Acordo: Medvedev testemunha em Lisboa momento histórico para o mundo
Acabou a ameaça russa para o Ocidente
Acabou a ameaça russa para o Ocidente
Sarkozy foi muito claro no final da cimeira da NATO. O sistema antimíssil da organização visa proteger a Europa, os EUA e também a Rússia de uma ameaça chamada Irão. É evidente que o presidente francês pôs preto no branco o pensamento de todos os líderes presentes em Lisboa.
A participação da Rússia nesta nova arma de defesa é um facto histórico e marca definitivamente o fim de um clima de desconfiança que a guerra da Geórgia, em 2008, agravou. Agora, Moscovo é, como afirmou Barack Obama, um parceiro da NATO. E, por isso mesmo, a Rússia vai participar activamente no armamento do Exército afegão e abrir o seu território à passagem de equipamento militar dos aliados para o Afeganistão.
Os passos para uma cooperação cada vez mais intensa foram concretizados nesta cimeira e resultam de meses e meses de contínuas e difíceis negociações entre os dois antigos inimigos. Medvedev veio a Portugal com várias certezas. Uma é que o sistema antimíssil irá proteger igualmente a Rússia e os seus aliados. Os mísseis ocidentais não estarão dirigidos contra Moscovo e os russos terão acesso a todas as informações da NATO. Qualquer ataque à Rússia será considerado pela Aliança Atlântica como um ataque a um dos seus Estados-membros, e Moscovo poderá igualmente intervir em defesa de um qualquer país europeu.
O novo sistema não protege apenas tropas ou cidades. Vai defender todo o continente e deverá por isso mesmo ter uma capacidade e um alcance muito superiores aos actualmente existentes. Moscovo sabe perfeitamente que a principal ameaça vem do Irão. Mas a Rússia não quer apontar o dedo a ninguém nesta fase do processo, e por isso que o secretário-geral da NATO afirma que o sistema antimíssil "é contra quem for". E recorda que neste momento há vinte ou trinta países que estão a investir em mísseis balísticos.
Mas se a intervenção russa neste processo é importante, a sua participação no esforço de guerra no Afeganistão é outro marco importante da entrada da Rússia nesta grande aliança mundial. Equipamento pesado, metralhadoras, formação e abertura do território russo à NATO marcam esse passo decisivo e histórico. Definitivamente, acabou a ameaça russa.
OBAMA DEU FORTE E FEIO EM KARZAI
O presidente dos EUA não teve papas na língua e deu forte e feio no homólogo afegão. Isto porque o presidente Karzai andou e anda a fazer muitas queixas sobre as mortes de civis, a presença de forças de segurança privadas no seu país e também sobre a nova estratégia militar do general Petraeus, que já conseguiu liquidar centenas de chefes tribais próximos dos taliban.
Ontem, em conferência de imprensa, Barack Obama lembrou-lhe os milhões gastos no Afeganistão, os esforços dos EUA e as mortes de soldados americanos. E recordou--lhe que a corrupção e o narcotráfico têm de acabar no Afeganistão.
MEDVEDEV RECORDOU A GEÓRGIA
O presidente russo esteve cerca de quatro horas em Lisboa, mas regressou a Moscovo com algumas vitórias. A Rússia passou a ser uma parceira da NATO e sabe, a partir de agora, que a Geórgia e a Ucrânia não serão membros da Aliança Atlântica nos tempos mais próximos. Sabe também que a presença russa na Transnístria, na Moldávia, não será questionada por Bruxelas. Foi isso mesmo que Medvedev disse ontem no final da cimeira da NATO com o seu país. O presidente russo recordou a guerra da Geórgia, em 2008, para dizer que as divergências com Bruxelas estão ultrapassadas e que o futuro é prometedor.
CORREIO DA MANHÃ 21-10-2010
Por:António Ribeiro Ferreira
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/actualidade/acabou-a-ameaca-russa-para-o-ocidente
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