santa Maria", em 1961] continuou sempre a ser nosso amigo. Os meus pais acharam que já não podiam resistir [à insistência de Mariana em seguir o teatro]. E então ajudaram-me da maneira mais extraordinária...

... Eles próprios a dirigiram...

A maior parte da minha carreira profissional foi dirigida por eles.

Mas essa estreia foi especial: Júlio Dantas, amigo deles, adaptou a "Antígona", de Sófocles, para a senhora. Não foi um peso excessivo, esse nome que transportava consigo? Para o bem e para o mal. Quando me estreei tive uma grande luta comigo mesma sobre o nome que havia de escolher. Não queria magoar nem a minha mãe nem o meu pai. Daí Rey Monteiro. Agora a minha neta Mónica, quando se estreou há quatro ou cinco anos, também não quis que o nome Rey Colaço lhe fosse abrir as portas ou se tomasse um "handicap". E por isso ficou com o apelido do pai, Gamei.

Contaram-me, não sei se é lenda, que lhe chamavam, com boa intenção, claro, a "filha da mãe".

Sim, sim, sim. Como à minha mãe, coitadinha, como houve o incêndio do Nacional [em 1964] e mais tarde do Avenida [1968] passaram a chamar-lhe "a incendiária". São graças.

Esse peso familiar acompanhou-a sempre no palco?

Acompanhou. Numas partes ajudou. Mas tive sempre a preocupação instintiva de corresponder às exigências. Era um incentivo, uma chicotada que me fazia andar.

Abandonou os palcos nos anos 80 e a televisão há cinco anos. Lembra-se da última peça que viu?

Se não me engano foi o "Rei Lear", no Nacional, com o Ruy de Carvalho.

Já foi há uns três ou quatro anos. Quer dizer que voltar ao Nacional já não lhe custa?

Faz-me umas saudades loucas. Mas já não é aquele teatro. O nosso teatro, o meu teatro morreu com o incêndio. Tinha uma característica, um "cachei", uma graça, uma "patine" que nunca mais se encontra. Mas está muito bonito.

Qual foi a peça de que mais gostou na vida?

Eu gostava era de representar. Houve várias: "As Divinas Palavras", de Valle-Inclán, uma das que mais gostei de representar; adorei fazer "Diálogos das Carmelitas", do [Georges] Bemanos; adorei fazer também "Um Eléctrico Chamado Desejo", de Tennessee Williams, que não me estava nada na caixa, como se costuma dizer, mas que foi dirigida pela Henriette Morineau, uma francesa brasileira (tive um prémio); e "Equilíbrio Instável", do [Edward] Albee, no Avenida.

Que papel tem pena de não ter feito?

Sabe, nunca tive a ambição de fazer isto ou aquilo. O que tinha era uma facilidade que não sei donde é que me vinha de me encaixar no papel que me era distribuído. Aliás, isso acontece-me muito na vida: fiquei viúva [do arquitecto de interiores e campeão de esgrima Emílio Ramos Lino, irmão do célebre arquitecto Raul Lino] aos 35 anos, com três filhos menores e uma enteada de 15. Tive um desgosto que ainda hoje não sei como é que aguentei mas nunca perdi a cabeça.

O Teatro Nacional tinha um estilo. Até se dizia "representar à Nacional'', com sentido crítico. O Teatro Independente pôs isso em causa, nos anos 70. Como é que olha para o teatro que se faz hoje?

Vi há muitos anos em Paris uma peça révolucionária, feita sem cenários, nem sequer pertences de cena, chamava-se "Notre Petite Ville" [de Thomton Wüder]. Era deslumbrante: os actores conseguiam transmitir tudo o que se passava na cidade e nos sentimentos de cada membro daquela comunidade sem nada. Tudo o que seja uma renovação é sempre de seguir.

O que muitas vezes pode estragar (e repare que não me considero uma autoridade na matéria) é o bom gosto ou o mau gosto com que se fazem as coisas.

Qual foi o melhor espectáculo que viu na sua vida?

Vi uma coisa maravilhosa, em Londres, uns meses depois de me ter estreado. Fui com os meus pais e estive com um actor de quem tenho uma dedicatória, Peter Ustinov. Vi a realização do "Crime e Castigo", de Dostoievsky, maravilhosa.

Quem são para a senhora os grandes actores e actrizes de Portugal?

Há muitos. Houve um grande amigo meu, o João Vülaret, que dizia que estar-se na Companhia Rey Colaço/Robles Monteiro era um conservatório. Tinha uma enorme gama de possibilidades.

Fez as mesmas tentativas que os seus pais quando a sua neta quis seguir a carreira do teatro?
Não, não.

Porque a sociedade hoje compreende melhor?

Também, talvez. Talvez a sociedade esteja mais preparada para qualquer manifestação vocacional. É uma vida terrivelmente difícil.

Ela própria está a lutar. Com dificuldades. Mas não desiste e continua. Porque a vida de teatro tem o dom de nos agarrar com paixão. Ao ponto por vezes de nos querermos desenvencilhar e não conseguirmos.

Quando vê alguém representar, o que é que a leva dizer: "Está ali um grande actor, uma grande actriz"?

É por aquilo que ele me transmite. Quando consigo ver que ele está metido dentro do papel, não está só a declamar da boca para fora, está a viver o personagem que o autor inventou.

Está arrependida de ter seguido esta profissão?

Não. Se voltasse ao princípio faria tudo na mesma. Tenho umas saudades que me dilaceram o coração, por vezes.

A saudade é do ensaio, é da noite da estreia, é da representação, é das críticas, é das palmas?

É de tudo. De tudo isso junto. Foram muitos anos em que se viveu intensamente uma coisa que se adorava.

O pavor da crítica acompanhava-a?

A crítica a mim magoou-me sempre mas fez-me muito bem. As más críticas só me fizeram bem. Porque puxaram por mim. Parto do princípio de que um crítico é um amante de teatro.

E as palmas, fazem parte de 'quê? É a vaidade?

Isso as palmas é um caso muito sério. Nem toda a gente reage da mesma maneira. Sou um bocado um paradoxo com certas coisas. Muitas vezes a minha vaidade achava que as palmas podiam ter sido maiores. Outras passava muito bem sem elas. Gostava que me elogiassem, mas o barulho das palmas nem sempre me seduziu como seduzia a muitas pessoas que conheci.

O mundo dos actores e das actrizes é também um mundo de invejas, diz-se. Esse aspecto foi muito forte ao longo da sua carreira?

A princípio era natural que colegas minhas tivessem invejado a minha posição. Mas isso fez, por outro lado, que eu me tomasse também mais amiga delas, porque não as queria escandalizar.

É-se actor ou actriz no palco e na vida?

Eu nunca fui capaz de representar cá fora.

A minha mãe morreu aqui em casa e uma das coisas que me disse foi: "Vai-me dar este recado assim assim ao telefone." Era um recado difícil, era para não magoar alguém. "Ai mãe, custa-me tanto ir fazer isso!" A frase que ela me disse foi esta: "Tu és actriz suficiente para o poderes fazer." Eu disse-lhe: "Mãe, por que é que não havemos de ser todos, sempre, pão-pão, queijo-queijo?" Ela olhou para mim e respondeu: "Com a nossa educação é impossível." É isso.

Por vezes sinto que não quero magoar o próximo; outras isso não me deixa ser tão menos actriz como eu gostaria.

Alguma vez se sentiu um pedaço das personagens que representou?

Enquanto estava a trabalhar. Há um trabalho técnico que deve ser feito que consiste em ir papagueando as palavras enquanto fazemos outra coisa. Acontece por vezes que sem querer acabamos por fazê-lo com vigor, com moleza, enfim, com aquilo que o personagem pede. Mas nunca misturei, nem eu nem os meus pais, a vida do teatro com a vida privada. Saíamos do teatro, a vida privada era outra coisa; a vida privada ficava para trás quando entrávamos no teatro.

A "injustiça" da televisão

De um dia para o outro, o reconhecimento popular chegou. Por via da televisão, que lhe ofereceu o que décadas a representar Shakespeare e Molière não tinham conseguido. Já no fim da vida de sua mãe, contracena com ela na série "Gente Fina É Outra Coisa". Como foi essa experiência televisiva?

Não foi mal, mas o meu papel era um pouco episódico, fazia uma criadinha que a acompanhava sempre. A arte de representar na televisão é que me seduziu muito. É muito diferente do teatro. Neste há toda aquela barreira que tem que se saltar para chegar ao público. Eu gostava muito da naturalidade, que já vinha de trás, no teatro, e se via nos filmes ingleses e franceses. E tentei pôr em prática isso que sempre desejei. Não há dúvida nenhuma que na televisão quanto mais natural se for, melhor. A televisão apanha tudo, é uma espécie de raio-x. Quantas vezes me aconteceu visionar uma cena e pensar "credo, não tenho aquela ruga", chegar a casa, ir à procura e cá estava a ruga, só que eu não a tinha visto ainda...
Passou a vida inteira a representar e a ser aplaudida e depois chega um dia, faz uma telenovela (não vamos discutir-lhe os méritos) e torna-se famosa...

Quantas vezes eu digo isso: o que é o poder de uma caixinha que entra na casa de todas as pessoas! [Pessoas] Que nunca tiveram preparação para poder apreciar um Shakespeare, um Schiller, um Molière, um Vaüe-Inclán. Tantos textos assombrosos, uma vida inteira até às sete novelas que fiz, com um trabalho insano de decorar textos daquele calibre. Algumas pessoas de uma certa elite sabiam quem era, mas os portugueses em geral ignoravam. Ainda hoje agradeço a qualquer pessoa que se aproxime de mim para me cumprimentar. Mas o meu trabalho maior...

... Desse não têm memória. Pode-se ser actor ou actriz só no estúdio?

Sempre que se traduz um sentimento (uma dor, uma alegria, amargura), quer com a técnica teatral quer com a técnica televisiva ou cinematográfica, e se consegue chegar a um público, eu acho que é uma faceta da representação.

Há bons actores jovens na televisão?

Começo a ver menos bem. Mas tenho visto coisas muito interessantes. Por exemplo, a Fúria de Viver, na SIC, em que entrava o Nicolau [Breyner], a Rita Ribeiro, o Nuno Lopes, que agora está no Brasil, a Margarida Vila-Nova.

A maldição de Macbeth

Ao contrário da maioria dos seus colegas, Mariana Rey Monteiro não é supersticiosa. Mas um dia um cenógrafo inglês anunciou-lhe uma maldição. A companhia Amélia Rey Colaço/ Robles Monteiro sofreu dois incêndios representando a mesma peça. Há quem fale em maldição. Como aconteceu isso?

Estava um dia a conversar com o cenógrafo inglês que tinha vindo acompanhar "Macbeth" [de Shakespeare] e de repente sinto que é quase a minha altura de entrar em cena. Ele diz-me, estávamos ainda em ensaios: "Já vai? Então e não diz a primeira fala da Titânia [da peça 'Sonho de Uma Noite de Verão', também de Shakespeare]?" Respondo-lhe que sei a fala de cor e salteado mas que de momento não me lembrava, e entro. E ele disse: "Tenha cuidado. Se você não disser a primeira fala da Titânia, qualquer coisa vai acontecer de grave." E aconteceu? Em doze dias!

A senhora não era supersticiosa?

Nunca fui, ao contrário de tantos colegas. Olhe, o José de Castro, esse era doente. Tudo o que fizesse na estreia tinha que repetir durante todo o tempo que a peça estivesse em cena. Lembro-me que numa peça do lonesco, eu estava a acabar de arranjar o cabelo e ele apareceu-me por detrás a olhar para o espelho e perguntou: "Achas que estou bem?" "Estás muito bem." Todas as noites o tive a aparecer atrás de mim: "Achas que estou bem?..."

Perfil: A paixão do teatro

Apesar de não ter cursado o Conservatório, ganhou a carteira profissional depois de se apresentar perante o público num recital de 40 poemas escolhidos pela mãe.

Estreia-se aos 24 anos no palco dos pais (Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro, concessionários do Teatro Nacional D. Maria n, em Lisboa), com uma adaptação da "Anügona", de Sofocles, preparada por Júlio Dantas. Maria Barroso é a sua "madrinha de cena".

Participou no fume "um Dia de Vida" (1962), de Augusto Fraga, mas recusou um convite de Hollywood, por "medo" e saudades dos pais e da luz de Lisboa. A participação em sete novelas deu-lhe a popularidade que uma vida a representar o grande repertório da dramaturgia portuguesa' e mundial nunca lhe proporcionara. Retirada dos palcos e do ecrã, não esconde o entusiasmo com que assiste aos primeiros passos da neta, Mónica Gamei, na profissão."A vida do teatro tem o dom de nos agarrar com paixão", diz aos 80 anos, feitos em 28 de Dezembro passado, Mariana Rey Colaço Robles Monteiro.


http://ipsilon.publico.pt/teatro/entrevista.aspx?id=267821