Cortes orçamentais
O Director do Serviço de Informações Estratégicos de Defesa (SIED), Jorge Silva Carvalho, demitiu-se. A decisão está relacionada com os cortes orçamentais do SIED.
O chefe dos espiões portugueses que actuam no estrangeiro bateu com a porta já há uma semana, comunicando a decisão ao secretário-geral do Sistema de Informações da República (SIRP), Júlio Pereira, de quem já foi chefe de gabinete, e ao primeiro-ministro. Mas José Sócrates tem protelado o anúncio da demissão por causa da Cimeira da NATO e do embaraço que representa para o Governo português uma demissão a este nível nos serviços de informações, numa altura em que o trabalho da inteligência está na primeira linha da prevenção das ameaças terroristas.
O DN soube que a decisão de Jorge Silva Carvalho, 44 anos, está directamente relacionada com os cortes orçamentais a que o SIED vai ser sujeito em 2011. Segundo fontes que têm acompanhado a situação, este alto responsável considera que a redução da verba para as Operações do serviço em cerca de um milhão de euros é fatal para o trabalho do SIED em vários países estratégicos para os interesses do Estado português.
É certo que, pelo menos, sete estações vão ser desactivadas, restando apenas quatro "antenas" base dos serviços de informações portugueses no exterior.
Esta decapitação de alguns dos mais importantes postos de "intelligence", como Bissau, Rabat, Timor ou Maputo, compromete seriamente todo o trabalho que vinha a ser desenvolvido no SIED, principalmente desde que Jorge Silva Carvalho tinha assumido o cargo em 2008. Com o encerramento dos setes postos, o SIED volta praticamente às mesmas capacidades de 2005, ou seja, praticamente nada. E o trabalho do SIED tem merecido elogios internacionais e a nível interno, nomeadamente da parte do Conselho de Fiscalização do SIRP, que no seu ultimo relatório destaca a produtividade do serviço.
A demissão de Silva Carvalho está a provocar um terramoto na inteligência, quer por ser absolutamente inesperada, quer porque o director do SIED é um verdadeiro profissional das "secretas', onde está há 20 anos. Primeiro no SIS, depois no SIED, foi nestes serviços que cresceu profissionalmente, passando por vários departamentos até ao topo (ver curriculum).
Hoje é considerado um dos mais competentes e experientes dirigentes que alguma vez passaram pelas secretas portuguesas. Num possível cenário de fusão do SIS e do SIED, defendido pelo secretário-geral do SIRP, Jorge Silva Carvalho seria um dos mais sérios candidatos à liderança. Contactado pelo DN, furtou-se a fazer comentários. Esta tarde Jorge Silva Carvalho, que abandona não só o cargo, mas também o próprio serviço, informou os funicionários do SIED da sua demissão.
por VALENTINA MARCELINO
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1713018
O Director do Serviço de Informações Estratégicos de Defesa (SIED), Jorge Silva Carvalho, demitiu-se. A decisão está relacionada com os cortes orçamentais do SIED.
O chefe dos espiões portugueses que actuam no estrangeiro bateu com a porta já há uma semana, comunicando a decisão ao secretário-geral do Sistema de Informações da República (SIRP), Júlio Pereira, de quem já foi chefe de gabinete, e ao primeiro-ministro. Mas José Sócrates tem protelado o anúncio da demissão por causa da Cimeira da NATO e do embaraço que representa para o Governo português uma demissão a este nível nos serviços de informações, numa altura em que o trabalho da inteligência está na primeira linha da prevenção das ameaças terroristas.
O DN soube que a decisão de Jorge Silva Carvalho, 44 anos, está directamente relacionada com os cortes orçamentais a que o SIED vai ser sujeito em 2011. Segundo fontes que têm acompanhado a situação, este alto responsável considera que a redução da verba para as Operações do serviço em cerca de um milhão de euros é fatal para o trabalho do SIED em vários países estratégicos para os interesses do Estado português.
É certo que, pelo menos, sete estações vão ser desactivadas, restando apenas quatro "antenas" base dos serviços de informações portugueses no exterior.
Esta decapitação de alguns dos mais importantes postos de "intelligence", como Bissau, Rabat, Timor ou Maputo, compromete seriamente todo o trabalho que vinha a ser desenvolvido no SIED, principalmente desde que Jorge Silva Carvalho tinha assumido o cargo em 2008. Com o encerramento dos setes postos, o SIED volta praticamente às mesmas capacidades de 2005, ou seja, praticamente nada. E o trabalho do SIED tem merecido elogios internacionais e a nível interno, nomeadamente da parte do Conselho de Fiscalização do SIRP, que no seu ultimo relatório destaca a produtividade do serviço.
A demissão de Silva Carvalho está a provocar um terramoto na inteligência, quer por ser absolutamente inesperada, quer porque o director do SIED é um verdadeiro profissional das "secretas', onde está há 20 anos. Primeiro no SIS, depois no SIED, foi nestes serviços que cresceu profissionalmente, passando por vários departamentos até ao topo (ver curriculum).
Hoje é considerado um dos mais competentes e experientes dirigentes que alguma vez passaram pelas secretas portuguesas. Num possível cenário de fusão do SIS e do SIED, defendido pelo secretário-geral do SIRP, Jorge Silva Carvalho seria um dos mais sérios candidatos à liderança. Contactado pelo DN, furtou-se a fazer comentários. Esta tarde Jorge Silva Carvalho, que abandona não só o cargo, mas também o próprio serviço, informou os funicionários do SIED da sua demissão.
por VALENTINA MARCELINO
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1713018