Tuesday, 15 June 2010

FILHO DE JORGE PERESTRELO É ACTOR PORNO










Jovem acredita que se o pai estivesse vivo o apoiaria na sua profissão



Filho de Jorge Perestrelo é actor porno

15-06-2010


Pedro Perestrelo, filho do falecido locutor desportivo Jorge Perestrelo – o homem da rádio que ficou conhecido pela expressão ‘Ripa na Rapaqueca’ –, é actor de filmes pornográficos.

Fique a saber mais na edição desta terça-feira do jornal 'Correio da Manhã'.



Miguel Azevedo

O TRIBUNAL DE CONTAS E A CRISE

"Responsabilidades têm de ser claras" > Expresso


O presidente do Tribunal de Contas assume que uma das suas prioridades é promover mudanças no Código dos Contratos Públicos, consagrando, entre outros aspectos, uma maior responsabilização dos gestores públicos. Guilherme d'01iveira Martins alerta: tem de haver cuidados redobrados na concepção dos projectos e no lançamento dos concursos para que a evocação dos erros e omissões nas obras não se banalize.

- O lema do Tribunal de Contas é 'ajudar o Estado e a sociedade a gastar melhor'. O Estado tem feito tudo menos gastar bem?

- Tem havido uma crescente eficácia no controlo das contas públicas ao longo dos anos. E da parte da sociedade e da opinião pública há uma crescente tomada de consciência de que o dinheiro é dos contribuintes e tem de ser sujeito a um controlo redobrado.

- Numa altura de crise como a que estamos a viver, os Tribunais de Contas assumem uma importância crescente.

- O Tribunal de Contas tem tido uma inserção muito significativa em termos internacionais, na organização europeia dos tribunais de contas, o Eurorai, cuja presidência vamos assumir em 2011. Fomos dos que defendemos, quando os primeiros sinais da crise se revelaram, que era indispensável uma coordenação maior entre Estados para que o governo económico fosse uma realidade. Em Portugal, a lei de 2006 veio na altura própria pois os instrumentos de que dispúnhamos, em particular para o controlo do endividamento das regiões e autarquias, era limitado e foi reforçado.

- Esse reforço da legislação é satisfatório ou há necessidade de alterar alguma coisa?

- É satisfatório. Sobretudo dá um sinal de que todo o dinheiro público, onde quer que seja, deve ser sujeito ao escrutínio no Tribunal. Desde 2006 podemos julgar entidades privadas, cidadãos que tendo recebido subsídios do Estado o utilizam diferentemente daquilo para que foram destinados.

- O Tribunal de Contas tem os meios adequados para cumprir o seu papel?

- Tem. O Tribunal de Contas é no contexto do Estado uma das unidades mais qualificadas. Quando cheguei ao Tribunal tínhamos cerca de 600 funcionários e hoje temos cerca de 550 mas o perfil técnico e de qualificações subiu.

- Quantas entidades privadas foram alvo de processos por terem usado indevidamente dinheiros públicos?

- Não temos entidades privadas que tenham sido já julgadas e responsabilizadas, mas essa legislação teve um efeito dissuasor que se nota num crescente cumprimento de sanções de forma voluntária. Nos últimos dois anos aumentou significativamente a eficácia sancionatória do Tribunal. Estamos a falar de aumentos de 200% a 300% na aplicação de sanções. A eficácia aumentou pela melhoria da legislação e da articulação com o Ministério Público.

- O que destaca como mais relevante no relatório de auditoria aos contratos adidopais, divulgado na semana passada?

- É um relatório inédito, onde é feito o levantamento da aplicação do Código dos Contratos Públicos no que se refere aos contratos adicionais. Trata-se de 1607 adicionais a contratos de empreitadas entre Setembro de 2006 e Junho de 2008. O relatório diz-nos que os desvios, as chamadas derrapagens, se devem sobretudo à revisão de preços e à demora na execução dos projectos e na concretização dos contratos. Relativamente aos contratos adicionais, em 17% dos casos o acréscimo de custos foi superior a 20% do valor inicial e apenas 7% das situações corresponderam a um aumento de custos próximos do limite legal de 25%.

- O que é preocupante...

- Aqui temos um alerta: talvez o limite de 25% face à realidade seja muito generoso porque se só 7% das situações se aproximam deste limite é essencial perceber como é que o novo limite de 25% não poderá induzir uma maior dimensão dos desvios através dos contratos adicionais. Concluímos assim que os contratos adicionais geram desvios menores do que estávamos à espera.

- E em relação aos erros e omissões passa-se o mesmo?

- Outro aspecto que destacamos é o suprimento de erros e omissões. São necessários cuidados redobrados em relação à concepção dos projectos e ao lançamento dos concursos, para garantir que a evocação dos erros e omissões não se banalize. E há esse risco. É indispensável que o regime relativo aos erros e omissões seja mais exigente e rigoroso.

- Como é que essa exigência se pode materializar?

- É necessário haver uma responsabilização maior dos dirigentes, dos gestores, para sabermos aquilo que é a responsabilidade do projecto e aquilo que é a responsabilidade do empreiteiro. A nossa preocupação é responder à pergunta: a quem cabe o quê? Há uma certa difusão da responsabilidade e é indispensável que a responsabilidade fique clara.

Acredito que há circunstâncias excepcionais, naturalmente pode haver erros e omissões mas temos que ver se essas circunstâncias são verdadeiramente cionais. Apenas em 20% dos casos analisados havia mesmo circunstâncias imprevistas na realização dos trabalhos. Os restantes estão desconformes com a lei.

- A que se devem mais os desvios e derrapagens?

- Muitas vezes é o projecto que tem fragilidades. Quando se lança o concurso há logo fragilidades que estão patentes e são essas que têm de ser evitadas.

- Que apreciação faz do Código dos Contratos Públicos?

- Este código é muito positivo. Acontece, porém, que num balanço sereno podemos concluir que há aperfeiçoamentos a introduzir para que o Código tenha maior eficácia.

- Acredita que o Parlamento vai avançar com esses aperfeiçoamentos?

- Os dados são claríssimos. Se temos um Código que constituí um passo positivo devemos dar todos os passos complementares para que ele seja um factor de rigor e de disciplina para melhorar a utilização do dinheiro público.

"É preciso um cuidado extremo ao lançar concursos"

Guilherme d'Oliveira Martins recusa a ideia de que esteja a "pregar no deserto". E garante que as recomendações são ouvidas

"Há um maior sentido de responsabilidade nas empresas do Estado", afirma Guilherme d'Oliveira Martins. Mas ainda há um longo caminho a percorrer para que os seus gestores possam ser bons exemplos de aplicação de dinheiros públicos. "Há situações muito diferentes. E isso tem ficado bem evidente em relatórios que temos feito, designadamente num sector que nos preocupa muito, o dos transportes".

O presidente do Tribunal de Contas considera, por outro lado, que "a crise vai obrigar a que no sector empresarial do Estado se introduzam elementos cada vez mais exigentes na utilização dos dinheiros públicos. Há uma maior eficácia dos mecanismos de controlo, designadamente através da acção do Tribunal de Contas".

Oliveira Martins refere, por outro lado, que a tendência geral é para que as entidades fiscalizadas pelo Tribunal de Contas corrijam total ou parcialmente os problemas detectados nas auditorias. Recusa assim a ideia de que ande a 'pregar no deserto'.

"No último parecer sobre a Conta Geral do Estado detectou-se que 80% das recomendações do Tribunal de Contas tinham sido cumpridas total ou parcialmente e que no ano anterior esse nível tinha atingido os 60%", afirma.

Quanto às queixas de algumas entidades de que há um desfasamento grande entre as análises do Tribunal de Contas e a realidade do momento em que os relatórios são divulgados, diz estar consciente do problema. Há casos mesmo de empresas, como a Águas de Portugal, que dizem que a sua reputação ficou manchada pela análise do Tribunal porque quando ela foi tornada pública, alguns dos problemas identificados já estavam corrigidos. "Com o tempo temos aproximado as nossas auditorias do momento presente. Por isso é que hoje as auditorias, quando são iniciadas, são-no relativamente a exercícios próximos e não a exercícios distantes. Como instituição responsável, tiramos sempre lições, positivas ou negativas, daquilo que fazemos.

Uma das nossas preocupações é a actualidade e a pertinência, que são hoje uma prioridade". Outra das questões que têm levantado polémica é a do chumbo dos contratos da concessão de estradas, determinado pelo agravamento dos custos da primeira para a segunda fase. Esta semana o Tribunal de Contas deu luz-verde à concessão do Baixo Tejo, mas ainda há casos em que o processo está bloqueado. Que lição se pode tirar desse processo? "A lição fundamental que temos de tirar é que sempre que a lei for cumprida, o Tribunal de Contas emite os vistos com naturalidade. Mas não houve prejuízos para a economia nacional, os mecanismos legais funcionaram e houve reforma dos contratos, o que levou a que alguns já tenham sido viabilizados", afirma. Oliveira Martins defende que "é fundamental um cuidado extremo no lançamento dos concursos.

É o momento em que tudo tem de ficar claro". O Tribunal de Contas está a analisar todas as medidas antícrise que foram tomadas. "Entendemos que essas medidas têm de ser articuladas com os objectivos estruturais da União Europeia", afirma.

> Publicado no jornal Expresso a 12 de Junho de 2010, por Isabel Vicente e Pedro Lima

PORTUGAL HÁ 25 ANOS ATRÁS

Portugal e o Mundo Éramos assim há 25 anos > Expresso


País desconfiado Na semana em que, finalmente, se assinava nos Jerónimos o tratado de adesão à CEE, só 40% dos portugueses acreditavam — mesmo — que o país conseguiria cumprir as obrigações necessárias para ter acesso à Europa. À sondagem publicada no Expresso juntavam-se os argumentos do PCP, único partido parlamentar que se opunha veementemente à adesão europeia. Esta "colossal burla política", segundo Álvaro Cunhal, ou a desconfiança intrínseca face ao 'estrangeiro' — a que o país sempre esteve de costas voltadas — acentuam esta aparente indiferença. Em plena crise política, com a queda do Governo do Bloco Central, os portugueses tinham bastante com que se entreter.

Os jornais seguiam a novela das zangas entre Mário Soares, primeiro-ministro, e Cavaco Silva, eleito de surpresa no recente congresso da Figueira da Foz e que pôs fim ao Governo de coligação. Inimigos políticos desde o princípio, Cavaco acusava Soares de "má fé" e de "oportunismo". O líder do PS pediu uma trégua para a assinatura do tratado, mas no dia seguinte à cerimónia dos Jerónimos já falava ao país através da televisão para esgrimir argumentos contra essa "bravata de afirmação pessoal" que levava o PSD a "abrir uma crise grave com pesadíssimas consequências nacionais". Ramalho Eanes, em final de mandato presidencial, tecia em Belém uma solução política. Lourdes Pintasilgo e Freitas do Amaral anunciam a candidatura e aproveitam a instabilidade para arrecadar adeptos.

Sinais de mudança de protagonistas fazem-se sentir, também, por todo o mundo. Ronald Reagan, Presidente dos EUA, visita Portugal em Maio, encontra-se com "o impressionante Soares", esse "furioso anticomunista" — como revelaria mais tarde nas suas memórias — e o processo de esvaziamento da esfera de influência da União Soviética começa a dar passos significativos. A chegada ao poder de Gorbatchov dá uma ajuda de leão à tarefa de abrir uma brecha na cortina de ferro que dividia a Europa e o mundo. No Vaticano, o polaco Karol Wojtyla traz ao pontificado um carácter de maratona pelo mundo e torna claro o apoio aos pequenos sinais de resistência que surgem com a greve nos estaleiros de Gdansk, fortemente reprimida pelo Governo pró-soviético.

Nós por cá todos bem, continuamos a manter a tradição de ficar com os últimos lugares do Festival Eurovisão da Canção. As esperanças em Adelaide Ferreira eram grandes, mas a desilusão a do costume. A televisão — com a RTPl e 2 que garantem em conjunto apenas 17 horas de emissão diárias — é o centro do interesse nacional. Margarida Marante é a estrela das entrevistas políticas, o "Top Disco" divulga o hit 'We are the World' e o país assiste, com demasiada simpatia e compreensão, aos preparativos dos julgamentos do ano: de D. Branca, a banqueira do povo, e de Otelo Saraiva Carvalho e das FP-25.

Modernices a sério só mesmo as gigantescas parabólicas que dão a alguns privilegiados a oportunidade de ver o máximo de 12 canais estrangeiros ou o ZX Spectrum com que os miúdos conseguem abrir — a custo — os primeiros jogos electrónicos. A modernização do país faz-se lentamente, abre-se concurso para 38 km da auto-estrada Lisboa/Porto e constroem-se as torres das Amoreiras, "o maior centro comercial da Europa". Mas, no fundo, no fundo, o país continua igual.

As críticas ao arquitecto Taveira são arrasadoras, junta-se um coro de vozes contra "o mamarracho" que ia "desfigurar Lisboa". As modernices continuam a pagar-se caro. Quando a Cinemateca exibe "Je vous salue, Marre", é o próprio presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Krus Abecassis, quem lidera a cruzada contra o filme. Promete "escaqueirar tudo", mas, desta vez, não cumpriu.

> Publicado no jornal Expresso a 12 de Junho de 2010

TRIBUNAL CONDENA UTENTE COM ALZHEIMER

Doente há perto de 20 anos, Purificação Lenho usufruiu de benefícios fiscais por ter doenças crónicas e irreversíveis. Agora, o tribunal diz que não é bem assim e, só de 2003, quer que a família devolve cinco mil euros às Finanças.

O Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga condenou uma ex enfermeira com as doenças de Alzheimer e Crohn, acamada há vários anos e internada numa residência para idosos, a pagar quase cinco mil euros e liquidação adicional de IRS, referente a 2003.

Maria da Purificação Lenho, de 77 anos, vivia em Viana do Castelo até ficar totalmente dependente. A filha apresentou, em 1996, nas Finanças de Viana, um atestado médico emitido pela Sub-Região de Saúde onde era comprovada a Maria da Purificação uma "incapacidade superior a 60%". "Infelizmente, a minha mãe está doente e tem piorado mas, para as Finanças e para a juíza que a condenou, ela tanto está doente como já está com saúde. Embora todas as doenças de que padece sejam degenerativas e crónicas", disse Patrícia Lenho.

O atestado médico entregue pela família foi considerado "adequado e capaz para justificar a aplicação dos benefícios fiscais previsto no artigo 16, do Estatuto dos Benefícios Fiscais". Uma inspecção interna das Finanças decidiu pedir novos pareces clínicos referentes a 2003,2004 e 2005, "esclarecendo que o atestado apresentado em 1996 não constituía prova bastante da incapacidade declarada" por não ter sido passado de acordo com a legislação, retirando os benefícios fiscais anteriormente adquiridos e reconfirmados em 2008, numa nova junta médica, que atribuiu à doente uma incapacidade de 85%, também com carácter definitivo.

A família impugnou a devolução dos "benefícios fiscais" e o caso foi agora decidido pelo Tribunal Fiscal de Braga. Na decisão, a juíza afirma que a doença de que padecia Maria da Purificação "poderia ter diminuído por melhoria natural" ou "por evolução dos meios técnicos de correcção".

> Publicado no Jornal de Notícias a 12 de Junho de 2010