Caldas da Rainha: Dono do prédio teve alta mas recusa dar explicações
“Velas não eram para poupar”
A mulher que ocupava o quarto onde deflagrou o fogo que atingiu na madrugada de segunda-feira um prédio nas Caldas da Rainha, provocando três mortos e sete feridos, saiu ontem em liberdade, após interrogatório judicial. Ficou com termo de identidade e residência. À saída do tribunal, declarou: "Estou livre e um dia falamos".
Diana Kabanchuk, ucraniana, de 32 anos, que ficou com marcas de queimaduras na face e com o cabelo queimado, entrou acompanhada por inspectores da PJ – indiciada pelos crimes de incêndio e homicídio negligente – mas saiu sozinha. Ao CM contou que estava na cama a ver televisão e tinha uma vela acesa.
"Gosto de velas, mais nada, não era para poupar electricidade. Estava a descansar e meio a dormir e o incêndio começou quando a vela caiu sem querer. Como havia plástico e esponja, as chamas apareceram num instante", descreveu.
"Eu moro ali sozinha e chamei a vizinha de quarto, ao mesmo tempo que comecei a mandar água para o fogo. Não nos lembrámos dos extintores. Chamámos as pessoas e elas saíram dos quartos", relatou, considerando que "foi tudo muito rápido ". A ucraniana está "há pouco tempo" no nosso País, é casada com um português e encontra-se em situação legal. Questionada sobre as condições de habitabilidade do imóvel, que funcionava como uma espécie de pensão, mas que era pequeno demais para os cerca de quinze ocupantes e estava ilegal por não ter licença de utilização, Diana Kabanchuk disse achar que a casa "tinha condições".
O proprietário do prédio, Monteiro Duarte, residente nas proximidades, saiu ontem do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde foi assistido às queimaduras de segundo e terceiro grau numa das mãos, que sofreu ao tentar dar o alarme de fogo porta a porta.
Não se mostrou disponível para prestar declarações ao CM, por se encontrar "muito abalado".
PROPRIETÁRIO VAI SER FISCALIZADO PELA AUTARQUIA
O proprietário do prédio onde deflagrou o incêndio, António José Pinto Monteiro Duarte, 45 anos, é descrito por quem o conhece como uma pessoa "aberta a ajudar quem necessita e por isso é que tinha estes quartos a baixo preço para quem não tem posses económicas". Pedindo para não ser identificada, uma amiga contou que "aparecem na casa dele algumas pessoas a chorar por não terem muito dinheiro para alugar um quarto e outras ele até deixa pagar mais tarde do que estava previsto".
O presidente da Câmara das Caldas, Fernando Costa, disse, entretanto, ao CM, que "faz sentido averiguar" se outros imóveis de Monteiro Duarte na cidade estão a ser ocupados indevidamente. O autarca indicou que o proprietário incorre numa coima que varia entre os 500 e os cem mil euros.
CASAL PERDEU FILHA POR FALTA DE CONDIÇÕES
Francisco Mafra, irmão de uma das vítimas mortais, João Monteiro, de 51 anos, é quem está a tratar dos funerais e já contactou com os pais da cunhada , Maria Sameiro, que se deslocam hoje de França para Portugal. "Nem sabia que eles estavam juntos de novo, porque estavam sempre em desavenças", disse Francisco Mafra, recordando que o casal "tinha uma filha que lhes foi retirada pela Segurança Social por eles não terem condições de vida". "A minha sobrinha tem 17 anos e está num colégio interno em Leiria. Fui buscá--la para o funeral, mas depois volta para a instituição", revelou.
09 Fevereiro 2011
Por:Francisco Gomes
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/velas-nao-eram-para-poupar
“Velas não eram para poupar”
A mulher que ocupava o quarto onde deflagrou o fogo que atingiu na madrugada de segunda-feira um prédio nas Caldas da Rainha, provocando três mortos e sete feridos, saiu ontem em liberdade, após interrogatório judicial. Ficou com termo de identidade e residência. À saída do tribunal, declarou: "Estou livre e um dia falamos".
Diana Kabanchuk, ucraniana, de 32 anos, que ficou com marcas de queimaduras na face e com o cabelo queimado, entrou acompanhada por inspectores da PJ – indiciada pelos crimes de incêndio e homicídio negligente – mas saiu sozinha. Ao CM contou que estava na cama a ver televisão e tinha uma vela acesa.
"Gosto de velas, mais nada, não era para poupar electricidade. Estava a descansar e meio a dormir e o incêndio começou quando a vela caiu sem querer. Como havia plástico e esponja, as chamas apareceram num instante", descreveu.
"Eu moro ali sozinha e chamei a vizinha de quarto, ao mesmo tempo que comecei a mandar água para o fogo. Não nos lembrámos dos extintores. Chamámos as pessoas e elas saíram dos quartos", relatou, considerando que "foi tudo muito rápido ". A ucraniana está "há pouco tempo" no nosso País, é casada com um português e encontra-se em situação legal. Questionada sobre as condições de habitabilidade do imóvel, que funcionava como uma espécie de pensão, mas que era pequeno demais para os cerca de quinze ocupantes e estava ilegal por não ter licença de utilização, Diana Kabanchuk disse achar que a casa "tinha condições".
O proprietário do prédio, Monteiro Duarte, residente nas proximidades, saiu ontem do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde foi assistido às queimaduras de segundo e terceiro grau numa das mãos, que sofreu ao tentar dar o alarme de fogo porta a porta.
Não se mostrou disponível para prestar declarações ao CM, por se encontrar "muito abalado".
PROPRIETÁRIO VAI SER FISCALIZADO PELA AUTARQUIA
O proprietário do prédio onde deflagrou o incêndio, António José Pinto Monteiro Duarte, 45 anos, é descrito por quem o conhece como uma pessoa "aberta a ajudar quem necessita e por isso é que tinha estes quartos a baixo preço para quem não tem posses económicas". Pedindo para não ser identificada, uma amiga contou que "aparecem na casa dele algumas pessoas a chorar por não terem muito dinheiro para alugar um quarto e outras ele até deixa pagar mais tarde do que estava previsto".
O presidente da Câmara das Caldas, Fernando Costa, disse, entretanto, ao CM, que "faz sentido averiguar" se outros imóveis de Monteiro Duarte na cidade estão a ser ocupados indevidamente. O autarca indicou que o proprietário incorre numa coima que varia entre os 500 e os cem mil euros.
CASAL PERDEU FILHA POR FALTA DE CONDIÇÕES
Francisco Mafra, irmão de uma das vítimas mortais, João Monteiro, de 51 anos, é quem está a tratar dos funerais e já contactou com os pais da cunhada , Maria Sameiro, que se deslocam hoje de França para Portugal. "Nem sabia que eles estavam juntos de novo, porque estavam sempre em desavenças", disse Francisco Mafra, recordando que o casal "tinha uma filha que lhes foi retirada pela Segurança Social por eles não terem condições de vida". "A minha sobrinha tem 17 anos e está num colégio interno em Leiria. Fui buscá--la para o funeral, mas depois volta para a instituição", revelou.
09 Fevereiro 2011
Por:Francisco Gomes
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/velas-nao-eram-para-poupar
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