GenteDiana de Cadaval:"Gosto que me chamem princesa"
É casada com um príncipe francês, vive num palácio e é visita assídua das famílias reais europeias. Vai às compras a Paris e, em Évora, dá asas ao seu gosto pela cultura. Eis Diana de Cadaval, em entrevista.
É princesa e vive num conto de fadas. A sua vida é um sonho. Viaja por todo o mundo, em lazer ou em ações humanitárias, e é visita frequente das mais importantes famílias reais europeias. Casada há dois anos com Charles-Philippe d'Orléans, Diana Mariana Vitória Alves Pereira de Melo Cadaval, 31 anos, ganhou com o casamento o título de princesa de Paris e duquesa d'Anjou. Perde-se por sapatos Louboutin, joias e vestidos e vai às compras a Paris. Mas para esta entrevista surpreende-nos com uma simples túnica branca e pés descalços. Não foi por acaso. Diana de Cadaval quis passar a imagem de uma mulher como as outras: "Também visto roupa casual e vou ao hipermercado." Descontraída, recebeu-nos nos seus salões como quem recebe uma amiga. Colocou os pés sobre os sofás, reclinou-se e sorriu muito. Numa postura oposta ao estilo formal, rígido, com o rigor protocolar que habitualmente usa. Foi ela a abrir-nos a porta, na companhia dos seus três cães, que permaneceram deitados a seu lado até ao final da entrevista. Diana de Cadaval não se esquivou à polémica existente entre si e a sua meia-irmã, com quem não fala, por causa do conflito pelo uso do título de duquesa. Uma controvérsia que alimentou as conversas de salões e que até levou Duarte de Bragança, pretendente ao trono português, a extinguir o Conselho da Nobreza, uma instituição que zelava e validava os títulos que se mantêm em Portugal. Esta é uma mulher do topo do jet set português.
Acabou de publicar o seu primeiro livro, "Eu, Maria Pia". Interessou-lhe a vida desta rainha? É o meu primeiro romance histórico, muito simples. Quis explorar o lado íntimo da rainha, as suas desilusões, tristezas, alegrias, a sua relação com o marido e com os filhos. Escrevi-o na primeira pessoa, pois poderia tornar-se mais intimista para o leitor.
A sugestão foi sua?
A minha editora, a Esfera dos Livros, propôs-me este projeto. Sempre adorei literatura, mas nunca pensei publicar. De entre as muitas rainhas, escolhi Maria Pia. Ainda pensei em Dona Amélia, filha dos condes de Paris. Mas por haver ligações entre a família do meu marido e Dona Amélia, pensei que não era a escolha adequada. Maria Pia tinha uma personalidade muito forte, amada por muitos e odiada por outros. Tinha todos os elementos para uma boa história: tragédia, drama, amor, aventura. Era uma mulher muito inovadora e muito piedosa. Adorava moda e ia às compras a Paris, o que indignava o reino.
Dedicou o livro a seu pai. Lembra-se do primeiro que ele lhe ofereceu?
Era muito criança, lembro-me de me ter oferecido um sobre Dom Nuno Álvares Pereira. O pai era uma pessoa de muita cultura. Adorava literatura e política. Foi o primeiro duque de Cadaval a regressar a Portugal. Porque nós, os Cadavais, partimos com D. Miguel e nunca mais regressámos ao país. Fizemos a nossa vida lá fora, casando com estrangeiros.
Ele contava-lhe as histórias da família?
Contava, mas também histórias da Europa e das famílias reais europeias.
Explicou-lhe as razões pelas quais a família Cadaval saiu de Portugal?
Contou. A família da mãe dele, Diana de Gramon, era francesa, o pai tinha uma cultura muito francesa. Falávamos francês em casa.
Com o seu marido fala em francês?
Sim. Ele é neto dos condes de Paris. Foi educado na cultura francesa, mas já vai falando português. O facto de ter vivido uns anos em Espanha fez com que o português se apresentasse mais fácil. Adora Portugal, ficou encantado com as pessoas, com a cultura. Os seus avós viveram cá na altura em que residiam no Estoril, Cascais e Sintra famílias nobres, reis e rainhas de vários países, como os de Espanha, Bulgária, Itália. O Charles-Philippe tem memórias dessa época, vinha para o verão.
Nessa altura não chegou a cruzar-se com ele. Só se conheceram na idade adulta, no tal baile da gala da Ordem de Malta, em Lisboa?
Conhecemo-nos nesse jantar.
Foi amor à primeira vista?
Não. Eu vivia em Londres, ele vivia em França mas trabalhava muito com países africanos e viajava imenso para essas zonas. O Charles-Philippe tem formação militar, esteve no exército francês 15 anos. Mantivemo-nos em contacto. Depois fomo-nos encontrando em Londres e em Paris. Foi assim que nos fomos descobrindo.
Foi educada para ser duquesa?
Fui educada como qualquer outra criança do meu meio social. Mas como o pai sabia que seria a herdeira do título, preparou-me para ter sensibilidade para a nossa História, para o que representávamos, para o conhecimento e valorização do nosso património. Foi-me preparando para a função e para os deveres que mais tarde teria de assumir.
Que deveres, que funções são essas?
Manter todo o património que herdámos, sobretudo o palácio Cadaval - o ninho da família há mais de 600 anos -, preservá-lo e divulgá-lo. A igreja esteve fechada 120 anos ao público. Não fazia sentido. É linda. C'est un petit bijou. Há 100 anos era impossível a uma família como a nossa abrir os seus espaços. Hoje, quem quiser pode entrar no palácio, visitar os salões, a igreja. No século XXI não temos outras opções. É uma casa com muitas despesas. Quando acabamos um restauro numa ponta é necessário iniciá-lo noutra. A nossa geração precisa de encontrar maneiras rentáveis de preservar o seu património. Até abrimos um restaurante no jardim.
Teve uma infância com muitas regras?
Foi muito formal, mas também muito preenchida e feliz. As outras crianças quando saíam da escola iam brincar, eu acompanhava os pais em atos oficiais, comemorações ligadas a D. Nuno, atividades em Évora. Ensinaram-me desde pequena a saber comportar-me em público, a conhecer o protocolo.
Quem a ensinava?
A mãe e o pai.
Era uma menina obediente, bem comportada. Nem quando chegou à adolescência quebrou a louça?
Não. (risos) Embora tivesse esse lado de maior formalismo, tinha também uns pais muito liberais. Tive uma grande liberdade. Sempre pude fazer o que queria. Nunca tive necessidade de revolta. O pai era uma pessoa muito aberta de espírito, muito excêntrica e adorava a juventude.
Trazia os amigos para casa?
Sim, e o pai, em vez de se afastar, convivia com eles. Apesar de ter sido um pai tardio, tinha uma cabeça muito fresca e jovem.
Casou com um príncipe francês. No seu casamento, em Évora, estiveram representantes de várias famílias reais. Lembra-se quem foram as mais importantes?
Veio o irmão do rei de Marrocos, o atual conde de Paris, a infanta Pilar, irmã do rei de Espanha, com os seus filhos, a família real búlgara. Foi Dom Duarte quem me levou ao altar em substituição de meu pai, pois é ele o meu padrinho de batismo. Também esteve a irmã da condessa de Paris, a princesa Teresa d'Orleans de Bragança, entre muitos outros.
Se a monarquia fosse restaurada em França, o seu marido teria pretensões ao trono?
Está na lista. Não me pergunte em que lugar, mas está.
Que idade tinha quando os seus pais decidiram voltar para Portugal?
Tinha nove anos. Os pais inscreveram-me na Escola Americana. Sempre vivemos entre Paris, Nova Iorque e a Suíça. Viemos para o Estoril. Como o pai era muito excêntrico e moderno decidiu construir uma casa de estilo contemporâneo, avant garde. Escolheu um arquiteto americano. A decoração foi feita por Jacques Granje, que decorou as casas do Yves Saint Laurent e que tem uma casa na Comporta.
Vive nesta casa enorme onde nos encontramos? Não. Esta é a casa da mãe. Como o terreno é muito grande - tem três hectares - nós ocupamos outra casa. De resto, vivemos grande parte do tempo em Évora. Sou responsável, com a mãe, pelo Festival de Música Clássica e pela parte cultural do palácio. Recuperámos apenas uma das alas para viver.
O festival que se realiza nos jardins do seu palácio existe há quantos anos?
Há 16. Quando a mãe começou com o projeto de música foi um acontecimento importante para a cidade. Havia pouca atividade cultural. A mãe achou fundamental, tanto para o palácio, onde se tinham feito grandes recuperações, como para a cidade, existir uma atividade cultural. O nosso diretor artístico é o Alan Weber. Viaja pelo mundo e descobre vozes raras e traz a Évora vozes de todo o mundo.
Quando é que começou a ajudar a sua mãe na organização?
Há seis ou sete anos. Estive fora durante muitos anos, fiz a universidade em Paris, onde me formei em Relações Internacionais, vivi e trabalhei em Londres, na leiloeira Christie's. Era o braço-direito do presidente, no Reino Unido.
O que fazia?
Trabalhando com o chairman, lidava com os clientes mais importantes. Organizava eventos para apresentar as obras. Tinha a responsabilidade de supervisionar as transações. Apresentava e explicava um pouco aquilo que estava à venda. No início fiz um estágio de seis meses no departamento de avaliações, o que foi muito interessante.
Faz entrevistas para a "Caras". Como se vê nesse papel?Vieram ter comigo e propuseram-me a ideia. Adoro conversar, conhecer pessoas novas, de diferentes meios sociais e viajar. Para aceitar o desafio coloquei como exigência entrevistar só quem eu quero, como eu quero e quando eu quero. Foi aceite.
Além de apoiar a sua mãe e das entrevistas, tem algum emprego?
Vou fazendo diversas coisas. Escrevo. Trato da parte cultural do palácio. Participo na organização dos eventos que lá se realizam e também colaboro no escritório em Lisboa, que gere o património da Casa Cadaval. Temos muita cortiça e gado. Eu e a minha irmã Alexandra temos a obrigação de preservar - e se possível ampliar - aquilo que herdámos. Somos apenas mais uma geração Cadaval.
A sua mãe foi modelo e ficou amiga de várias figuras da moda internacional...
A mãe sempre esteve ligada ao mundo da moda. Fez diversas produções para a "Vogue" americana e outras grandes publicações da altura. Seria hoje o equivalente a uma grande manequim da alta-costura. As revistas escolhiam as senhoras bonitas da alta sociedade, e escolheram a mãe diversas vezes.
Para que casas?
Para a Givenchy, Balenciaga, Chanel, Yves Saint Laurent. Hoje o Hubert de Givenchy ainda é um dos seus grandes amigos. Ela conviveu imenso com o Valentino e com o Laurent.
Também entrou nesse universo?
A mãe recebia-os muito em casa, ia com frequência a eventos de moda e por vezes levava-nos. Teve lojas de moda em Nova Iorque. Foi a mãe que levou para o mercado americano o Giorgio Armani. Ninguém conhecia aquele pequeno costureiro italiano. A mãe achou que havia ali algo de novo, de inovador. Também foi a mãe que trouxe para Portugal o Yves Saint Laurent e o Valentino.
Escolheu Carolina Herrera para fazer o seu vestido de noiva.
A Carolina e o seu marido, Renaldo Herrera, são grandes amigos da mãe. Foi a minha primeira escolha. Fui a Nova Iorque três vezes para a prova do vestido. A sua equipa foi fantástica. A Carolina só não veio ao casamento porque a filha se casava no mesmo dia. O manto era lindíssimo, tinha bordado as armas de Cadaval. A ideia era eu entrar na catedral como duquesa, tirar o manto, ficar com a flor de liz que tinha no vestido, e sair como princesa d'Orleans.
Pelo que diz, e pelo que se lê de si, a sua vida é um autêntico conto de fadas. Casou com um príncipe, foi pedida em casamento no deserto. Mais romântico não podia ser.
É verdade. O pedido de casamento foi uma viagem surpresa que o Charles-Philippe organizou para os meus anos. Fomos para o Egito. Pediu-me em casamento ao pôr-do-sol, em pleno deserto. Foi super-romântico.
Sente-se uma privilegiada?
Sou uma privilegiada pela vida que tenho, pelas coisas que faço, pela liberdade de poder escolher aquilo que quero fazer. Isso é um grande luxo.
Foi com o casamento que passou a dedicar-se ao trabalho humanitário?
Desde pequenina, e isso também o devo ao sistema americano onde estudei, fui ensinada nesse sentido. Fui presidente do centro de serviço comunitário na Escola Americana. Com o Charles-Philippe descobri projetos e missões de outra dimensão. Já estivemos na Etiópia com as Nações Unidas, num acampamento de refugiados onde havia um grave problema com a água. Quando regressámos tivemos um jantar onde falei sobre o trabalho que tínhamos feito e os problemas que subsistiam. Uma das pessoas interessou-se, era um suíço, e um mês depois já tínhamos as verbas necessárias para fazer a distribuição da água. Mudou-se a vida de 60 mil refugiados. Estivemos também no Camboja com uma equipa de médicos franceses. Fui responsável pela distribuição de medicamentos. Só para ter uma ideia, o dentista arrancava 170 dentes por dia.
Tem alguma nova missão prevista?
Ainda não sei o que virá. Mas já estivemos também na Sérvia e no Egito. Hoje dedico-me à Ordem de Malta em Portugal e ajudo um padre em Évora que apoia mais de 100 crianças.
Nessas viagens encontrou uma realidade muito diferente da sua. Foi um choque?
Qualquer missão é dura e difícil. Quando entro no avião sei que estou a deixar para trás todo o conforto que conheço e que vou encontrar um universo diferente do meu. Temos que ser muito pragmáticos. Durante as missões não telefono a ninguém. É como se cumprisse serviço militar.
Não se sente impotente?
Milagres não se fazem. Para nos defendermos e não nos sentirmos frustrados não se pode pensar que se consegue tirar todas as crianças da rua, das lixeiras e levá-las para a escola.
Aparece muito nas revistas cor de rosa, não só cá como no estrangeiro. Como é que lida com essa exposição?
Não ligo nenhuma.
Não?!
Sabe, aprendi desde pequenina a conviver e a lidar com a imprensa. Aceito alguns pedidos, dou algumas entrevistas, apareço em alguns eventos. Mas depois não digo "acabei de dar uma entrevista para a 'Point de Vue', para a 'La Espanhola' e para a belga 'Royalty' ou para a 'Caras'". Possuo esse lado glamoroso, mas depois tenho uma vida como qualquer outra mulher. Vou ao hipermercado quando é necessário.
Gosta de cozinhar?
Adoro a vida que há à volta da cozinha. Gosto de lá estar, ir recebendo os amigos, falando com eles. Herdei o gosto pelo universo da cozinha da mãe, que gosta de cozinhar, receber e ensinar as receitas que sabe às nossas equipas.
Dizem que se for preciso fica satisfeita com uma fatia de piza.
É verdade. Como fiz a escola no sistema americano gosto da comida deles, ou seja, piza, hambúrgueres, junk food. Sou uma pessoa muito simples. (risos)
Tão simples que nos recebe em casa de pés descalços.
As pessoas é que criam ideias sobre os outros. Dizem: "ai a princesa, ai a duquesa", sou muito natural no dia-a-dia.
Como é que as pessoas a tratam?
Sempre me trataram por duquesa, mas desde que casei chamam-me princesa. Princesa Diana. E gosto que me tratem assim. É um mimo.
Vivemos numa República. Faz sentido tratarem-na assim?
Faz parte de quem eu sou. Fui educada assim. O meu nome também tem ajudado nos projetos humanitários, dá-lhes visibilidade.
Casou com um príncipe francês. Quais são as suas funções oficiais?
Tenho diversos compromissos no estrangeiro, atividades de caridade e convívios com várias famílias reais.
Divide-se entre Paris, Évora e o Estoril. Como é viver entre três mundos tão diferentes?
Viajo desde pequena. É o meu estilo de vida. Nasci na Suíça, a minha irmã nasceu em Nova Iorque, vivemos em Paris, o pai regressou... sempre me habituei a ter a vida na mala.
A passagem do título para si não foi pacífica. Tem duas irmãs do primeiro casamento do seu pai e a mais velha reclamava o título. Foi um assunto que alimentou a imprensa e as conversas de salão.
A história é simples: tenho duas meias-irmãs mais velhas, do primeiro casamento do pai, feito pelo civil, dado que a senhora já era casada. Quando o pai conheceu a mãe, casou pela igreja. Em termos de títulos, os casamentos que são válidos, reconhecidos, são os que se fazem pela igreja. Para o pai, nunca houve dúvidas. Sou a filha mais velha de um casamento religioso e por isso tenho direito natural ao título.
Mas em 1995 o seu pai chegou a ameaçar deserdar as filhas com o argumento de 'indignidade sucessória'...
Repita. Foi? Devia ser muito nova. Se isso aconteceu deve ter sido em relação às minhas duas meias-irmãs. Não me lembro desse assunto. O pai era uma pessoa muito generosa, deu casas, bens, mas a dada altura houve uns problemas entre o pai e essas duas filhas, que tiveram comportamentos muito feios com ele.
Fala com as suas duas meias-irmãs?
Não. Parece que ambas as partes tinham argumentos jurídicos válidos. Dado que o primeiro casamento da primeira mulher do seu pai foi anulado... Houve uma confusão. A Roseline, é assim que se chama, quis o título, meteu advogados e os pais fizeram o mesmo.
Porque é que para si fazia sentido herdar o título de duquesa de Cadaval, quando podia herdar outros - mais antigos e por isso mais importantes -, como marquês de Ferreira, conde de Tentúgal?
Era importante ser o chefe de família da Casa de Cadaval. Nas outras gerações, já são 11, todos herdaram, com o título, os títulos de marquês de Ferreira e conde de Tentúgal. Vinha tudo junto. Nunca em tantos séculos isto aconteceu, nem se pegou numa casa e se dividiram os títulos.
Toda esta polémica fez com que Duarte de Bragança extinguisse o Conselho de Nobreza, o organismo que confirmava e validava os títulos.
Sei que foi extinto, mas não sei se foi por esse motivo.
É verdade que em família chegou a um acordo com a sua irmã mais velha e decidiram que os descendentes titulares serão os seus sobrinhos, ou seja, os filhos da sua irmã?
Aonde é que ouviu isso? Estou a descobrir muita coisa consigo. Muita coisa. Que loucura! De maneira alguma. Deve ser uma piada. Se ler a resposta que o senhor Dom Duarte deu na 'Point de Vieu' verá que ele responde, preto no branco, que a situação está resolvida. Na altura dos filhos se verá, mas segundo ele deverão ser os meus. O que faz todo o sentido. Não estamos a inventar nada, seguimos uma tradição secular. Sou oficialmente a duquesa de Cadaval, a chefe da família, ponto final.
Esta questão dos títulos beliscou a sua relação com os duques de Bragança?
Não. O senhor Dom Duarte foi meu padrinho de batismo, de casamento, acompanhou-me sempre. Tenho um grande respeito por ele.
Vive num meio muito privilegiado? Tem noção do país real, das dificuldades das pessoas, da falta de emprego?
Tenho essa noção. Portugal vive num estado dramático. A percentagem do desemprego é elevadíssima. Faço parte daquela geração que teve vidas fantásticas, graças ao crédito e à possibilidade de arranjar emprego. As gerações anteriores tiveram uma vida bem mais difícil. Mas agora, devido à situação económica, há famílias que não podem pagar os créditos. Surgem os novos pobres, bem vestidos, bem arranjados, mas a quem o dinheiro não chega para pagar todos os compromissos. Não existem pobres só nos países africanos, também existem cá.
Sabe qual é o ordenado mínimo nacional?
450 euros. Admiro as pessoas que conseguem sobreviver com isso.
As revistas cor de rosa perguntam-lhe quando é que tem filhos. Não lhe faço essa maldade. Mas gostaria de saber quantos quer ter.
Desde que venham com saúde, fico feliz com os que vierem.
Vai educá-los como príncipes?
Serão principezinhos! Quero que sejam crianças felizes, mas cientes dos seus compromissos.
Quando vai às compras perde-se em quê?
Adoro sapatos, vestidos, joias. Não faço das compras um passeio. Quando vou às compras já sei onde quero ir.
Faz as compras em Lisboa ou no estrangeiro?
Olhe, sou como Maria Pia. Vou muito às compras a Paris.
Entrevista de Cândida Santos Silva (http://www.expresso.pt/)
12:23 Quinta feira, 19 de Agosto de 2010
Fotografias: José Ventura