Sunday, 25 July 2010

O ESCÂNDALO DA PANORAMA: VIDAS DUPLAS DOS PADRES GAY

Vidas duplas. As noites romanas dos padres gay

Revista italiana publica reportagem sobre vidas duplas que envolve padres da Igreja Católica com relacionamentos homossexuais.

Nomes e moradas foram incluídos no relato sobre a vida dupla dos padres

A capa da "Panorama" D. R. 2/2 + fotogalería .Vinte dias, uma câmara oculta e filmagens dos locais de maior concentração de homossexuais na capital italiana. Roma serviu de cenário à reportagem "As noites loucas dos padres gay", publicada na revista "Panorama", que está a causar polémica por envolver a Igreja Católica em novo escândalo sexual.

O jornalista Carmelo Abbate - acompanhado por um cúmplice gay que o aconselhava a cada passo - percorreu locais habitualmente frequentados por homossexuais na capital italiana, infiltrando-se em ambientes e registando com uma câmara oculta tudo o que viu. O resultado foi a exposição de sacerdotes com uma vida dupla: de dia padres, de noite homens perfeitamente integrados no ambiente homossexual da capital italiana.

"Não pretendemos escandalizar, mas queremos demonstrar que não se trata de um caso isolado: existe uma comunidade de sacerdotes que se sujeita a determinados comportamentos", explicou o director da revista "Panorama", Giorgio Mulé. Além da reportagem, o responsável da revista escreveu o editorial com o título "A dupla vida dos padres gay: temos nomes, apelidos e moradas".

Ao pormenor A reportagem inclui as histórias de três padres. Paul, 35 anos, francês, é o que mais dá nas vistas: no momento do encontro com Carmelo Abbate estava a dançar seminu num bar gay no bairro de Testaccio. As fotografias da festa são publicadas na revista e o encontro com o jornalista contado ao pormenor. À saída do bar, o padre Paul convida o jornalista da "Panorama" para o acompanhar até casa; Abbate aceita.

Apesar da polémica, o Vaticano ainda não comentou o conteúdo da reportagem, mas as regras da Igreja Católica proíbem que os homossexuais activos entrem nos seminários e aí estudem.

Sem surpresa A capa da revista é clara: "Por quase um mês documentou vícios e perversões de sacerdotes insuspeitos numa vida dupla."

Mas a revelação não apanhou desprevenidas as associações que representam as comunidades homossexuais. A realidade, segundo referem, já era conhecida por todos. "Que muitos padres sejam homossexuais à procura de sexo, incluindo sexo pago, com outros homens, não é nenhuma novidade", reagiu Aurelio Mancuso, da associação Arcigay, acrescentando que ele próprio já teve experiências. "Eu mesmo, há uns 15 anos, tive uma história com um bispo."

A revista "Panorama" é de publicação semanal e pertence ao grupo Mondadori, propriedade do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi.


I ONLINE

por Mariana de Araújo Barbosa, Publicado em 24 de Julho de 2010

LOVE PARADE: NEVER AGAIN


Depois da tragédia, organização anuncia fim da "Love Parade"

Não há portugueses entre as vítimas
Saída do túnel de acesso à Love Parade .


Os organizadores da "Love Parade“ na Alemanha anunciaram hoje o fim definitivo deste evento, depois de o pânico num túnel de acesso ao festival, que decorreu no sábado, em Duisburgo, ter provocado 19 mortos e 342 feridos.

As informações sobre o estado dos feridos, internados em hospitais da região, eram ainda contraditórias, mas várias fontes falaram de, pelo menos, 40 feridos com gravidade.

“Isto foi o fim da Love Parade”, disse em conferência de imprensa na Câmara Municipal de Duisburgo Rainer Schaller, organizador da "Love Parade" e gerente do principal patrocinador, a cadeia de centros de ginástica McFitt.

Schaller garantiu que iria “fazer tudo” para esclarecer como se deu a tragédia, junto ao recinto de uma antiga estação de comboios de mercadorias que só tinha acesso por um túnel, onde uma grande multidão se comprimia, a meio da tarde, altura em que os acontecimentos se precipitaram. O vice-presidente do Sindicato da Polícia Alemã, Wolfgang Orschechek, afirmou que as autoridades “tinham grandes reservas” sobre a segurança da “Love parade”, porque o recinto “era muito pequeno”.

Pelo menos sete estrangeiros estão entre os 19 mortos durante o festival de música techno “Love Parade”, que decorria na cidade de Duisburgo, na Alemanha, no sábado, indicaram as autoridades policiais locais.

Um holandês, um italiano, um australiano, um chinês e duas espanholas, que faziam Erasmus em Duisburgo, são as vítimas estrangeiras reconhecidas, que acabaram por morrer devido ao pânico e tumulto que se gerou entre a multidão num túnel que dava acesso à “Love Parade”, informaram as autoridades policiais alemãs.

Até ao momento, as autoridades só identificaram 16 dos 19 mortos, que tinham entre 20 e 40 anos, e outras 342 pessoas ficaram feridas.

A “Love Parade”, que é o maior espetáculo de música techno do mundo, reuniu no sábado cerca de 1,4 milhões de pessoas.

O presidente da câmara de Duisburgo, Adolf Sauerland, rejeitou acusações de falha no sistema de segurança.

O autarca garantiu que “só foi permitido o acesso ao túnel de um número de pessoas que a passagem comportava, mas as pessoas morreram quando tentaram trepar as vedações de segurança e caíram de grande altura”.

Testemunhas oculares disseram a repórteres presentes no local que houve “cenas horrorosas”, com uma multidão concentrada junto ao túnel.

“As pessoas caíam, mas a polícia enviava cada vez mais gente para o túnel, de um lado e do outro, e quem caía era espezinhado”, disse um dos entrevistados pela televisão pública ARD.

Os primeiros socorristas a chegar ao local não conseguiam chegar às vítimas, devido à multidão.

Em conferência de imprensa, o responsável pela segurança da autarquia local, Wolfgang Rabe, desmentiu os relatos de que terá havido pânico no interior do túnel, que tem duas faixas de rodagem de cada lado e passeios para peões, atribuindo a tragédia ao facto de várias pessoas terem subido as vedações.

O ministro do Interior da Renânia, Ralf Jaeger, anunciou que a polícia já iniciou as investigações no local, esperando que as causas do incidente estejam esclarecidas nos próximos dias, em linha com o apelo do presidente alemão, Christian Wulff, ao completo esclarecimento do ocorrido.

A chanceler alemã, Angela Merkel, já expressou a sua profunda consternação pelo ocorrido através de um comunicado.

Mais de 1200 polícias foram enviados para a zona, para tentar controlar a situação, que se tratou do primeiro acidente mortal na história da “Love Parade”, que acontece anualmente desde 1989, depois de os organizadores terem decidido não interromper a “Love Parade” para evitar que a multidão abandonasse precipitadamente o recinto.


I ONLINE

por Agência Lusa, Publicado em 25 de Julho de 2010

THE PANORAMA SCANDAL

Church denounces gay priests after magazine revelations

Panorama said it recorded sexual encounters, including in a church building An Italian Catholic diocese has denounced homosexual priests for their "double life" and said they should not be in the priesthood.

The Diocese of Rome was responding to a magazine article on three homosexual priests that gave details of alleged sexual encounters and trips to clubs.

The diocese said "the honour of all the others" was sullied by their behaviour.

The Church holds that all sexual activity outside marriage is sinful and regards homosexual acts as unnatural.

'Saddened and troubled'

The article in the conservative magazine Panorama, entitled Gay Priests' Nights on the Town, carried pictures and interviews with the men.

The research was carried out over a month using hidden cameras.

It recorded sexual encounters, including one in a church building.

The diocese said of the priests: "We don't wish any ill-will against them, but we cannot accept that because of their behaviour the honour of all the others is sullied."

It said it was "saddened and troubled" by the article and vowed to pursue "with rigour any behaviour that is unworthy of the priestly life".

Pope Benedict XVI instructed in 2005 that actively gay priests should be barred from seminaries.

The Pope has said gay marriage is an "insidious and dangerous threat to the common good".

BBC NEWS 23-07-2010

BANCA PORTUGUESA TEM A MELHOR NOTA DO SUL DA EUROPA

O BPI surge na 17ª posição no ranking dos 91 bancos avaliados, à frente de grandes bancos europeus. Os quatro grupos bancários portugueses submetidos aos testes de stress realizados no quadro do Banco Central Europeu (BCE) passaram no exame e não têm necessidade de adoptarem "medidas de recapitalização".

Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, tem razões para sorrir

O mais resistente aos cenários macro económicos adversos é o Banco Português de Investimento (BPI), que consegue a 17ª posição no ranking dos 91 bancos avaliados, ao lado do inglês HSBC, e à frente do Santander, do BBVA, do Royal Bank of Scotland, do Deutsche Bank ou da Societé General.

Fernando Ulrich, do BPI, Carlos Santos Ferreira, do Banco Comercial Português (BCP), Faria de Oliveira, da Caixa Geral de Depósitos (CGD), e Ricardo Salgado, da ESAF, holding que consolida o Banco Espírito Santo (BES), congratularam-se ontem "com o elevado grau de resistência" do sistema financeiro nacional a cenários adversos.

No ranking europeu dos bancos mais sólidos, o BCP surge na 44ª posição, a CGD no 49º lugar, enquanto a ESAF (que não tem clientes, nem recebe depósitos) posicionou-se na 67ª. Os responsáveis do BES, cujas contas serão conhecidas no dia 6 de Agosto, já garantiram que os resultados serão mais favoráveis.

Os testes de stress medem os níveis de capitalização e de solvência das instituições, quando colocadas perante um conjunto de pressupostos adversos simulados pelas autoridades europeias. Os cenários mais severos levam em linha de conta condições macroeconómicas desfavoráveis, como a reentrada da economia em recessão, variações nas taxas de juro e default de parcelas de divida soberana de países sob pressão devido aos elevados défices públicos. Um quadro rigoroso considerado pelo BCE como "improvável" já que as probabilidades de ocorrência são apenas de cinco por cento [nos testes realizados pelo EUA eram de 15 por cento]. Dos 91 bancos analisados, 82 aguentam um choque financeiro forte (Tier1 acima do valor de referência de seis por cento). Mas sete instituições (cinco espanholas, uma grega e uma alemã) derraparam por ausência de capitais suficientes, necessitando de injecção de fundos.

O pressuposto extremo do fecho dos mercados de liquidez não constou dos cenários do BCE e, no limite, se o fizesse, teria de concluir que a banca europeia, que tem dívida a rolar e compromissos assumidos por cumprir entraria em colapso. Este é um dos bloqueios sentido sobretudo pelos países do sul da Europa.

A CGD, BCP, BES e BPI, os quatro sobreviventes aos testes de stress, representam mais de metade do sistema financeiro nacional, condição exigida pelo BCE para aferir da solidez do sistema financeiro de cada país. Todos eles apresentaram rácios de resistência superiores a seis por cento. O BPI revelou-se como o mais resistente, com um Tier 1 de 10,2 por cento, mesmo em contexto severo, e destronando o Santander que se considerava o banco mais forte da Europa. O BCP, que este mês foi alvo de boatos sobre a sua solidez, posicionou-se em segundo lugar, com um Tier 1 de 8,4 por cento, enquanto a CGD resistiria com um rácio de 8,2 por cento, e a ESAF de 6,9 por cento.

Os bons resultados dos quatro bancos não são alheios às especificidades do sistema financeiro nacional. Num cenário de subida das taxas de juro, as margens dos bancos portugueses que têm os créditos hipotecários indexados à euribor acabam por subir, compensando o aumento do crédito malparado. Uma situação que não se regista com tanta intensidade noutros países.

A 31 de Março deste ano, a CGD, o BCP, o BPI e o ESFG possuíam uma exposição líquida à divida pública da Zona Euro de 2,96 mil milhões de euros, sendo a grega responsável por 1,74 mil milhões de euros. O BCP que consolida o banco grego, NovaBank, tem na sua carteira 718 milhões de euros, seguido do BPI, com 501 milhões de euros, do ESFG com 464 milhões e da CGD, com 56 milhões.

A análise aos indicadores de solvabilidade dos sistemas financeiros dos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), países com problemas macro económicos graves, permite tirar uma conclusão favorável aos bancos nacionais que, em termos médios, surgem melhores posicionados com um Tier 1 de 8,425 por cento. Por contrapartida os bancos espanhóis analisados apresentam um rácio médio de capital médio de 7,2 por cento, abaixo dos gregos, 7,375, e italianos, 7,3 por cento, mas acima dos irlandeses (na sua maioria estatizados já este ano), 6,8 por cento.

O Ministério das Finanças não perdeu tempo a reagir, considerando que os resultados demonstram que os bancos portugueses "são sólidos e bem supervisionados

Banca portuguesa passa nos testes e com a melhor nota do sul da Europa
24.07.2010 - 09:00 Por Cristina Ferreira
PÚBLICO

TRAGÉDIA NA LOVE PARADE


Tragédia na Love Parade - Fotogaleria
por Liliana Valente, Publicado em 25 de Julho de 2010


O recinto da Love Parade encheu às primeiras horas da tarde










Saída do túnel de acesso à Love Parade












Mulher é retirada pela polícia alemã









Dentro do túnel de acesso ao maior festival de música do mundo. Polícia marcou posição final das vítimas.





Pessoas em fuga durante o pânico em massa no túnel de acesso. O pânico provocou a morte a 19 pessoas. A alegria da música deu lugar ao silêncio da morte.










Pânico aconteceu no túnel de acesso ao recinto






Autocolante no chão à saída do túnel

Pelo menos 19 mortos na Love Parade

Pânico aconteceu no túnel de acesso ao recinto

Pelo menos 19 pessoas morreram e 342 ficaram feridas devido ao pânico que se gerou hoje entre a multidão que procurava chegar à “Love Parade”, em Duisburgo, de acordo com o último balanço da polícia alemã.

“É uma das maiores tragédias da nossa cidade”, afirmou um porta-voz da autarquia, Kopatscek, já ao fim da noite, e depois de os socorristas terem conseguido fazer um balanço do que tinha acontecido junto a um túnel que dava acesso àquele que é o maior espetáculo de música «techno» do mundo, que atraiu 1,4 milhões de pessoas.

De acordo com a polícia, 16 pessoas morreram no local, enquanto que as restantes três acabaram por falecer devido a ferimentos, mas as autoridades não quiseram, para já, avançar com mais pormenores sobre o grau de gravidade dos 342 feridos.

Durante a noite, quando o número de feridos ascendia a 100, a polícia indicou que 45 estavam em situação muito grave.

A maioria das vítimas tentou subir pelas barreiras de segurança junto ao túnel, para tentar atalhar caminho para o recinto da “Love Parade” e caiu de uma altura de oito a nove metros.

O presidente da câmara de Duisburgo, Adolf Sauerland, rejeitou acusações de falha no sistema de segurança.

O autarca garantiu que “só foi permitido o acesso ao túnel de um número de pessoas que a passagem comportava, mas as pessoas morreram quando tentaram trepar as vedações de segurança e caíram de grande altura”.

Testemunhas oculares disseram a repórteres presentes no local que houve “cenas horrorosas”, com uma multidão concentrada junto ao túnel.

“As pessoas caíam, mas a polícia enviava cada vez mais gente para o túnel, de um lado e do outro, e quem caía era espezinhado”, disse um dos entrevistados pela televisão pública ARD.

Os primeiros socorristas a chegar ao local não conseguiam chegar às vítimas, devido à multidão.

Em conferência de imprensa, o responsável pela segurança da autarquia local, Wolfgang Rabe, desmentiu os relatos de que terá havido pânico no interior do túnel, que tem duas faixas de rodagem de cada lado e passeios para peões, atribuindo a tragédia ao facto de várias pessoas terem subido as vedações.

O ministro do Interior da Renânia, Ralf Jaeger, anunciou que a polícia já iniciou as investigações no local, esperando que as causas do incidente estejam esclarecidas nos próximos dias, em linha com o apelo do presidente alemão, Christian Wulff, ao completo esclarecimento do ocorrido.

A chanceler alemã, Angela Merkel, também já expressou, através de um comunicado, a sua profunda consternação pelo ocorrido.

Mais de 1200 polícias foram enviados para a zona, para tentar controlar a situação, que se tratou do primeiro acidente mortal na história da “Love Parade”, que acontece anualmente desde 1989, depois de os organizadores terem decidido não interromper a “Love Parade”, para evitar que a multidão abandonasse precipitadamente o recinto.
I ONLINE 25-07-2010

MIRA AMARAL: PRECISAMOS DO EURO COMO DO PÃO PARA A BOCA

Mira Amaral

“Precisamos do euro como de pão para a boca”

Mafalda de Avelar

DIÁRIO ECONÓMICO

25/07/10 08:53

Para Mira Amaral, ex-ministro da Indústria e Energia, hoje presidente do BIC, Portugal tem que estar na Europa e nos emergentes.

"Nós temos que fazer duas coisas: ficar ligados ao euro para termos estabilidade cambial e credibilidade financeira e manter uma ligação aos mercados emergentes para que a economia real possa crescer".

Estes são os dois eixos que Mira Amaral, ex-ministro da Indústria e Energia ( 87-95) e actualmente presidente do Banco BIC , defende em entrevista ao Económico. A entrevista ocorreu aquando do lançamento da sua nova obra "E depois da Crise?" (Bnomics). E agora? Saiba o que vem ai!

Quais as origens desta crise financeira?

As origens da crise financeira já têm alguns anos, começam com os desequilíbrios macroeconómicos em que há países como a China, o Japão e a Alemanha que têm claramente excedentes comerciais muito elevados; a eles juntam-se os países com receitas petrolífera, que também geraram excedentes muito elevados, e depois há países como os Estados Unidos que têm défices. Esses excedentes foram financiar os défices americanos através do sistema financeiro. O sistema financeiro, liderado pelos americanos, passou a ser desregulado sem controlo do Estado. E como havia liquidez abundante, isto deu uma sensação de facilidade, de imunidade ao risco, que criou empréstimos fáceis. Portanto aquilo que é chamado de "a crise do subprime", que é o segmento baixo do mercado imobiliário americano, apenas foi o detonador desta crise. Os desequilíbrios macroeconómicos à escala global e a ausência da gestão do risco e da regulação do sistema financeiro é que criaram a crise.

Na Europa será que também podemos falar de desequilíbrios, por exemplo, entre Portugal e Alemanha, e do impacto que têm no euro e na política monetária...?

É evidente que em termos mundiais aquilo que se passa entre a China e os Estados Unidos, com a China com elevados excedentes comerciais e os Estados Unidos com elevados défices comerciais, passa-se na zona euro entre uma Alemanha claramente com excedentes e países como Portugal, Espanha e a Grécia com défices comerciais assinaláveis.

Como é que vamos sair "desta" sabendo que não somos nós que temos poder sobre a política monetária?

Nós Portugueses não saímos da crise mundial, nós portugueses temos que esperar que os chineses, os americanos e a União Europeia se entendam e consigam relançar a economia mundial - que de certa forma é o que estão a tentar fazer. Agora nós portugueses não vamos sair da crise por uma razão muito simples: é que antes desta crise financeira já estávamos numa crise estrutural. Tivemos uma década perdida desde dos governos de Guterres, Barroso e Santana Lopes e portanto a actual crise financeira veio apenas acelerar, agravar e tornar mais evidentes as debilidades estruturais que o País já tinha. Acabada a crise financeira mundial vamos voltar a ficar confrontados com a crise estrutural.

Prevejo em Portugal uns anos muito difíceis de ajustamento económico muito forte, lento e doloroso. E para conseguirmos ultrapassar este ajustamento muito doloroso, lento e difícil precisamos claramente de liderança política. Se nós não tivermos liderança política clara a corajosa tenho muitas dúvidas que o País consiga sair da crise estrutural em que está há muitos anos sem grandes convulsões sociais e sem o desemprego aumentar ainda de forma mais dramática e portanto com grandes problemas sociais.

Uma palavra para os alarmistas que crêem que Portugal poderá ter que sair do euro?

Eu não diria isso mas tenho alguma autoridade moral porque há cinco anos escrevi um artigo no Jornal de Negócios que se chamava "O tango Argentino e o fado Lusitano", em que eu comparava o risco de Portugal da zona euro aquilo que aconteceu com a Argentina quando teve que se desligar do dólar.

E portanto há esse risco mas espero bem que o Programa de Estabilidade e Crescimento que o Governo está a implementar e o acordo político responsável entre os três partidos - CDS, PSD e PS - permita que Portugal não tenha um cenário desses. Um cenário desses seria dramático para Portugal! Se saíssemos do euro, considero que em termos económicos ficaríamos pior que a Tunísia e Marrocos e portanto esse cenário não resolvia nada. Transformava-nos mais num País não Europeu ou num País, como já lhe chamei, "a submergir". E portanto espero que exista bom senso da classe política - através de uma acordo de regime entre os três partidos - e que existam políticas económico - financeiras corajosas para darmos a volta. Se isso acontecer, diria que não há qualquer hipótese de sairmos do euro. Se isso não acontecer, não é a Alemanha que nos vai expulsar do euro, são as próprias tendências populistas que se podem gerar em Portugal que nos podem levar a que queiramos sair do euro.

Que papel é que poderão ter Angola e o Brasil neste "dar a volta por cima"?

Nós temos que fazer duas coisas: ficar ligados ao euro para termos estabilidade cambial e credibilidade financeira; e de uma ligação aos mercados emergentes para que a economia real possa crescer. Portanto nós precisamos do euro como pão para a boca para termos esse selo de qualidade nos mercados financeiros internacionais. Mas também é bom termos consciência que não é através do espaço europeu que vamos ter crescimento da economia real. Para isso precisamos muitos dos países emergentes, designadamente daqueles do eixo atlântico mais ligados a Portugal - como o Brasil e Angola.

De forma sumária: precisamos portanto destes dois eixos: 1) de uma ligação à Europa para a credibilidade financeira e cambial; e, 2) de uma ligação aos mercados não comunitários para que a economia real possa crescer.


PAULO RENATO











Nasceu em Lisboa e cedo começa no meio artístico. Estudante aplicado, foi ganhando os seus projectos de vida e no interesse que sempre demonstrou pelas artes. O teatro estava-lhe no sangue. E todo ele respirava a arte de representar como poucos da sua época. Sobretudo nos anos 50 e 60. A sua popularidade era enorme, sendo recebido com aplausos por todo o lado.

Da sua biografia, consta o início teatral no grupo Pedro Bom e no antigo Café Lisbonense, lado a lado com a grande actriz Glicínia Quartin. Depois, nunca mais parou, com peças de teatro de autores nacionais e internacionais. A sua figura muito bonita fazia dele o galã do momento. Tanto assim, que contracenou ao lado de Amália e no Teatro Monumental em ‘A Severa'.

Encenador de grande prestígio, dirigiu muitos actores de nomeada. Maria Barroso interpretou com mestria ‘O Segredo', de Michael Redgrave, e que foi aplaudido pela crítica e público.

Foi ele quem dirigiu Raul Solnado, de quem era grande amigo, nas peças ‘Amor às riscas' ou ‘O Vison Voador' e ‘O Ovo', até ‘A Tocar é que a Gente se Entende'. Esteve uma temporada em Luanda/Angola e o seu trabalho é muito meritório enquanto actor e encenador. No cinema, Paulo Renato criou alguns personagens muito interessantes. Nos filmes ‘Sol e Toiros', ‘Quando o Mar Galgou a Terra', ‘Sangue Toureiro' e, ainda, em ‘Estrada da Vida'.

Foi uma das figuras marcantes da RTP e sobressaiu sempre no formato ‘Zip Zip', ao lado de Solnado. Mais tarde, em 1977, era ele um dos jurados de ‘A Visita da Cornélia'. Um homem que amava a vida como ninguém, apaixonado pela boémia lisboeta, extremamente vaidoso da sua imagem, com um dom de palavra extraordinário. Morreu aos 57 anos de idade, em 1981.

Eu conto como foi: Paulo Renato

25-07-2010

CARLOS CASTRO em VIDAS