Mariana Rey Monteiro, ao centro
Mariana Rey Monteiro morreu, ontem, quarta-feira, aos 87 anos. Afastada há mais de dez anos da interpretação, a actriz despediu-se de cena no papel de uma protagonista, em "Vidas de Sal". O corpo será velado na Igreja do Santo Condestável, em Lisboa, realizando-se o funeral amanhã.
De acordo com uma fonte da agência funerária Servilusa, estava inicialmente previsto que o corpo da actriz ficasse em câmara ardente na Igreja de Santos, mas o local foi alterado.
Assim, a partir das 17 horas de hoje, quinta-feira, o corpo ficará em câmara ardente no centro funerário da Igreja do Santo Condestável, em Campo de Ourique.
Amanhã, sexta-feira, as exéquias fúnebres realizam-se às 10.15 horas, com uma missa de corpo presente, seguindo depois o funeral, às 11 horas, para o Cemitério dos Prazeres.
Estreia no teatro sob direcção dos pais
Mariana Dolores Rey Colaço Robles Monteiro, nascida em Lisboa a 28 de Dezembro de 1922, cedo se sentiu atraída pelo teatro. Depois de alguns recitais de poesia, a actriz estreou-se no Teatro Nacional D. Maria II, em 1946, com a peça "Antígona", sob direcção dos pais, Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro.
Dos vários papéis de destaque em inúmeras peças, Mariana Rey Monteiro sempre mereceu grandes aplausos do público e elogiosas referências da crítica. Aliás, em 1962, recebeu o Óscar da Imprensa, pela sua prestação no filme "Um dia de vida".
Ainda assim, foi na televisão que a actriz ganhou maior reconhecimento do público. Do rol de trabalhos, destaca-se a participação na série "Gente fina é outra coisa" (1983), onde trabalhou ao lado da mãe, ou nas telenovelas como "Vila Faia" (1983), a primeira produção nacional do género, onde desempenhou a personagem de Dona Ifigénia, ou "Cinzas" (1993) e "Roseira brava" (1995).
A personagem principal da telenovela "Vidas de sal" (1996), da autoria de Tozé Martinho, foi o último papel desempenhado por Marina Rey Monteiro. Nesse mesmo ano, a actriz foi agraciada com o grau de grande oficial da Ordem de Sant'Iago da Espada.
"Faltou uma homenagem"
Para a cantora Simone de Oliveira, que contracenou "algumas vezes" com Mariana Rey Monteiro, a morte da actriz "é uma perda irreparável". "Espero que este país se lembre da qualidade humana e, fundamentalmente, da actriz ímpar que Portugal acabou de perder", disse, ao JN, a cantora.
Das lembranças da actriz "que vivia com muita graça", Simone de Oliveira criticou o facto de Mariana Rey Monteiro ter sido "esquecida imerecidamente". "Ficou a faltar, há muitos anos, uma devida homenagem", acrescentou. Já o actor Ruy de Carvalho, em declarações à Agência Lusa, lamentou a perda de "uma grande senhora, uma grande actriz e uma grande amiga", que disse recordar "com muita saudade".
Segundo Mariana Lino Coelho, neta da actriz, Mariana Rey Monteiro morreu em casa, em Lisboa, de "velhice".
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=1691161
JORNAL DE NOTÍCIAS 21-10-2010
Marta Neves
http://static.publico.pt/docs/cultura/marianareymonteiro/index.html