Monday, 6 September 2010

PJ faz a maior apreensão de sempre de quadros falsos

As obras apreendidas incluem falsificações de Picasso.

A Polícia Judiciária apreendeu hoje 27 quadros de pintores de renome internacional, alegadamente falsos.

Esta apreensão resultou de uma busca a uma casa de Cascais de um homem de 55 anos, que acabou por ser detido. Nessa casa foram ainda apreendidos diversos certificados, que visavam atestar a pretensa originalidade dos trabalhos.

As obras apreendidas são, alegadamente, falsificações de Picasso, Miró, Matisse, Chagall, Degas, Caravaggio, Renoir, entre outros, e destinavam-se a ser vendidas no mercado como autênticas.

A denominada operação "Traço Fino" tornou-se, segundo a PJ, na maior apreensão de quadros envolvendo "tão consagrados autores", o que indica que Portugal integra as "grandes rotas internacionais da falsificação de pintura".

Em comunicado, a PJ alertou ainda os eventuais interessados na aquisição de quadros para adoptarem "todas as cautelas no sentido de verificarem a sua origem e garantirem a sua autenticidade, antes de concluírem os negócios".

DIÁRIO ECONÓMICO 6-09-2010

Sunday, 5 September 2010

CORRIDA À DEPILAÇÃO


Negócios da estética são os que mais crescem no franchising. Homens impulsionam crescimento em flecha de centros de fotodepilação.

Os homens estão cada vez mais a aderir à depilação masculina

Bruno Santos tem 30 anos e vai na terceira sessão de depilação com luz pulsada, no centro Não + Pêlo de Telheiras. Começou por recorrer à cera há cinco anos, mas agora rendeu-se ao conforto e alegada durabilidade da técnica que promete exterminar os pelos de forma progressiva. O professor e investigador é um dos muitos homens que estão a contribuir para o crescimento dos centros de fotodepilação, que representam também a área de negócio em sistema de franchising que mais prospera.

De acordo com o Instituto de Informação em Franchising (IIF), no final de 2009 havia 300 espaços dedicados à estética. Esses espaços eram operados por 35 marcas (de um total das 524 marcas em regime de franchising em Portugal), entre as que fazem apenas fotodepilação e as que abrangem também outros tratamentos de beleza.

O número de centros a funcionar neste regime aumentou 5,2% em 2009, contra o aumento de 2,7% em 2008. Segundo Andreia Jotta, diretora do IIF, dados preliminares relativos ao primeiro semestre - que serão divulgados oficialmente em outubro - indicam que neste período o número de insígnias dedicadas à beleza ascende a 50, mais 15 do que no ano passado. "Face a 2008, este subsector cresceu mais de 50%, o que representa quase mais 100 unidades a operar", revela.

Andreia Jotta diz que o negócio tem crescido devido ao surgimento de marcas nas áreas da fotodepilação e tratamentos de estética. A Não + Pêlo (80), Cellulem Block (67) e BodyConcept (44) são as marcas com o maior número de lojas, sendo a primeira a única especializada em fotodepilação através de luz pulsada. Segundo Andreia Jotta, foi a inovação - através da introdução do conceito de preço e tratamento único da Não + Pêlo - que revolucionou este mercado (ver texto ao lado).

Baixo investimento impulsiona negócio

O investimento reduzido e o preço final acessível a um maior número de consumidores determinaram a massificação. Um processo ao qual não são alheias as crescentes preocupações com a imagem e com a saúde. Num negócio onde o franchising domina, há quem resista a este sistema, que permite uma expansão mais rápida, praticamente sem investimento por parte do detentor da marca. A Clínica do Pêlo, que se dedica apenas à fotodepilação a laser, foi a primeira do país a procurar soluções definitivas.

Começou há 35 anos com o sistema de eletrólise, do qual evoluiu para o laser. Apesar das solicitações para cederem ao franchising, as irmãs gémeas Maria Helena Ricardo e Maria Anunciação Pilar mantêm-se irredutíveis e são as detentoras das 19 clínicas que compõem a rede. Mais do que ganhar dimensão no negócio, são apaixonadas por encontrar soluções adequadas a todo o tipo de pelos. A inovação mais recente é uma máquina que pode ser usada em peles bronzeadas ou negras, o que abre o laser a novos consumidores e permite contrariar a sazonalidade. É que entre as sessões de fotodepilação não se pode apanhar sol, por a pele estar mais sensível e suscetível a apanhar manchas. O verão é, por isso, a época baixa.

Apesar de a estética ser o tipo de franchising cuja procura mais cresce, não é o único. Os negócios na área dos serviços, em particular os que estão relacionados com o ensino e a ocupação de tempos livres, fazem sucesso. Agências de viagens, arranjos de costura, reciclagem de consumíveis, limpezas, gestão de condomínios, compra e venda de ouro e engomadorias são outros dos segmentos em expansão.

A consultoria financeira, pelo contrário, é um dos negócios que mais portas tem fechado. "Foi uma das atividades mais penalizadas pela crise porque em alturas de maior incerteza os consumidores têm tendência para procurar as marcas líderes no mercado, com mais notoriedade e que lhes transmitem mais segurança", justifica Andreia Jotta. A diretora do IIF cita, no entanto, a Maxfinance como um exemplo de uma marca que consegue estar em contraciclo com esta tendência, ao aumentar a sua rede em 15 unidades desde o ano passado.

Descubra as diferenças

Luz pulsada

Dentro do sistema de fotodepilação, a luz pulsada é o método mais utilizado por permitir outras utilizações (como alguns tratamentos de pele) e por isso ser mais rentabilizável. Emite uma luz mista, que se espalha em várias direções , que debilita o pelo. É o sistema usado na Não + Pêlo e noutros espaços em franchising.

Laser

Foi o primeiro a aparecer como solução definitiva. O laset Alexandrite é usado apenas para depilações. Emite uma luz monocromática, disparada em linha reta, que elimina o pelo na célula germinativa. É a técnica seguida na Clínica do Pêlo.


O laser é a técnica seguida na Clínica do Pêlo.

PELOS À LUPA

1 milhão de euros foi o volume de negócios da DepilConcept em 2009, para um total de 6,4 milhões de euros alcançados pelo grupo BodyConcept. Em 2009, a Não + Pêlo faturou 7 milhões de euros e este ano espera chegar aos 12 milhões de euros. A Clínica do Pêlo não divulga números. 30% é a percentagem de homens entre os clientes da Não + Pêlo e da DepilConcept que fazem fotodepilação. Na Clínica do Pêlo, a proporção é 20%

30 mil euros é o investimento inicial para abrir um centro Não + Pêlo, adaptação do conceito espanhol No + Vello. Inclui equipamento, mobiliário, materiais gráficos, software de gestão, assistência técnica, apoio comercial, comunicação e marketing. A DepilConcept tem três modalidades de franchising: investimento tradicional (29.700 euros), investimento sem pagamento dos 250 euros de royalties mensais e investimento reduzido (10 mil euros). Segundo o Instituto de Informação em Franchising, normalmente o investimento neste tipo de negócio oscila entre os 25 mil euros e os 100 mil euros. Pode, no entanto, começar nos 7900 euros e chegar aos 215 mil euros. A Clínica do Pêlo tem apenas espaços próprios

150 é o número de novos centros que a Não + Pêlo tenciona abrir entre este ano e o próximo. A DepilConcept vai abrir, para já, apenas cinco e a aposta vai para os mercados externos, em particular o Brasil. A Clínica do Pêlo não revela o seu plano de expansão

300 é o numero de espaços em franchising dedicados à estética, distribuídos por 35 marcas, contabilizados em 2009.

30 euros é o preço único praticado por sessão e zona do corpo na Não + Pêlo. O mesmo conceito custa 20 euros na DepilConcept, que também utiliza a luz pulsada. Na Clínica do Pêlo, que recorre apenas ao laser, os preços vão dos 20 euros aos 95 euros, dependendo da zona a intervencionar. Tem combinados a partir de 60 euros, que incluem axilas e virilhas, até 150 euros (tórax e abdómen)

QUEIXAS SOBRE DEPILAÇÕES

10 é o número de processos mediados pelo Instituto de Defesa do Consumidor, de janeiro a julho, que envolvem consumidores que pagaram sessões de depilação como sendo definitivas, mas em que os pelos voltaram a crescer. A Não + Pêlo e a Cellulem Block (com duas queixas cada) são as mais visadas, seguidas pela Corporación Dermoestética, com um caso, de acordo com os dados da Deco, que considera os números pouco significativos. As restantes cinco queixas envolvem pequenos cabeleireiros.

Texto publicado no caderno de Economia do Expresso de 28 de agosto de 2010

Catarina Nunes (
www.expresso.pt)

18:54 Quinta feira, 2 de Setembro de 2010

HAPPY BIRTHDAY PIERRE CASIRAGHI!



Today Pierre Rainier Stefano Casiraghi celebrates his 23rd birthday.

Pierre is currently third in line for the Monegasque throne.

He resides mostly in Italy and is the majority share-holder of the construction company founded by his late father in Monaco in 1984.

Beatrice Borromeo is still is 'main squeeze'.

Mad for Monaco wishes Pierre a very happy birthday!
Teatro: Peça de Tennessee Williams estreia na quinta-feira

Alexandra Lencastre volta para ‘Eléctrico’

Albano Jerónimo e Alexandra Lencastre recriam personagens vividas por Vivien Leigh e Marlon Brando

Doze anos depois, a actriz Alexandra Lencastre regressa aos palcos para dar corpo a uma personagem imortalizada no cinema por Vivien Leigh: a frágil e desequilibrada ‘Blanche DuBois’, que acabará louca num asilo. Assim reza a história de ‘Um Eléctrico Chamado Desejo’, peça que Tennessee Williams escreveu em 1947 e que Diogo Infante estreia, na próxima quinta-feira, dia 9, às 21h30, no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.

Ao lado de actores como Albano Jerónimo, Lúcia Moniz ou Pedro Laginha, Alexandra Lencastre admite que este é um dos grandes desafios da sua carreira. "Assusta-me não chegar lá, mesmo dando o máximo, mas há muitas maneiras de abordar a personagem. Nunca esqueço a lição dos gregos. Enquanto a ‘Blanche' sofre pelos seus desgostos, a Alexandra verte uma lágrima por causa de uma chatice que teve lá em casa..."

Afastada dos palcos por opção própria, Lencastre também admite que só mesmo Diogo Infante para a fazer regressar, sobretudo a um papel deste calibre.

"Não devia ter estado tanto tempo afastada. Custa mais e eu tive muitas saudades... Achava que não ia conseguir voltar e foi o Diogo que, com a sua perseverança, a sua capacidade de sedução, me convenceu", revela, acrescentando que os ensaios não podiam estar a correr melhor.

"Os meus colegas têm-me apoiado imenso e, como encenador, o Diogo é surpreendente. Sabe exactamente com que pinça nos deve tocar naquele nervo. Em todos os ensaios temos a sensação de que avançámos. Descobre-se sempre qualquer coisa nova", diz.

De uma coisa se pode ter a certeza: a peça não terá nada a ver com o filme de Elia Kazan. "As minhas memórias do filme prendem-se mais com o Brando do que com a Vivien Leigh, mas o Diogo pediu-nos para não o vermos e eu, como sou obediente, não o vi. Qualquer semelhança será pura coincidência."

CORREIO DA MANHÃ 5-09-2010

ALEXANDRA LENCASTRE DE NOVO NO TEATRO

Alexandra Lencastre: "O casamento não é o mais importante"

Correio da Manhã – Voltas ao teatro 12 anos depois. Como é este regresso com uma obra de Tennessee Williams, pela mão do Diogo Infante?

Alexandra Lencastre – É um enorme presente e uma enorme responsabilidade. É a primeira vez que tenho a honra de pisar este palco pela mão do Diogo. Na ‘Banqueira do Povo’ percebi a sua capacidade de liderança e a Eunice [Muñoz] disse logo: "Este rapaz ainda nos vais encenar a todos!" Só posso estar a sentir uma grande felicidade e um grande pânico, que acho que é natural, depois deste tempo todo longe e com esta responsabilidade.

– O que é que te aproxima e afasta desta ‘Blanche DuBois’?

– Há muita coisa que me aproxima e me afasta. Ela é uma romântica, mas também é uma pessoa com desequilíbrio. Acho que nesse aspecto não estou tão mal como ela, que acaba por ser internada. Não tenho nada disto na minha vida!

– O teu lado romântico...

– Sim, o que me aproxima da ‘Blanche’ é o romantismo. Ela tem uma frase muito bonita: "Não quero realismo quero magia…" Querer que as coisas sejam mais bonitas do que são...

– E a tua insegurança também.

– Insegurança também tenho um bocadinho. A questão da idade também. Ela põe aquelas lanternas chinesas para abafar a luz, eu também punha se pudesse, também não gosto de ir a restaurantes com luz muito forte. Mas nunca gostei, não é porque agora tenho mais rugas. Ela diz: "Gosto do escuro, conforta--me…" E o escuro a mim também me conforta. Outra coisa com que me identifico é dizer sempre a verdade .

– Pensas voltar a casar?

– Não. Para mim o casamento não é o mais importante. A nossa aliança é dentro de nós, no nosso coração. O casamento é mais uma festa para os nossos amigos, do que para nós.

– Por isso, às vezes, julgam-te mal.

– Sim, é verdade. E diz-se o que não se sabe.

– Na infância eras uma maria rapaz.

– Era. O meu irmão é um ano mais velho e eu imitava-o em tudo, tinha uma admiração enorme. Achava que o Mundo era dos homens e ainda acho. O meu pai era o todo-poderoso, o meu avô paterno também, o materno era aquele que tinha uns braços enormes e que me protegia de tudo e de todos.

– O que achas da relação do Rogério Samora e da Mafalda Pinto?

– Estou muito feliz. Surpreendeu--me bastante, mas fico muito contente porque sei que um dos desejos do Rogério é ser pai. Não a conheço mas parece ser amorosa, e para o Rogério gostar dela...

"PIET-HEIN FOI O HOMEM DA MINHA VIDA"

CM – Em vez da Filosofia foste para o Teatro, Cinema e Televisão. Achas que foi uma boa escolha?

A.L. – Tudo o que fiz de sucesso ou fracasso fez de mim o que sou hoje em dia. O que sou agrada a alguns e não agrada a outros, tento fazer o meu melhor. Com a idade nós vamos relativizando mas vamos também criando outro tipo de angústias.

– Tens inúmeras qualidades, entre elas a beleza e o facto de acreditares nos outros. Já te desiludiste?

– Talvez, eu sempre criei muitas expectativas. Mas há pessoas que nunca me chamaram para trabalhar porque não concordam comigo, olham-me de outra forma. Mas tens razão quando falas no acreditar nos outros.

– O Piet-Hein foi o homem da tua vida?

–Sem dúvida! Parecíamos metade da mesma laranja, éramos muito parecidos. Ele completava as minhas frases, resolvíamos as coisas da mesma maneira, e foi pai das minhas filhas. Foi a época mais feliz da minha vida. Devo a ele ter estas filhas maravilhosas. Estou ligada a ele até à morte pelas nossas filhas. Tenho um grande carinho por ele, e acho que isso é muito importante.

PRETO NO BRANCO: "Se o coração tivesse on e off estava desligado"

A Rita Blanco é a tua maior amiga?

(suspira) Foi durante muitos anos. Agora afastou-se, não sei porquê! Sempre foi muito especial. Sinto amor por ela. Amizade é amor, e isso não desapareceu! Ela está a viver um grande amor. Eu estou numa altura muito só e dedicada ao trabalho e às filhas.

As tuas filhas, a Catarina e a Margarida, estão na idade da vergonha. Como é que elas reagem?

É uma mistura de orgulho e de vergonha. A Margarida, que é a mais velha, já me disse: "Mãe, prefiro que não me vá buscar ao colégio porque eu não sou eu. Sou a filha da Alexandra."

Estás bem do coração agora?

Se o coração tivesse um botão on e off, neste momento estava desligado.

Sentes que vais ficar só?

Não sei se vou ficar só, mas enquanto tenho os meus amigos não estou sozinha.

PERFIL

Alexandra Lencastre nasceu em Lisboa em 1965. Actualmente, integra o elenco da novela da TVI ‘Meu Amor’ e prepara-se para estrear a peça ‘Um Eléctrico Chamado Desejo’, no Teatro D. Maria II. Tem duas filhas, Margarida e Catarina, fruto do casamento com Piet-Hein Bakker.

CORREIO DA MANHÃ VIDAS 5-09-2010

DUARTE LIMA: O SOBREVIVENTE


As três vidas do advogado

Um homicídio paira sobre o benemérito da luta contra a leucemia. Duarte Lima nunca se poupou a uma batalha.

Duarte Lima nasceu pobre há 54 anos. Subiu a pulso e venceu a morte.

Rosalina Ribeiro anotava todas as lembranças na agenda: na de 1999 tinha escrito, para o Natal, "perfume para homem (dr. Duarte Lima) Armani". Dá ideia de que conhecia o gosto requintado do seu advogado, que veste fatos Rosa & Teixeira, gosta de carros BMW de alta cilindrada, almoça quase diariamente no restaurante da capital Solar dos Presuntos – onde gasta uma média de 40 euros por refeição. Não se sabe ao certo desde quando se conheciam, mas terá sido ele o conselheiro jurídico na disputa da herança do magnata Tomé Feteira – falecido em Dezembro de 2000 – entre Rosalina, ex-secretária e amante, e a filha dele fora do casamento, Olímpia Menezes.

Na defesa de Rosalina não há um única peça processual assinada por Duarte Lima. O advogado português Valentim Ramalho Rodrigues esclarece que só ele próprio teve procuração nos processos judiciais em Portugal, excepto alguns onde foram feitas diligências no Brasil "e, aí, a procuração era passada a causídicos brasileiros. Duarte Lima pediu-me para acompanhar o processo identitário", justifica, tendo representado Rosalina, depois, nos processos que se seguiram.

A fatídica morte de Rosalina Ribeiro, aos 74 anos – assassinada a tiro na noite de 7 de Dezembro de 2009 – suscitou uma série de perguntas por responder [ver caixa]. Muitas delas dirigidas ao advogado e ex-deputado do PSD Duarte Lima, que foi a última pessoa conhecida a ver a vítima com vida.

ALUNO BRILHANTE

Filho de um funcionário da EDP e de uma vendedora, Domingos Duarte Lima, nascido em Poiares, Peso da Régua, a 11 de Novembro de 1955, é o quinto de nove filhos. O pai, Adérito Lima, mudou-se com a família para Miranda do Douro, ainda ele era criança, onde Duarte se revela um aluno brilhante. "Era um rapaz esperto e estudioso. Quando a carrinha da biblioteca vinha cá, ele ficava com todos os livros que podia. Gostava muito de ler e devorava livros", conta José Carlos, filho de Adelina, vizinha e amiga da mãe, Maria de Jesus. "Era muito inteligente, o melhor aluno da turma", acrescenta Fernanda, colega de sala na escola primária, onde hoje se ensina outra das paixões de Duarte Lima: música. Ainda criança, aprendeu a tocar órgão na Igreja da Sé de Miranda do Douro, ensinado pelo coronel Eduardo Beça, figura histórica da terra. Hoje, Duarte Lima ainda se deleita a tocar órgão na Igreja da Lapa, no Porto, ou na Igreja da Madalena e na Sé de Lisboa.

Aos 11 anos perdeu o pai – não resistiu a um cancro –, que deixou à mulher nove filhos para criar. Domingos aprende a conciliar os estudos com um emprego. Vai trabalhar com o tio Júlio nos negócios imobiliários e começa a prosperar. Tanto que haveria de oferecer, ao fim de poucos anos, uma casa para a mãe e para a família em Miranda do Douro. Ainda hoje lá vivem duas irmãs. Dos nove irmãos, dois já morreram, uma vive em Lisboa e outros dois no Alentejo. O mais velho, Fernando, vive num lar de idosos em Miranda.

Duarte Lima partiu novo para Lisboa, onde finalizou o ensino secundário, no Liceu D. Pedro V. Após a revolução de 1974, aderiu ao PSD e iniciou a carreira política. António Abílio Costa, presidente da Câmara de Mogadouro em 1976, conviveu com o jovem político. "Ele já estava em Lisboa, mas seguia as actividades do partido em Bragança, onde chegou a ser líder da distrital. Era um militante activo, sempre cheio de energia".

Na capital, Duarte Lima entra em 1976 para o curso de Direito na Universidade Católica. Tinha 20 anos e a jornalista Margarida Marante, colega de curso, recorda-o como aluno dedicado: "ele era mais velho e muito mais culto do que nós. Mas bom colega". Na Católica prossegue o gosto pela música e ajuda a fundar um coro, do qual foi maestro durante vários anos. Integra-se entre uma elite bem diferente do meio em que cresceu. "Nós éramos uma turma de betos. Ele não correspondia a esse perfil", recorda Marante.

Antes de terminar o curso, Domingos casa com Alexina Lima de Deus, com quem viria a ter o seu único filho, Pedro Miguel, hoje com 25 anos. Investe na bolsa e lucra milhares de contos – 80 mil (cerca de 400 mil euros) só em 1987, como o próprio reconheceu. Começou por comprar um discreto apartamento em Linda-a-Velha, mas não viveria aí por muito tempo: ele procurava o luxo e ao luxo chegou em pouco tempo.

Termina o curso de Direito em 1986. Para entrar na Ordem dos Advogados estagia no escritório de Agostinho Cavaleiro Ferreira. Durante o estágio conhece o colega Valentim Ramalho Rodrigues – a quem pediu anos depois que representasse Rosalina Ribeiro na disputa contra Olímpia Menezes pela herança de Tomé Feteira.

Duarte Lima frequentava também o escritório de José Lamego, militante do PS que estava casado com Assunção Esteves, do PSD. O advogado socialista recorda o então estagiário como "uma pessoa muito correcta" e lembra que ele "ia muito ao escritório consultar processos, mas depois foi eleito para liderar o grupo parlamentar do PSD e deixou de aparecer".

CARREIRA POLÍTICA

Margarida Marante apresentou a Ângelo Correia "um rapaz prometedor": Duarte Lima – recorda este membro destacado do PSD. "Ele ficou a trabalhar na comunicação do partido. E, em 81, quando eu fui ministro da Administração Interna, levei-o para meu assessor político e de comunicação". Foi nesta altura que Lima estabeleceu fortes ligações com as câmaras municipais, na altura tuteladas pelo MAI. "Vi nele um homem de muita qualidade intelectual; escrevia e falava bem. Tornei-me amigo dele e ainda hoje o sou, apesar de que distante" – conta Ângelo Correia.

Duarte Lima é eleito deputado pela primeira vez em 1983, por Bragança. Contudo, parecia mais centrado em conquistar a liderança da sua distrital do que nas guerras do Bloco Central que incendiavam o Parlamento.

Cria adversários. Amândio Gomes, que liderava a Câmara de Miranda do Douro e a distrital de Bragança do PSD, ajudou Lima a conseguir um lugar na lista para as eleições legislativas de 1983, mas acusa-o de ter traído o apoio: "quando o conheci ele já vinha recomendado pelo Ângelo Correia para ser integrado em lugar elegível, e foi colocado em segundo da lista. Até lhe passei a liderança da distrital, mas depois senti que ele quis ver-se livre de mim. Sei que manobrou para que eu não fosse incluído nas listas para o Parlamento em 1991", diz o político, deputado entre 1985 e 1991.

Em 1985, Cavaco Silva conquista a liderança social-democrata. E Duarte Lima lá estava. Pronto para prosseguir a escalada política. Nesse ano conquista a presidência da distrital de Bragança e, dois anos mais tarde, é eleito vice-presidente da bancada parlamentar do PSD.

Em cinco anos, passa a líder da bancada em pleno cavaquismo. E já nessa altura conhece Luís Marques Mendes, então ministro dos Assuntos Parlamentares, que agora afirma: "não sou amigo do dr. Duarte Lima, já nem o vejo há alguns anos. Nós tínhamos relações meramente institucionais". Mas desse tempo recorda-se de que Duarte Lima tinha um discurso "acutilante, às vezes, agressivo na defesa do partido", pelo que considerava que ele "cumpria bem a sua função". Já de excessos verbais, Marques Mendes não se recorda. É neste capítulo que Ângelo Correia lembra: "ele tinha agressividade, mas também era uma altura em que na Assembleia da República havia mais confrontos". Recorda ainda que Duarte Lima "atacou muito o dr. Mário Soares", o então Presidente da República.

ALVO A ABATER

Durante as maiorias de Cavaco Silva, Duarte Lima é o rosto do PSD e torna-se, para muitos, um alvo a abater. Em 1993, o empresário Francisco Silva, de Mogadouro, envia um fax para o grupo parlamentar do PSD a solicitar a Lima que telefonasse a Sobrinho Alves, presidente da Câmara de Vinhais, para o convencer a adjudicar à sua construtora uma obra pública. Mas o empresário engana-se no número de fax e este chega ao grupo parlamentar do PS. A polémica instalou-se, mas Duarte Lima garantiu sempre que não acatou o pedido do empresário.

O assunto acaba por ser esquecido, mas um novo escândalo surge logo de seguida. Em Dezembro de 1994, o jornal ‘O Independente’, dirigido por Paulo Portas, faz a primeira de muitas manchetes sobre Duarte Lima, lançando suspeitas de enriquecimento ilícito. O artigo de capa, com o título ‘Casa Cheia’, dava conta da compra de um luxuoso apartamento, na avenida João XXI, por 37,5 mil contos (cerca de 187 mil euros), que depois foi permutado por outro, na avenida Visconde de Valmor – onde ainda hoje reside. Apontavam-lhe indícios de fuga fiscal. Este é só o primeiro de uma série de artigos demolidores. Entre 1994 e 1996 – os títulos ‘Obra-Lima’, ‘A Lista de Lima’, ‘Imposto de Lima’, ‘Lima 33’, ‘Aspilima’ ou ‘Mentes Lima’ levantam suspeitas sobre negócios que envolvem o deputado e seus familiares, sócios, clientes e amigos . Lima desmente todas as suspeitas, mas suspende a liderança da bancada parlamentar e pede à Procuradoria-Geral da República que investigue a sua vida económica e fiscal.

O processo é arquivado em 1997. O Ministério Público não encontra matéria para o levar a julgamento, embora não explique a origem dos rendimentos de Duarte Lima. O ‘Expresso’ divulga o que foi apurado no processo: entre 1986 e 1994, foram depositados mais de um milhão de contos (cerca de cinco milhões de euros) em contas bancárias de Duarte Lima, sendo que este declarou 180 mil contos (900 mil euros) para efeitos fiscais. Lima era titular de 35 contas em seu nome e de familiares ou amigos, que foram usadas para pagar bens. Mas não se apura qualquer crime. Em entrevista ao mesmo jornal, Duarte Lima defende-se: "não me considero uma pessoa rica". E contra-ataca: "fui objecto de uma investigação que eu próprio pedi e que acabou com uma conclusão de arquivamento (...). Ficou provado que o cidadão Duarte Lima não praticou nenhum acto, enquanto político, do qual tivesse qualquer benefício material ou até relevância no domínio económico-financeiro ou fiscal".

Domingos nunca negou os gostos requintados. Os dois apartamentos que ocupa no Edifício Valmor (um comprado por si, outro arrendado à mãe do antigo sócio do escritório de advocacia, Vítor Fonseca), no centro de Lisboa, mostram uma impressionante colecção de arte, que inclui pinturas, peças de porcelana e mármore de alta qualidade. "Nunca conheci ninguém que gostasse tanto de coisas boas. A casa dele é de um luxo absoluto", conta quem já visitou o apartamento. A investigação do Ministério Público, citada pelo ‘Expresso’, revela algumas das facturas pagas à decoradora Graça Viterbo: "um móvel alçado em nogueira 2.901.560$00 (14,4 mil euros), um sofá regência em ébano, 1.317.750$00 (6,6 mil €) ou uma mesa Charles X em pau rosa com tampo de mármore branco 451.800$00 (2,2 mil €)". Ilibado pela Justiça, Lima volta à política e logo para enfrentar o seu maior rival, Pacheco Pereira, que derrotou nas eleições para a distrital de Lisboa do PSD em 1998. Duarte Lima alcançou 1052 votos, Passos Coelho 970 e... Pacheco Pereira 532.

LUTA CONTRA A LEUCEMIA

O pior revés da vida de um homem é a doença. Duarte Lima inicia uma série de exames para fazer um seguro e descobre o pior. Conta António Parreira, do serviço de hematologia do IPO de Lisboa, que recebeu um telefonema de um colega para receber o político, por suspeita de doença sanguínea. Entra para uma consulta na sexta-feira 13 de Novembro de 1998 e fica lá internado. Leucemia mielóide aguda, a pior de todas, rara e com taxa de sobrevivência de 30 a 40 por cento. Ainda antes do diagnóstico ser claro, "ele apercebeu-se de que algo grave se passava já que estava a ser confrontado com o internamento", recorda o médico. "Não hesitou um segundo em dizer ‘vamos para a frente que preciso de me tratar’. É um homem de grande resiliência", gaba António Parreira. "Demonstrou lucidez e coragem física".

Segue-se uma luta pela sobrevivência, ao mesmo tempo demonstra solidariedade para com os outros doentes. Depois do primeiro internamento segue-se um outro para quimioterapia e ainda um terceiro. No quarto internamento faz o transplante de medula óssea, já nos primeiros meses de 1999. Tinha dois irmãos compatíveis, mas Joaquim terá sido o indicado para lhe salvar a vida.

"Houve um período em que as coisas estiveram periclitantes. Ele desenvolveu uma doença do enxerto contra o hospedeiro [quando o transplante rejeita o doente]", explica Manuel Abecassis, o especialista do IPO responsável pela operação. Mas tudo se resolve com sucesso: "ele estava consciente dos riscos que corria e enfrentou-os com coragem e determinação".

Durante o internamento, o político recebe um telefonema de D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa, dando-lhe alento e congratulando-o pela sua manifesta fé. Duarte Lima faz um único pedido à administração do IPO: ter um órgão no quarto para que pudesse tocar, sempre com auscultadores para não incomodar ninguém.

Inspirados na Fundação José Carreras, para a luta contra a leucemia, os dois médicos e Duarte Lima fundam a Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL), actualmente presidida por Manuel Abecassis. Conta o médico que graças a esta associação, que pretende dinamizar a formação clínica e apoiar os doentes e seus familiares, passou-se de 1200 pessoas inscritas no registo público de dadores de medula óssea para 200 mil em apenas cinco anos. "O dr. Duarte Lima é um homem de causas. É a alma da associação", diz António Parreira.

SOLIDÁRIO

De dois em dois anos a APCL realiza um concerto solidário para angariação de fundos. E nele participaram já grandes amigos de Duarte Lima e outras figuras de relevo, como Rui Veloso e Luís Represas, ambos sócios-fundadores da APCL, Camané, Mariza e Pedro Caldeira Cabral. Até Sting ofereceu uma guitarra autografada para ser leiloada a favor da causa, tal como Graça Morais doou uma das suas telas, que o próprio Duarte Lima arrematou em leilão por 10 mil euros e ofereceu à APCL. O quadro com o rosto de uma criança está colocado na sala de reuniões da sede.

Vencida a doença, volta a casar, com Paula, uma antiga secretária. Regressa ao Parlamento ainda em Outubro de 1999, eleito pelo círculo de Lisboa. Chega a dar por certa a sua candidatura à Câmara de Sintra, mas Manuela Ferreira Leite escolhe Fernando Seara. Seria o segundo confronto com Ferreira Leite, que o derrotou na corrida à liderança da distrital de Lisboa depois de ele se ter salvo na luta contra a leucemia.

Na presente legislatura, Duarte Lima não é deputado, mas foi escolhido para integrar o Conselho Consultivo da Nova Comissão de Revisão do Programa do PSD, liderada pelo deputado Aguiar-Branco. A nomeação é da responsabilidade do próprio líder, Pedro Passos Coelho.

RECATADO

Com o caso no Brasil a marcar a actualidade, há uma semana que Lima não é visto em sua casa, no Edifício Valmor. Mora no 11º andar e ao lado tem o escritório, onde o telefone toca sem que alguém responda. No Solar dos Presuntos notou-se a ausência. Naquele restaurante de Lisboa tem sempre a sua mesa de eleição, no piso térreo do restaurante, onde vê toda a gente e todos o vêem. Não admira que a maioria dos famosos – excepto Pacheco Pereira, garante Pedro Cardoso, proprietário do Solar dos Presuntos – se sente à sua mesa. Telefona sempre a marcar mesa e faz logo o seu pedido. Gosta de pataniscas de bacalhau com arroz de feijão e cabrito no churrasco. E nem sequer é de admirar ouvir alguns dos seus amigos, como Rui Veloso, pedir uma paelha à Duarte Lima. É que o próprio advogado também deu conselhos de cozinha e modificou a paelha do restaurante para uma versão da sua autoria. Almoça muitas vezes sozinho e, por isso, fá-lo no máximo em 45 minutos. Às vezes é visto com o filho, ou leva outra companhia.

Rigoroso nas escolhas e até no corte de cabelo. Vai ao afamado Pinto’s Cabeleireiros, no Apolo 70. "Não tem exigências nenhumas. Como é calvo, corta o cabelo mais vezes [duas por mês] e muito curto, com máquina", conta Joaquim Pinto, há 44 anos cabeleireiro e o escolhido por figuras de proa, como o Presidente da República. Até quando Duarte Lima estava em casa, doente, um colaborador do senhor Pinto lá ia a casa. Passados estes anos, é Daniel Castro quem tem honras de cortar o cabelo a esta "pessoa muito simples", como o próprio define. No Pinto’s não se fala de futebol, religião ou de política. É para não ferir susceptibilidades dos clientes das várias facções que se cruzam ali.

O advogado e militante do PSD passou incólume às suspeitas de crime fiscal. Venceu a luta contra a morte e ganhou o empenho diário na luta contra a leucemia, através da associação que ajudou a fundar. Poder-se-á dizer que está na terceira vida, onde luta por retirar o seu nome do polémico caso da herança do empresário Lúcio Tomé Feteira.

AS ORIGENS DE ROSALINA RIBEIRO, AMANTE DE TOMÉ

Rosalina Ribeiro nasceu a 29 de Janeiro de 1935 em Lisboa e, segundo o seu Assento de Nascimento, deram-lhe o nome de Rosalina da Silva Cardoso. Casou com Luís Ribeiro, em Outubro de 1954, e adoptou o sobrenome dele. Divorciaram-se em Maio de 1972 – ela foi amante de Tomé Feteira. Rosalina é filha de Joaquim Acácio que no Assento surge como casado. Mas Abília da Silva Cardoso, a mãe, aparece como solteira. O avô paterno e a avó materna têm o apelido Góis em comum, talvez por parentesco. Rosalina foi morta no Brasil em Dezembro passado.

AS DÚVIDAS POR EXPLICAR SOBRE A HERANÇA DE FETEIRA

O facto de Duarte Lima ter sido a última pessoa a ver Rosalina Ribeiro com vida pô-lo na rota da polícia brasileira, mas as operações bancárias entre ele e a secretária e amante do falecido milionário português Lúcio Tomé Feteira adensam o mistério. Sabe-se que, em 2001, Rosalina fez uma série de operações bancárias, retirando o dinheiro da conta que tinha em comum com o empresário e transferindo cerca de seis milhões de euros para contas de Duarte Lima. A disputa com Olímpia, filha ilegítima de Feteira, e restantes herdeiros começou pouco depois.

OS LUGARES DA VIDA DO ADVOGADO-POLÍTICO

EDIFÍCIO VALMOR, EM LISBOA

O advogado ocupa dois andares do 11.º piso, onde tem casa e escritório. A decoração, feita de obras de arte, porcelanas finas e mármore, impressiona os visitantes. O negócio da compra valeu-lhe uma investigação judicial.

CASA EM MIRANDA DO DOURO

Um dos primeiros investimentos de Duarte Lima foi oferecer à mãe – que criou nove filhos depois da morte do marido – uma casa em Miranda do Douro. Ainda hoje lá vivem duas das irmãs do político.

A ESCOLA ONDE ERA O MELHOR ALUNO

Fez o ensino primário em Miranda do Douro e desde cedo se destacou pela inteligência fora do comum. Devorava livros e convenceu o funcionário da carrinha da Gulbenkian a requisitar mais livros do que as regras permitiam.

NOTAS

CASA

Graça Viterbo decorou a casa de Duarte Lima com sofá de 6600 euros e um móvel de 14 400 euros.

QUADRO

Duarte Lima arrematou, por 10 mil euros uma tela de Graça Morais a favor da luta contra a leucemia.

REFEIÇÃO

No restaurante Solar dos Presuntos, em Lisboa, há uma paelha à Duarte Lima. Ele deu conselhos culinários.

FAMÍLIA

Os irmãos de Duarte Lima contactados pela Domingo preferiram não prestar quaisquer declarações.

CORREIO DA MANHÃ 29-08-2010

Por:Bruno Contreiras Mateus, José Carlos Marques e Manuela Teixeira

SOARES DA COSTA AVANÇA COM AUTOESTRADA NA COSTA RICA

Concessão

Soares da Costa avança com nova auto-estrada na Costa Rica

Construtora portuguesa gere duas concessionárias no país, após investimento de 470 milhões.

O consórcio integrado pela Soares da Costa vai arrancar no início de 2011 com a construção da segunda concessão que gere na Costa Rica, a auto-estrada entre San José, capital daquele país da América Central, e San Ramón, em direcção à costa do Pacífico. O valor de investimento deste projecto concessionado pelo Estado da Costa Rica ao agrupamento integrado pela construtora portuguesa está avaliado em 275 milhões de dólares (o equivalente a 215 milhões de euros à cotação actual), dos quais 181 milhões de dólares (231 milhões de euros) serão para a vertente de construção, incluindo custos com a compra de terrenos.

Pedro Gonçalves, presidente executivo da Soares da Costa, explica ao Diário Económico que "esta auto-estrada de portagem real tem cerca de 58 quilómetros de extensão, consistindo o respectivo projecto na ampliação a seis e oito faixas de rodagem no troço San José - Aeroporto e a quatro faixas no restante trajecto".

O relatório e contas semestral da empresa, divulgado esta semana, explicava que, "devido a questões de expropriações e atrasos na montagem da operação de financiamento", esta concessão viu o seu começo de construção adiado para o início de 2011. Espera-se a breve-prazo o lançamento de um novo cronograma de expropriações por parte do Ministério das Obras Públicas da Costa Rica.

DIÁRIO ECONÓMICO 4-09-2010

Nuno Miguel Silva
04/09/10 00:05

MARINHO PINTO: "RITMO" DAS DECISÕES JUDICIAIS PODE LEVAR À PRESCRIÇÃO DO PROCESSO

Casa Pia

“Ritmo” das decisões judiciais pode levar à prescrição do processo , diz Marinho Pinto

O Bastonário da Ordem dos Advogados (OA), Marinho Pinto, considera que a manter-se o ritmo das decisões judiciais no processo da Casa Pia, cujo julgamento demorou seis anos, os crimes vão acabar por prescrever.

“Não se pode dizer que correu bem um processo em que uma das suas fases demora seis anos. Quando [o julgamento] demora seis anos, é terrível, a manter-se este ritmo, eu digo muito claramente que o processo vai acabar por prescrição”, disse Marinho Pinto, na sexta feira à noite, numa tertúlia no Casino da Figueira da Foz.

Intervindo na tertúlia “125 minutos com…”, Marinho Pinto lembrou que alguns dos crimes foram cometidos nos anos 90 e “começam já a prescrever em 2016, daqui por seis anos”.

“Seis anos foi o que demorou só o julgamento, normalmente a fase dos recursos demora muito mais”, argumentou.

Segundo o Bastonário da OA, há julgamentos que duram um dia e cujos recursos para os tribunais da Relação “demoram, às vezes, nove, dez meses, um ano, dois ou três anos”.

“Eu estou à espera de um acórdão da Relação há três anos”, exemplificou.

Instado pela jornalista Fátima Campos Ferreira, anfitriã da tertúlia, a comentar afirmações do presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Noronha do Nascimento, segundo as quais aquela instância superior decide recursos em três ou quatro meses, Marinho Pinto negou que assim seja.

“O Dr. Noronha do Nascimento tem umas estatísticas muito especiais que eu não quero comentar aqui. Quero só dizer que é uma grande mentira, resultante da soma de pequenas verdades”, sublinhou.

Para Marinho Pinto as “estatísticas” de Noronha do Nascimento têm de ser interpretadas “com muita prudência e muita cautela”.

“Ele acaba de dizer que o Supremo Tribunal de Justiça decide em três meses ou quatro. Isso não é verdade, há lá processos que estão há bastante mais meses”, argumentou o Bastonário.

Por outro lado, Marinho Pinto disse ser necessário levar em conta que, nos dias de hoje, “praticamente não há um recurso para o Supremo Tribunal de Justiça em matéria cível”.

“Mesmo em matéria criminal, aqueles que a lei permite que vão para o Supremo, o Supremo manda para as Relações”, disse.

O julgamento do processo de abusos sexuais na Casa Pia chegou sexta feira ao fim com a leitura do acórdão final, quase seis anos depois de ter começado.

A pena maior foi atribuída a Carlos Silvino, com o ex-funcionário da Casa Pia a ser condenado a 18 anos de prisão efetiva.

O apresentador de televisão Carlos Cruz foi condenado a sete anos de prisão efetiva, o diplomata aposentado Jorge Ritto a seis anos e oito meses e o ex-provedor-adjunto da Casa Pia Manuel Abrantes a cinco anos e nove meses.

O tribunal aplicou ainda ao médico Ferreira Diniz a pena de sete anos de prisão efetiva e ao advogado Hugo Marçal a de seis anos e meio.

Gertrudes Nunes, dona de uma casa em Elvas onde alegadamente ocorreram abusos sexuais, foi absolvida.


DESTAK 4-09-2010


Destak/Lusa destak@destak.pt