Tuesday, 18 June 2013

CASA DE ARISTIDES RECEBE INSTALAÇÃO DE NORTE-AMERICANO



Casa do Passal - Cerimónia de inauguração vai contar com a presença de sobreviventes salvos pelo diplomata português

Na próxima quinta-feira, dia 20 de Junho, vai ser inaugurada uma instalação semi-permanente no terreno da casa de Aristides de Sousa Mendes, da autoria de um norte-americano cuja família foi salva pelo diplomata português. Cerca de cinquenta de sobreviventes da II Guerra Mundial, salvos pelos vistos do diplomata, vão marcar presença na cerimónia.
 
A obra é do norte-americano Eric Moed, recém-formado pela Pratt Institute School of Architecture in New York, que decidiu honrar o diplomata quando descobriu que a sua família foi salva precisamente por este português durante a II Guerra Mundial.
 
Aristides de Sousa Mendes salvou milhares de pessoas. Contra as ordens do governo e assegurou vistos a fugitivos desesperados, para que pudessem vir para Portugal. Pouco tempo depois, as ações de Aristides vieram a público e o diplomata foi severamente castigado.

Inspirado pela história deste herói português, Eric dedicou a sua tese de fim de curso à restauração da casa de família do cônsul, em Portugal, com o objetivo de a transformar num museu.
 
Depois de apresentar o projeto, o jovem norte-americano candidatou-se ao concurso "Desempregado do Ano", da UNHATE Foundation, e conseguiu angariar os fundos necessários para tornar a sua proposta em realidade. Chamou-lhe 'WTF: Work Towards Fairness' (Trabalhar em prol da Justiça).

Três pavilhões dedicados ao cônsul e ao holocausto
 
A instalação, que está a ser preparada desde Março, consiste na construção de três pavilhões, na entrada da Casa do Passal, em Cabanas de Viriato, onde o cônsul viveu os seus últimos dias, despojado da sua fortuna.

Os pavilhões exibem várias exposições com material relacionado com as ações do cônsul de Bordéus e com o holocausto e pretende fazer uma ligação entre o passado e o presente, inspirando as futuras gerações para a tolerância e para ações humanitárias.

O conteúdo da instalação foi elaborado com o apoio da Sousa Mendes Foundation, entidade com sede nos EUA fundada por familiares do cônsul que tem procurado encontrar descendentes de refugiados salvos pelo Cônsul de Bordéus.

Cerca de cinquenta de sobreviventes da Segunda Guerra Mundial, que escaparam ao holocausto graças aos vistos do diplomata, e vindos sobretudo dos EUA, vão marcar presença na cerimónia.

Esta obra tem também o apoio da Câmara de Carregal do Sal e da portuguesa Fundação Aristides de Sousa Mendes. A casa em si continua abandonada e em avançado estado de degradação mas, segundo diz o site da Fundação portuguesa, "o início das obras, para reposição da cobertura da casa, terá lugar até ao final do ano, encontrando-se o projeto aprovado pela Direcção Regional da Cultura Centro".

Clique AQUI para saber mais sobre o projeto WTF.

SOBREVIVENTES DO HOLOCAUSTO VISITAM PORTUGAL

Sobreviventes do Holocausto visitam Portugal esta quinta-feira
 
Sobreviventes da Segunda Guerra Mundial chegam esta quinta-feira a Cabanas de Viriato, à casa de Aristides de Sousa Mendes, o cônsul de Portugal em Bordéus que os salvou.
 
Acompanhados por familiares, os sobreviventes encontram-se a partir desta segunda-feira em Portugal para uma visita a Cabanas de Viriato, em Carregal do Sal, à casa que pertenceu ao diplomata Aristides de Sousa Mendes, responsável por salvar várias pessoas do Holocausto.
 
A visita de cinco dias inclui, ainda, passagens por Vilar Formoso, Guarda, Belmonte, Figueira da Foz, Curia, Coimbra, Caldas da Felgueira e Tomar.
 
"Os locais de visita abrangem os diversos núcleos judaicos incluídos na 'Rota das Judiarias', assim como localidades e espaços onde alguns refugiados portadores do visto Sousa Mendes viveram durante a II Guerra Mundial", refere uma nota de imprensa do Turismo Centro de Portugal.
 
Os sobreviventes terão, também, a oportunidade de participar numa cerimónia no cemitério de Cabanas de Viriato e visitar a igreja onde Aristides de Sousa Mendes se casou com a primeira mulher, Angelina, na próxima quinta à tarde. A visita à propriedade do diplomata, conhecida por Casa do Passal, é o programa seguinte. Em frente à casa, o arquiteto Eric Moed, neto de um refugiado, está a preparar uma instalação artística.
 
A organização admite que "para todas essas famílias, Portugal foi o símbolo da paz e da esperança retomada" e que o país irá retomar o "caminho de liberdade".
 
A comitiva iniciou no passado dia 9, em França, uma viagem que pretende homenagear a memória de Aristides de Sousa Mendes, que salvou mais de 30 mil pessoas do holocausto, aos passar-lhes vistos, desobedecendo às orientações que tinha recebido de Salazar.
 
Esta iniciativa é organizada pela Fundação Sousa Mendes, nos Estados Unidos da América, pela comissão nacional francesa de homenagem a Aristides de Sousa Mendes e pela AJPN - Anónimos, Justos e Perseguidos durante o período Nazi.
 

Friday, 14 June 2013

FUNDAÇÃO ARISTIDES SOUSA MENDES



                                                       Memória

A lista de Sousa Mendes

Na próxima semana, meia centena de sobreviventes da Segunda Guerra Mundial, salvos graças aos vistos do diplomata Aristides de Sousa Mendes, chegarão à aldeia de Cabanas de Viriato, para honrar a sua memória   

 Olivia Mattis nunca esquecerá a história que ouvia a sua avó Lucie contar. A 10 de maio de 1940, ainda dormia com o marido, em Bruxelas, quando ouviu o som de uma explosão e correu para a janela. Já era de manhã, o sol brilhava - e mísseis prateados rasgavam o céu azul.
 
Lucie correu a ligar o rádio. A Alemanha acabara de invadir a Bélgica, a Holanda e o Luxemburgo. Embora ninguém desconfiasse da perseguição que os nazis haviam de fazer aos judeus, a sua ideologia antissionista já era conhecida. Em poucas horas, o casal fez as malas, chamou alguns familiares e apanhou um comboio para Paris.
 
Dias depois, o seu bairro, na capital francesa, foi bombardeado. O clã Mattis continuou a fuga para sul e chegou, por acaso, a Bordéus. Aqui, um rabi ultraortodoxo, de longos caracóis ruivos, falou-lhes de um diplomata português. "Este cônsul está a ajudar centenas de pessoas", terá dito. A família logo entregou os passaportes no consulado. Em poucas horas foram devolvidos, carimbados. Escaparam para Portugal, embarcando no cargueiro Santarém, com destino ao Rio de Janeiro e, meses depois, começaram uma nova vida em Nova Iorque.
 
A história que a avó de Olivia contava terminava sempre assim, com a referência a um cavalheiro sem nome, que salvara 12 membros da família. A sua identidade permaneceu um mistério, durante sete décadas. Até que, em abril de 2010, o pai de Olivia fazia zapping e parou num canal francês, intrigado pelo filme Disobedience, do cineasta Joel Santini. Quando passaram os créditos, tomou nota do nome do realizador e enviou-lhe um e-mail, a que este respondeu de imediato. O pai de Olivia reencaminhou as mensagens para a filha. "Descobri o homem que salvou a nossa família", escreveu. "Chama-se Aristides de Sousa Mendes."
 
O nascer de uma fundação
 
Olivia diz que o diplomata "tornou-se rapidamente numa obsessão". A musicóloga, com um doutoramento na Universidade de Stanford, começou a reunir informação sobre o português e organizou uma lista de pessoas, nos EUA, interessadas em Sousa Mendes. "Mas foi apenas quando conheci a sua família, e percebi as dificuldades por que tinham passado, que decidi envolver-me", diz. "Contaram-me que sonhavam recuperar a casa onde ele viveu, em Cabanas de Viriato, mas não tinham fundos. Então disse: 'Vamos angariar esse dinheiro nos EUA."
 
Nesse verão de 2010, Sebastian Mendes, neto do diplomata, reuniu-se em Washington com Lissy Jarvik e Harry Oesterreicher, cujas famílias receberam vistos, e Miguel Ávila, um gestor português emigrado na Califórnia. "No final da reunião, a fundação encontrava-se desenhada", afirma. "Tínhamos administração, presidente, estatutos, tudo." Em setembro, a Sousa Mendes Foundation já existia legalmente.
 
O primeiro objetivo era angariar dinheiro para recuperar a Casa do Passal (no último ano, juntaram cerca de 40 mil euros). Além disso, pretendiam divulgar a história do cônsul, com a realização de palestras, filmes e exposições, e, finalmente, queriam identificar todas as pessoas salvas.
 
Meses depois, Olívia visitou os pais, em Salt Lake City, no Utah, e aproveitou para conhecer a Biblioteca da História da Família. Nesta instituição, gerida pela igreja Mormon, acedeu a uma gigantesca base de dados. Com a lista de vistos emitidos a seu lado, pesquisou um primeiro apelido e... surgiu um resultado. O nome aparecia num rol de passageiros de embarcações com destino aos EUA. A seguir, mais um, e outro e outro. Rapidamente, percebeu que a lista era muito mais extensa do que imaginara. "Com o mesmo passaporte, podiam viajar várias pessoas", explica. Hoje, calcula-se que as assinaturas de Sousa Mendes tenham salvo cerca de 30 mil pessoas.
 
Olívia regressou a Nova Iorque, ampliou e imprimiu a lista de nomes e fez uma enorme colagem, que espalhou no chão da sua sala. Em janeiro do ano passado, perguntou a vários colaboradores da fundação se queriam ajudar nesta operação gigantesca de busca. Todos disseram que sim.
 
Nove pessoas trabalham hoje no projeto, esclarece Olivia, que é agora presidente da fundação. "Vivem em vários Estados americanos e uma investigadora reside na Bélgica. Ninguém trabalha a tempo inteiro e são todos voluntários, mas dedicam uma grande parte do seu tempo a esta missão."
 
Em 18 meses, identificaram cerca de 3 mil pessoas que Sousa Mendes ajudou a fugir dos nazis. A maioria reside nos EUA, mas há outros no Brasil, Canadá, Israel, Bélgica, França, Holanda, Suíça, Portugal, Rússia e Polónia.
 
A equipa tem o trabalho facilitado: já não precisa de visitar bibliotecas. Tem acesso a páginas online como a ancestry.com ou a familysearch.org através das quais podem aceder a enormes bases de dados. "Se encontramos alguém... bingo! Fazemos um telefonema."
 
Uma descoberta transformadora
 
No início do ano passado, Jonah Peretti, fundador dos sites de informação Huffington Post e BuzzFeed, recebeu um desses telefonemas.
 
A sua mãe, Della, estava em Genebra, na Suíça, mas ele contactou-a imediatamente. "Mãe, telefonaram-me de uma fundação. Dizem que fomos salvos por um homem chamado Sousa Mendes." A americana lembrou-se, então, de uma carta que a mãe escrevera antes de morrer, contando a sua fuga da Suíça. Quando regressou à Califórnia, recuperou o manuscrito:"Assim que chegámos a Portugal, tudo melhorou, de forma mágica... víamos sorrisos, era limpo, acolhedor, cuidado... Que alívio!"
 
Sobre a passagem pelo País, era tudo. "Fiquei chocada", lembra Della. "Seis pessoas da minha família receberam vistos e não sabia da existência do cônsul. Ninguém o conhece nos EUA. Como é possível?"
 
Meses depois, reformou-se da Universidade de Berkeley, onde era responsável por um mestrado em ciências da educação. "Estava à procura de um projeto para a minha reforma e este veio ter comigo", congratula-se. Prepara agora a tradução de um livro de banda desenhada que a fundação vai editar, faz parte da sua equipa de pesquisa e dá palestras. Por estes dias, participará numa viagem organizada pela Sousa Mendes Foundation, ao lado de Olivia Mattis e de outras 44 pessoas de oito países. Começaram no dia 9 de junho, em Paris, e terminam a 23, em Lisboa. Pelo caminho, irão visitar Bordéus, Vilar Formoso, Figueira da Foz e Cabanas de Viriato, para honrar a memória do cônsul.
 
Antes de partir para França, a 11 de abril, a professora discursou, no Tribunal Civil de Queens, em Nova Iorque, perante mais de 80 pessoas. O tema foi "Aristides de Sousa Mendes: um herói desconhecido". A americana contou a história de um homem nascido no seio de uma família privilegiada, que se tornou diplomata e contrariou as ordens de Salazar, ao emitir milhares de vistos, entre 16 e 23 de junho de 1940; mostrou imagens das suas assinaturas, muito corretas no início, depois desleixando os contornos, sobrando apenas um apelido mal desenhado nos últimos documentos; relatou o percurso dos fugitivos e mostrou uma fotografia da estação de comboios de Vilar Formoso, a primeira imagem que os refugiados tinham de Portugal; descreveu, finalmente, o julgamento deste homem, a forma como foi expulso da carreira diplomática, e como morreu, a 3 de abril de 1952, viúvo, com muitos dos 15 filhos dispersos pelo mundo, queimando as portas da sua casa para se manter quente. Della sublinhou todos os pormenores, captando a atenção dos americanos, que nunca tinham ouvido falar deste português, mas que foram sentindo de forma cada vez mais profunda as suas palavras, deixando primeiro cair algumas lágrimas, e rebentando, por fim, em aplausos.

Ler mais: http://visao.sapo.pt/a-lista-de-sousa-mendes=f735283#ixzz2WEE3O37W

 http://videos.sapo.pt/qzPugMZq7WbPeDw5IPcD#share

Monday, 27 May 2013

HELENA ROSETA CONTRA A DISTRIBUIÇÃO DE COMIDA AOS SEM-ABRIGO NAS RUAS


A vereadora quer novas soluções para o apoio aos sem-abrigo como a criação de cantinas com ambiente familiar e renovação dos abrigos “Toda a gente se oferece para voluntariar e ir para a rua distribuir comida aos sem-abrigo, como se fossem dar milho aos pombos” disse Helena Roseta, vereadora do Desenvolvimento Social da Câmara de Lisboa, em entrevista à Lusa para ilustrar a dificuldade de coordenar as associações que estão no terreno a dar apoio aos sem-abrigo. Ao i, Roseta explicou que a maneira como se processa a distribuição da comida em Lisboa “não tem condições nem dignidade”, defendendo por isso a existência de espaços onde as várias associações possam providenciar refeições aos sem-abrigo da capital.

“Com a quantidade de voluntários e associações que há em Lisboa, temos condições para fazer um trabalho personalizado com as pessoas que estão a dormir na rua” sublinhou Helena Roseta ao i, acrescentando que associações como a Serve the City Lisboa já proporcionam jantares comunitários em Alcântara de duas em duas semanas. A vereadora aposta em novas soluções para apoiar o número crescente de sem-abrigo na cidade – cerca de 2000, embora aponte a dificuldade de fazer um levantamento preciso desta população devido ao seu carácter itinerante – como locais com ambiente familiar” para as refeições, a reconversão de instalações do INATEL na Infante Santo em hotel social e a renovação dos albergues já existentes.

Uma das apostas da autarquia, em execução, é a criação de uma unidade de atendimento a sem-abrigo no Cais do Sodré, onde várias entidades vão procurar ajudar sem abrigo a resolver problemas de saúde, procurar trabalho ou tratar de documentação. O espaço foi cedido pela Câmara Municipal e vai ser coordenado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Desemprego

Para além do aumento de sem-abrigo, Helena Roseta diz que há uma mudança no perfil das pessoas que vivem actualmente na rua. “Já não falamos só de pessoas que sofrem de doenças mentais ou com histórias de adicção. Hoje temos pessoas que perderam o emprego e vão para dormir para a rua, incluindo muitos jovens e famílias completas” declarou a vereadora.

Segundo Helena Roseta, foi exactamente o desemprego a consequência da crise que mais teve impacto na cidade de Lisboa, “com cerca de 1000 novos desempregados todos os meses” no ano passado. A falta de recursos dos lisboetas, tem feito com que cada vez mais pessoas recorram à Câmara Municipal para pedirem uma habitação social. “Andamos à volta dos 1800, 1900 pedidos por ano. Agora a nossa capacidade de resposta anda à volta de uns 300 fogos por ano”, disse a autarca, apontando que a Câmara deveria construir e reabilitar entre 500 a mil fogos por ano, vendendo parte do seu património. Na entrevista à Lusa, Helena Roseta não esqueceu as críticas aos cortes levados a cabo pelo governo. “Isto põe em causa tudo. Tudo o que foi a construção europeia e a construção democrática de Portugal desde 1974. Nem no tempo de Marcelo Caetano ou de Oliveira Salazar se tiravam as pensões às pessoas. Isto é terrorismo social. É uma coisa inacreditável” disse a vereadora.

  http://www.ionline.pt/artigos/portugal/roseta-contra-distribuicao-comida-na-rua-aos-sem-abrigo