Saturday, 14 August 2010

MAIS UM FILHO DE JARDIM GONÇALVES COM PROCESSOS NA JUSTIÇA

Empresas

Falência. Mais um filho de Jardim Gonçalves com processos na justiça

A empresa esteve no centro do furacão BCP e foi considerada insolvente

Trabalhadores da Pasto Real não receberam subsídio de Natal

Com mais de 18 milhões de passivo e 25 acções judiciais de fornecedores em tribunal, a empresa Pasto Real avançou no final de Maio com um pedido de insolvência no Tribunal do Comércio de Lisboa. Conhecida pela venda de carne biológica e fornecedora da Jerónimo Martins, da Sonae e do El Corte Inglés, a Pasto Real tem hoje como administrador e accionista Jorge Alberto Jardim Gonçalves. O filho do ex-presidente do Millennium bcp detém 25,4% do capital através da Olaf Holdings.

Logo após o caso BCP ter vindo a público, esta empresa saltou para os jornais por estar entre as companhias lideradas por Filipe Jardim Gonçalves, filho do fundador do BCP, com elevadas dívidas dadas como incobráveis pela instituição bancária. Em Novembro de 2007, o "Diário Económico" noticiava que a empresa - na altura designada Corte Fino - teria "uma dívida de cerca de 13 milhões de euros no BCP" e que Jorge Alberto Jardim Gonçalves, o filho mais velho, teria tomado "a delicada posição do irmão mais novo" depois de o escândalo ter rebentado.

A mudança de nome da empresa também se deu em 2007, na sequência do fogo cruzado do BCP, optando a administração por efectuar alterações ao contrato de sociedade e passar a chamar Pasto Real - uma das principais marcas da empresa - à até então Corte Fino. Uma forma de contornar o desgaste já associado ao antigo nome.

Acumulando processos em tribunal, a Pasto Real conta com 25 acções judiciais de execução de dívida nos últimos cinco anos, a maioria no Tribunal Judicial do Montijo. Ao todo, estas 25 acções representam uma dívida a fornecedores de mais de meio milhão de euros.

Mas a empresa está também em falta perante os cerca de 60 funcionários. Um dos trabalhadores disse ao i que "não foram pagos pela administração os subsídios de Natal do ano passado", tendo a notícia da falta de pagamento sido dada "pelo próprio dr. Jorge Jardim Gonçalves aos funcionários". Desde aí a administração comprometeu-se a pagar o valor em atraso pelo Carnaval e pela Páscoa, mas os meses passaram e do dinheiro não houve sinal. Os ordenados do mês de Abril também foram pagos em duas tranches, chegando a última transferência depois de dia 15, e dos salários de Maio, ainda em falta, nada se sabe.

A publicação em Diário da República da insolvência da Pasto Real aconteceu a 25 de Junho, tendo sido marcada para 5 de Agosto último a realização da reunião de assembleia de credores de apreciação do relatório.

Fundos Públicos na empresa "Se mantivéssemos este nível de crescimento seríamos a empresa mais rentável do país em seis anos", disse em 2007 o então director-geral da empresa, José Roque Martins, ao "Diário Económico". Menos de três anos após estas declarações, a Pasto Real entra em insolvência.

O certo é que - pelo menos até 2007 - o Estado, através de sociedades de capital de risco públicas, tinha investido mais de três milhões de euros na empresa de processamento de carnes. Isto porque, além de Jorge Jardim Gonçalves, são também accionistas da Pasto Real quatro fundos de capital de risco com 12,3% cada - a InovCapital, que sucedeu à PME Capital; o Fundo de Sindicação de Capital de Risco do IAPMEI; o BCP Capital e um fundo do banco Efisa com 40% de comparticipação de capitais públicos.

por Filipa Martins, Publicado em 14 de Agosto de 2010
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