Conselho de Segurança
Madrid pôs a América Latina a votar Portugal
Diplomacia portuguesa garantiu ontem em Nova Iorque a eleição para um lugar de membro não permanente no órgão mais poderoso da ONU. Os países africanos votaram em massa em Portugal. Tal como os ibero-americanos, por sugestão espanhola
A partir de Janeiro e pela terceira vez na história, Portugal vai ter um lugar com o seu nome escrito à mesa do órgão mais poderoso das Nações Unidas. Os bons ofícios da diplomacia lusa e o apoio diligente de alguns aliados asseguraram ontem a eleição como membro não permanente no Conselho de Segurança.
Lisboa disputava com Alemanha e Canadá uma das duas cadeiras vagas no Conselho para a Região Europa Ocidental e Outros. Berlim, que partia como favorita, assegurou um lugar logo à primeira ronda com 128 votos - apenas mais um do que o mínimo e mais seis do que os conseguidos pela candidatura portuguesa.
Depois, no frente-a-frente com o Canadá, uma das oito maiores economias do mundo, Portugal levou a melhor. Venceu a segunda ronda por uma vantagem insuficiente, mas que convenceu o Canadá a desistir. À terceira votação, sem concorrência, Portugal foi eleito pela Assembleia Geral da ONU com 150 votos a favor.
Ontem à tarde, em São Bento, o primeiro-ministro, José Sócrates, considerou que a eleição de Portugal confirma o "ciclo de reforço" de Portugal no plano internacional. Ao seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros congratulou-se com o "resultado expressivo". Luís Amado notou que "estávamos a competir com dois dos principais, se não, neste momento, com os principais actores internacionais do grupo ocidental das Nações Unidas".
Amado afirmou "que a projecção que o País tem em termos internacionais é um instrumento muito importante para a afirmação dos seus interesses e para resolvermos também os nossos problemas" e agradeceu aos amigos de Portugal.
De acordo com fontes diplomáticas, Portugal teve os votos simbólicos de China e Rússia - dois dos cinco membros com direito de veto -, o apoio maciço dos países africanos e do mundo árabe, onde Amado fez várias diligências recentes. Mas outros votos que fizeram pender a balança a favor de Lisboa no frente-a-frente com Otava foram os dos países da América Latina. E por esses Portugal fica a dever muito a Madrid.
O DN sabe que a diplomacia espanhola fez uma campanha a favor da candidatura portuguesa junto de países latino-americanos onde Portugal não tem embaixada. A esta pressão juntou-se outra feita pelo Brasil, uma potência regional, e pela própria diplomacia portuguesa. A cimeira ibero-americana de 2009 foi organizada em Lisboa e terá sido aproveitada por Luís Amado para "encomendar" mais alguns votos.
A marca ficou no comunicado final da cimeira onde se lia que os países ibero-americanos "manifestam a sua satisfação pela candidatura de Portugal [...] a um lugar de membro não permanente do Conselho de Segurança".
Contra o Canadá jogaram a sua aproximação recente aos EUA na política externa e o facto de ser mais um dos países do G8.
Portugal e Alemanha substituem Áustria e Turquia no Conselho de Segurança. Além daqueles, foram eleitos para o mandato de dois anos Índia, pela Ásia, Colômbia, pela América, e África do Sul, por África.
por HUGO FILIPE COELHO
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1684505
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