Saturday, 23 October 2010

IGREJA CATÓLICA MANTÉM BENEFICIOS FISCAIS

Orçamento

Novas regras na área da fiscalidade

Governo revoga benefícios às instituições religiosas mas não os tira à Igreja Católica

Economia

O Governo quer retirar os benefícios fiscais concedidos em 2001 às instituições religiosas não católicas e às instituições particulares de solidariedade social (IPSS), mas mantendo os apoios concedidos desde 1990 à Igreja Católica.

A iniciativa não foi comunicada às diversas comunidades e aparece sem qualquer referência, como uma revogação de benefícios fiscais, em três linhas da proposta de Orçamento do Estado (OE) de 2011 – a votar pelo Parlamento na generalidade a 3 de Novembro próximo. Apesar de questionado anteontem, o Ministério das Finanças não deu qualquer explicação sobre o carácter discriminatório da medida nem sobre a poupança esperada.

Entre membros de comunidades religiosas não católicas, colocados a par da decisão governamental, a primeira impressão foi de incredulidade e a segunda de espanto. A mesma reacção encontrou-se na comissão da liberdade religiosa, órgão independente de consulta da Assembleia da República e do Governo, prevista na Lei de Liberdade Religiosa (Lei 16/2001) e com “funções de estudo, informação, parecer e proposta em todas as matérias relacionadas com a aplicação da Lei de Liberdade Religiosa”.

O seu vice-presidente, Manuel Soares Loja, defende que, caso venha a ser aprovado esse artigo do OE de 2011, trata-se de “um retrocesso” e de uma violação de dois princípios constitucionais – o da igualdade e o da separação entre o Estado e a religião. “A intenção já em si é uma má notícia, mas se for aprovado é um retrocesso ao princípio da igualdade”, afirma Manuel Soares Loja. “Perceberíamos, se todas as igrejas fossem afectadas.” Assim sendo, parece que passa a haver “cidadãos de primeira e cidadãos de segunda”.

Em 1990, o Governo Cavaco Silva concedeu, na prática, a isenção de IVA à Igreja Católica, conferência episcopal, dioceses, seminários e outros centros de formação destinados à preparação de sacerdotes e religiosos, fábricas da Igreja, ordens, congregações e institutos religiosos. Essa isenção incidiu sobre objectos, bem como a construção, manutenção e conservação de imóveis destinados “ao culto, à habitação e formação de sacerdotes e religiosos, ao apostolado e ao exercício da caridade”. As IPSS foram incluídas no rol das entidades beneficiárias.

Na altura, a forma encontrada entre o Governo e a Comissão Europeia, de maneira a não contrariar as regras comunitárias, foi a de cobrar o IVA às actividades económicas da Igreja Católica, mas conceder-lhes um subsídio igual ao reembolso do IVA suportado. Mas essa prática fiscal em benefício unicamente da Igreja Católica seria mais tarde alargada.

Em 2001, a lei de liberdade religiosa estendeu o benefício às outras religiões radicadas no país, como forma de respeitar o princípio constitucional de não discriminação. Ora, passados nem dez anos, o Governo pretende revogar parte dessa própria lei.

O OE de 2011 prevê, no seu artigo 127.º, a revogação, primeiro, do artigo 2.º do Decreto-Lei 20/90 que consagrou a isenção de IVA na aquisição de bens e serviços relacionados com a actividade desenvolvida pelas IPSS.

Depois, propõe-se ainda a revogação do artigo 65.º da Lei de Liberdade Religiosa. Esse é o artigo que veio, precisamente, conceder às “igrejas e comunidades religiosas radicadas no país, bem como os institutos de vida consagrada e outros institutos”, o direito de opção pelos benefícios concedidos à Igreja Católica no Decreto-Lei 20/90.

http://economia.publico.pt/Noticia/governo-revoga-beneficios-as-instituicoes-religiosas-mas-nao-os-tira-a-igreja-catolica_1462414

PÚBLICO 23-10-2010

23.10.2010 - 09:20 Por João Ramos de Almeida

CHÁVEZ EM PORTUGAL

Chávez vem a Portugal «buscar» mais 1,5 milhões de Magalhães

Presidente venezuelano vem para uma visita de dois dias e deve assinar também acordos na área da construção naval

O presidente da Venezuela chega este sábado a Portugal para uma visita de dois dias, que vai culminar com a assinatura de acordos nas áreas da construção naval e do fornecimento de 1,5 milhões de computadores Magalhães. Hugo Chávez chega ao fim da tarde ao Porto, onde vai pernoitar, deslocando-se no domingo de manhã aos Estaleiros de Viana do Castelo (ENVC).

Numa cerimónia em que Chávez vai estar acompanhado por nove ministros do seu Executivo, Portugal recuperará também um anterior compromisso para que o Grupo Lena construa na Venezuela 2500 vivendas pré-fabricadas (negócio de 950 milhões de dólares) e um acordo na área das energias renováveis.

Na área da construção naval, a Venezuela assinará um conjunto de acordos com os ENVC, sendo um dos mais emblemáticos o da adaptação do ferry «Atlântida» para o transporte de passageiros e viaturas - uma encomenda avaliada em 35 milhões de euros. Ainda na área da construção naval, dar-se-á início ao processo de construção de um segundo ferry de transporte, o «Anticiclone». Os ENVC vão também receber da Venezuela a encomenda para a construção de dois navios asfalteiros, no valor de 130 milhões de euros.

Após a assinatura de acordos em Viana do Castelo ¿ em que o primeiro-ministro, José Sócrates, estará acompanhado pelo ministro das Obras Públicas, António Mendonça, e pelos secretários de Estado Paulo Campos e Fernando Serrasqueiro -, o chefe de Estado da Venezuela desloca-se, ao início da tarde, à fábrica dos computadores Magalhães, da JP Só Couto, em Matosinhos. Neste domínio, estão em execução dois contratos para o fornecimento de 850 mil computadores à Venezuela.

Na sequência desta visita de Hugo Chávez a Portugal, deverá ser assinado um terceiro contrato para o fornecimento de 1,5 milhões de computadores nos próximos três anos. De acordo com fonte diplomática citada pela Lusa, os 1,5 milhões de computadores deverão ser entregues na Venezuela à média de 500 mil por ano.

http://www.agenciafinanceira.iol.pt/politica/chavez-magalhaes-naval-construcao-venezuela-tvi24/1201867-4072.html
AGÊNCIA FINANCEIRA 23-10-2010