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SOCIEDADES DE ADVOGADOS COMPETEM PELOS MELHORES ESTAGIÁRIOS
Estágios
18/04/12 08:40
Sociedades de advogados competem pelos melhores estagiários
Joana Moura18/04/12 08:40
Processos de selecção e recrutamento de estagiários começam cada vez mais cedo.
A selecção dos estagiários para os escritórios de advogados é feita cada vez mais cedo. E a razão não é difícil de adivinhar: todos querem "agarrar" os melhores candidatos enquanto ainda estão disponíveis. Prova disso é a antecipação dos processos de recrutamento no calendário, que se tem verificado nos últimos tempos.
"Nos últimos anos, e pelo menos em Lisboa, houve uma clara tendência para as sociedades de advogados de maior dimensão anteciparem o início do processo de recrutamento. Há quatro ou cinco anos era normal que o processo de recrutamento começasse em Março/Abril. Hoje é normal começarem em Janeiro", garante Pedro Metello do Nápoles, presidente da Comissão de Estágios da PLMJ. Mas esta é uma prática generalizada: "os processos de recepção de candidaturas e de recrutamento têm ocorrido cada vez mais cedo, não só pela necessidade de um planeamento anual, mas também porque na segunda metade do último ano lectivo já é possível identificar os melhores candidatos", reforça Pedro Furtado Martins, managing partner da Sérvulo & Associados.
À pergunta: existe competição entre os escritórios de advogados no sentido de "agarrar" os melhores alunos, todas as sociedades contactadas responderam afirmativamente. Apenas Rita Gouveia, sócia da Quatrecasas, Gonçalves Pereira respondeu: "não julgamos existir competição. Naturalmente que as sociedades de advogados procuram recrutar os melhores, mas o que é valorizado por uma sociedade não coincide forçosamente com o que é valorizado por outra".
Na prática, a situação pode resumir-se na seguinte frase: "existe alguma competição porque os critérios de selecção, nomeadamente em termos curriculares, são muito equivalentes entre as sociedades", como explica a directora de Recursos humanos da Vieira de Almeida & Associados.
Actualmente, e no geral, os escritórios começam a analisar os curriculos dos candidatos no último trimestre do ano, realiza as entrevistas e faz as avaliações que considera necessárias, de forma a que até Março o processo de recrutamento esteja concluído. e não se pense que são as notas do curso que ditam quem fica ou não. "No início de carreira, é natural que a informação curricular tenha um peso considerável na selecção de estagiários", diz Pedro Furtado Martins. Mas há muitos outros factores a ter em conta: os seis escritórios contactados salientaram a importância do desempenho académico ao lado da avaliação do nível de línguas estrangeiras - nomeadamente o inglês, francês, espanhol e alemão - , a capacidade de análise crítica, mas também o envolvimento em programas internacionais como o Erasmus e em projectos sociais e comunitários. até a forma como o candidato ocupa os seus tempos livres e a prática de desporto podem ser pontos positivos. Tudo é analisado ao pormenor, uma vez que os estagiário são encarados como um investimento a longo prazo. E o resultado disso é que a maioria das sociedades de advogados acabam por convidar, em média, mais de 75% dos seus estagiários a integrarem a equipa como associados.É o caso da Vieira de Almeida, que nos últimos três anos convidou mais de 80% dos estagiários a integrarem o escritório, ou a Abreu Advogados, cujo valor está nos 90%, ou a PLMJ que corrobora: "mais de 75% dos estagiários vieram a ser integrados no escritório no final do estágio", nas palavras de Pedro Mettelo de Nápoles.
O processo de selecção tem vindo a iniciar-se cada vez mais cedo e em quase todas as sociedades começa com uma triagem feita aos curriculos recebidos. Contudo, nem todos o fazem da mesma forma: na PLMJ, por exemplo, é a FIND, uma entidade externa que começa a analisar currículos em Novembro e entrevistar candidatos, para, em função dos resultados dessa selecção inicial a Comissão de Estágios iniciar as entrevistas ao grupo de potenciais candidatos.
A par da antecipação do calendário por parte das sociedades, o recrutamento de estagiários sofreu outras alterações significativas nos últimos anos, nomeadamente, uma maior intervenção das faculdades: "há sete ou oito anos eram os interessados em fazer o estágio de advocacia que procuravam os escritórios de advogados, enviando os seus currículos. Hoje são as sociedades de advogados que vão ao encontro daqueles em feiras de emprego organizadas pelas faculdades de direito", constata Rita Gouveia.
Ultimo trimestre do ano anterior ao estágio é a data a fixar para quem quer um estágio numa das principais sociedades de advogados do país. Mas não é de desesperar quem não cumpra o prazo. Porque, os escritórios recebem curriculos durante todo o ano, o que muito se deve às diferenças que existem em relação ao período de finalização dos mestrados e LLM, sobretudo dos alunos que os realizam fora de Portugal, os quais interessa também às sociedades analisar.
Para quem está em vias de concorrer a um estágio num escritórios de advogados vale a pena tomar nota: desempenho académico, fluência em línguas estrangeiras, capacidade de trabalho em equipa e consciência da dimensão deontológica da profissão são os factores com maior relevância na hora de contratar.
Acesso à profissão: exames polémicos
Os exames de acesso à advocacia estiveram esta semana no centro da polémica, depois de os resultados terem revelado 60% de chumbos. Um número inédito de reprovações, que levou já a um sem número de acusações: de um lado, alunos e até formadores, garantindo que o exame era de dificuldade inadequada; do outro o Bastonário dos Advogados, dizendo que os alunos vêm mal preparados das faculdades.
João Medeiros, formador da Ordem, foi aliás, uma das vozes mais críticas: "o exame [de prática processual penal -sua área de formação] era alicerçado num caso de recurso extraordinário, coisa que fiz duas vezes em 21 anos de profissão. O exame tem de ser exigente nnas matérias do dia-a-dia, não é procurar o que é rarissimo para criar dificuldades aos alunos", afirmou, frisando que "os estagiários não estão agora mais mal preparados do que nos anos anteriores, o exame é que foi feito com um grau de dificuldade extraordinário". Opinião diferente tem Marinho Pinto. O Bastonário continua a defender uma maior exigência no acesso à advocacia. Mas explica os 60% de chumbos de outra forma: "o ensino tem vindo a degradar-se progressivamente. E temos de garantir que quemacede à profissão está muito bem preparado para defender os direitos, liberdades e garantias de qualquer cidadão."
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